Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 102
Capítulo 102




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   Naquela noite, ou final de tarde, Fatinha custou a dormir. Estava sozinha no seu quarto, o que fazia com que ela se sentisse livre para soltar tudo que estava preso no seu interior. Chorava, gritava, resmungava, conversava consigo mesma. Até quando ela se sentiria assim? E esse vazio que agora dominava o seu peito, continuaria ali por muito tempo? É claro que continuaria. 
   Selena não sabia se conseguiria se relacionar intimamente com mais alguém a não ser ele. E sabe o que mais doía? Ela sabia que todo esse sentimento não era recíproco. Oh, não, não... Não pensem que ela duvidava do amor de Bruno por ela, não quis dizer isso, mas... Será mesmo que Bruno também passaria a noite inteira chorando? Será que ele não a superaria em poucos meses? Ela sabia que de duas uma: ou ele iria voltar à antiga vida e ficar com uma garota a cada dia, ou continuaria assim, desse jeito, mas arrumaria outra namorada. E essa era a pior das opções, na opinião de Fatinha. Se um dia, talvez, Bruno levasse uma namorada para casa para apresentá-la ao seu pai? Fatinha estaria lá. Vendo tudo. Sentindo tudo. 
 Isso não podia acontecer... Bruno  não podia amar outra garota, nem falar coisas românticas a tal. Ele era dela, só dela! 

   Ah, claro. Além de tudo isso tem a ida de Malu para Nova Iorque assim que acabasse o ano letivo. O que a porra dessa cidade tem que todos que ela ama vão para lá? 
 Fatinha riu com o seu pensamento. Se ela tivesse falado isso em voz alta perto de Bruno, com certeza o primeiro comentário que ouviria seria um cheiro de sarcasmo com “oh, você disse um palavrão!”. Ela o conhecia como ninguém...

  E, assim, em meio aos seus pensamentos, lamentações, lágrimas e agarrada ao ursinho de pelúcia que ganhou de Bruno assim que completaram seis meses de namoro, Fatinha adormeceu. 
   Ela amava aquele ursinho. Não por ser fofinho, ou por ter sido Bruno quem a deu. Bem, talvez esse último item ajudasse um pouquinho... Mas ela o adorava porque – além de ter o cheiro dele –, Bruno havia lembrado a data sozinho pela primeira vez. Vamos combinar, ele nunca foi muito ligado a essas coisas... Poucos homens são.

 Acordou já na tarde do outro dia com o barulho de porta batendo. Abriu os olhos rapidamente com o susto e se viu novamente sozinha no quarto. Deduziu então que o barulho era das suas amigas saindo. Mais precisamente de Lia... Aquela garota era forte demais. 
   Levantou-se sentindo um pouco de dor nas costas por causa da má posição que tinha dormido. Foi fazer sua higiene matinal, e olhou-se no espelho.
   Meu. Deus. Do. Céu.
   Quem era essa garota toda inchada e vermelha no espelho?
   Tudo bem, sem pânico. Isso era óbvio que ia acontecer. Quem mandou ficar chorando por horas? Olhou no relógio em seu pulso e se assustou novamente. Ela tinha dormido quase que vinte horas! Bom, melhor assim. Pelo menos ela gastava seu tempo dormindo, e não chorando por outra pessoa.
   “Outra pessoa... Bruno... Bruno!”, ela se lembrou e uma vontade incontrolável de chorar pairou sobre ela novamente. “Não. Chorar antes do café da manhã, não!”, tentava a qualquer custo impedir as suas lágrimas de rolarem e até que estava fazendo um bom trabalho enquanto se arrumava. Iria até o refeitório ver se ainda tinha sobrado algo do almoço. Não queria ter que parar nessas lanchonetes no meio da Universidade. Elas viviam cheias de gente – coisa que Fatinha queria longe nesse momento.
   Sentiu a brisa leve do inverno que se aproximava e tentou sorrir. É... Não deu certo. A essa altura Bruno e Fera já estariam no aeroporto, indo para o outro lado do país. Ou se preferir: para algum lugar longe dela. Claro que “preferir” é só uma figura de linguagem, afinal, seria muita maldade você preferir ele longe de Fatinha...

 Ela deu mais alguns passos e então percebeu que suas conclusões estavam erradas, entretanto mais dolorosas. Fera e Bruno estavam do outro lado do jardim do campus, se despedindo de seus amigos. Ela podia ainda ver Lia abraçada em Fera e Ju aos prantos, chorando como se sua vida fosse acabar ali mesmo. Oh, Fatinha entendia essa sensação de desespero... Se aproximou um pouco mais e ficou a observar aquela cena – que ela tinha certeza que a faria mal depois – enquanto a brisa aumentava e bagunçava levemente seus cabelos. Conseguiu então ver Malu... Ela estava sentada em um banco ali perto, tentando se manter calma. Fatinha conhecia o suficiente a amiga para perceber que logo ela choraria e que só não o tinha feito pois veria os dois dentro de um mês, mais ou menos. Gil e Dinho também estavam lá. Não chorando, mas é claro que também não estavam felizes. E, então, Fatinha viu a cena mais chocante da sua vida: Mel... Chorando! 
   Soltou um sorriso fraco com essa visão. Não é que Mel realmente tinha um coração? E outra pergunta: onde estaria Emily? Afinal, apesar de tudo, Fatinha sabia que ela era amiga dos dois. Provavelmente eles tinham se despedido antes para evitar problemas, ou... Ela também estaria os observando de longe. Não... Ela nunca faria isso, faria? Tanto faz.


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