Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 108
Capítulo 108




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Fatinha saiu do avião, retirou suas malas na esteira e respirou fundo. Era agora. Tinha se preparado psicologicamente durante dias por esse momento, mas não imaginou que seria tão difícil. Ver Bruno depois de quase um ano e meio parecia uma tarefa simples até um tempo atrás. Ela só não contava com o seu coração palpitando tão rápido, sua respiração falhada, suas pernas bambas e fracas, mãos gélidas e suadas, e uma vontade incontrolável de chorar. Seria de felicidade? Ansiedade? Ela não sabia, mas tinha que controlar isso já. Tudo o que ela menos queria era se mostrar fraca para Bruno e estragar tudo. Selena tinha imaginado isso por noites e noites, não podia jogar tudo para os ares naquele momento.
   Andou vacilante entre os portões do aeroporto enquanto tentava controlar a sua reação no momento que o visse. Ia dar certo, tudo iria ficar bem. Não ia? 
   Procurou por ele ou por Malu durante alguns minutos no meio de toda aquela gente. Fatinha já se encontrava mais preparada e forte, provavelmente não iria desmaiar no momento em que o visse. Será?
   E, então, ela o viu. Toda aquela capa protetora de segundos anteriores tinha sumido. Podia sentir o chão se abrir sobre os seus pés naquele momento. Bruno estava... Incrível. Era como um sonho. Ele não estava olhando para ela, estava de costas, mas ela o reconheceria em qualquer lugar e de qualquer maneira. Sua mala parecia ter uma tonelada a mais do que anteriormente, de tão fraca que estava. Respirou fundo e tentou sorrir de maneira discreta. Andou até ele. Já podia senti-lo a abraçar, dizer que sentia sua falta e que nunca tinha se esquecido do que viveram. Mas, no fundo, ela sabia que isso não ia acontecer. Talvez a parte do abraço, e nada mais. Triste realidade...


   Fatinha andava por aquele aeroporto com o coração na mão. Faltava poucos metros para finalmente poder tocar em Bruno. Poucos metros para conseguir senti-lo novamente. Ela definitivamente não sabia se sorria ou chorava. 
 Bruno ainda não a tinha visto. Estava olhando para os lados, provavelmente confuso com tanta gente por metro quadrado. E, então, olhou para frente. Sua Fatinha estava lá. Agora não mais sua, a não ser que acrescentemos o termo “irmã” na frase. Afinal, era isso que eles eram agora, não? Irmãos. Meio irmãos, se preferir. Bruno sorriu levemente e deu uma breve risada ao vê-la se atrapalhando com as malas. Andou até ela e pegou uma das malas, deixando-a com outra mais leve. Desculpem-me, feministas, mas Fatinha não agüentou. Teve que abraçá-lo. Bruno retribuiu, mas logo quebrou o abraço. Era um pouco estranho abraçá-la depois de tanto tempo, ele se sentiu ainda mais confuso com tudo isso. 
   — A Malu não veio? – Fatinha perguntou depois de alguns segundos, finalmente lembrando-se da amiga.
   — Veio. Na verdade, ela estava do meu lado agora mesmo, mas como seu vôo atrasou, ela foi fazer uma visita à praça de alimentação. 
   — Típico – Riu.
   — Vamos? Nós esperamos ela no carro, acho que a Malu vai demorar.
   — Provavelmente ela vai mesmo – Fatinha sorriu e acompanhou os passos de Bruno. Era tão estranho conversarem depois de tanto tempo... Como ela ainda não tinha desmaiado?

— Bruno Menezes – Malu entrou explosiva pelo carro, nem percebendo Fatinha no banco de trás – Você fez com que eu me perdesse naquela merda de aeroporto tentando procurar você. O que houve? Esqueceu que eu estava junto? Seu anormal, veio para o carro por quê? Ficou louco? Você não ia buscar a Fatinha? – Malu falava tudo rapidamente enquanto. Bruno segurava o riso. Ela sempre fora afobada – Meu Deus! A Fatinha, Bruno! Você esqueceu dela também? Ela deve estar louca nos procurando agora! O que você tem na cabeça? Me diz, seu cabeça de ovo! Me segura, ou eu vou te encher de porrada agora! – Falou nervosa. E, então, Bruno começou a rir, segurando o rosto de Malu e o virando para onde Selena estava – Ah! – Gritou e pulou para o banco de trás.
   — Sua louca! Que ataque foi esse? – Fatinha perguntou rindo e abraçando a amiga.
   — Deixa eu adivinhar, não tinha o seu estimado chocolate com amendoim? – Bruno perguntou enquanto dava a partida no carro.
   — Hehe. Ai, gente, desculpa aí. 
   — Eu estava com saudades desses seus ataques.
   — Que mentira! Eles nem são freqüentes!
   — Imagina se fossem...
   — Ninguém perguntou nada para você,Bruno
   — Vai começar de novo?
   — Vou! – Respondeu e fingiu que ia avançar em Bruno, fazendo ambos rirem. Fatinha ficou confusa. Desde quando eram tão amigos? 
   Ciúmes, Maria de Fatima?

 — Fera – Fatinha exclamou assim que chegou em seu novo apartamento. Fera estava sentado no sofá, assistindo a um jogo na televisão, mas logo se levantou ao vê-la na porta, acompanhada de Malu e Bruno. Este último carregava suas malas com uma facilidade que assustou Fatinha, mas é claro que ela não comentou nada.
   — Fatinhita! – Riu com o apelido e a abraçou – Tudo bom? Senta aqui – Falou apontando para o sofá.
   — Malu, você seria muito mais legal se me ajudasse a levar as malas para o quarto – Bruno disse fazendo todos rirem. 
   — Por que eu? Pede para o Fera, ele é homem! – Deu de ombros.
   — Feminista.
   — Sou mesmo, agora sai daí que eu quero matar as saudades da minha melhor amiga – Falou.
   — Ajuda ele, Malu, depois nós conversamos – Fatinha riu. Malu deu de ombros mais uma vez e pegou uma mala de rodinhas, levando-a até o quarto.
   — Você é muito chato, Bruno – Comentou enquanto passavam pelo corredor.
   — E você acha que é a Senhorita Legal, não é? – Respondeu. Então, ambos pararam e riram, abraçando-se em seguida.
   Bruno e Malu estavam assim. Melhores amigos. Viviam fingindo brigas e logo depois riam de si mesmos. Talvez Fatinha demorasse para se acostumar com isso, mas teria de fazê-lo. Afinal, para que sentir ciúmes se Malu já namorava Fera? Não é?
   — Fera! – Mau falou assim que chegaram à sala, com a sua delicadeza incontestável – Por que você está monopolizando a Fatinha, seu troglodita? 
   — Você é tão meiga – Ironizou andando até a namorada.

  O dia havia acabado, pelo menos para fatinha. Estava exausta, precisava dormir. Arrumaria suas coisas só depois, aquilo podia esperar. Mas, se estava tão cansada, por que não conseguia dormir? 
   Um turbilhão de pensamentos passava por sua mente, deixando-a cada vez mais confusa. Bruno não se lembrava de nada? Ele havia dito que sempre a amaria, onde estava aquela conversa? E aquilo que ele botara naquela carta junto com o ursinho em seu aniversário? Por que ele a tratava como sua irmã mais nova?
   Ela não sabia a resposta de nenhuma dessas perguntas, mas sabia que não agüentaria por muito tempo fingir que não sentia mais nada por ele. Sabia que não queria ser tratada como mera amiga, muito menos como sua meia irmã. Ela o amava, poxa! A vida não podia ser tão injusta com ela! Depois de quase dois anos sem vê-lo, era assim que eles agiriam? Como se nada tivesse acontecido? 
  Fatinha tinha certeza do que queria para sua vida: Bruno. Para sempre. Mas teria ele os mesmos pensamentos? Afinal, ele parecia tão confortável com a sua presença que aquilo não podia ser atuação. Não mesmo.
   Não iria conseguir mais dormir, isso era fato. Pelos menos não naquele momento. Levantou-se e caminhou até a sala, escutando risadas de Fera, Bruno e uma desconhecida. Não era de Malu, mas era feminina... Droga! Seria uma nova namoradinha de Bruno? Fatinha não agüentaria se fosse, mas tinha que ir ver a cara da “vagabunda”.


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