Bella

Só quando abri os olhos percebi que havia dormido, mesmo pensando ser impossível. Sentia-me menos cansada, aquele sono inesperado foi necessário. Logo depois de recobrar a consciência, recordei os acontecimentos do dia anterior. A figura do Edward machucado em minha mente deu-me na alma, mas recordei também do instante em que foi confirmada a minha gravidez.. Toquei em minha barriga, para mim nada era perceptível, mas dentro de mim, senti algo diferente.

Estava feliz por estar carregando um pedaço do homem que amava dentro de mim. Era o filho dele que eu esperava, o homem da minha vida. O homem que fizera tudo por mim. Ele era a pessoa certa para mim e o pai ideal para meu filho, não existiria outro. Levantei devagar e tomei um banho. Iria para o hospital imediatamente. Sai do banheiro enrolada em uma toalha e encontrei minha mãe sentada em minha cama sorrindo.

- Tudo bem? - Perguntou.

- Sim, mamãe.

- E com meu neto? - Olhou para a região da minha barriga depois para meu rosto novamente.

- Tudo bem.

- Irá ao hospital agora?

- Sim, tenho esperanças de que ele acordará hoje. - Suspirei.

- Claro que vai. Gostaria de acompanha-la. Fiquei tão agradecida a minha mãe pelo gesto.

Reneé já estava arruma e tentei ser breve em me aprontar para sair, quando peguei a escova para tentar dar um jeito em meus cabelos ela a tomou de minhas mãos e pediu para que eu sentasse. Sentei na cama enquanto minha mãe penteava meus cabelos, algo que há muito tempo não fazia.

- Charlie me contou sobre as drogas e porque Edward fez isso. - Ela fez uma pausa sem deixar de me pentear. - Jacob não poderia ter tentado te atacar, foi muito errado.

- Não está zangada com Edward? - Perguntei.

- Não. Foi compressível, embora errado. Sei que ele tem uma personalidade diferente, mas entendi que é uma boa pessoa. E eu sei que boas pessoas podem errar também. Edward tentou defendê-la e isso eu agradeço a ele.

Levantei e a abracei. Contei a ela sobre nossa briga e como fui embora dizendo que não queria mais vê-lo. Estava tão triste por não ter tido tempo antes do acidente de contar que mesmo com o que ele tinha feito queria ficar com ele. Minha mãe me consolou e disse que ficaria tudo bem e que teriam tempo de sobra para conversarem quando ele acordasse.

Descemos e meu pai ainda estava lá. Não consegui comer nada, apenas me servi de um suco. Charlie foi trabalhar, mas antes disse que iria mais tarde visitar Edward. Quando minha mãe abriu a porta para irmos, meu coração deu um solavanco ao ver Jacob parado parecendo também pego de surpresa.

- Reneé. - Sua voz estava rouca e baixa, parecia triste como ontem.

- Jacob. - Minha mãe suspirou olhando ligeiramente para mim. - Já disse para se manter afastado. - Mesmo em tom de aviso, a voz dela estava tranquila.

- Reneé, por favor, não quero problemas só quero falar com a Bells. - Ele olhou para mim suplicante. - Será rápido, Bells. - Implorou. Eu não sei por que, achei que deveria escutá-lo.

- Tudo bem. - Reneé me olhou novamente preocupada. - Entre, Jacob. - Pedi e minha mãe deu passagem para ele. Sentamos e relutante Reneé nos deixou a sós.

- Edward aprontou algumas coisas. - Me vi de repente falando. - Só quero saber se você quis se vingar dele atropelando-o.

- Eu posso jurar pelo o que ainda sinto por você, Bells, que não fui eu. Foi uma coincidência. - Olhei bem para seus olhos e não suspeitei que estivesse mentindo. - Mas... Você disse que ele aprontou algumas coisas... - Fiquei alerta. - Ele me disse antes do acidente que você o deixou.

- Edward disse isso? - Fiquei triste ao ouvir aquilo.

- Sim, você deve saber então sobre a Victória. - Jacob procurava uma confirmação. - Eu vi a reportagem e juntei as coisas também. - Ele riu sem humor. - Ele armou aquilo, mas não justifica o meu erro. - Ele fez uma pausa. - Desculpe Bells, por isso e por tudo o que fiz depois. Simplesmente fiquei sem rumo quando perdi você. Pensava, penso o tempo todo em você, nos erro que cometi e como era bom estarmos juntos. - Ele soltou o ar pesadamente. - Fui um tolo, comecei a beber desesperado e coloquei na cabeça que ia de qualquer forma te mostrar que ainda me amava. Estava fora de mim e não quis te machucar naquele dia. Eu me arrependo todos os dias por ter feito aquilo.

- Você passou dos limites. - Falei.

- Espero que possa um dia me perdoar. E eu mereci tudo o que veio em seguir. - Com essas palavras soube que ele estava a par sobre a armação das drogas.

- Você sabe sobre as drogas implantadas em suas coisas?

- Sim, deduzi e antes de ser atropelado ele confessou.

- Sobre o que falaram afinal?

- Apenas disse que sabia que foi ele quem armou para mim. Pensei que iria se vangloriar pela armação. Não houve briga, Bells, e nem penso mais nisso. Não atrapalharei mais vocês dois. Na verdade devo agradecê-lo. - Meus olhos arregalaram surpresos. - O carro estava vindo em nossa direção, ele viu antes de mim e me jogou para fora do alcance do carro. Você não sabe o quanto eu fiquei surpreso.

- Ele fez isso? - Meu coração apertou.

- Sim, Bells. Ele me salvou do atropelamento.

- Oh meu Deus...

- Só queria que soubesse que não precisam mais se preocupar com a minha presença. - Lágrimas desceram dos meus olhos. Jacob me olhou com ternura e levantou. - Até mais, Bells. Espero que ele melhore logo. - Mesmo depois de sua partida fiquei ali parada. Edward tinha salvado Jacob do atropelamento.

- Bella... - Minha mãe tocou em meu ombro despertando-me.

- Ele salvou o Jacob, mamãe.

- Eu ouvi. Reneé abraçou-me e chorei. Minha mãe esperou que me recomposse e seguimos para o hospital. Tivemos que ir de taxi, já que meu carro tinha ficado no hospital no dia anterior.

Quando chegamos lá encontramos Carlisle e ele me deu a boa notícia de que os médicos suspenderam os medicamentos e previam que Edward acordaria em breve. Fiquei mais reconfortada com a notícia e esperançosa. Ao saberem do ato de coragem e altruísmo do filho, meus sogros ficaram emocionados.

Permaneci no hospital o tempo todo e liguei para Ângela explicando o que estava acontecendo e avisando que não iria trabalhar e liberando-a. Mais tarde ela apareceu no hospital para saber se Edward já tinha acordado e para me dar um abraço pelo meu bebe. Depois que ela foi embora, Esme e Alice chegaram. Todos ficavam preocupados comigo e eu tinha que tranquilizá-los, pois estava bem.

Á tarde Charlie apareceu e conversou com meus sogros. Logo depois foi embora com a minha mãe. Carlisle também fora embora para tomar um banho e descansar um pouco. Até aquele momento Edward não tinha acordado e eu estava começando a ficar nervosa.

Eram 14 horas quando Rose e Emmet chegaram. Rose me deu um grande abraço emocionado. Consolou-me sobre Edward e mostrou-se muito feliz pela minha gravidez. Era um conflito de emoções enorme sempre.

Toda vez que via o médico ou enfermeiro procurava saber se Edward tinha acordado, a resposta sempre era negativa. Não conseguia mais ficar quieta, Jasper chegou e foi vê-lo. Quando voltara e dissera que ainda dormia quase tive um colapso. Já estava na hora dele acordar. Rose e Emm foram embora com o entardecer.

- Bella, porque não vai para casa descansar? - Alice me perguntou mais tarde.

- Quero ficar aqui com ele.

- Você tem que lembrar que está no início de uma gravidez e deve se cuidar.

- E seu irmão deve se lembrar de acordar. - Falei em lágrimas. - Se ele acha que vai se livrar da responsabilidade está muito enganado.

- Oh, Bella. - Minha amiga me abraço carinhosa. Carlisle aproximou-se de nós, ele tinha ido conversar com o médico. Esme também se juntou a nós e ficamos atentos para o que ele diria.

- Eles disseram que Edward já deveria ter acordado.

- E porque ele não acordou ainda? - Esme tirou a pergunta dos meus lábios.

- Existem pessoas que reagem mais rapidamente que outras, foi o que disseram. Eles estarão observando-o nas próximas horas. Temos que torcer para que ele acorde.

- Edward tem que acordar agora! Falei aflita.

- Bella acalme-se. - Alice me guiou até a cadeira novamente.

- Ele tem que acordar Alice. - Falei chorando.

- Bella, precisa se manter tranquila. - Carlisle falou e eu sabia que todos estavam certos. Deveria me manter tranquila por causa do bebe principalmente, mas eu simplesmente não achava maneira de ficar.

Mesmo assim, permaneci calada repetindo que deveria ficar calma e que Edward logo acordaria. Senti uma dorzinha novamente, mas não comentei nada. Não queria que eles se preocupassem comigo. Carlisle e Esme tinham ido ver como ele estava, mas nenhuma mudança era percebida. Se Edward não acordasse? Deus! Tentei afastar esse pensamento da minha cabeça.

Todos não paravam de ligar para saber como as coisas estavam caminhando. Meus avós também procuraram notícias e rasgava meu coração ter que dizer que ele ainda estava desacordado. A cada minuto que passava sentia-me mais desolada. Sentia-me fraca e desesperada. Tentava de todas as maneiras não preocupar meus sogros e nem a Alice comigo. Pedi para entrar e vê-lo, acho que não conseguiram negar meu pedido a me ver. Edward ainda estava ali naquela cama, desacordado e parecendo tão frágil. Sentei ao seu lado e segurei em sua mão boa, mantendo-a na minha.

- Edward... - Comecei a falar na esperança que ele me escutasse. - Por favor, amor, não acha que já dormiu demais? - Fiquei esperando que ele reagisse, chorando continuei: - Amor, não faça isso comigo. Acorda por favor. Edward eu preciso que abra os olhos. Descobri que não vivo sem você. Preciso que esteja ao meu lado, por mim, por nosso bebe. - Rompi em pratos nesse momento. - Lembra-se da música que cantou pra mim naquele dia? - Acariciei a sua mão e cantei um trecho da música para ele.

Lying close to you
(Deitado perto de você)
Feeling your heart beating
(Sentindo o seu coração bater)
And I'm wondering what you're dreaming
(E imaginando o que você está sonhando)
Wondering if it's me you're seeing
(Imaginando se sou eu quem está vendo)
hen I kiss your eyes and thank God we're together
(Então eu beijo seus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos)
And I just wanna stay with you
(Eu só quero ficar com você)
In this moment forever, forever and ever
(Neste momento para sempre, para todo o sempre)

Não suportaria dizer mais nada. Repousei minha cabeça em sua mão e chorei. Chorei por não ver seus olhos abertos e nem por ouvir a sua voz tão bonita. Só que algo aconteceu que me faz assustar. Senti seus dedos mexerem e acariciarem minha testa. Levantei rapidamente para ver se ele tinha acordado. Não soltei sua mão, seus dedos moveram-se novamente e meu coração parou por um segundo.

- Ed? Ed! - Chamei-o. Sua cabeça inclinou um pouco em minha direção, eu acariciei seu rosto. - Ed, por favor, meu amor, acorde. - Suas sobrancelhas vincaram. - Estou aqui meu bem, estou aqui. - lentamente seus olhos abriram e depois ele os cerrou novamente. Ver por um segundo o verde de seus olhos me deixou eufórica. - Ed, te amo, acorde. - Ele abriu novamente os olhos para mim e vi que me reconheceu.

Edward olhava para mim fixamente, parecia ter estado longe por muito tempo e agora matava as saudades, era assim que me sentia também. Senti seus dedos apertarem um pouco mais os meus e sorri para ele. Ele tentou falar algo, mas logo depois fez uma careta e pigarreou.

- Bella... - Sua voz estava bastante fraca e rouca.

- Sim...

- Bella... - Ele fechou os olhos novamente. - Está chorando. Não... Não chore amor... Não chore... - Edward se calou e senti sua mão soltar a minha.

- Edward? Edward? - Chamei-o em vão. Soltei-o e corri desesperada para falar com seus pais.

- Edward acordou? - Esme perguntou ansiosa.

- Chamarei alguém. - Carlisle falou.

- Sim, sim, chame alguém, por favor... - Minha voz ficou estranha para meus ouvidos, e tudo começou a escurecer. Senti minhas pernas falharem e ouvi um grito, talvez de Alice e depois senti que cai.