Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 74
Capítulo 74




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335451/chapter/74

 O dia amanheceu totalmente ensolarado – o que me era um motivo a mais para sorrir. Minha vida não poderia estar melhor! Quero dizer, poderia, se meu pai estivesse aqui comigo, mas aposto que ele está feliz no Arizona, com aquela... Debby. Eu acho que fui um tanto quanto infantil em ser antipática com ela nos primeiros momentos, e ainda mais por ciúmes! Afinal, meu pai nunca teve nenhum outro relacionamento com alguma mulher depois de mamãe – pelo menos que eu saiba. Não que ele não tivesse superado a mamãe, ele simplesmente estava bem daquele jeito. E, ao vê-lo com outra mulher, por alguma razão achei que ela quisesse ocupar o lugar de minha mãe, assim como imaginei que seria com Kevin. Eu realmente tinha sido uma idiota. Admito que também fui grossa com ele, mas vocês vão ter de concordar comigo quando digo que depois de um tempo eu era simpática. Ou pelo menos tentava, enfim, isso não importa agora.
  O que importa que eu estou no meu quarto, ao lado de uma pessoa que não para de tremer incansavelmente. Senhoras e senhores, Juliana. 
  — Não, Fatinha! Eu não vou ir falar com ele.
  — Mas o quê? Você prometeu!
  — Eu não consigo! Já pensou se Gil não sente a mesma coisa? A nossa amizade vai ficar totalmente abalada.
  — Ju, a amizade de vocês  está abalada! Você nem fala com ele!
  — Para quê? Para eu perder o controle e agarrar ele e depois levar um tapa na cara? — Ela revirou os olhos e eu ri.

— Primeiro que você sabe que ele não lhe daria um tapa. E... Segundo... Ju! Você está parecendo uma menina que vai se declarar pela primeira vez!
  — Talvez porque essa seja a primeira vez...
  Para tudo. Como assim ela nunca se declarara? Tudo bem que os californianos tinham um jeito não muito romântico para os relacionamentos, mas... Argh, eu me esquecera. Antiga Juliana. Versão feminina de um antigo Bruno. Ou melhor, versão em miniatura de uma antiga, atual e futura Mel. 
  — Você nunca namorou?
  — Defina namorar.
  — Nossa. Isso vai ser mais difícil do que eu pensava.

 — Eu acho melhor você ir primeiro falar com ele.
  — O quê? Agora eu virei cupido? 
  — Não... Só uma ótima amiga — Ela riu.
  — Eu acho que tenho vergonha...
  — Mas você mesmo disse que ia falar se eu não falasse!
  — Eu estava blefando! — Gargalhei e depois ela me acompanhou.
  Neste momento, Lia entra no quarto e começa a rir também.
  — Lia, do que você está rindo? Hm.
  — Não sei, mas a cara de vocês estava ótima que eu não resisti.
  — Ainda bem que você é normal.
  — Eu sei! Mas então, do que estavam rindo?
  — Ju quer que eu vá falar com Gil antes dela. Eu juro que vou me sentir uma idiota falando “oi, eu tenho uma amiga que está a fim de você, e queria saber se você também está dela”. Isso é totalmente patético! 
  — Ah! Deixa-me ir com você, deixa? — Os olhos dela brilharam. 
  — Você bem que podia ir sozinha, não é, Lia? Assim eu não precisava passar por tudo isso — Falei manhosa.
  — Não, Fatinha. Você é amiga dele desde sempre, você quem tem que falar. 
  — Ah, tudo bem. Mas a Lia vem comigo — Falei entre os dentes puxando ela e saindo do quarto, deixando Ju ansiosa e apreensiva.

 — Eu não acredito que estou mesmo fazendo isso.
  — Para de reclamar, Fatinha, vamos, será divertido!
  — Só você quem acha isso divertido — Ri.
  — Tanto faz — Ela sorriu — Ele está ali. E agora? 
  — Vamos esperar ele ficar sozinho e então falamos. Enquanto isso, vamos ver o que falaremos.
  — Ótimo. Mas você quem fala, você sabe que eu não sei ser discreta.
  — Ah, que bom que você sabe! — Gargalhei — Nada de chegar e ir direto ao assunto, tudo bem? Vamos aos poucos!
  — Você quem manda! Ele está vindo para cá.
  — Droga. 
  — Relaxa! O que você tem a perder?
  — Eu nada. Já a Ju.
  Ela riu e virou para o lado, onde Gil se aproximava.
  — E aí? — Ele falou acenando e passando direto por nós! 
  — Eu não acredito que ele fez isso! — Falei para Lia.
  — Isso nem é o pior, Fatinha. Olha para onde ele foi — Ela falou baixo enquanto apontava – desta vez discretamente; sim, um milagre – para uma roda com algumas meninas. Elas riam e se jogavam em cima dele. E ele parecia estar gostando! 
  — Que merda! E agora?
  — Eu não vou chegar para Ju e dizer que ele não teve tempo de falar conosco porque estava ocupado demais com outras garotas, não vou mesmo.
  — Mas assim que ela nos ver vai querer saber o que ele disse...
  — Sinto que teremos que evitar ela por algumas horas.
  — Sinto que ela ficará louca.
  — Sinto que vamos ter que nos esconder — Ela deu um sorriso maroto.
  — Sinto que você está louca!
  — E eu já não sinto mais nada, agora vamos.
  — Para onde?
  — Sei lá — Riu e me puxou.

— É isso que você chama de nos esconder? Dentro do saguão? O que você tem na cabeça? — Gargalhei.
  — Nós não vamos ficar aqui! Vem comigo — Estávamos entrando em um corredor que eu acho que conhecia. É claro que conhecia, era o corredor dos dormitórios masculinos! E eu repito minha pergunta: o que ela tem na cabeça?
  Ela bateu em uma porta que eu concluir ser o quarto de Dinho, Fera e bruno e obtive minhas respostas quando quem abriu Dinho.
  — Oi, amor — Ela disse empurrando-o para trás com o corpo e entrando no quarto, ainda puxando-me pelo braço.
  — Ah... O que houve?
  — Estávamos em uma missão e não obtemos sucesso, por isso viemos buscar abrigo enquanto a chefia não descobre — Ela riu de sua própria metáfora.
  — Boa sorte — Ele riu também.
  — Obrigada. Iremos precisar — Falei — E onde está o Bruno? — Perguntei olhando em volta do quarto.
  — Estava demorando! — Miley provocou e eu dei a língua.
  — Ele saiu com Malu, ela pediu para ele mostrar a faculdade para ela, que ninguém havia mostrado ainda.
  — Ah, já que está com Malu então está tudo bem — Sorri aliviada e sentei-me em uma das camas.
  — Ciumenta! — Lia provocou de novo rindo e eu a puxei, que caiu em cima de mim na cama, e não fez questão de sair.
  — Lia! Às vezes eu gosto de respirar, sabia?
  — Ué, você quem me puxou — Ela disse se acomodando ainda em cima de mim. Gargalhei.
  — Dinho, eu agradeceria se você me ajudasse! — Falei quase sufocada e ele a puxou.
  — Traidor! — Ela bateu no braço dele e depois nós três rimos.

— Tudo bem, Lia,faltam quarenta minutos para começar as aulas. Acho que já podemos sair do quarto, não é?
  — Não sei. Você é acha que é seguro? — Ela riu.
  — Você fala como se nós estivéssemos em uma missão suicida! — Gargalhei.
  — O que de fato é!
  — Vocês são loucas e eu preciso sair, fiquem a vontade, meninas — Dinho disse.
   — Tudo bem, Dinho, obrigada por nos receber em sua residência — Ri.
   — Não há de quê. Tchau, Fatinha — Ele me deu um beijo na bochecha — Tchau, amor — O seu sorriso se alargou e se despediu de Lia com um selinho.
  — Tchau, meu amor — Ela sorria abobada — Vejo você no intervalo, agora eu e Fatinha temos que completar nossa missão — Ela riu me puxando — Vamos?
  — Sim.
  Depois de muito cuidado para não encontrarmos com Ju no caminho, achamos Gil no pátio. Esperamos até ele ficar sozinho e nos apressamos em ir falar com ele desta vez. Já tínhamos todas as falas preparadas e decoradas, impossível algo dar errado.

  — Gil! — Lia chamou enquanto me puxava. Sim, ela tinha essa mania estranha de ficar puxando os outros — Será que podemos conversar com você?
  — Porque se você estiver ocupado demais sendo popular, nós entendemos, sabe? — Brinquei.
  — Sempre terei tempo para minhas queridas amigas cu doce — Ele riu enquanto passava seu braço esquerdo nos meus ombros, envolvendo-os, e o braço direito nos ombros de Lia.
  — Então... — Comecei — Este é um assunto delicado...
   — Eu juro que sou inocente!
  — Isso é sério, Gil — Gargalhei.
   — Enfim... Você já deve ter percebido que o “comportamento” da Ju mudou, não é?
  — Sim, Lia. Eu só não entendo o por que.
  — Bem, nós sabemos...

  — E o que é?
  — Ela... Ela... Ela gosta de você! — Lia soltou depressa e tapou rapidamente seus lábios com as mãos — Droga!
  — O quê? Lia! Não era para você ter falado desse jeito! Você esqueceu do que combinamos?
  — Desculpe, eu me senti pressionada! Ah, acho melhor vocês conversarem a sós — Ela deu um sorriso amarelo e saiu rapidamente.
  Virei-me para Gil, que estava com uma expressão totalmente confusa.
  — O que foi isso?
  — A verdade, Gil. A verdade um pouco apressada, mas ainda sim a verdade.
  — Fatinh! Lá vem você dizendo que a Ju é apaixonada por mim, eu por ela, que viveremos felizes para sempre se admitirmos o nosso sentimento e que vamos nos casar! — Ele revirou os olhos.
  — O quê? Eu nunca afirmei que vocês iam se casar! Mas enfim. Desta vez não sou eu quem estou falando, a própria admitiu isso há alguns dias atrás.
  — Ah... Hã?
   — Gil! Por favor, pare de se fazer de bobo! Isso já estava na cara e até você já tinha percebido, confesse.
  — Eu... Tudo bem, tudo bem, eu admito — Ele levantou os braços em sinal de rendimento e revirou os olhos — Mas foi só por um momento. Depois já tirei isso da minha cabeça, achei que não era verdade e que eu estava tendo uma “ilusão”.
  — Mas, Gil, mesmo sabendo dos sentimentos dela, você ficou com várias garotas na sua frente? O que você tem na cabeça? Sabe o quanto ela chorou e sofreu por você?
  — Ela... Chorou? Por mim?
  — Olha, eu sei que você detesta choros, ama risadas e idolatra o bom humor, mas dá para se preocupar com o que realmente importa aqui? O que você realmente sente por ela?

 — Eu sinceramente não sei. Não sei, mesmo. Juro.
  — O quê? — Falei um pouco alto de mais e depois abaixei o tom — Eu estava certa de que você gostava dela!
  — É. Eu até gostava, mas depois... — Eu o interrompi.
  — Mas depois viu o quanto era divertido ser popular e transar com uma garota por dia e resolveu a deixar sofrendo sozinha, não é? — Meu sangue ferveu.
  — Claro que não, fatinha. Você sabe que eu não sou assim.
  — Eu não sei? Tem certeza, Gil? Porque eu já não sei mais de nada sobre você.
  — Como assim? — Ele fez uma expressão entediada e ao mesmo tempo confusa.
  — Eu estou falando que eu já não reconheço mais você! Há alguns anos atrás, quando você gostava de uma garota, você era todo romântico, e não um idiota como está sendo agora.
  — Como você disse, há alguns anos atrás.
  — Exato. É por isso que eu não reconheço mais você. Há quanto tempo nos conhecemos,Gil?
  — Eu não sei... Muito tempo?
  — Há quanto tempo nos conhecemos, gil? — Repeti a pergunta.
  — Desde que você nasceu — Ele falou derrotado. Gil era um ano mais novo que eu, e o meu pai e o dele sempre foram muito amigos.
  — Exatamente! Acho que eu sou uma das pessoas que mais deveria conhecer você, não é?
  — Eu sei que eu mudei. Mas, qual é? Eu sou um garoto. Garotos quando pressionados viram idiotas. Idiotas quando são levados até garotas nuas ficam mais idiotas ainda.
  — Que bom que você confessa que é um idiota — Eu estava literalmente com raiva. Não acreditava que ele estava levando tudo isso na brincadeira!
  — Eu nunca escondi que era — Ele riu.
  — Para, gil... Isso é sério, poxa!
  Foi em vão. Gil nunca consegue ser sério. E muito menos deixar que um ambiente tenha um clima tenso, sempre consegue fazer as pessoas rirem e esquecer a possível briga que teria.
   E foi o que aconteceu comigo – ficar brava com Gil nunca era uma opção. Ele sempre conseguia.

 — Mas e então? O que eu digo para Ju?
  — Não sei
  — Quer saber? Vou dizer a verdade. Que você é apaixonado por ela, mas não quer admitir, já que prefere ficar com várias meninas à com uma só.
  — Diga. Ela vai se sentir muito melhor. — Ele foi sarcástico.
  — Tudo bem. Vou dizer que é para ela vir falar com você — Sorri.
  — Por que ela não veio falar diretamente comigo?
  — Porque ela é tímida, Gil.
  — Tímida? A Ju? — Ele soltou uma gargalhada.
  — Nesses quesitos, sim. Agora tenho que ir, falta dez minutos para a aula...
  — Eu também, tchau! — Ele me deu um beijo na bochecha e correu. Talvez para se livrar daquele assunto mais rápido. 

 Depois de ir correndo para o corredor onde ficam os armários, pegar meus materiais adequados, ir para as aulas e fingir por duas horas que eu estava prestando atenção no que o professor falava, finalmente o barulho do sinal que indicava o almoço tomou conta dos meus ouvidos.
   Corri para encontrar-me com Ju e não foi uma grande surpresa encontrá-la servindo-se na mesa das saladas.
  — Ah, aí está você! — Ela falou.
  — É... Aqui estou eu — Dei um sorriso amarelo.
  — Por onde andou a manhã toda?
  — Ah, eu fui... — Ela me interrompeu.
   — Tudo bem, isso não importa. O que Gil disse?
  — Não acho que aqui seja o lugar mais propício para este assunto.
  — Dane-se, fala logo! — Ela revirou os olhos impaciente e eu me dei por vencida. Fiquei alguns segundos tentando organizar os fatos na minha cabeça, e só então eu percebi que... Eu não sabia o que falar! Eu estava tão nervosa com o fato de achá-la sozinha que me esqueci de preparar um discurso antes...
   — Bom,Ju ele... Ele...
  — Ele não gosta de mim do mesmo jeito que eu gosto dele, certo? Tudo bem, eu já esperava — Ela botou seu prato na bandeja e virou as costas, saindo andando. Alcancei-a.
  — Não, Ju Você nem me deu tempo para falar.
  — Sim? — Por um momento eu vi uma faísca de esperança em seus olhos. Eu odiaria ter de apagá-la...
  — Olha... É melhor você ir falar com ele.
  — O que ele disse? Para de enrolar!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Querido Meio Irmão - Brutinha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.