Um Trapaceiro No Acampamento Meio Sangue escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 41
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, é com muita tristeza que me despeço de vocês.
Meu futuro projeto não será mais uma trama original, mudei de ideia kkkk
Vou escrever sobre minha segunda paixão: As Crônicas dos Kane.

Espero vê-los nos comentários de minha futura história, e agradecer pelo apoio que me deram durante " Um trapaceiro no Acampamento Meio Sangue"
Este é o último capítulo e o mais loooongo de toda a Fic. Mas ele foi feito com o mesmo amor que os outros.

Espero que gostem do final, ele foi voltado para uma coisa que vocês nunca imaginariam que aconteceria. Uma verdadeira surpresa.

Vou envolvê-los em uma outra história que pretendo criar, portanto prestem atenção.

Espero que gostem do capítulo. Beijo á todos.



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Aquele fim de tarde e começo de noite foram sem dúvidas os mais irritantes da vida de Annabeth. Nem mesmo Quíron lhe dera ouvidos quando disseram que tinham algo importante para contar, mas tudo o que ouviram foi “Mais tarde, estamos ocupados com os preparativos da festa de despedida”.

Parecia que todo o acampamento havia se voltado contra ela. Senhor D. e todos os outros que precisavam ouvir as explicações de Jake estavam ocupados com os arranjos de flores e tortas que seriam servidas no dia seguinte, o que quer dizer que não a daria ouvidos.

O movimento no pavilhão estava menor, então ela,Jake e Percy puderam se sentar na mesma mesa.

-Isso é deprimente- suspirou Jake

-Amanhã faremos que nos ouçam- respondeu Annabeth- Agora temos que comer e descansar.

-Do que está falando? Me referia ao bronze celestial que encontrei no deserto... Ele era muito velho e em pouca quantidade, vou ter que fazer mais viagens para conseguir o suficiente.

-hum- respondeu ela sem entusiasmo.

Annabeth não queria ser grosseira mas agora ela entendia o motivo da maioria dos campistas de Hefesto não gostarem de Jake. O cara era um chato.

-Como foi que você se tornou líder? Quero dizer, do chalé de Hefesto.

Jake examinou o local como se nunca o tivesse visto. Seus olhos contornavam as paredes e observavam as ondas se quebrando através das janelas.

-Eu derrotei o último líder.- Ele deu um longo gole em sua Pepsi Diet antes de continuar- Sabe como é. Quando estamos cansados do líder atual e ele não quer deixar o cargo somos forçados a tira-lo. E foi isso o que eu fiz.

-E ninguém tentou tirar você até agora? –perguntou Percy, inocente. Mas Jake não gostou do modo que ele havia falado. Ele lhe olhou feio pelo canto do olho e voltou a fitar o horizonte.

-Não sou muito amigável com os outros campistas, ou eles não são amigáveis comigo. Mas eu não ligo. Não sou popular no chalé de Hefesto e desconfio que alguns ainda não sabem que sou o líder, o que não faz diferença.

-Mas você nunca tentou... ah... fazer amigos?

Jake deu mais um gole em sua Pepsi.

-Charles foi um deles. O melhor de todos. Depois que ele morreu não fiz muitos amigos.

Uma ponta de culpa e pena espetou Annabeth. Ela se sentiu mal por ter pensado coisas ruins de um garoto com poucos amigos. Ele devia ter mais problemas do que aparentava.

Jake suspirou fundo e se levantou- Foi muito legal nossa conversa, quem sabe um dia não possamos repetir. Boa Noite.

Ele deixou o pavilhão sem olhar para trás. De longe ele não parecia um garoto solitário com problema para fazer amigos. Sua aparência robusta e musculosa não dizia nada sobre “sou um garoto bonito com poucos amigos”. Mas Annabeth entendia bem o ‘estar sozinho’. Por diversas vezes ela se sentiu só- Isso antes de Percy.

-E onde foi que paramos?

Annabeth desviou os olhos da porta onde há segundos Jake havia passado.

-Como?

-Não me lembro o que fazíamos no estábulo... Pode me ajudar a me lembrar?

Ela encarou o namorado por alguns segundos, mesmo que estivesse derretida por seus olhos verdes e seu sorriso torto, ela não deixou a pose de lado.

-Estávamos limpando os pégasos, cabeça de algas.

-Depois disso. Antes de nos chamarem.

Annabeth corou. O pavilhão estava praticamente vazio há não ser por umas ninfas que estavam limpando as mesas. Elas os observavam e cochichavam,mas Annabeth sabia que deviam estar fazendo isso de propósito. As ninfas adoram fazer gracinhas para irritar os campistas.

-Não acha que é tarde para isso?

Foi à vez de Percy corar.

As Ninfas apagaram as luzes do refeitório, cuja a única fonte de luz era a lua através das janelas.

- Que fofo crianças! Podem namorar á vontade no escuro- A voz da Ninfa falhou, como se ela tivesse sido empurrada- Quero dizer, voltem para seus chalés e descansem. Amanhã o dia será looooongo!

Uma delas ascendeu à luz.

-Já estávamos de saída- respondeu Percy

-Não demorem!

As ninfas saíram uma atrás da outra, com pequenos saltos e derrubando purpurina por onde passavam.

-Vamos cabeça de Algas. Conversamos no caminho.

Eles deixaram o pavilhão do refeitório de mãos dadas sob a enorme lua que iluminava o céu noturno. Haviam muitas estrelas, o que indicava que o dia seguinte faria sol e não teria nuvens, o que não era novidade já que o clima no acampamento era controlado. Mas da mesma forma a noite continuava linda, tão linda que Annabeth quis continuar acordada, se sentar em algum lugar e sentir a brisa que as ondas do mar traziam de um lugar mais distante.

Era difícil de acreditar que aquele paraíso só duraria mais um dia para a metade dos semideuses no acampamento. Muitos voltariam para suas casas, suas famílias, trabalhos, escolas e suas vidas de antes. Mas cada momento valia a pena. Principalmente porque Annabeth não tinha certeza se voltaria daqui alguns anos.

Ela pretendia ter filhos, uma casa e trabalhar como arquiteta, o que tomaria seu tempo livre e a faria deixar o acampamento. Annabeth queria aproveitar seus últimos momentos de férias antes de voltar para a faculdade, e a noite estava tão bonita que era impossível resistir.

- Vamos para praia?- disse ela baixinho

Percy não respondeu, apenas apertou sua mão.

Os dois caminharam silenciosamente até a praia dos fogos, onde a lua parecia duas vezes maior com seu reflexo na água.

Um crocitar alto e agudo soou da mata que cercava a praia dos fogos, como se um animal grande e feroz acordasse de uma boa “noite” de sono.

- Harpias.

Eles se sentaram na areia úmida da praia enquanto a maré subia.

- As férias acabam amanhã- começou ela- E á cada verão que se passa tenho a impressão de que não voltaremos nos próximos.

- Nunca pensei que chegaria tão rápido. Se o acampamento Meio-Sangue fosse como o acampamento Júpiter não teríamos que deixa-lo. Mas nem tudo está perdido; ainda temos esperança de sejam meio-meio-sangues.

Annabeth não perguntou, mas ela sabia do que Percy falava. Ela já havia lido sobre crianças filhos de semideuses que ainda tinham uma porcentagem de sangue olimpiano, o que certamente aconteceria com seus filhos já que Percy é filho de um dos três grandes. Se seus filhos fossem mesmo meio-meio-sangue eles poderiam frequentar o acampamento, mas seriam privados de abusar do néctar ou ambrosia. E ela não deixaria que eles participassem da captura da bandeira- Principalmente depois do que aconteceu neste verão.

-Ei- chamou Percy tirando-a de seu transe- Acho que tiveram a mesma ideia que nós.

Ele apontou para um ponto iluminado á poucos metros. Pelas formas que se formavam diante da luz haviam pessoas conversando e apontando para as montanhas do outro lado da baía de Long Sland. A luz mudou de lugar, ela aumentou seu foco e mostrou o casal sentando diante de um lampião.

- Muito Original- brincou Annabeth- Não sabem que esse lugar é nosso?!

O casal que observava o mar notou que não estavam sozinhos. Ele acenaram, sorriram e voltaram a admirar a lua.

-De repente o acampamento todo resolveu pegar nosso lugar- comentou Percy- Acho melhor irmos dormir, amanhã será um dia looooooongo.- Percy imitou a ninfa do refeitório, o que fez Annabeth ter um acesso de riso antes de seguir até o chalé seis.

*****

  O dia seguinte demorou para chegar. Annabeth perdeu as contas de quantas vezes acordou no meio da noite por causa da ansiedade. Então ela acabou desistindo de dormir na quinta vez que se pegou fitando o teto sobre sua cabeça.

Ela desceu as escadas como se estivesse fugindo de uma cadeia. Com as pontas dos pés ela apalpava os degraus antes de pisar, pegou seu robe no cabideiro na parede e abriu a porta do chalé de Atena.

Ela nunca tinha andado pelo acampamento de madrugada. Ele parecia misterioso e assustador sem a luz e o calor do sol e as vozes dos campistas.

Annabeth vestia um robe floral e desbotado sobre seu pijama, mas ela não estava preocupada em vestir algo legal enquanto caminhava em um acampamento aparentemente deserto.

Para onde ia era sua maior dúvida já que não há muito o que fazer ás cinco da madrugada.

A névoa cobria a grama verde com relva molhada e as copas das arvores com pequenos cristais de água salgada. O acampamento estava bonito como nunca esteve, sobre a luz da lua cheia ele parecia muito com o acampamento Júpiter e Nova Roma, que eram até anos atrás inimigos. Embora já tenha sido reconstruídos muitas vezes, ele ficava cada vez melhor; e Annabeth adorava ter o que projetar para as melhorias do acampamento. Ela se sentia realizada podendo fazer desenhos de arquitetura e colaborar para que o lugar que ela mais gostava no mundo continuasse seguro e tão belo quanto ela se lembrava.

Ela desceu as escadas que levavam até o anfiteatro e caminhou até a entrada, onde pode ver a garota de cabelos curtos e castanhos sentada no centro da área de apresentações.

Ao ver Annabeth a garota ficou tensa, mas não demonstrou interesse de se levantar e deixar o local.

- Brandy?

A garota desviou o olhar.

-Jake está de volta.

Annabeth se aproximou de Brandy, e ela percebeu que a garota estivera chorando.

-Não precisava ser desse jeito.

Ela se sentou ao lado da menina que ficou rígida no mesmo instante.

-Já te contei minha história? De onde vim e quem são meus pais?

O tom de Brandy era calmo, como se por trás daquela voz infantil não existisse uma garota manipuladora e dissimulada.

Annabeth continuou em silêncio sem saber o que dizer.

Brandy queria lhe contar sua história? Ela teria mesmo um passado triste e perturbador que explicaria o porquê de ter ajudado sua irmã com as armadilhas de deixaram Annabeth três semanas com a perna engessada, ou seria apenas uma invenção?

Annabeth não conseguiu olhar nos olhos de Brandy. Ela não conseguia desconfiar de uma garota que acorda de madrugada e chora longe de seus amigos... parecia tão familiar.

- Sou de uma cidade pequena no lado Oeste do país. Uma cidade onde todos se conhecem e se visitam com frequência.- começou Brandy

“Eu morava com meu pai em uma casa simples que herdamos de meu falecido avô. Meu avô era imigrante, por isso não tinha parentes no país. Minha avó era filha única assim como meu pai também foi” “Cresci apenas com meu pai, um homem honesto e trabalhador que morreu quando assaltaram a padaria que meu pai levou anos para construir”. “Era nosso bem mais valioso.”

  “Mas eles não tiveram pena, então tive que morar com os vizinhos que eram grandes amigos de meu falecido pai. Eles não tinham condições de manter cinco filhos e uma desconhecida, então tive que procurar emprego muito cedo. Foi quando um garoto com uma bengala e dreads coloridos me encontrou. Ele me trouxe para o acampamento e disse que eu seria bem recebida caso me comportasse de acordo como meus irmãos quisessem. Não entendi muito bem, mas sempre fui submissa”.

Aquilo sem dúvidas foi um choque para Annabeth. Ela tentou dizer algo mais sua voz não encontrava o caminho até sua boca.

- Estranho não? Uma garota sem família, sem amigos tentar conquistar o carinho de alguns mesmo de forma errada? - Brandy enxugou uma lágrima- Se podia ser diferente? Acho que sim. Eu poderia ter nascido em uma família grande, uma família normal para variar... Onde a mãe viesse com uma bandeja de biscoitos recém saídos do forno para seus filhos que brincam na sala... Mas tudo poderia ser diferente não podia?

A boca de Annabeth ficou seca. Ela sempre desejou ter uma mãe em quem pudesse confiar seus segredos, correr para sua cama quando trovejasse, ou alguém que soubesse trançar seus cabelos. Ela entendia Brandy de uma forma que nunca pensou que entenderia. Uma forma que ela mesma conhecia- A solidão.

-Me desculpe.

Brandy enterrou seu rosto delicado e manchado de lágrimas nas mãos apoiada nos joelhos. Seus cabelos castanhos caíam sobre suas pernas e a faziam ainda mais parecia com Annabeth quando as aranhas subiam por sua cama.

Annabeth a abraçou. Uma coisa que ela duvidava que pudesse fazer com a pessoa que mais sentiu raiva durante esses dias.

Brandy retribuiu o abraço enquanto a luz do novo dia surgia sobre o anfiteatro. Já era manhã e logo o acampamento estaria cheio de campistas animados para a comemoração.

-Não quero ser expulsa!- ofegou Brandy entre os soluços- Não tenho para onde ir.

-Você não vai ser expulsa, na verdade não vou dizer nada. Esse será o nosso segredo, tudo bem pra você?

Annabeth tentou sorrir, embora fosse difícil com seus olhos cheios d’água.

-Vai ficar tudo bem.

Brandy levantou a cabeça, ela deixou que as lágrimas escorressem enquanto fitava Annabeth com intensidade.

-Você acredita em mim?- perguntou ela. Sua voz era falha.

Annabeth sorriu docemente, de uma forma tão natural que fez os ombros de Brandy relaxarem.

-Você disse a verdade, posso sentir. Por que não voltamos para nossos chalés e depois conversamos? Aposto que você vai adorar conhecer uma pessoa.

******

Annabeth voltou para seu chalé se sentindo mais leve em relação aos dias que passou pensando em como fazer justiça com aqueles que provocaram seu acidente. Mas ela nunca havia pensado em Brandy como uma garota sofrida que procurava por atenção.

Ela subiu as escadas do chalé seis da mesma forma que desceu: Na ponta dos pés.

Felizmente os campistas de Atena ainda dormiam, e o grande relógio na parede indicavam cinco para seis. O que lhe dava mais um tempinho de sono.

Ela dormiu mais tranquila depois da conversa que tivera com Brandy, mas ela ainda tinha uma missão há fazer depois que acordasse: Contar para Percy e dizer á Jake que sua ajuda não seria mais necessária.

******

-Annabeth? Porque está vestindo esse robe?

Lucy estava sentada ao lado de Annabeth na cama. Ela a observava com interesse, como se suspeitasse de algo.

-Onde esteve?

Annabeth se levantou, perguntando como as horas podiam estar passando tão depressa.

- Estive na minha cama a noite toda.- Ela olhou para seu robe com pequenas flores rosas e desbotadas que vestia- Esqueci de tira-lo antes de deitar. Foi só isso.

Ela se levantou e se vestiu depressa. Ela queria resolver as coisas antes de dividir seus irmãos para ajudar nos preparativos da festa.

Annabeth desceu os degraus da escada em apenas um salto- ou quase- ela cambaleou até a porta e a abriu.

-Aonde vai com tanta pressa?- perguntou uma voz. Verônica.

-Prometo que volto antes de você começar a dar ordens.

Ela bateu a porta antes da irmã responder.

O acampamento desta manhã não era o mesmo de horas atrás. Havia campistas enfeitando as portas de seus chalés com guirlandas de flores de uvas e outros pendurados nas janelas as enfeitando com enfeites de natal- O que é muito estranho quando se está no final de Agosto.

O caminho de ladrilhos fora decorado com arranjo de girassóis e grandes folhas para projetar sombra, a grama estava sendo cortada e limpa por uma série de sátiros vestindo roupas extravagantes de festa.

No alto da escada de acessou há enfermaria havia um homem vestindo um terno de seda fúcsia e uma gravata de cetim verde-água e uma calça apertada com estampa de tigre. Em suas mãos havia uma garrafa de vinho quase vazia.

- Ele não parece tão carrancudo hoje- comentou Percy saindo do chalé três

- Está feliz porque vai ter bebida. Você sabe como ele fica animado quando lhe servem um copo de vinho.

-Falando em animado- Percy parou em sua frente, ele examinou o rosto de Annabeth como se fosse uma pintura num museu de artes- Você parece bem melhor, quer dizer, parece mais feliz, mais tranquila... dormiu melhor essa noite?

Annabeth afastou suas mãos de seu rosto.

-Não preguei os olhos. Na verdade era sobre isso que eu queria falar... Podemos conversar enquanto tomamos café?

Percy assentiu, e juntos seguiram até o pavilhão que fora enfeitado com pendentes de parreiras e pinhas reaproveitadas da floresta que cercava o acampamento.

Dentro do refeitório as coisas não eram diferentes. As mesas foram cobertas por toalhas coloridas com desenhos que representavam um deus específico. Num canto mais ao fundo havia uma mesa extensa com vasos de flores e doces espalhados por todo seu comprimento.

As janelas foram decoradas por cortinas púrpura com pequenas folhas douradas pregadas em sua barra. Nas paredes haviam cartazes com dizeres de Adeus e Até breve, alguns quatros e murais de fotos.

Annabeth se sentou ao lado de Percy na mesa de Poseidon, embora ela soubesse que era contra as normas do acampamento se sentar em mesas que não fossem de seu pai divino. Mas ela não ligava mais para essa regra; caso fosse punida seria por Poseidon, o que ela duvidava que acontecesse.

Seus pratos se encheram com waffles e mel, o que fez a conversa ficar para depois.

Os campistas começaram a chegar, logo as mesas estavam cheias de semideuses esfomeados. Os campistas de Afrodite não voltaram a chamar atenção depois de Patty ter sido pega. Nem mesmo o chalé de Nêmesis deu as caras. Mas o que chamou a atenção de Annabeth foi Richard sentado entre os outros campistas de seu chalé.

Ele parecia bem melhor depois de seu ultimo encontro com Annabeth. Parecia que o castigo que recebera não for o suficiente, e ele se alegrava por isso. Como uma possível vitória.

Patty também estava de volta ao chalé de Afrodite, mas evitava contato visual com outras mesas.

Annabeth ficou confusa. Pelo que andou ouvindo no acampamento, Patty e Richard estavam proibidos de participarem da festa de despedida ou de qualquer outra atividade festiva por tempo indeterminado... Mas o que eles faziam aqui?

-E então...- começou Percy, raspando seu prato- O que queria me contar?

Annabeth contou sobre seu encontro com Brandy no anfiteatro, de como ela se sentiu mal depois de ouvir sua história, da forma que Brandy a tratou e de como pediu desculpas.

Percy ouviu tudo em silêncio, o que quase enlouqueceu Annabeth. Ela queria que ele desse um palpite. Dissesse alguma coisa sobre tudo o que acontecera. Mas ele apenas acenou com a cabeça e sorria quando Annabeth parava para respirar.

-As vezes você me surpreende- sorriu ele admirado

-E isso é uma coisa boa?

Ele assentiu- Com toda certeza... Mas- Ele coçou a cabeça- O que faremos com o Jake?

Annabeth se levantou.

-Eu resolvou- Ela contornou as mesas até chegar na que procurava.

Os campistas musculosos de Hefesto a observaram com dúvida.

-Jake de novo.

A garota rude das forjas apontou para a mesa dos doces.

Annabeth assentiu.

Ela contornou as mesas sob olhares dos campistas que repetiam os pratos e davam longos goles em suas bebidas.

-Jake?- chamou ela- Precisamos conversar.

Jake se virou e Annabeth se arrependeu de ter o procurado tão cedo. Ele parecia um palhaço com o rosto lambuzado de creme de amendoim e mouse de limão.

-Bom dia pra você também.- Ele engoliu um pedaço de torta e limpou os beiços na camisa- O que quer?

Annabeth contou sobre seus planos. Contou que queria dar mais uma chance á garota e que não precisaria da ajuda de Jake.

-Espero que tenha certeza do que quer fazer- disse ele- Mas se precisar estamos ai.

 Jake encheu seu prato com bolinhos e biscoitos e então deixou Annabeth com as frutas da decoração.

Ela correu de volta para a mesa três e contou as novidades para Percy.

-Então você está certa que de não vai mais entregar Brandy- perguntou ele- Lembre-se que não vai poder dizer mais nada depois de hoje.

- Tenho certeza do que estou fazendo, cabeça de Algas. Vou dar uma chance á ela.

******

A tarde chegou logo, e com isso os afazeres do chalé seis só aumentaram.

Os campistas de Atena se organizavam para a festa que aconteceria de noite,mas enquanto ela não chegava eles tiveram que decorar a ponte do lago de canoagem e replantar as flores no canteiro do chalé seis. Depois que tudo estivesse feito teriam o resto da tarde livre para descansar e se aprontarem para a festa de despedida.

Annabeth trabalhava mais que um camelo no deserto do Saara. Mas havia algo nela que não sentia á semanas. Ela estava aliviada. Ela refletiu sobre tudo o que havia acontecido enquanto ajudava seus irmãos com o canteiro. Depois ela conseguiu um tempo para se jogar no sofá e esperar a hora da festa chegar.

Os campistas teriam que se encontrar no pavilhão do refeitório para a abertura da festa, e como de costume, ouvir algumas palavras do diretor chefe, do diretor de atividades, do líder e de algum convidado especial.

Annabeth se arrumou junto com os outros campistas de Atena que a ajudaram a trançar seus cabelos nas costas. Juntos foram para o pavilhão e lá encontraram um grande amontoado de semideuses que deixaria qualquer monstro maluco.

Eles se reuniram na mesa seis e esperaram até que todos encontrassem seus devidos lugares antes de começar.

Senhor bateu com as palma da mão sobre o microfone que provocou um som de rachar os ouvidos.

- Testando. Testando- Ele limpou a garganta- Boa noite á todos. Primeiramente gostaria de dizer que é com imensa felicidade que dou inicio a nossa festa de despedida que acontece todos os anos... O motivo de minha felicidade é saber que a maioria de vocês não estará aqui amanhã, não estarão sobre meus cuidados e não terei problemas para resolver. O segundo motivo é que sou o deus das festas então eu não perderia mais essa...

Senhor D. esperou que os cochichos parassem

-... Passo a voz ao nosso diretor de atividades e protetor Quíron.

Senhor D. passou o microfone a um grande centauro que subia os degraus do palco improvisado.

- Boa Noite á todos... Gostaria de agradecer pelos momentos que tivemos este ano, e que eles voltem a acontecer no próximo verão, e que possamos treinar juntos para garantir que os olimpianos não se metam em mais encrencas.

- Hoje preparei algo especial á vocês e espero que reflitam...- continuou ele- Muitos aqui já passaram por momentos difíceis; momentos de incertezas, de medo, de fúria, de fraqueza... Mas acima de tudo vocês aprenderam a dar a volta por cima. Todos aqui hoje já passaram por desafios e perigos, mas estão aqui por algum motivo. Todos são heróis alguns mais fortes com habilidades e dons, outros nem tanto, mas com grandes corações. Mas a maior proeza de um herói não é apenas saber lutar ou ter o pensamento rápido- Quíron olhou para Annabeth pelo canto do olho- Mas é saber perdoar.

- O perdão é maior que qualquer arma olimpiana ou humana. É mais importante do qualquer outro sentimento além do amor e da lealdade... Perdoar é saber reconhecer que todos erramos, e saber dar uma segunda chance. Não há maior prova de amor no mundo do que o perdão. Como já diziam os sábios “O fraco jamais perdoa: o perdão é uma característica do forte”

Os campistas aplaudiram. Uns de pé e outros limpando as lágrimas que escorriam por seus olhos.

-E com essa frase termino meu pequeno discurso. Passo á palavra ao nosso líder Percy Jackson.

Quíron estendeu o microfone e esperou que Percy pegasse. Percy se arrastou até o palco com cara de espanto. Ele olhou para os semideuses que o encorajavam, mas ele estava pálido como um fantasma.

- Na-não sou bom em falar em público. Não fui avisado que eu iria falar para tantas pessoas então não deu tempo de me organizar... Mas o que quero dizer é que essas férias foram maravilhosas. Conversei com pessoas que eu nunca havia falado antes, e que embora estejamos velhos demais para muitas coisas, ainda somos todos amigos. Aproveitem a festa e... er... Boa Noite.

Percy desceu os degraus com pressa, se esquecendo de anunciar o convidado especial.

-Ah, claro, me desculpe. Quem vai falar agora é o cara que foi premiado dias atrás. O líder do chalé de Hefesto, Jake Manson.

Percy entregou o microfone á Jake, que fez cara de ânsia enquanto subia ao palco.

- Isso foi uma surpre-presa- gaguejou ele- Não faço a mínima ide-deia do que vou falar.

Jake encarou os campistas em busca de respostas.

Agora Annabeth sabia o motivo de seu novo apelido. Jake corava e gaguejava quando estava sobre pressão.

-Vamos lá gago-rosinha!- gritou alguém do chalé de Hefesto

- Chalé nove domina!!!

Jake engoliu em seco.

-Er... neste verão fiz novos amigos... eu acho.- Jake olhou rapidamente para Percy e Annabeth- Embora tenhamos nos falado pouco, sei que daí pode nascer uma bela amiza-zade. Estou disposto a me socializar com outros campistas além dos do chalé de Hefesto e estou contente por ter tomado essa decisão. Agradeço a to-todos por ouvirem e pela paciência que tiveram. E eu não sou gago-rosinha.

Todos aplaudiram. Jake deixou o palco sob sorrisos e piscadas das garotas e aquilo fez ele sorrir também. Era um novo começo para Jake Manson, o líder do chalé nove.

As mesas espalhadas pela área do arsenal e arena de combate se encheram de tortas,bolos e bebidas a base de uvas. Uma fogueira foi acessa no centro e aos poucos os troncos e tocos de arvores foram sendo usados como assento pelos campistas.

Sátiros e Ninfas se reuniram em volta da fogueira para uma cantoria. Do outro lado uma televisão foi instalada para o Karaokê que era dominado pelo chalé de Apolo.

Tozzy acenou para Annabeth ao passar. Ao seu lado Maike estava manchado de batom vermelho que “coincidentemente” era da mesma cor que Tozzy usava.

-Esse foi o melhor verão que tive graças a você- Tozzy a abraçou tão forte que Annabeth pode sentir o ar sendo expelido de seus pulmões.

-Não foi nada. Na verdade eu adoraria ver meu irmão desencalhar.

Tozzy riu sem graça.

-Desencalhar. Você é uma graça.

Ela se virou para trás como se alguém a estivesse chamando.

-Preciso ir. É a minha vez de cantar.- Tozzy beijou a testa de Annabeth e correu para o Karaokê.

Ela continuou, andando entre os grupos de semideuses que riam e conversavam, até que alguém puxou seu braço.

-Vi o Jake- cuspiu Clarisse- Precisamos falar com ele. AGORA.

-Espere.

Clarisse parou mas manteve a mão apertada no braço de Annabeth.

-Quê.

-Tomei uma decisão hoje de manhã. Quero dar uma segunda chance á Brandy.- Annabeth se contraiu esperando ouvir um grito em seu ouvido.

-Uma segunda oquê? Quer colocar tudo a perder?- berrou ela chamando a atenção dos campistas mais próximos.

Clarisse se controlou. Respirou fundo antes de continar.

- O que deu em você?

-Acordei cedo esta manhã e encontrei Brandy no Anfiteatro. Ela passou a noite chorando com medo de ser expulsa do acampamento... Ela não tem ninguém, Clarisse.

-E isso foi o bastante para te convencer de que ela não merece ser punida?- rosnou ela

-Não. Mas ela é uma criança. Tem muito o que aprender... Sei que o que ela fez foi errado, mas ela está arrependida de verdade.

Annabeth falou com sinceridade. Ela esperava que suas palavras amolecessem o coração de Clarisse como um torrão de açúcar- Ou que a convencesse de não lhe dar um chute.

Clarisse contraiu os lábios- Então é isso. Vai acabar desse jeito. Vai ver você também precisa de uma lição, Annabeth. Foi legal trabalhar com você.

Ela se despediu com um “hasta La vista” como os soldados fazem e marchou até Chris que assava marshmallows.

Annabeth deu de ombros, afinal ela não podia esperar muito de Clarisse, apesar dela ter mudado desde que começara a namorar com Chris.

Então ela viu Brandy. A garota se divertia com alguns campistas de sua idade, e um deles era sua irmã Lucy. Ela não parecia mais a garota carente de horas atrás.

-Era exatamente Lucy que eu queria que você conhecesse- disse ela ao se aproximar das crianças. Ela se sentou entre eles e logo foi servida de suco de uva. Uma das garotas refez sua trança que se desfazia.

Brandy e Lucy se entreolharam.

-Annabeth, eu já falei que conhecia a Brandy- disse Lucy em tom de censura- Onde você esteve?

-Não tem problema- respondeu Brandy- O importante é que agora somos amigas.

-Fico feliz que tudo tenha acabado bem.

-A não ser...

Brandy apontou com a cabeça para uma multidão de campistas que se formava em volta das mesas de comida. Alguns riam e chamavam os outros para ver mais de perto. Os menores pulavam sobre os amigos para ver melhor.

-O que está acontecendo?- perguntou Annabeth

- Vamos descobrir o que é.

As crianças se levantaram e a acompanharam até a multidão.

Dentro do circulo que se formou estava uma garota de longos cabelos escuros, Patty Jehfferson. Ela vestia um vestido branco manchado com ponche. Ele estava ensopado e Annabeth duvidava que a mancha sairia.

- Deuses!- Patty estava desnorteada- Olha só o que você fez!

-Não mandei você entrar na frente do meu ponche!

Senhor D. era segurado por os campistas que o cercavam. Seu terno fúcsia tinha gotas da mesma bebida que derramara em Patty.

-Vai fazer o que? Hã? Me botar de castigo?- Riu ele- Agradeça por deixarmos você e seu namorado participarem da festa.

Patty mordeu os lábios.

- Não posso continuar aqui desse jeito!

-Fique á vontade- Senhor D. apontou para os lados com sua garrafa de vinho completamente vazia.

Patty bufou e pediu licença com empurrões enquanto passava.

-Puxa...

-Patty não é uma garota má, Annabeth- explicou Brandy- Ela só recebe atenção demais. Por isso é tão mimada. Mas ela tem bom coração.

-Espero que ela encontre outro vestido, se não vamos ter problemas maiores.

Piper se divertia ao lado de Jason que viera do acampamento Júpiter até o Meio-Sangue para visita-lo.

-Acho que já tivemos problemas suficientes- Concluiu Annabeth- Mas acho que ela pode conviver com um vestido manchado.

Elas riram.

-Tenho que procurar uma pessoa agora. Mas acho que já sei onde ela está.

Annabeth correu até a mesa de doces, onde ela esperava encontrar seu namorado enfiado em alguma tigela de torta azul- Se houvesse alguma.

Não precisava conhecê-lo tão bem para saber que ele adorava tudo o que fosse azul. Principalmente comida.

-Hoje as coisas são todas roxas, cabeça de Algas.

Percy se virou para olha-la. Ele não parecia muito contente.

- Descobri isso da pior maneira possível- Ele se queixou enquanto mergulhava a concha do ponche e a despejava de volta dentro do pote de cristal onde era servida a bebida- Alguém tem um péssimo gosto.

Annabeth se serviu de biscoitos e bolinhos arroxeados.

- As férias estão quase no fim, Percy. Amanhã voltamos á escola.

Ele fez cara feia, como se doesse ouvir essa palavra.

- Não me lembre. Já sinto falta das férias.

Quando Annabeth passava tempo integral no acampamento ela não via a diferença entre deixa-lo ou continuar ali por mais seis meses... Naquela época as coisas não mudavam, mas daqui para frente ela sabia, sua vida daria voltas.

Mais tarde a maioria dos campistas estavam ao lado da fogueira com a medida que escurecia. O ar frio tomou conta, e a necessidade de se esquentar cresceu.

A cantoria continuou, não havia ninguém de mau humor, nenhuma cara emburrada e ninguém que quisesse ver o outro pelas costas. Era um momento de paz e amizade, o que só acontecia em datas especiais como as festas do acampamento. Datas que já reuniram semideuses que hoje não estavam ali, como Luke, Castor, Silena, Charles, Lee Fletcher, Ethan Nakamura e tantos outros que agora descansam no Elíseos.

A carruagem de Ártemis cruzou o céu, deixando-o cheio de estrelas e com uma enorme lua brilhante que iluminava toda LongSland.

Annabeth esperava continuar frequentando o acampamento por um bom tempo, e ela tinha certeza de que continuaria. As coisas podem ter mudado, mas a vontade de estar ali continuava viva do mesmo jeito que quando criança.

- As coisas podem ficar melhores?- perguntou Percy enquanto escorregava para seu abraço.

- Elas irão ficar melhores... Desde que continuemos a frequentar o acampamento no próximo verão.

-E no próximo, e no próximo e no próximo...


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Espero ter explicado tudo nos conformes. Qualquer coisa que queiram perguntar deixe nos comentários.
Expliquei também sobre o apelido de Jake, já que surgiram várias perguntas sobre o assunto.
Achei muito fofa a conversa do Percy e da Annabeth sobre "filhos" mesmo não sendo diretamente.
MINHA NOVA FIC HAHAHAHA. CURIOSOS?

Ah! O casal na praia eram Piper e Jason. O Percy e a Annabeth saíram de lá porque fica chato namorar com gente por perto hehehe

Fiquei com pena da Brandy, e como todo autor que se preze fiz vocês a odiarem e a amarem depois. Please Bitch.

Gostaria de opiniões para minha fic das Crônicas dos Kane... Se alguém tiver uma ideia ela será bem vinda.

Obrigada por tudo. Amo vocês (até os fantasminhas).
Até mais pessoal.



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