Segredo escrita por thana


Capítulo 6
Capítulo 6




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Meus pais e o Marcio me tiraram daquele cubículo e me guiaram por um corredor de paredes brancas e longas com uma porta no final, provavelmente aquelas paredes escondiam mais cubículos com portas escondidas, eu só tive certeza disso quando estávamos chegando ao fim do corredor e uma porta escondida se abriu à direita e saíram lá de dentro uma menina, que aparentava ter a mesma idade que eu na época e vestia um macacão igual ao meu, com dois homens, um era alto e tinha os cabelos compridos e o outro um pouco mais baixo e tinha os cabelos bem mais curtos, eu logo os reconheci; foram os homens que eu vi antes de ir para o hospital pela primeira vez.


 


_ Tudo certo por aqui, Bruno? _ perguntou o Marcio parando a nossa frente.


 


_ Tudo _ respondeu o homem alto _ Ela já sabe o que deve saber, com ela foi mais facil.


 


_ Seja bem vinda! _ falou o Marcio para a menina.


 


_ Obrigada! _ respondeu ela com um sorriso na cara e satisfação.


 


Eu juro que eu pensei que estava imaginado coisas, achei que era uma alucinação ainda causada pela ferida na cabeça, como alguem podia ficar feliz e satisfeita sendo arrancanda da propria casa e encarserada, essa é a palavra certa para o que eles fizeram, em um cubiculo com paredes cromadas? Fala serio! Se eu vir mais alguma coisa cromada na minha frente eu destruo.


 


_ Conseguiram convence-la? _ perguntou o Bruno depois que o Marcio cumprimentou a menina, olhando para mim.


 


_ Ah, sim! _ fez o Marcio se virando para me olhar _ Finalmente! Mas ela ainda precisa ficar em observação, a cabeça ainda tá um pouco ruim _ aqui ele olhou para o Marcos que estava logo atras do Bruno e não falara nada até então _ Por isso ela vai para o hospital.


 


O Bruno simplesmente balançou a cabeça como quem diz que entendeu algo.


 


_ Seja bem vinda! _ falou ele para mim imitando o Marcio _ Mas se ela puxar aos pais vai melhorar rapidinho _ isso ele falou para o Marcio _ Bem, essa daqui tá inteira, então eu vou apresentar o quarto dela _ e ele colocou a mão no ombro da garota.


 


_ Tem certesa que ninguem tentou abrir a cabeça dela? _ eu falei para o Bruno mas olhava para o Marcos, eu sentia raiva dele pelo o que ele fez comigo.


 


_ Não _ falou o Marcos finalmente antes que o Bruno respondesse _ Ela não mordeu ninguem.


 


Ele me encarava com a mesma raiva que eu o incarava.


 


_ Vamos embora _ disse o Bruno para o amigo e ainda com as mãos nos ombros da menina eles sairam na nossa frente em direção a porta que ficava no final do corredor.


 


Seguimos por esse mesmo caminho e nos colocamos mais uma vez em um corredor de paredes brancas, só que nesse haviam dois caminhos, um a direita e um a esquerda, o Bruno, o Marcos, a menina e o Marcio seguiram pelo da esquerde e eu e meus pais o da direita.


 


Caminhamos mais um pouco até chegar a uma porta dupla, igual às de hospitais. Quando passamos por elas eu me via de novo em frente ao corredor de bebedouros nas paredes, só que dessa vez tinha muita gente entrando e saído das portas que eu tinha visto cerradas aquela noite.


 


Minha mãe me conduziu até o quarto que eu fique na ultima vez e me fez deitar na maca, em seguida ela sai do quarto dizendo que procuraria a Dra. Julia para me examinar mais uma vez, ela sempre foi exagerada desse jeito.


 


_ Pai _ eu chamei.


 


Meu pai que estava sentado ao lado da minha maca, na cadeira reservada para acompanhantes, olhou para mim.


 


_ O que foi? _ ele perguntou preocupado _ A cabeça está doendo?


 


_ Não _ eu logo respondi para tranqüilizá-lo _ Por que vocês não me contaram desde o inicio?


 


_ Que você é adotada? _ ele falou _ Bem... _ ele hesitou _ Achávamos que seria melhor assim, você seria mas convincente em mentir.


 


_ Tem certeza que vocês não são meus pais biológicos? _ eu questionei, mesmo depois de ter ouvido tanta coisa _ Existem papeis comprovando isso...


 


_ Você ouviu o Marcio, são falsificados _ o papai disse _ Copias muito boas por sinal, mas não dizem a verdade.


 


_ Mas existem fotos da mamãe grávida de mim _ eu apontei _ vai me dizer que aquela barriga também é falsa.


 


Meu pai simplesmente balançou a cabeça em confirmação. Eu fiz uma cara de “impossível!”


 


_ Tiramos essas fotos duas semanas antes de você sair da incubadora, e com um programa de computador demos uma mexida aqui, uma mexida ali e pronto, tínhamos uma mulher que tinha passado nove meses de gestação.


 


Eu fiquei abismada, eu tinha acabado de perceber que eu não tive uma vida, não a que eu achava que tinha, tinha sido tudo planejado tudo forjado até o mínimo detalhe.


 


_ Então toda a minha vida é uma mentira? _ eu perguntei assim que recuperei a noção.


 


_ Não _ falou o meu pai.


 


_ Como não? _ eu questionei, enquanto me sentava na cama _ Eu teria até entendido essa historia de adoção, mas vocês fingiram ser os meus pais biológicos, me fizeram acreditar nisso por quatorze anos, eu achava que era uma pessoa normal e eu descubro que tenho quatro mães e quatro pais _ eu parei um instante porque a minha voz tava começando a tremer e meus olhos a marejarem, eu não queria chorar eu odeio chorar quando eu achei seguro falar continuei _ Fui arrastada do lugar que achava ser a minha casa, do lado das pessoas que eu achava que eram meus pais, para um lugar a sei lá quantos quilômetros dentro da terra, e me dizem que tudo isso foi porque eu fui recrutada para uma associação secreta...


 


_Organização secreta _ meu pai me corrigiu.


 


Eu bufei. Nesse instante a mamãe voltou com a tal doutora, assim que me deu uma boa olhada percebeu que eu estava brava com alguma coisa.


 


_ O que foi? _ ela perguntou indo a mim.


 


_ Eu quero voltar para casa _ eu falei (você ainda vai ler muito essa frase, acredite)


 


_ Você já está em casa _ minha mãe disse.


 


_ Não, não estou _ respondi com um tom de raiva na voz.


 


_ Aqui agora é a sua casa _ a mamãe falou com uma voz firme.


 


_ Eu não quero _ continuei _ Eu gostaria de nunca ter sabido disso tudo, se era para mentir para mim por quatorze anos então que mentisse o resto da minha vida.


 


A minha mãe me olhava severamente, o meu pai ainda continuava sentado ao lado da minha cama e a Dra. Julia estava distante só observando a discussão.


 


_ Eu não quero ser dessa organização estúpida _ eu cuspi.


 


_ Você foi concebida para isso _ falou a mamãe ainda firme _ Julia pode examiná-la, por favor. _ Após dizer isso ela se virou para o papai _ Vamos Julius, o Marcio disse que tem um novo caso para a gente.


 


Apos se levantar da cadeira ele tentou beijar a minha testa, em despedida, coisa que ele sempre fazia antes de sair para trabalhar, isso é, se ele ia mesmo trabalhar, mas eu afastei a minha cabeça antes dele encostar nela.


 


Eu vi uma tristesa passar pelo seu rosto quendo eu fiz aquilo, me deu um pouco de arrependimento, mas eu não tava nem ai.


 


_ Logo, logo você vai conhecer seus pais biologicos _ disse a mamãe mais firme que antes, ela tinha percebido que eu tinha magoado o papai.


 


_ Eu não quero _ eu falei ainda com muita raiva _ Não quero conhecer nem um deles.


 


Nesse momento a doutora começou  a me examinar, eu percebi que ela tambem tinha um espressão triste no rosto.


 


Antes de sair a mamãe me deu uma ultima olhada severa.


 


Eu conhecia aquele olhar, ela só usava aquele olhar quando eu fazia alguma pirraça e tinha muita gente na frente, quando ela não queria me dar uma bronca na frente de todo mundo.


 


Ela começou a abrir a boca para falar algo mas antes que isso acontessece a doutora falou:


 


_ Tudo bem!


 


Eu não entendi muito bem mas minha mãe olhou para a Dra. Julia com um olhar de quem pede desculpar por ter feito algo errado, em seguda ela saiu acompanhada pelo meu pai enquanto a doutora continuava a me examinar usando um sorriso amarelo na face.


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