Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 73
Capítulo 73




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Lia e Dinho também entraram, arranjando vários olhares em suas direções. Sim, eles também eram novatos na Universidade, mas talvez por serem populares no colegial, sejam aqui também. Eu não sei. Ainda estou confusa com essa questão de popularidade, nunca tive contato com essa classe antes. 
  Eles pegaram armários na frente dos nossos, e encostaram-se a eles, conversando. 
 Gil entrou normalmente, como se não ligasse para nada. Afinal, ele não imaginava que o fato de ele e Mel terem transado se espalharia. E, além disso, ele era extremamente bonito. Continuou andando calmamente e não foi até nós. Ele apenas fez sinal que já vinha e mudou de rumo.Fera entrou da mesma maneira que Bruno; ignorando todos os olhares. Ele também não foi até nós. Que bom. 
  E então Mel entrou. Totalmente exibida. Andava rebolando e com uma cara um tanto que safada. Ri baixo observando como ela se comportava em público. Ela acenou para nós e foi falar com algum garoto. 
  Em pensar que seria toda essa cerimônia todos os dias...
  — Só falta Ju, que sumiu faz tempo — Malu falou.

Malu e Lia  fariam o mesmo curso, então foram para a classe se prepararem para a aula. Dinho também foi para sua sala. Estávamos somente Bruno e eu – e mais a maioria dos alunos – por ali. Conversávamos sobre banalidades quando Gil chegou e ocupou o armário ao lado de seu primo. 
  — Meu Deus! Por que a Ju está demorando tanto? — Perguntei depois de alguns segundos de silêncio. Eu já estava ficando irritada.
  — Ela sempre chega um pouco atrasada — Bruno respondeu.
  — Por quê? — Gil leu os meus pensamentos.
  — Entrada triunfal. 
  — Hã? 
  — Vocês vão ver. É o “show” dela. Mesmo que essa não seja a intenção — Ele gargalhou.
  — Como assim? 
  — Juliana nunca percebe que está chamando atenção. Ou pelo menos finge que não.
  — Mas precisa de todo esse suspense? — Revirei os olhos.
  — Ela prefere ser a última a chegar. Todo ano é assim, já me acostumei.
  E então, Bruno e Gil ficaram conversando sobre como as meninas demoram a se arrumar, enquanto eu ficava tentando nos defender. Sem sucesso, é claro.

E então, depois de poucos minutos, todos se viram para porta. Lá estava ju, totalmente deslumbrante. Com saia curta e blusa com decote, realmente, ela havia voltado a sua antiga personalidade.
  O corredor inteiro estava em silêncio – quebrado apenas pelo ruído que seus sapados causavam quando batiam no chão. Mas ninguém parecia se importar com isso; estavam ocupados demais a admirando. Ela andava calma e lentamente pelos corredores, como se ninguém a olhasse. Ela não se dava o trabalho de desviar, as pessoas simplesmente abriam a passagem para ela passar! Não que tivesse uma pose metida. Ao contrário, a cada meio segundo retribuía um aceno ou sorriso. 
  Ela sabia o efeito que estava causando. É claro que sabia. E gostava disso. A antiga Juliana nunca morrera, de fato. Estava apenas escondida em sua antiga, ou não, paixão por Gil. E agora, totalmente desimpedida, ela voltara. 
  Realmente estava fabulosa e invejável. Ju estava vindo em nossa direção quando um infeliz ser humano a impede.
  — Ora, ora, ora. Se não é Juliana — Emily debochava — A princesinha do colegial. Era assim que a chamava, não é?
  — Ainda chamam — Sorriu cínica.
  — Você pode ter sido a princesa no colegial, querida, mas não esqueça que estamos na universidade. 
  Ju deu uma risada irônica.
  — É, Emily. Mas algumas coisas nunca mudam — Arqueou uma sobrancelha, deu um sorriso vitorioso e saiu andando novamente, como se estivesse em um desfile de moda. Só que desta vez não eram apenas seus sapatos que faziam barulho – as pessoas já haviam recuperado a pose de gente e comentavam incansavelmente sobre esse breve diálogo. Parabéns,Ju, essa você venceu. E... Esse seria um Gil de boca aberta? O-ou.

 Ju ainda andava graciosa e deslizava seus pés no assoalho da Universidade como se estivesse dançando. Não, ela não estava dançando. Ela seria muito mais provocativa se estivesse, tenham a minha certeza. Enfim, chegou até onde Gil, bruno e eu estávamos. Ah, e quero dizer que me sinto muito orgulhosa de ser a única que não está babando... Mas nem tão orgulhosa por ver meu namorado nesse estado. 
  — Bom dia, gente! — Ela disse animada — Qual desses armários está vago? — Sorriu angelicalmente e eu apontei para o ao lado do de Malu.
  — Princesinha do colegial — Bruno dizia em tom de brincadeira e balançava a cabeça em desaprovação. Logo ele riu.
  — Cala a boca — Ela deu a língua — Bom, eu acho que já vou, minha primeira aula é com Robert, e acho que vou chegar antes que o sinal bata — Riu enquanto levava suas duas mãos com unhas perfeitas até o meu queixo e o de Gil, que estavam caídos com tamanha atenção que ela atraía. Recuperei-me do transe e comecei a rir.
  — Essa sim é Juliana que eu conheci — Falei ainda rindo. 
  — Eu falei que ela ia voltar. — Sorriu torto e logo fomos interrompidos por um menino que parecia ser da idade de Bruno, porém mais baixo e magro — Steve! Você por aqui? — Ela sorriu. 
  — É... Eu... Posso carregar... Seus livros? — Ele falou e ela riu levemente. 
  — Claro, se você quiser... — Entregou-os para o garoto que sorria bestamente e ia andando na frente. 
  — Eu não acredito que você ainda se aproveita de nerds como o Steve — Bruno gargalhou.
  — Não é aproveitamento, ele quem se ofereceu. Agora eu já vou indo, beijos.
  E então ela saiu. Eu estava um tanto quanto orgulhosa de Ju. Não sabia se tudo isso fora para provocar Gil, mas sabia que tinha dado certo. 
  — Hm... Isso foi... Estranho — Ele disse confuso fazendo-me rir — Mas já vou para a sala também. Tchau.
  Gargalhei com Bruno.

 — Mas e então, Ju já superou? — Bruno perguntou enquanto andávamos até a minha sala.
  — Diz ela que sim, mas eu tenho certeza que ouvi ela chorando esta noite. Sabe, eu às vezes não a entendo... Ela nem tentou falar com Gil sobre tudo isso e já desiste. Vai saber se ele não sente a mesma coisa?
  — Ju sempre foi confusa.
  — Verdade — Ri. 
  — E o Gil lento. 
  — É, isso também é verdade — Ri mais ainda acompanhada de Bruno.
  — Sua sala é ali — Ele apontou para a direita. 
  — Obrigada — Sorri e aproximei-me dele selando nossos lábios em um selinho demorado. Eu conseguia respirar normalmente assim, mas não me era necessário. Afinal, ele era o meu ar. Meu ar, meu chão, minha vida. Eu estava certa que o amava, estava na cara. Tudo o que eu queria saber é se era recíproco. Acho que eu não conseguiria mais imaginar-me sem Bruno. Não, o correto seria “acho que eu não quero imaginar-me sem Bruno”. 
  Ele se afastou cortando o beijo. Eu ainda estava parada, com os olhos fechados, que nem uma idiota. Abri-os lentamente e o vi sorrir.
  — Você ama isso, não é? — Perguntei.
  — Amo o que?
  — Deixar-me sem fôlego, sem palavras. 
  — Hm... É. Talvez eu ame mesmo — Ele riu e deu-me um beijo em minha testa. Depois saiu. Virei-me para entrar na sala e sem querer cruzei meu olhar com o de Emily, que me fuzilava com os olhos do outro lado do corredor. Suspirei revirando os olhos e não dei mais atenção a ela. Digamos que eu estava feliz demais para ser incomodada.

 Dois dias haviam passado e me sinto muito orgulhosa em dizer que meu namoro com Bruno estava às mil maravilhas. Entretanto, não muito orgulhosa em dizer que Ju continuava com o seu orgulho ferido e mal trocara uma palavra com Gil nesse período. Estávamos eu, ela, Lia e Malu em nosso quarto. Já era de noite, e estávamos conversando antes de dormir – logo Malu iria para o seu aposento.
  — Ju, eu não agüento mais — Falei depois de uma longa conversa sobre “eu não quero mais saber de Gil algum” — Você sabe que não está enganando ninguém com isso, está na cara que tudo o que você mais quer é ir falar com Gil.
   Ela suspirou.
  — Você pode ter razão. Mas eu não vou.
  — Por quê? — Foi a vez de Lia questionar — Essa historinha de vocês já está me deixando louca! Ele vive perguntando para todo mundo o que aconteceu com você e por que você não fala mais com ele. Você acha mesmo que Gil merece isso?
  — Eu... Eu não sei.
  — Ju, chega. Se você não for falar com ele sobre o que está acontecendo, eu mesma irei.
   — Não, Maria de Fatima! Você não pode.
  — É claro que eu posso — Ri.
   — Tudo bem, você pode. Mas não deve! Imagine só o que ele pensaria de mim; que eu sou uma covarde.
  — O que de fato você é.
  — Ótimo, talvez eu seja! — Ela gritou se levantando e jogando os braços para o alto — Me desculpe por ser insegura, mas pelo menos admiti os meus sentimentos para as pessoas que eu confio, ao invés de ficar escondendo eles, não é, Fatinha? — Ela sorriu cínica revirando os olhos.
  — Ju, para. Eu não quero brigar com você, longe disso. Quero somente lhe ajudar.
  Ela se sentou e respirou fundo, tentando se acalmar.
   — Eu também não quero brigar. Ok, eu vou conversar com Gil amanhã depois da aula, mas saibam que se eu sair machucada vocês serão obrigadas a ouvir meus lamentos dia pós dia, noite pós noite.
  — Ah, não se preocupe. Nós já estamos acostumadas com isso — Malu falou fazendo-nos rir.


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