A sala era muito mais clara do que Annabeth imaginava.

As altas colunas de gesso que sustentavam corujas gigantes foram delicadamente esculpidas.Os detalhes do chão eram de pequenas palavras,como se o próprio piso fossem folhas de livros.

Haviam escadas que levavam até o segundo piso,de onde vinha sons de teclas e prensas como numa gráfica de jornal.

-Bem vindas ao esconderijo das escrivãs do olimpo- sorriu Serafina

O lugar era maravilhoso,principalmente pela quantidade de livros nas estantes.Mas eles não eram tão mais velhos que os outros;haviam muitos exemplares da literatura atual,contos e histórias de todo mundo e o melhor:havia uma ala dedicada ao século vinte e um.

Toda fileira de estantes eram desenhadas com gigantescos números e letras gregas,decoradas de azul e fitas vermelhas que denominavam o século dos livros escritos.

-As escrivãs chegaram aqui antes do acampamento ser fundado- informou Serafina,enrolando um pergaminio manchado pelo tempo- Gostariam de conhecê-las?

As garotas assentiram

Serafina as levou por um extenso corredor entre livros e mesinhas de estudo,onde atrás delas ficavam as escadas.

As escadas eram do tipo imperial,largas e em degrade como rampa.Um longo tapete magenta estendia-se sobre os degraus de madeira escura e polida.

-Por favor,não toquem em nada sem autorização- pediu Serafina- As escrivãs não gostam.

Piper pigarreou- Serafina,você é algum tipo de Ninfa das cavernas,certo?

Serafina assentiu- Como deve ter notado,tenho o dever de proteger a entrada da caverna.Caso o contrário,muita coisa mudaria no Olimpo.

-Por Exemplo...

-Elas são informantes- respondeu Serafina- Elas escrevem e reescrevem para Atena.Mantendo,assim,a harmonia entre os livros e projetos.É tão triste quando algum deles perde a capa ou a folha fica tão amarelada que fica difícil lê-la- Ela limpou o canto dos olhos como se estivesse chorando.

-Nunca soube que Atena tinha escrivãs- comentou Annabeth- Nem mesmo seus filhos sabem,quero dizer,nunca ouvi nada parecido no chalé de Atena.

Serafina girou nos calcanhares.Ela fitou Annabeth com dúvida e intensidade,como se ela fosse um animal raro

-Você disse chalé de Atena?Você é uma deles?

-Sim,eu sou a líder

-Deuses!-berrou Serafina- Por que não disse isso antes!

Ela agarrou Annabeth pelo punho e a puxou para cima da escada,apressada.

-Achei que você já soubesse...Você disse que Clarisse falou sobre mim- disse Annabeth entre os largos passos que Serafina a forçavam a dar.

-Ela não mencionou uma filha de Atena...

-E qual é o problema?-perguntou Piper juntando-se a elas.

-Você não entende!Isso é muito importante...teria mudado muita coisa se sua amiga tivesse tido isso antes!Veja- ela parou e soltou o pulso de Annabeth.Serafina se virou para fitar as garotas.-as escrivãs são fiéis á Atena,por tanto,guias de suas proles.Se tivéssemos sabido antes,esse mistério do acidente teria sido desvendado há muito tempo!

-Mas como?!

Serafina agarrou o punho de Annabeth e Piper e as levou escada acima.

O lugar era repleto das pequenas mesas de escuto,mas no lugar de livros,haviam milhares de máquinas de escrever e corujas digitando com suas enormes garras e bicos brilhantes.

-Essas são as escrivãs.As corujas.Agora entendem a importância de sabermos que você era filha de Atena?Isso muda tudo!Agora a briga também é nossa.

As corujas pararam;o barulho das teclas cessou e deu lugar a milhares de grasnados e piados,elas batiam as assas euforicamente,enquanto folhas voavam por toda parte.

Tanto Serafina quanto Annabeth e Piper tiveram que apertar os ouvidos para proteger os ouvidos da cantoria das corujas.

-Estão felizes- disse Serafina mais alto que as corujas.

-Elas sabem algo sobre meu acidente?-perguntou Annabeth

Serafina levou os dedos indicadores até a boca e assoviou.As corujas pararam no mesmo momento.

-Alguém aqui sabe sobre alguma coisa sobre o acidente que ocorreu a mais ou menos três semanas?

As corujas se entreolharam,lançando olhares presunçosos e encorajadores as outras corujas.

-Ninguém?Mangel?Kessi?Ninguém mesmo?

Uma coruja piou ao fundo da enorme sala.Ela começou a digitar na máquina de escrever e quando terminou,deixou cair a filha sobre a cabeça de Annabeth.

A carta dizia:

Estive na clareira minutos antes do acidente.Haviam algumas garotas conversando.

No chão havia uma pá e um amontoado de folhas,e um retângulo fora trasssssssssssssssssado no chão ao lado da aaaarvore.

As garotas pareciam preocupadas,elas falavam alto com uma garota de cabelos castanhos,mas não sei o que diziam,não era tão audível por causa do som das armas que os semideuses usavammm.

Minutos depois chegou um garoto,ele pegou a pá e a observou por tempo,provavelmente tomando coragem,então começou a cavar sobre o retânguuullo desenhado no chão.

As garotas saíram,deixando somente uma para acommmmpanhar o garoto.Ela colllocou as mãos sobre os braços do garoto tentando para-lo,mas ele não deu ouvidos.

Ele jogou uma bolsa para a garota e a mandou espalhar o que tinha dentro.Sei dissssso por que a garota olhou para ele e depois para a bolsa,e então a abrriiiu.

Dentro tinha muita coisa,mas o que mais me ccchamou a atenção foram as inúmeras armadilhas.

A garota as pegou e as espalhou ao redor da clareia.

Depois de algggum tempo o garoto cobriu o buraco com uma rede e folhas.

Então algo bateu em minha arvore e por causa do susto alcei voo.Não vi mais nada a partir disso.

Annabeth mostrou a carta para Piper e depois para Serafina.Então ela se aproximou da coruja e disse:

-Pode me descrever o garoto que viu na clareira?

A coruja assentiu e recomeçou a escrever.

Já o vi uma vez,a garota que nos procurou ontem gostava de persegui-lo.Machuca-lo é a melhor palavra.

Certa vez presenciei uma confusão das boas por de cima do pavilhão.A garota,Clarisse o nome dela,puxou as roubas intimas do garoto e o fez passar vergonha na frente de todos os campistas que desciam para o jantar.O coitado foi torturado por risos durante semanas...nunca vou me esquecer.

A coruja piou,mas Annabeth poderia jurar que aquilo fora um riso.

Era o mesmo garoto,issssso eu tennho certeza.

Ele devia pertencer ao chelé de Nemesis,por que em seus olhos brilhavam uma aura roxa qquando começou a cavar.

Ele vestia uma camiseta do acampamento como a sua,por tanto,não dá para distinguir pelas vestes...

Annabeth segurou o papel com firmeza.Em suas mãos estavam os relatos de uma testemunha visual,que senhor D. não poderia negar.As escrivãs de Atena relatavam exatamente o que viam e liam,palavra por palavra.Eram o meio mais seguro de descobrir alguma coisa.

Piper espiou por cima de seu ombro- Isso é...deuses!Annabeth!

-Eu sei!-exclamou Annabeth- Isso é exatamente o que procurava!

Annabeth dobrou as duas folhas e as guardou no bolso.

-Amanhã de manhã irei até a casa grande.Alguém vai ter que aceitar que finalmente peguei os culpados.

**

Chovia lá fora e Annabeth e Piper estavam presas na caverna.Elas não sairiam com essa chuva- ou melhor,temporal.

As arvores chacoalhavam com força,não haviam mais folhas espalhadas no chão:todas já tinham sido empurradas pelo vento.

Não havia nenhum sinal de vida na floreta.Nada além de Annabeth,Piper,Serafina e as corujas.

-Vocês não vão sair com esse tempo,vão?-perguntou Serafina aparecendo de repente ao lado das garotas.

-Acho que não...-começou Piper- Mas não posso ficar fora,sou a líder do chalé dez e eles não podem ficar sozinhos,definitivamente.

Annabeth olhou para Piper.Era como se ela tivesse comido algo estragado.Ela pensou no chalé de Afrodite sozinho.Provavelmente quando voltassem não haveria mais chalé dez.

-Por que não entram?Se ainda estiverem com fome posso bater as mãos de novo e conjurar um verdadeiro banquete!

-Dois hambúrgueres já está de bom tamanho.

As garotas entraram,desencorajadas para sair na chuva.Elas se sentaram ao redor da mesa da caverna e esperaram por seus lanches.

-E então...-começou Serafina enquanto servia Piper e Annabeth- onde podemos acha-los?

-Desculpe,mas está falando das pessoas na clareia?Richard e Patty?- questionou Annabeth

Serafina se sentou e mordiscou seu hambúrguer

-Onde podemos encontra-los?- repetiu ela

-Vocês não vão participar disso- disparou Annabeth- Não quero que descubram as escrivãs e que vocês acabem se machucando.Já tem gente suficientemente ferida nessa história.

-Como pretende pegá-los então?-inquietou-se Serafina- Você não acha que vai simplesmente bater na porta deles e pedir que eles se entreguem,vai?

-Claro que não.Amanhã de manhã voltarei para meu chalé o tomarei as providencias necessárias sozinha.Senhor D. vai ter que me ouvir.Ele está bravo comigo,mas não vai poder negar que estou certa.

-Ele vai dizer que desobedeceu as ordens dele de permanecer em seu chalé- completou Piper- você o conhece,Annabeth,você vai ter que sem bem esperta.Tenha mais argumentos que ele.

Annabeth assentiu.

Serafina bocejou.

-Deuses!Já deve ser tarde..venham,vou mostrar onde irão dormir.

Ela se levantou,Piper e Annabeth em seu encalço.

Serafina beijou o polegar e apertou uma palavra na parede,instantes depois,uma porta de carvalho apareceu em sua frente.

-Não é muita coisa-desculpou-se ela- Mas serve para uma noite.

Annabeth abriu a porta e no instante que entrou desejou estar em seu chalé.Quando Serafina disse ‘pouca coisa’ era pouca coisa mesmo.

O quarto era todo de pedra fria,desde o piso no chão até as paredes cinzentas.

No chão havia um único e fino colchão de encher e nas paredes uma rede suja pendia de um lado para o outro.

-Antigamente era um depósito- informou Serafina,desnecessária -Mas agora serve para prender os intrusos.Claro,agora é o quarto de hospedes.

Prefiro a casinha do cachorro- pensou Annabeth

-Muito bem,vejo vocês amanhã.Qualquer coisa estarei no quarto ao lado.

Serafina fechou a porta com um estalo assim que as garotas entraram.