Segredo escrita por thana


Capítulo 44
Capitulo 44




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Acabei dormindo cedo e acordando mais cedo ainda, para você ter uma ideia, eu acordei bem antes do treino físico. Então o que fiz foi: tomar um banho mais prolongado, trocar de roupa e sair mais cedo do quarto.

Peguei o elevador bem vazio, só tinha umas duas pessoas nele, logo cheguei ao andar do refeitório. Como no elevador o corredor tava quase vazio e o refeitório também.

Escolhi uma mesa, a que eu geralmente ficava, e sentei. Fique um bom tempo ali, sem fazer nada, olhando as poucas pessoas irem e virem, os cozinheiros montarem as refeições nas mesas, um até que me encarou, como se tentasse me reconhecer, mas logo saiu e quem apareceu em seguida foi a Ana, aposto que foi ele que me entregou.

— Bom dia _ ela cumprimentou se aproximando _ Chegou cedo hoje. Não conseguiu dormir direito por causa do acidente do Filipe?

Eu preferi não responder, até porque não tinha sido por conta disso que eu estava tão cedo lá, mas ela achou que o meu silêncio confirmava a sua hipótese.

— A Julia passou aqui ontem a noite _ começou ela se sentando na mesa _ e disse que ele ta respondendo bem ao tratamento e que logo logo ele vai sair de lá.

Calada eu tava calada eu fiquei. E ficou aquele silêncio constrangedor.

— Você ta com fome? _ a Ana quebrou o silêncio, como na primeira vez que eu conheci meus pais.

Eu balancei a cabeça negativamente.

— Claro que não, você deve ta muito preocupada _ concluiu ele erroneamente mais uma vez _ Mas você tem que comer alguma coisa, daqui a pouco é o seu treino físico _ ela se virou, ainda sentada, para chamar um dos cozinheiros que estava arrumando a mesa mais próxima _ Traz para mim, por favor, uma fatia daquele bolo de baunilha que acabou de sair do forno e um copo de leite com chocolate, obrigada _ ela voltou a olhar para mim _ eu sei que você gosta muito disso, então vai ser mais fácil de engolir, só não conta para a Marta que eu te dei isso essa hora da manhã, principalmente antes de um treino físico, às vezes ela é obcecada com isso. _ eu dei um sorrisinho, isso pareceu satisfazer ela.

O cozinheiro não demorou muito a trazer o pedido dela, o mais estranho é que ela ficou o tempo todo olhando para mim enquanto eu comia, eu tive a impressão de que ela nem piscava.

— Obrigada _ eu falei quando terminei de comer, ela levou um susto quando eu falei, parecia estar em transe _ Mas eu acho que vou andando.

— Não vai esperar seus outros amigos? _ quando eu ouvi isso eu fiz uma cara de quem não entendia nada do que ela tava falando _ o pessoalzinho com quem você tem andado. _ ela explicou _ Daqui a pouco eles aparecem.

— Não, é que... _ eu comecei _ eu tenho que voltar no quarto para pegar uma coisa que eu esqueci _ menti e me levantei para sair, o refeitório já começava a lotar.

Na verdade eu não queria encontrar com eles, porque eles iam querer me consolar, só que eu não precisava ser consolada, eu não tava triste.

Peguei o elevador de novo, só que dessa vez eu fui direto para a metrópoles. Passei pelas pessoas sem ser percebida e fui até a recreação, esperaria o treino começar.

Fiquei passeando por ali, sentindo um ar fresco que eu sabia que eu que não era real, observando alguns dos moradores fazerem seus exercícios. Passei pelo local onde o Filipe tinha se acidentado e encontrei seu skate jogado ao lado da rampa. Dei uma boa olhada nele, não sei como foi isso, mas ele tava partido ao meio, apenas seguro por uns fiapos de madeira. Peguei o objeto e escondi em um arbusto, eu não sabia o que eu ia fazer com aquilo, mais o meu instinto foi guardar.

— Ah! _ ouvi alguém exclamar quando eu tinha acabado de esconder o skate _ foi ai que você se meteu _ era o Hugo _ achei ela pessoal _ ele gritou por cima do ombro _ o que você ta fazendo ai? _ ele perguntou quando percebeu que eu tava saindo de um arbusto.

— Nada _ eu menti _ achei ter visto um bicho por aqui.

— Serio? Eu nunca vi nada disso _ ele deu de ombro enquanto os outros se aproximavam.

Eu sabia que na OSPT se trabalhava com sistema de parceiragem, mas eles só andavam em bando.

— Bom dia Suzan! _ a Brenda acenou para mim _ teve noticias do Filipe?

— Parece que ele vai sobreviver _ eu disse sem emoção _ quebrou um braço e machucou a cabeça.

— Que horrível _ ela comentou _ mas o importante é que ele vai ficar bem _ a Brenda colocou a mão no meu ombro em sinal de companheirismo.

­­­_ É melhor a gente ir logo que daqui a pouco o treinador chega _ falou o Derek.

O professor não demorou muito e logo estava passando um aquecimento para começar o treino.

Até que eu já não sofria tanto com o treino, meu corpo já estava se acostumando com o esforço físico.

Após o treino saímos pela metrópole a fora, em bando, para nos aprontarmos para a aula, ou treino como se costuma dizer por aqui.

Caminhamos pelas ruas e lojas até que uma me chamou atenção. Ela exibia na vitrine materiais esportivos como: raquete de tênis, sapatos para corrida, e a coisa que realmente me chamou atenção, um skate. Não era qualquer skate, era “O SKATE”. Ele parecia ser de ultima geração, todo cromado com um emborrachado na superfície para colocar os pés, eu não entendia muito desses negócios, e até hoje ainda não entendo, mas ele parecia ser top. Bem ao lado dele tinha uma plaquinha com o seu preço: M800.

— O que é isso _ eu apontei e perguntei para o Hugo, ele era o que estava mais próximo de mim.

Ele observou para o que eu tava apontando e com as sobrancelhas erguidas me respondeu:

— Um skate _ ele falou pausadamente, como se eu fosse louca.

— Isso eu sei _ eu falei, ele fez uma expressão confusa _ eu to falando daquilo ali _ apontei novamente para a plaquinha.

— É o preço dele _ ele continuou confuso.

— Mas que moeda é essa? _  eu quis saber.

Quando eu tava  no primário a professora passou um trabalho sobre moedas mundiais, eu achei um monte delas, todas com seus nomes e símbolos, mas esse que eu acabara de ver, não tinha encontrado na época.

A expressão no rosto dele aliviou.

— Essa é a Metropolin _ ele começou a explicar quando voltamos a andar, o resto do pessoal já ia muito a nossa frente, nem perceberam que paramos _ a nossa moeda.

— Aqui tem disso? _ eu perguntei curiosa _ pensei que tudo fosse de graça.

Era verdade. Até então eu achava que ali, se você quisesse alguma coisa, era só pegar, mas pelo visto não era.

— Não _ o Hugo riu _ aqui também tem que pagar, a não ser a comida do refeitório, lá é tudo grátis.

— Metropolin, é o nome da moeda local? _ eu perguntei _ E de que país ela é?

— Até onde eu sei, de nenhum _ ele respondeu _ é uma moeda só daqui.

— E como se ganha isso?

— No nosso caso _ ele explicou _ a gente ganha ou tirando notas boas todo mês ou fazendo uns bicos _ ele deu de ombro _ uma vez eu precisei de uns “M’s” extras então eu fiz uns trabalhos na cozinha para conseguir. Dizem que você também pode trocar o dinheiro dos sobre também, é só ir no banco, fica até aqui perto.

—”M’s”? _ eu repeti confusa.

— É _ ele confirmou _ é como a gente chama o “Metropolin”, se você reparar o símbolo é um “M” com duplo traço nele _ ele concluiu.

Eu fiquei em silencio.

— Você tem “M’s” para comprar aquele skate? _ ele perguntou curioso.

— Não _ eu disso como se fosse uma besteira _ eu só achei estranho o símbolo.

E nesse momento me deu um estalo: me lembrei do skate do Filipe que eu tinha escondido no arbusto.

— Oh, vocês dois _ a Brenda gritou a nossa frente _ dá para andar mais rápido senão a gente se atrasa.

Nós aceleramos os passos para alcançar eles.


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