Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 125
Capítulo 125




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335451/chapter/125


   — Fatinha – Bruno chamou-a apertando um pouco seu braço. Ela já estava na sua cama, ele havia levado-a alguns minutos anteriores – Fatinha... – Balançou-a levemente. Ele a escutou murmurar alguma coisa que nenhum ser humano comum poderia entender e prendeu o riso. Ela abriu os olhos lentamente.
   — Bruno? – Perguntou confusa. Ele sorriu – O que você está fazendo aqui?
   — Digamos que eu sou o seu médico hoje – Falou fazendo-a sorrir abertamente, totalmente apaixonada – Vamos lá na cozinha, você tem que comer alguma coisa antes de tomar o remédio.
   — Preguiça – Ela esfregou os olhos.
   — Preguiça? Eu cozinhei para você, algo que eu não faço nem para a minha mãe, e você diz que está com preguiça de provar o paraíso em forma de comida? – Bruno perguntou fingindo estar ofendido. Fatinha assentiu e ele riu incrédulo, balançando a cabeça.
   — Só se você me levar no colo – Ela estendeu os braços para cima. 
   — Sua mimada! – Brincou – Você tem que aprender a andar um pouco. Já é a milésima vez que eu levo você no colo em menos de quarenta e oito horas!
   — As outras não valeram, eu estava desacordada – Fatinha riu, mas não abaixou os braços, reforçando o pedido abrindo e fechando as mãos. Ele balançou a cabeça novamente e passou um dos braços embaixo das pernas dobradas dela e o outro pela suas costas. Fatinha sorriu e o abraçou pelo pescoço dele, encostando sua cabeça ali.

  — Nossa – Ela falou ao dar a primeira garfada na comida de Bruno – Isso está... Horrível – Falou rindo. Ele gargalhou e levantou os braços, como quem se desculpa.
   — Eu nunca disse que eu cozinhava bem.
   — Ainda bem – Ela tomou um pouco do suco – Eu vou ser obrigada a cozinhar, não acredito – Ela riu.
   — Desculpa, senhora chefe de cozinha – Ele fingiu estar chateado e Fatinha riu, apertando suas bochechas – Tudo bem... Fatinha... Fatinha! Para de apertar! Para! Está doendo, caralho! – Ele falou tentando tirar as mãos dela dali. 
   — Bem feito! Quem mandou me fazer comer aquilo? – Ela riu e mostrou a língua, virando-se para o fogão e pegando uma panela – Pega o sal para mim? – Pediu enchendo a panela de água e apontando para um armário. Bruno apareceu com um pote contendo um pó branco – Meu Deus, isso é açúcar! – Fatinha bateu na cabeça e ele gargalhou – Não, sério, senta ali e não interfere em mais nada! – Ela zoou ele. Bruno riu e a obedeceu.
   Conversaram sobre coisas banais até Fatinha pegar um pouco do macarrão dela e levá-lo até ele.
   — Por que eu tenho que provar primeiro? Você quer me envenenar? – Bruno brincou e Fatinha o encarou, cruzando os braços. Ele pegou o garfo da mão dela e experimentou. Logo a sua expressão se tornou de surpresa – Isso não é justo! Desde quando você cozinha bem? 
   — Vou levar isso como um elogio – Ela riu e voltou para o fogão.

 — Tudo bem, eu quero mais – Falou pegando o garfo da mão da mão dela enquanto a abraçava por trás e o aproximava da panela, até levar um tapa na mão da garota.
   — Sai, Bruno, ainda não está pronto! Nem botei o molho ainda! – Falou tentando livrar-se dos braços dele. Aquela aproximação não fazia bem para ela e seu objetivo de não beijá-lo.
   — Mas parece que tem molho – Ele falou confuso. Fatinha riu e se encostou na bancada, de frente para Bruno, mas ainda em uma distância aconselhável.
   — Céus, você não sabe nada de cozinha! – Ela riu. Ele deu de ombros – Se um dia nós nos casarmos, você nunca vai chegar perto do fogão, Bruno – Falou e só depois percebeu a besteira de tinha dito. Casar? Aonde ela estava com a cabeça? Burra, idiota. 
   Bruno a encarou por alguns instantes confuso, mas logo sorriu.
   — Casar? E quando nós vamos nos casar? – Brincou.
   — Não sei, não é? Nem em namoro você me pediu ainda – Sorriu vitoriosa e voltou a atenção para o fogão, tentando esconder o rosto corado.
   — Se você prometer que vai cozinhar assim sempre, nós nos noivamos agora mesmo.
   — Cala a boca – Ela riu – Vai lá na sala ver alguma coisa na televisão enquanto eu termino isso aqui.

Fatinha foi até a sala chamar por Bruno e o viu deitado no sofá, aparentemente dormindo. Abaixou-se e quando foi acordá-lo, sentiu uma mão envolvendo seu braço e o puxando rapidamente, fazendo com que ela caísse deitada ao seu lado.
   — Você me enganou! – Ela falou irritada, se irritando ainda mais com Bruno  rindo dela – Seu palhaço – Balançou a cabeça negativamente e não conseguiu não rir, mas ainda sim deu um tapa do braço dele – Que podre, você nem fez cara de dor.
   — O que eu posso fazer se os seus tapas não doem? – Falou e Fatinha riu incrédula, dando mais um tapa nele – Tudo bem, tudo bem, que tal se eu disser que eles fazem cócegas? – Tentou ainda tirando com a cara dela e Fatinha negou, batendo continuamente no seu braço.
   — Idiota! Agora eu estou pensando seriamente se deixo ou não você jantar! 
   — Não, não, não! Desculpe, eu nunca mais falo nada, mas me deixe comer aquele macarrão! – Falou exageradamente fazendo-a rir e levantar-se, puxando Bruno com a mão.
   — Você falando assim me faz sentir como uma chef de cozinha.
   — Tudo bem, você pode se sentir a Oprah, só me deixa jantar que eu estou morrendo de fome – Ele falou empurrando-a em direção da cozinha, em meio a risadas.
   — Idiota, a Oprah não tem nada a ver com culinária – Ela falou e Bruno riu, dando de ombros. Jantaram conversando e rindo. 
   Fatinha observava maravilhada tudo acontecer a sua volta. Nem nos seus melhores sonhos esperava que ele fosse tão incrível com ela. Era estranho, claro. Afinal, Bruno extremamente atencioso não era algo comum. Mas Fatinha se sentia extremamente feliz por ele ser assim com ela. 
   Sorriu e voltou a falar com Bruno, depois desse pequeno transe. Poucos segundos depois, espirrou duas vezes seguidas.

   — Opa, acho que o remédio está perdendo o efeito – Ele falou. 
   — Eu acho que não tem mais...
   — Eu trouxe – Bruno sorriu e Fatinha sentiu seu coração amolecer. Tendo-o como médico era a melhor coisa do mundo.
   — Obrigada – Sorriu levemente e levantou-se, botando seu prato na pia.
   — Você nem comeu nada!
   — Não estou com fome... Na verdade, estou até enjoada.
   — Mas isso é comum da gripe, Fat. O que não pode acontecer é você deixar de se alimentar.
   — Depois eu como alguma coisa...
   — Depois quando? – Ergueu as sobrancelhas. Fatinha riu e pegou um pacote de biscoito no armário.
   — Está bom assim?
   — Como se isso sustentasse alguém! – Bruno falou. Fatinha deu de ombros e sentou-se ao lado dele novamente.

 — Pronto, Fatinha. Já comeu, conversou, está medicada... Hora de dormir! – Bruno falou.
   — O que? São dez horas da noite! Desde quando você virou meu pai? – Fatinha perguntou indignada enquanto cruzava os braços de uma maneira infantil. Ele prendeu o riso.
   — Você espirra a cada dez segundos, é melhor que você durma. Quando acordar amanhã, já não vai sentir quase nada.
   — Mas eu não estou com sono! 
   — Problema é seu – Bruno  brincou fazendo-a abrir a boca, perplexa. Ele riu e a empurrou pelas costas até quarto – Deita aí bonitinha e quietinha – Falou autoritário, mas sem perder o ar divertido.
   — Tudo bem, papai – Ela revirou os olhos, obedecendo-o – Mas só se você deitar aqui comigo – Pediu manhosa. Bruno a olhou confuso – E não, isso não é um convite para uma noite de sexo selvagem, seu pervertido.
   Bruno gargalhou.
   — Poxa! – Fingiu decepção. 
   — Deita aqui – Pediu novamente manhosa.
   — Ah, Fatinha... Acho melhor não...
   — Por que não? – Perguntou. “Porque eu não sei se consigo ficar tão próximo de você e me controlar”,Bruno pensou.
   — Porque daqui a pouco a Malu chega e ela quem vai dormir com você. 
   — Ah... – Falou um pouco triste. Olhou-o com seus olhinhos suplicantes e Bruno não sabia como não tinha agarrado ela naquele momento mesmo. Estava ficando cada vez mais difícil essa história de controle. Ele bufou derrotado e sentou-se na beirada da cama, abrindo um sorriso fraco. Fatinha sorriu abertamente e o puxou para que ele deitasse, abraçando-o e apoiando sua cabeça no peito dele em seguida. Bruno suspirou e tentou se distrair, enquanto enrolava seus dedos carinhosamente nos fios de cabelo de Fatinha. 
   Aquela garota o tirava do sério sem nem mesmo dizer nada. O que era aquilo? Ele estava ficando louco?
   Ou era apenas amor?


   Já tinha passado um tempo desde então. Não muito. Uma ou duas semanas, no máximo. E Bruno? Bem, Bruno não agüentava mais essa história de dar um passo para frente e no outro dia, três para trás. Quando ele finalmente achava que estava amolecendo o coração de Fatinha, ela o afastava e ele voltava à estaca zero.
   Ele já havia tentado de tudo! Levara Fatinha para um restaurante caro e depois para uma volta na praia deserta, levara para conhecer a sua irmã, para conhecer a cidade, havia cuidado dela enquanto estava doente... O que mais ele devia fazer? Estava quase pensando em desistir! 
   Mas é claro que ele não conseguiria. Amava demais Fatinha para deixá-la escapar novamente. E sempre que cogitava em desistir, ela o impressionava e o deixava ainda mais apaixonado. Dessa vez, ela havia convidado-o para assistir um filme em seu apartamento. Buno foi, achando que finalmente havia conseguido, mas já estava no final do filme e o máximo que conseguira foi que Fatinha apoiava a cabeça em seu ombro e ele passava o braço pelas costas dela. Maldita proximidade que não o deixava pensar direito.
   Você pode estar pensando “é claro que Fatinha também estava afetada com a proximidade”. E eu respondo: muito mais que Bruno. A diferença é que ela tentava esquecer isso e estava concentrada demais chorando pelo drama do filme. 
   Ela olhou para ele para ver se o mesmo já havia derramado alguma lágrima, mas Bruno entendeu mal. Achou que aquilo era um “convite” para um beijo. Céus! Ele nunca havia valorizado tanto um simples beijo como naquele momento. 
   Mas, infelizmente, não era. “Que novidade”, ele pensou irônico e derrotado.

 — Finalmente! – Bruno disse levantando-se quando o filme acabou.
   — Eu não acredito que você não chorou em um segundo sequer, seu insensível! – Fatinha falou limpando algumas lágrimas. Ele riu. – Você está rindo da minha cara? – Perguntou visivelmente alterada.
   — Claro que não – Bruno falou ainda rindo, fazendo-a cruzar os braços e virar para trás – Não, não faz assim! – Tentava parar de rir – Tudo bem, desculpa – Sorriu ao ver Fatinha descruzar os braços, mas ainda não virara para ele – Agora vem aqui me dar um beijo.
   — Não – Falou rápido.
   — Não? Por quê?
   — Porque você ainda não merece – Virou-se para ele e ergueu as sobrancelhas, desafiadora.
   — E quando eu vou merecer? Eu já estou cansado de correr atrás de você sem nenhuma recompensa – Falou fazendo sua melhor cara de coitado.
   — Isso é muito pouco pelo que você já me fez sofrer – Fatinha disse seca – Aliás, eu já disse você tem que me conquistar.
   — Acontece que quem me conquista cada dia mais é você – Respondeu da maneira mais intensa e profunda que conseguiu.
   — O que você quer dizer com isso? – Perguntou tentando não se deixar abalar.
   — Eu amo você, Fatinha! Eu amo você mais que qualquer pessoa no mundo poderia amar. E só você ainda não percebeu isso! – Desabafou. Fatinha ficou estática, perplexa. – Diz alguma coisa! – Pediu e quando ia respirar para dizer mais alguma coisa, foi interrompido por uma Fatinha correndo até ele e jogando-se em seus braços, abraçando-o e enterrando sua cabeça na curva de seu pescoço. 

 Ainda surpreso pela atitude repentina dela,Bruno envolveu a cintura dela e sorriu. No fundo, sabia que finalmente havia conseguido. E se sentia a pessoa mais feliz do mundo por isso. 
   Abriu o seu sorriso e levantou Fatinha no ar, que dobrou as suas pernas para trás. Ela afastou o rosto dele, para poder olhá-lo. Era impossível ver quem sorria mais.
   — Eu acho que seria muito legal ouvir você repetindo o que você disse antes – Fatinha disse parecendo pensar e ele riu, botando-a no chão, mas não soltando a sua cintura.
   — Qual parte? A que eu amo você ou que só você ainda não percebeu isso? 
   — As duas está bom – Sorriu e o abraçou de novo, sentindo os olhos marejarem. Maldita sensibilidade. Mas relevem... Ela estava escutando o que sempre sonhou desde que se separam! 
   Fatinha o olhou ainda sorrindo e aproximou seu rosto do dele, encostando ambas as testas. Bruno roçou o seu nariz no dela e pode senti-la amolecer em seus braços. Puxou-a para ainda mais perto, colando totalmente seus corpos, e selou seus lábios no dela.
   Nesse momento, Fatinha deixou a sua primeira lágrima cair. Aquele momento... Era tão perfeito! Céus, como ela podia amá-lo tanto? 
   Bruno separava e colava seus lábios nos dela, em vários selinhos demorados. Não havia aprofundado o beijo ainda, ambos sabiam que isso não era necessário para que um turbilhão de sentimentos passassem por todo o corpo deles.
   — Então você me ama de novo? – Ele perguntou sem desgrudar as duas testas.
   — E quem disse a você que em algum segundo eu deixei de amar você? – Ela sorriu e deu um selinho nele. Bruno a olhou confuso.
   — Você disse! – Exclamou como se fosse óbvio, fazendo-a rir.
   — E você acreditou?
   — No começo, não, mas depois... É claro que eu acreditei! – Falava frustrado e Fatinha apenas ria.
   — Eu acho que sou uma boa atriz – Sorriu e selou os lábios novamente. Dessa vez, Bruno não demorou em pedir passagem para que aprofundassem o beijo. E Fatinha, é claro, a concedeu rapidamente.

 A intensidade do beijo e dos sentimentos era tanta que Fatinha nem percebeu que estava sendo conduzida até o seu quarto. Só se deu conta disso quando sentiu suas costas chocarem-se com seu colchão e Bruno deitar-se por cima dela.
   — O que você está fazendo? – Perguntou divertida, mas sem perder o ar de inocência. 
   — Digamos que eu quero fazer uma coisa com você enquanto estou sóbrio desta vez – Bruno riu e logo voltou a beijá-la. Fatinha tentou entender a resposta e então parou o beijo.
   — Mas já? – Questionou num misto de risos com espanto. 
   — Isso se você quiser – Falou afastando-se para poder ver a sua reação, enquanto colocava uma mecha do cabelo dela atrás da sua orelha. Fatinha sorriu.
   — Eu quero – Respondeu acariciando o rosto do rapaz. Então, ele a beijou de uma maneira que nunca havia beijado nenhuma garota antes. 
   Era como se Fatinha fosse a coisa mais importante e preciosa da sua vida, mas ao mesmo tempo a mais frágil e sensível. E ela tinha certeza de que também nunca havia ser beijada dessa maneira. Teve a certeza também de que se não estivesse deitada, estaria caída no chão, tamanha era a intensidade do tal beijo.
   Bruno afastou o rosto do dela sorrindo e observou-a fazer o mesmo, esta ainda de olhos fechados.
   — Eu amo você – Ele falou.
   — Eu amo mais – Sorriu. Bruno riu e balançou a cabeça negativamente, discordando, mas logo a beijou novamente, desta vez com malícia e desejo.Fatinha tentou ao máximo retribuir tudo o que ele estava a proporcionando. 
   E ali, somente ali, ela sentiu que finalmente havia perdido a virgindade. Era como se essa tivesse sido a única vez que ela havia se deitado com alguém. Ele a fez esquecer-se daquela besteira de quando eles estavam bêbados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!