Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 103
Capítulo 103




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  Não agüentava mais ver aquela cena. Todos tristes, mas orgulhosos ao mesmo tempo. Tristes... Por causa dela! Tudo bem que Fera ia para NY de qualquer forma, mas ela poderia ter impedido Bruno de ir também... Tudo poderia estar bem agora se ela não fosse tão cabeça dura e cismada. 
   Deu mais uns passos, desta vez não querendo se aproximar de seus amigos, e sim ir para o mais longe possível dali. Andava enquanto chorava – patético, ela sabia. Mas o que poderia fazer? A pessoa que ela mais amava na vida estava saindo da sua vida sem aviso prévio de volta! 
   Quando se deu conta, ela estava no caminho para a mesma praia onde Bruno  a levou há alguns meses e onde eles se reconciliaram pela primeira vez. Por que não podiam se reconciliar de novo? E por que ela não conseguia mandar em seus pés para que eles fossem para outra rota? Uma menos dolorosa, talvez... Fatinha estava tão aflita assim que pensava que se fosse para aquela praia, as coisas poderiam ficar bem novamente? Ou apenas queria visitar as suas lembranças? Ótimas lembranças.
   Enfim. Ela passou quase que despercebida pelos amigos, quase nenhum deles a notou, já que estavam ocupados o suficiente para isso. Quase. Fera a viu indo por um caminho que ele conhecia bem. Riu um pouco ao pensar no quanto aquela praia poderia estar cheia de lembranças para qualquer um. Ele deu o seu primeiro beijo lá... Não naquela faixa, que “pertencia” à Universidade, na faixa pública, é claro. Tudo bem, ele não queria lembrar disso.
   Após se despedir de todos e falar para Bruno que iria tomar café para depois irem, Fera foi atrás de Fatinha. Ele sabia que eles não eram o que se poderia chamar de amigos, mas se preocupava com ela. De um certo modo, sentia falta dela como amiga.

 — Você me decepciona, Fatinh! – Gritou a reprovando assim que a viu sentada próxima ao mar, de costas para a Universidade e para tudo o que a rodeava.
   — Vai embora, Fera. Vai embora! – Berrou com raiva enquanto ainda chorava. Não tinha se levantado ou se dado o trabalho de olhar para ele. Fera balançou a cabeça e se aproximou, sentando-se ao seu lado – Você não tinha que estar no aeroporto? – Perguntou curiosa.
   — Não, falta meia hora... Mas eu sei que você não liga – Falou fazendo-a rir pelo nariz.
   — Tanto faz se eu ligo ou não, todo mundo vai acabar indo pra lá mesmo.
   — Todo mundo?
   — É. Não é só você, né? Bruno vai junto. Malu vai depois...
   — Deve estar sendo triste para você... Ficar longe de mim! – Brincou e Fatinha deu um murro em seu braço – Outch, garota! Eu estava brincando.
   — Eu sei... Mas é só para não perder o costume.
   — Você vai cuidar bem da Malu enquanto ela estiver aqui? – Perguntou fazendo beicinho. Ela riu.
   — Acho que ela que terá que cuidar de mim. Ela é forte. Eu não...
   — Você é, sim... Só não sabe.
   — E você sabe?
   — Claro que sei. Esqueceu? Eu sou demais.
   — Cala a boca – Sorriu.
   — Podia ter sido diferente...
   — Hã?
   — Nós. Ainda podíamos ser amigos... Se eu não tivesse bebido naquela noite.
   — É... Mas isso já passou – Sorriu fraco.
   — Mesmo? Você não tem cara de quem não guarda mágoas – Estreitou os olhos.
   — Mas o que? – Perguntou incrédula.
   — Brincadeira. Haha.
   — Você é hilário– Ironizou.
   — Obrigado, obrigado.
   — Mas e você? Vai cuidar da Malu quando ela estiver lá?
   — Eu sei que essa não é a pergunta que você queria fazer...
   — Você fala coisas sem sentido às vezes. Devia procurar um psicólogo, precisa tratar isso...
   — Você não é engraçada – Retrucou e depois riu – Mas, respondendo a sua pergunta nas entrelinhas: sim, eu vou cuidar do Bruno.

  — Eu não quis dizer isso.
   — Quis, sim.
   — Quis nada!
   — Claro que sim! Está até chorando por causa disso.
   — Tudo bem, talvez eu tenha.
   — Talvez? 
   — Eu admito, tá legal? Eu quero que Bruno fique bem, só isso. Longe ou perto de mim, o que for melhor para ele.
   — Awn, que meiga.
   — Idiota.

Fera precisava ir, mas sabia que a partir dali as coisas com Fatinha iam ficar bem. Não que eles fossem amigos novamente, mas provavelmente parariam de brigar por tudo. Melhor. Menos uma coisa para Fatinha se sentir mal...
   Afinal, Bruno estava indo embora. Justo ele... A pessoa que ela mais amava. Fatinha precisava dele, isso era óbvio. Mas como iria ser dali em diante? Ela ficaria mesmo bem como ele disse? Ou choraria o dia inteiro se lamentando da sua ida? 
   Essas perguntas ela só o tempo poderiam responder, Fatinha queria apenas dormir. É. Dormir e, talvez, nunca mais acordar. Ficar presa no mundo dos sonhos, onde teria Bruno ao seu lado. Por que tudo tinha que ser tão difícil? Merda de teste de estágio. Quem foi o idiota que criou aquilo? 
   Fatinha caminhava pelo campus em direção ao seu quarto, enquanto recebia olhares de pena sobre ela. Sim, todos conseguiam ver o quanto ela estava mal. E 94% dessas pessoas sabiam que era por causa da ida de Bruno 
   “Você sabe que eu sempre vou amar você”, ele tinha prometido! Será que cumpriria? Fatinha havia sido o primeiro amor de verdade de Bruno, era impossível esquecer tão fácil. Então por que ela tinha tanto medo? Talvez algum pressentimento, ou até mesmo a sua insegurança. Afinal, o que ela era agora? Um nada. Ele era a sua base ali, seu chão e seu porto seguro... Mas ele fora embora. E, agora, não restava mais nada para ela fazer a não ser ficar dias e noites esperando uma simples ligação...

 Dois meses havia se passado desde a ida de Bruno e três semanas da ida de Malu. 
   Ele não ligou. 
   Sessenta dias sem ouvir a sua voz, sessenta dias chorando em silêncio à noite. Resumindo: fazia sessenta dias que Fatinha simplesmente não vivia. Porque chorar, estudar e dormir não era viver. Aquilo estava preocupante. Todos tentavam animá-la, mas nada parecia surtir efeito. Quando ela iria aceitar que Bruno foi embora? Quando conseguiria viver novamente? 
   Agora eram férias, Fatinha estava em casa... Onde Bruno também morou. Onde ele a pediu em namoro. Onde eles se beijaram pela primeira vez... Ela nunca conseguiria esquecê-lo vivendo ali e ainda faltavam quatro semanas para as aulas voltarem. Sair com os amigos? Não parecia nem um pouco interessante para ela, mesmo eles insistindo diariamente.Malu ligava quase sempre, mas nunca mencionava Bruno.Fatinha também ligava para ela algumas vezes, torcendo para que ele estivesse ao lado dela. Mas nunca estava. Ou pelo menos não falavam a ela.
   Será que ele tinha se esquecido de Fatinhna? Ele não ligou uma única vez! Nem uma mísera SMS. E se ele tivesse a substituído? Não, ela não queria pensar nisso. Mas quem disse que querer é conseguir? Aquelas perguntas estavam matando-a lenta e dolorosamente. 
   Sua mãe estava preocupada. Fatinha não saía do quarto, e vez ou outra ouvia alguns soluços abafados vindo do seu quarto. Toda vez que tocava no assunto, ela fugia. Mas dessa vez ela não iria fugir. Se não desabafasse com sua mãe, com quem mais seria? Ela precisava falar com alguém, tirar esse peso da consciência... Mas como ela reagiria ao saber de seu namoro com seu quase irmão?
   Lá estava ela... No sofá, com os olhos inchados e vermelhos – aparência padrão para ela. Logo sua mãe chegaria do trabalho e saberia de tudo.

 — Ah, até que enfim você saiu do quarto! – Sua mãe dizia assim que chegava em casa – Já estava ficando preocupada com você, Fatinha! 
   — Desculpe, não queria deixar ninguém preocupado... – Murmurou fraco. A verdade é que ela já não tinha forças nem para falar.
   — Agora você vai me contar o porquê dessa quase depressão? – Sentou-se ao lado da filha. Fatinha assentiu lentamente e se acomodou melhor no sofá. Era agora...
   — Então, mãe... Na faculdade, eu e... Eu e... Eu e um garoto estávamos... – Ela tentou falar, mas foi interrompida bruscamente.
   — Eu sabia! Sabia que tinha dedo de um namoradinho nisso tudo! Ele magoou você? – Questionou. Fatinha apenas assentiu novamente enquanto voltava a chorar – Não chora... Vem cá – Abriu os braços e ela deitou no colo da mãe, chorando ainda mais forte.
   — É tão difícil pra mim... – Soluçou. Por um minuto até se esqueceu de falar sobre Bruno
   — Eu imagino. Mas isso acontece,Maria de fatima. Todos os dias! Não é por causa disso que você vai deixar de viver, não é?
   — Você tem razão. Mas não é fácil... – Soluçou novamente. Após alguns minutos de cafuné, sua mãe voltou a dizer:
   — Eu conheço o garoto?
   — Conhece.
   — Não é o Fera, é? – Perguntou confusa.
   — Claro que não, mãe, ele namora a Malu – Tentou sorrir.
   — Sério? Eles até combinam, nunca tinha pensado nisso.
   — Pelo menos alguém está feliz, não?
   — Mas logo você vai ficar também! Qualquer coisa, se nada der certo, eu faço você e o Bruno namorarem, – Ela riu com a própria brincadeira – eu sei que vocês viviam brigando, mas eu acho que ele nunca magoaria você, não é? – Perguntou inocentemente.  Ah, se ela soubesse...
   — É, mãe. Ele nunca me magoaria – Ironizou e correu para o seu quarto.


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