Trapaças: Na Conquista E No Amor escrita por Camila J Pereira


Capítulo 29
Volta para Casa


Notas iniciais do capítulo

Deu um nó naquela cabeça oca da Bella...
Vamos ver o desenrolar da situação.



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Edward

Não foi o esperado, passou longe disso.

Bella estava deitada em nossa cama. Sim, aquela cama tinha deixado de ser apenas minha desde a primeira noite em que passou a noite. Até parecia que tinha ficado ainda melhor sendo nossa. Quando a vi, ali, deitada, delicada e relaxada, lembrei-me do primeiro dia que ela veio ao meu apartamento. Naquele dia tinha prometido tocar para ela.

Peguei meu velho violão e sentei ao seu lado na cama. Ela pareceu nem notar a minha presença. Permaneci um tempo admirando-a. Era incrível, quase surreal ter a garota que arrebatou meu coração ao meu lado. Bella estava tão decidida a passar a noite comigo naquele primeiro momento e depois tão segura em sua decisão de permanecer comigo durante a semana, mas vi em seus olhos a decisão tomar conta de outra coisa que eu não entendia o que era. Suspeitava, no entanto, que talvez aquela determinação inicial esmorecia. Bella estava inquieta e introspectiva, deixou claro que alguma sombra nos rondava.

Comecei a temer por nós dois. Seria arrependimento o que ela estava sentindo? O que me fez praguejar baixo, porque deveria ter sido mais forte e não ter dormido com ela de cara. Todo o meu temor estava reunido nesse passo em falso, sim, porque sabia que ela estava meio anestesiada de dor e agia por simples extinto.

Tinha que deixar o pessimismo para lá, isso não me traria a vitória, que se resumia em ter Bella completamente apaixonada ao meu lado e sem receios, para sempre. Foi pensando nisso que deixei meus dedos tocarem displicentes nas cordas do violão o que produziu um ruído agradável. Bella não se moveu e continuou quieta quando fiz o movimento mais uma vez. Quando repeti o gesto novamente, como sempre acontecia, soube na hora qual música tocaria para ela.

Bella moveu-se e olhou para mim surpresa. Com certeza ela não imaginaria que eu fizesse isso neste momento e gostei de pegá-la em guarda baixa, talvez isso a trouxesse de volta. Esperava sinceramente que o meu gesto fizesse com que ela se concentrasse novamente apenas em nós dois e em nada mais e que deixasse qualquer pensamento que estivesse concebendo para o lado, porque qualquer que seja ele estava afastando ela de mim.

Bella sentou sem dizer nada, ouvindo-me tocar e cantar. A medida que as frases fluíam através de meus lábios a emoção que eu sentia envolvendo-nos aumentava. Para mim foi extremamente difícil controlar as emoções, a todo o tempo sentia-me a beira de desmoronar.

Todas as palavras ditas verdadeiramente faziam parte de mim, do que eu sentia por ela. Não haveria outra música no momento que pudesse fazer melhor, dizer melhor o que eu queria. Eu a queria para sempre, não suportaria perdê-la, e não me importava o que isso implicava. Eu a amava.

Deveria ser simples, assim como era simples para muitos casais, como foi simples para meus pais. Eles viveram e ainda vivem um amor singelo e descomplicado. Lamentava por não ser assim entre nós dois, ainda.

Quando parei de tocar, Bella parecia perdida em pensamentos. Suas lágrimas tocaram ainda mais meu coração. Dei-me conta de que seus pensamentos não nos ajudariam em nada. Voltei a temer por nós dois. Aquilo estava errado, era para ela pular em meus braços. Toquei em seu rosto com carinho, sentindo suas lágrimas.

Vê-la chorar daquela forma fez com que meu coração apertasse. O que tinha feito de errado agora? E que poderia fazer para reparar as coisas? Abracei-a querendo fazer com que suas lágrimas cessassem. Com sua cabeça repousada em meu peito pude afagar seus cabelos. Tentei falar o que ela significava para mim e gostaria muito que entendesse a sua importância. Queria ainda mais com todas as minhas forças que compreendesse que precisávamos ficar juntos.

Tinha a certeza de que não estava fazendo as coisas corretamente porque Bella afastou-se de mim e de maneira abrupta correu para o banheiro, trancando-se lá. Fui atrás, chamei-a, mas ela pediu para ficar sozinha. Permanecia ainda por alguns segundos olhando para a porta fechada, sem saber ao certo o que tinha feito para provocar essa reação nela. Estava perdido. Se ao menos soubesse o que se passava em sua cabeça, o porquê desta reação. Só queria expressar o meu amor... Sai do quarto, tinha que respeitar o seu pedido.

Fui para sala e depois de dar duas voltas ao seu redor, percebi que não iria ficar calmo de jeito nenhum. Peguei uma garrafa de uísque e me servi um pouco. Levei a garrafa, o copo e a cartela de cigarro que estava na sala. Bebi e fumei enquanto pensava na ruína da nossa última noite. O que eu faria com Bella? Qual o próximo passo a dar? Ela me disse que não voltaria para o Black e eu acreditei, mas... E essa reação?

Fiquei bastante tempo na varanda antes de voltar para o quarto e vê-la deitada. Deitei ao seu lado, sabia que ainda estava acordada, mas resolvi não pressioná-la. Tentei, eu mesmo não pensar em nada mais e peguei nos sono.

Quando acordei e não a vi na cama, pensei que tivesse ido embora. Levantei correndo e fui para a sala, parei, respirando fundo algumas vezes quando a vi sentada assistindo Tv. Voltei para o quarto e tomei um banho para relaxar, não falaria com ela nervoso, tinha que me manter calmo para tentar tirar dela a verdade. Voltei para lá muito mais calmo e sentei ao seu lado no sofá.

Como estava enganado... Bella aprecia mais calma, mas logo revelou as suas intenções de ir embora. Certo, tínhamos combinado que ela voltaria para casa naquele dia, mas não precisava ir tão cedo como queria. Estava muito inseguro, sem saber o que pensar e agir...

Tentei não demonstrar o pavor que me acometeu naquele momento. O sonho novamente invadiu as minhas lembranças e vi Bella indo embora no trem. Mas que diabos aconteceu? Eu me declarei, cantei para ela, fui o mais sincero e transparente que pude. Quando a questionei sobre a sua pressa, notei que ela não queria ir de verdade, mas algo que estava pensando ou sentindo a fez ter vontade de se afastar.

Sou tão egoísta. - Ela estava controlando-se para não chorar. - Não sou sensível como você disse. Pelo contrário. Edward, eu estava tão magoada e carente... Não poderia me aproveitar de você dessa maneira. - Quando terminou de falar suas lágrimas já caiam pelo seu rosto. E eu estava pensando em suas palavras.

Acha que se aproveitou de mim? - Ela assentiu e não pude deixar de rir. Bella ficou desconcertada. Se fosse apenas isso, as coisas seriam muito fáceis de resolver. Só teria que convencê-la do contrário.

Quando novamente falei que não me importava com como tinha acontecido e como a amava vi que seus olhos arregalaram e novamente achei que tinha feito algo errado. Não entendia, era isso? Saber que eu a amava deixava a inquieta? Seria mesmo isso? Mas que droga! Onde estou errando?

Então meu peito apertou ainda mais quando decidida ela levantou do meu lado. Encarei-a, tentando entender a sua atitude. Porém vi determinação, a mesma de dias atrás quando ela quis fazer amor comigo e sabia que não poderia fazer nada agora, soltei a sua mão devagar.

Bella saiu da minha presença rapidamente sem hesitar. Desmoronei no sofá com toda a minha incompreensão. O que eu faria, o que faria? Bella era uma cabeça dura e estava com medo de que não quisesse ficar mais comigo. Cobri meu rosto com as mãos e decidi. Se Bella podia ser cabeça dura, eu podia ser ainda mais. Não a deixaria por nada neste mundo. Vou dar o tempo de que merece, e depois seguirei com meu plano de tê-la ao meu lado. Pensarei em alguma coisa, algo que a faça ficar ao meu lado para sempre.

Bella

Quando alcancei a porta de casa, estava em um grau de irritação já bastante elevado. Que petulância desse cara em vir aqui. O que ele pretendia afinal? Já não tinha deixado claro que nunca mais queria vê-lo?

Entrei em casa e encontrei meus pais e Jacob sentados, suas vozes eram contidas e não deu para entender as últimas palavras ditas pelo meu pai. Quando notaram a minha presença todos me olharam como se o assunto da conversa fosse eu. Era bem possível que sim.

- Bells! - Jacob levantou. Seus olhos brilhando. Eu o analisei, Alice tinha razão, não exagerou. Jacob estava diferente, parecia abatido. Sua pele avermelhada, tão admirada por mim estava pálida, os seus olhos proeminentes na face, e tinha emagrecido um pouco. Aquilo quase me tocou, mas a imagem vista no apartamento dele voltou em minha mente e cerrei os lábios com raiva.

- O que ele está fazendo aqui? - Falei entre dentes.

- Ah filha, que bom que voltou. - Minha mãe levantou para me abraçar. Não retribui, fiquei olhando para Jacob por cima de seu ombro. - Se alimentou direito esses dias? - Ela se afastou de mim observando-me. - Estou te achando pálida, não saiu ao sol? - Ela afagou meus cabelos. - Para que cidade você foi mesmo?

- Deixe a menina respirar, Reneé. - Charlie levantou e tirou-me dos braços da minha mãe, abraçando-me apertado. - Como foi à viagem?

- Bem. - Respondi, mas meus olhos estavam em fenda para Jacob. Meu pai olhou de mim para ele e quis intervir.

- Eh... Jacob veio conversar conosco. - Era o que faltava? O que ele pretendia?

- Veio contar a sua versão? - Sarcasmo era a minha única arma.

- Bells... Como vai? - Ele tentou puxar conversa? Estava louco ou o quê? Não falei nada, apenas encarei-o séria.

- Vou subir. Se me derem licen...

- Na verdade Bells, eu quero falar com você. - Quer falar comigo? E ainda insiste em me chamar de Bells!

- Só que eu não sinto a miníma vontade de falar com você.

- Filha, vocês precisam dessa conversa. Jake esta aqui querendo...

- Não acredito! Vocês sabem o que ele fez! Querem que eu converse com ele? - Então espumando ainda mais virei para Jacob. - Você quer dizer como foi transar com outra? - Explodi.

- Bella, calma. - Meu pai pediu.

- Não quero falar com você, não quero ouvir você e se tiver um pingo de juízo sairá daqui imediatamente!

- Bella, Jake está arrependido, ele ama você. Homens deslizam... Minha mãe começou.

- Ah não, não vem com conversas machistas e nem vem defendê-lo. Se fosse eu quem o traísse com certeza nem você estaria me defendendo. E sabe de uma coisa, mãe? Eu acho que a senhora não deveria se meter nesse assunto.

- Meu bem... Calma. - Meu pai me segurou pelos braços, virando-me para ele. Olha... Eu entendo o seu ponto de vista e mesmo achando que o Jacob deveria ter agido diferente e não ter... Ora, você é minha filha e não gostaria que tivesse passado por isso, mas... Eu não posso fechar meus olhos diante de um direito dele. - Franzi o cenho sem entender. Direito? - Ele tem o direito de reivindicar uma conversa para que se explique, mesmo que não queira mais nada com ele depois disso. - É claro que eu não iria querer. - Escute-o agora e acabe com isso mais rápido, vai ser melhor pra você. - Por esse ponto de vista, até que meu pai tinha razão. Não que ele tivesse direito a nada, mas queria acabar logo com isso, se eu o escutasse agora, Jacob largaria do meu pé.

- Tudo bem. - Eu suspirei, Jacob e a minha mãe sorriram. Nossa minha mãe era mesmo uma baba ovo desse garoto.

- Estaremos lá em cima. - Meu pai falou. Ele pegou minha mãe pela mão. - Não desperdice essa oportunidade. - Falou para Jacob e subiu rebocando a minha mãe. Respirei fundo, caminhei até o sofá jogando a mochila e depois sentei a sua frente, ele me acompanhou.

- Comece.

- Eu sei que já falei isso, mas... Desculpe-me Bells.

- Envolver a minha família foi um golpe sujo. - Acusei.

- Queria apenas que eles me ajudassem a ter uma conversa com você. Eu contei a eles o que aconteceu, não menti Bells. - Bufei.

- Por favor, fale logo o que quer. - Falei irritada por meus pais permitirem isso.

- Quero que entenda que eu te amo. - Minhas pernas começaram a tremer, uma reação de negação ao que ele disse. - Caí em tentação sim, muitos caem. Eu só peço uma oportunidade de me redimir, meu amor. - Seus olhos estavam lagrimosos e por um momento fiquei balançada.

- Caí em tentação, muitos caem. Essa é a sua justificativa?

- Bells, não é uma justificativa. Só quero dizer que fui fraco e que todos podem ser um dia. Tomei a decisão errada e estou pagando o preço agora. No entanto, eu te amo e aprendi a lição. Bells, não faria isso novamente sabendo que poderia te perder.

- Você já me perdeu em definitivo, Jacob. - Falei tentando ser mais dura do que realmente me sentia no momento.

- Veja o Cullen. - Ele disse me fazendo recuar um pouco.

- O que tem Edward?

- Você se sentiu atraída por ele. - Afirmou.

- Só que não dormi com ele enquanto estava com você. - Calei-me ao perceber que essa frase poderia ser entendida de duas maneiras. Que eu não dormi com ele em momento algum ou que eu dormi depois que terminamos. Ele suspirou.

- Eu sei. - Sua voz era de dor. Jacob ajoelhou-se aos meus pés e eu fiquei sem saber o que fazer. - Dê-me mais uma chance, por favor. Eu faço tudo por você Bella, aceitarei qualquer punição sem reclamar, mas não fique longe de mim. Só essa semana longe, sem que você ao menos falasse comigo ao telefone me consumiu até a última gota de energia.

Porque estou sentindo isso? Era raiva e desprezo o que deveria estar sentindo, mas diferente disso, estou com dó. Imaginei que ele estivesse falando a verdade, que tinha sofrido muito, mas eu não confiava mais nele para ter um relacionamento amoroso. Levantei me afastado dele e de costas torce minhas mãos uma na outra nervosa.

- Bells. - Ouviu-o me chamar e tomei coragem para encará-lo. Jacob estava de pé, esperando ansioso a minha resposta.

- Não consigo perdoá-lo agora. Está muito recente, você me magoou muito.

- Eu sei meu amor. - Ele se aproximou de mim. - Entendo. Fui um canalha e mereço a sua raiva, mas, por favor... Se não consegue me perdoar agora, só tenta pensar nisso. - Ele pediu angustiado. Olhou-me por um longo tempo nos olhos e sem pedir permissão me beijou delicadamente no rosto e senti um palpitar diferente em meu coração.

- Eu te amo. Vou deixá-la descansar. - Eu assenti. - Até mais, Bells. - Jacob fitou-me ainda mais e depois foi embora.

Quando me joguei na cama, vi tudo girar. Estava completamente tonta com os últimos acontecimentos. Não pude perdoá-lo, não imediatamente, mas eu sabia que perdoaria. Só que não queria me envolver novamente com ele, ficaria sempre imaginando coisas.

Quando Jacob me beijou, senti meu coração disparar, mas não era a mesma reação em cadeia que sentia quando Edward tocava em mim. Talvez só tenha sido uma reação que parecia normal ao meu corpo ao Jacob.

Edward... O que estaria pensando neste momento? O que estaria fazendo? Por que não podia ser simples? Sentia-me tão inapropriada para ter o amor dele. Uma pessoa totalmente indigna.


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