NARRADO EM TERCEIRA PESSOA 
　　Fatinha estava com os braços cruzados, e olhar raivoso. Raivoso e... Inocente. Bruno estava se aproveitando dessa inocência, novamente, ele foi chegando mais perto dela.
　　　Estavam parados um na frente do outro, imóveis. Ela descruzou os braços, enquanto ele ia chegando mais perto ainda, a respiração ofegante de um, era facilmente perceptível para o outro. 
　　　Estavam a milímetros de distância, e dessa vez, quem acabou com ela foi Fatinha, dando um passo à frente. Bruno selou seus lábios nos dela, ela automaticamente pôs as mãos em sua nuca. Beijavam-se calmamente, uma perfeita sintonia. Nada muito quente até agora. 
　　　Ênfase no “até agora”. Bruno começou a acariciar as costas dela por baixo da camiseta. Nunca separando seus lábios. 
　　　A campainha toca, fazendo-os pararem de se beijar rapidamente.
　　　— Oh, meu Deus, o que eu fiz? — Fatinha perguntou confusa enquanto se recompôs. Não deu de Bruno responder, ela já havia descido rapidamente as escadas para abrir a porta.
　　　— Mamãe! — Exclamou com falsa alegria — Como estão as coisas lá no escritório?

    NARRADO POR Fatinha NOVAMENTE
     — Ótimas, mãe. Bruno está lá em cima se arrumando para alguma festa, e eu fiquei a tarde toda olhando meus materiais da faculdade. Já comecei a me preparar — Menti.
     — É por isso que eu me orgulho muito de você, filha — Disse — Mas, você já jantou? Já são 21h!
     — Ah, ainda não... Você sabe que eu me esqueço de tudo quando começo a estudar — Bom, essa parte não era mentira...
     — Verdade... Vou lá fazer uma comidinha para você.
     — Obrigada, mãe.
     Subi para o meu quarto rapidamente e deitei-me na cama. Precisava pensar. Bruno era meu... Irmão! Tudo bem, não éramos irmãos... Mas ele sempre me tratava como tal. O que acontecera ali?
     Ouvi alguém bater na porta. Eu achara que era minha mãe com a janta.
     —Pode entrar!

 A porta se abriu e eu finalmente vi quem era: Bruno. Não levantei da cama. Estava com tanta vergonha que cobri minha cabeça com meu travesseiro. Ele riu. 
     — Posso falar com você olhando no seu rosto?
     — Pode... — Fiquei em pé, olhando nos olhos dele — Então...
     Ele sorriu.
     — Parece que eu perdi a aposta, certo?
     — Quê?
     — Você disse que eu não podia ficar com ninguém nessa noite, e... — Ele mordeu o lábio inferior. É, são atitudes assim que me deixam assustada.
     — Nem lembra, Bruno! Olha só, vamos esquecer isso, certo? Finja que nessa última hora você fez qualquer outra coisa, finja que eu nem estava em casa nesse horário. Finja, que isso não aconteceu. Enfim, como nada aconteceu — Sorri — Você ainda está livre para a aposta. 
     — Você quer tanto assim que eu não fique com ninguém essa noite? 
     — Ah, cala a boca, Bruno! 
     Ele saiu rindo do meu quarto. Ah, foi só eu quem percebeu que essa foi a primeira vez que ele bateu na porta?

Eu não falei para ele, mas, o motivo de eu querer que a aposta continue, é que eu ainda não esqueci minha vingança. Estava tudo planejado. Ju tinha topado me ajudar.
       Como Bruno não poderia ficar com ninguém, por que não dar uma... Ajudinha? Ou uma atrapalhadinha? Ri dos meus pensamentos. 
       Ju iria seduzi-lo, tentar fazer de tudo para ele perder a aposta. Ele não resistiria... E se resistisse, iria sofrer um bocado! 
       Desci as escadas rindo sozinha e me deparo com Bruno pronto para a festa, pedindo pegando a chave do seu carro na estante. Ele estava lindo, e... Cala a boca, Maria de Fatima! Acorda, você o odeia, e ele odeia você. Aquele beijo foi um erro, você ainda estava meio mal por ter visto Fera mais cedo... 
       Liguei a televisão e sentei-me no sofá. Bruno olhou para trás, e olhou para mim.
       — Corre, Bruno, ou vai perder a festa, em? — Gargalhei.
       — Ainda são 22h, e além do mais, não vou poder aproveitar muito, não é mesmo? — Sorriu falsamente.
       Gargalhei mais alto ainda.