Bella



Foi estranho o trajeto para a minha casa. Edward estava calado, como nunca o tinha visto antes e eu completamente em silêncio, estática. Não esboçava nenhuma reação. O que houve entre nós dois na casa dele a pouco foi forte e... Sério. Não sabia o que dizer, talvez fosse melhor mesmo não falar nada. Ele estacionou em frente a minha casa e saímos. Ficamos ao lado do carro, um de frente para o outro.

Não quero chateá-la, mas devemos ter uma conversa mais séria e talvez definitiva sobre nós dois. - Edward falava com a voz suave, mas segura do que queria.

Tudo já foi falado.

Não me faça ficar irritado, Bella. - Ele se inquietou por um instante e respirou fundo voltando ao normal. - Está claro para mim e deve estar para você também. Eu te amo e com toda a certeza isso mexe com você. O que eu poderia falar? Edward mexia comigo e ouvi-lo falar que me amava me emocionava. Por quê? Um nó enorme formou-se em minha garganta, eu não podia falar mesmo se quisesse. Pare de ser tão teimosa apenas um pouco. Aceite essas mudanças, me aceite de uma vez e aceite o que sente por mim. - Ele se aproximou devagar e delicadamente depositou um beijo em meu rosto. Falamos amanhã.

Edward entrou no carro e se foi. Passei a mão pela testa para tentar aliviar a minha mente de tanto peso e pensamentos. Caminhei até a porta e quando ia procurar a chave dentro da minha bolsa uma mão toca em meu ombro direito me fazendo pular e soltar um gritinho de susto.

Jake! - O que ele estava fazendo aqui há essa hora? - De onde você apareceu?

Estava te esperando. Seus olhos estavam como pareciam ser costume agora, raivosos.

Na rua e uma hora dessas? Fiquei assustada com a informação. No mínimo meu namorado estava ficando louco.

Passei aqui para te fazer uma surpresa e fui eu o surpreendido. Seu semblante era frio e me assustou. - Não te encontrei em casa. Seu pai disse que estava na casa de Alice e que saiu apressada. Fiquei muito agoniado para ficar ai dentro, então fingi que fui embora e quase fui mesmo, mas... Quis te esperar e ver o que iria acontecer.

Estava se esgueirando, me vigiando? - Falei perplexa.

E fiz mal? As coisas parecem bem claras, você esteve na casa do Cullen que atenciosamente te trouxe de volta.

Há uma explicação.

Qual será dessa vez? Estou ficando de saco cheio dessa história, Bella! - Ele quase rosnava enquanto falava.

Não vou falar nada enquanto estiver assim nervoso. - Virei para abrir a porta e ele me virou novamente pelo braço.

Eu exijo que me fale agora! Exijo! - Jacob estava totalmente transtornado e eu sabia que a nossa conversa não valeria de nada naquele momento.

Amanhã, Jacob. - Tentei ser racional.

Amanhã um escambau! - Jacob me sacudiu pelo braço e verdadeiramente fiquei assustada, mas não foi maior que a minha irritação por ser tratada daquela forma.

Esta me acusando de traí-lo? É isso mesmo?

O que devo pensar? Você deveria se manter longe dele, foi o que pedi e o que você disse que faria. No entanto, foi a acasa dele e ele vem te trazer de volta, vai embora sem antes te dar um beijo.

No rosto, Jacob! Foi um beijo no rosto!

Não importa!

É não importa. O que importa é que está sendo um idiota. - Soltei meu braço dele. - Não vou falar mais nenhuma palavra com você enquanto não se acalmar. - Peguei a chave e abri a porta fechando-a na cara dele.

Quando terminei de fechá-la atrás de mim, encostei meu corpo nela, meu coração batendo freneticamente. As coisas pareciam se complicar a cada momento e Jake não ajudava em nada com essas atitudes. Era apaixonada por ele, mas odiava esse seu lado que parecia piorar.

Para variar não consegui dormir tão cedo. Fiquei virando na cama de um lado a outro. Tudo parecia complicado e no momento sem uma solução fácil. Perdida, eu estava perdida.




Edward


Dormir com Mônica não adiantou em nada, além do prazer físico pareceu me fazer pensar ainda mais em Bella. Em como seria tê-la em meus braços, em minha cama. Voltei para a casa dos meus pais já na metade da manhã e depois de ter tomado um banho fui até o quarto de Alice, mas ela não estava. Procurei pela casa e não a encontrei.

O que está procurando, filho? - Minha mãe perguntou quando passei pela cozinha indo para a piscina. Ela estava preparando algo e estava com um cheiro delicioso.

A bibelô. - Esme riu e balançou a cabeça.

Ela não está. Foi até a casa da Bella, bem cedo, nem tomou café.

Ela foi para...? - Franzi o cenho e coloquei as mãos no alto da cintura, estava curioso. O que ela estaria aprontando agora e sem me dizer nada?

Sim, disse que tinha um assunto muito importante para conversar com Bella.

Ah é...? - Murmurei. - Tudo bem, mãe. Vou para o meu quarto. - Comecei a fazer o caminho de volta para o quarto.

Ei, não vai tomar café?

Daqui a pouco. - Respondi e corri para o quarto.

Procurei meu celular e disquei para Alice.

Alice?

Sim, Ed.

O que está fazendo na casa de Bella? Certo, eu sei. Muito curioso. Que se dane!

O que fui fazer, porque não estou mais lá.

Sim, sim e o que foi? - A curiosidade nunca foi o meu forte, mas estava se tornando uma característica marcante quando se tratava de Bella.

Papo de garotas. Ai, Ed você está tão curioso e indiscreto. - A pequena riu do seu comentário.

Não enche! Fala Alice, como ela está?

Não deveria contar.

Mas vai, porque é minha irmã e me deve por tê-la ajudado com o Jasper. Ou esqueceu que eu tive que dar uma mãozinha para desengatar o negócio?

Você joga mesmo sujo, não é? - Falou indignada.

Anda Alice!

Ela está muito abalada. Ficou com ciúmes de você ontem. Está confusa e acho que muito apaixonada por você. - Senti um frio na barriga quando ouvi tudo o que ela dizia.

Está falando a verdade?

Mas que pergunta! Olha Ed, vou desligar porque estou aqui na casa dos avós dela.

Por quê? - Tudo o que a envolvia queria saber.

Renné e Charles chegaram e todos decidiram vi. Jasper e Jacob chegarão logo e o Emmet com a Rose, além da Ângela e o Eric. Será uma grande visita.

Jasper? - Bufei. - E quanto a mim? - Falei indignado.

Pelo amor de Deus! Você não queria mesmo que te convidássemos com o Jacob aqui, não é?

E porque não?

Ele já está muito desconfiado de você e acho que está se segurando.

Quem se importa? - Estava totalmente tranquilo com relação ao Jacob. O que ele poderia fazer?

Ed, seja mais sensato. - Revirei os olhos em reação a pequena conselheira.

Vão fazer uma festa? - Mudei de assunto.

Decidimos fazer um almoço. Bom, agora me deixe entrar que Bella está me procurando. Tchau.

Tchau.

Todas as vezes que ficava feliz com alguma notícia que a envolvia tinha outra que me derrubava. Bella e o Black estavam juntos e entre a família dela. Quando seria a minha vez? Desabei na cama rezando para que não demorasse.

Meu dia não foi nada produtivo. A todo o momento olhava para o relógio imaginando quando Alice chegaria. Eram quase 20 horas quando o carro de Alice foi estacionado na garagem e eu corri para lá. Ela me olhou assustada ao sair do carro, mas sem mesmo precisar que eu pedisse começou a relatar a conversa que teve com Bella no quarto dela. Depois contou como achou que ela estava distante e muito calada na pizzaria. Todo aquele mal estar que senti mais cedo desapareceu com esses relatos de Alice. Bella estava se dando conta e admitindo. Só precisava que ela falasse para mim e que terminasse de uma vez com o Black.

Mas tranquilo, quis continuar com o plano de manter distancia para ficar mais perto do coração dela. Uma contradição, mas estava dando certo. A semana passou muito rápida, mas no meio dela entrei em estado de desanimo. Tudo se devia a saudade que estava sentindo de Bella. Por pouco não ligo para ela para ouvir a sua voz. Controlei-me, esse sacrifício seria muito bem recompensado mais tarde. No lugar de ligar para Bella, liguei para Mônica e marquei de me encontrar com ela na boate.

Falei um pouco com Emmet e Rose que estavam lá e depois fui ficar com a garota para passar o tempo. De repente vi Emmet pisando duro no chão, caminhando como se não visse nada em sua frente. Sua fisionomia estava transtornada e seus punhos cerrados.

Nos falamos depois, tenho que ver uma coisa. - Desvencilhei-me dos braços de Mônica e corri até o Emmet que já estava do lado de fora.

Ei! Ei! - Emmet vasculhava os bolsos ao lado de um carro que nem era o dele e parecia enlouquecido. - Emmet! - Tentei de novo um pouco mais perto dele e ele me encarou.

Me deixa Edward!

Cara, o que aconteceu? - Segurei em seu ombro para tentar acalmá-lo.

Aconteceu que eu sou um idiota! - Os seus olhos estavam marejados e pareciam injetados de raiva.

Do que esta falando, Emmet?

Rosalie. Rosalie me enganou! - A raiva era notável em suas palavras que saiam de seus lábios que eram no momento uma linha rígida.

Rose? - A cada minuto entendia menos.

Ela estava dando em cima do Dimitri. Aqui, na minha cara.

O quê?! - Aquilo estava muito estranho. Rose era estabanada, mas amava o grandão. - Tem certeza, Emmet?

Eu vi! Eu deveria entrar lá e acabar com ele. - Emmet começou a caminhar de volta para a boate e foi difícil segurá-lo.

Ei! Calmo aí, grandão.

Não quero ter calma! Quero acabar com ele! - Falou ameaçador. Soltei o ombro dele e fiquei em sua frente decidido a impedi-lo.

Não vai fazer isso. - Emmet me encarou e sabia que ele faria uma investida. Ele me deu um empurrão que me fez recuar. Segurei a gola de sua camisa e ficamos cara a cara, pois ele segurou os meus braços. - Vamos conversar. - Não era um pedido.

Me. Deixa. Entrar.

Não. - Dei um passo para frente, levando-o junto. - Vamos conversar. Vocês se amam, existirá uma explicação razoável pra isso. Não vou deixar que entre e provoque uma briga à toa. Se tivéssemos certeza do que aconteceu, eu te ajudaria, mas temos que ver até onde é verdade.

Eu ouvi. - Ele repetiu com raiva. - Eu ouvi. - De repente seus olhos perderam o foco e por meio segundo permaneceram assim antes de voltarem ao normal. - E ainda não acredito. - Ele balbuciou. - Não acredito Edward. - Emmet soltou o ar e começou a chorar.

Calma. - Libertei a gola de sua camisa e segurei a sua cabeça para que ele me encarasse. - Vamos sair daqui. Pensar...

Emmet assentiu e o levei até a casa dos meus pais, onde estava instalado aqueles dias. Ele permaneceu calado durante o trajeto e não quis perturbar o seu silêncio.

Levei-o até meu quarto e depois desci para ver onde meus pais estavam. Encontrei-os no escritório com uma grande papelada da escola. Contei rapidamente que Emmet estava lá e que não estava muito bem para que nos dessem privacidade.

Voltei e encontrei um Emmet cabisbaixo como nunca tinha o visto antes durante todos esses anos. Fiquei mal por ele, Emmet era um cara legal e gostava muito ele, não queria vê-lo assim. Pedi que me contasse o que aconteceu, o que ele tinha visto e escutado para que chegássemos em uma conclusão mais verdadeira do que a atual que não acreditava muito.

Meu celular tocou e fiquei surpreso ao ver o nome no visor. Fui até o corredor atender e falei com Bella que teimosa estava vindo para cá falar com o irmão. Fiquei alguns minutos com o Emmet e quando achei que ela deveria estar perto desci para esperá-la. A verdade era que estava ansioso por dois motivos. O primeiro por causa do meu amigo, queria que as coisas se esclarecessem rapidamente e segundo por ela, porque iria vê-la novamente.

E Bella não decepcionou a minha memória, na verdade ela estava mais bela do que conseguia imaginar. Era sempre uma surpresa vê-la. Seus olhos tão expressivos demonstravam uma agitação e talvez carinho. Carinho por mim.

A acompanhei até o meu quarto e um pensamento bobo veio a minha mente. Estou eu aqui, levando-a finalmente para o meu quarto. Que pensamento mais mesquinho para se ter neste momento, mas fazer o que? Eu poderia não tê-la, mas ainda tinha senso de humor.

Quando Bella disse que pediu a Rose para investigar a vida amorosa de Dimitri fiquei chocado, completamente assustado. Pensei: Tanto trabalho e ela não vai ficar nem comigo, nem com o Black. Com o Dimitri? Mas tudo foi explicado e ela estava fazendo aquilo para ajudar alguém.

Depois que Emmet saiu correndo levando o carro de Bella junto, levei-a para casa. A conversa que tivemos anteriormente foi de certa forma boa, mas ainda não esclarecedoras. Bella precisava me dizer o que pensava e o que sentia. Tínhamos que nos entender o quanto antes. Despedimos-nos na frente de sua casa, meu coração apertado por ter que deixá-la, a cada minuto que passava com ela, mesmo discutindo, me viciava. Não queria me curar, nunca.