A maessora continuou sua aula sem muita dificuldade explicando mais sobre o alfabeto russo e nos fazendo repetir o que ela dizia. As vezes enquanto tentávamos copiar do quadro algumas frases da lingua, eu ouvia uns coxixos da turma atras de mim, de inicio eu achei que eram os alunos tentando ler o que estava escrito no quadro, mas com um pocou mais de minha atenção eu percebi que o que eles estavam falando era sobre mim mesmo. Coisas do tipo "alguem vai ter facilidades nessa aula, nem vai precisar precisar estudar." É óbvio que essa só pode ter saido da Alicia. Eu ignorei os coxixos até o fim da aula, não que tenha sido muito difícil, o chato não parava de ficar falando o quanto difícil ia ser aprender aquela língua. Hoje eu vejo que ele fez isso de propósito, com certeza não era só eu que entendia os coxixos.

A aula por fim terminou e eu pude sair daquela sala, eu nem guardei minhas coisa na mochila, simplesmente agarrei meu caderno e comecei a andar em direção a porta quando eu ouvi a maessora me chamar:

_ Eu só queria avizar que você tá liberada para ir para a competição de esporte legal _ ela falou

_ Torneio radical _ corrigiu o Filipe que ainda estava na sala arrumando suas coisas na mochila.

_ Isso mesmo _ ela concordou com ele _ mas fique avizada que só é uma exceção, porque seu parceiro vai pearticipa

_ Quem disse que eu quero ir? _ eu perguntei.

_ Você vai e pronto _ ela respondeu.

_ E se eu... _ comecei a indagar, mas ela logo me interrompeu.

_ Até porque se você não for ele não vai poder ir também.

O Filipe que já tinha terminado de arrumar as suas coisas e estava escorado na mesa que tinhamos ocupado mais sedo se sobressaltou ao ouvir aquilo. Após dizer aquilo a maessora se voltou para uns papéis que estava em cima de sua mesa. Eu sabia que a conversa tinha teminado, então só me restou fechar a cara e sair de lá, o Filipe me seguiu.

_ Só pode ser brincadeira isso _ resmungou o Filipe quando já estavamos no corredor _ você vai, não vai? _ ele perguntou com uma expressão desesperada no rosto.

_ Claro que não _ eu respondi.

_ Não _ ele exclamou colocando a mão no rosto _ por favor você tem que ir.

_ Por quê? _ eu perguntei.

_ Porque é assim que as coisas funcionam por aqui _ ele começou a explicar _ você sabe que trabalhamos com sistema de parceria.

Nessa parte da conversa alcançamos os armarios.

_ Só porque eu não quero faze alguma coisa não significa que você também não possa fazer. _ eu falei enquanto ele guardava nossas coisas no seu armário.

_ Significa sim.

_ Eu duvido que eles não te deixem participar só porque eu não estou lá.

_ Presta atenção _ ele começou _ eles querem que andemos juntos, para que possamos nos conhecer bem, que simplesmente saibamos o que o outro esteja preste a fazer, que basicamente conheçamos os pensamentos um do outro.

_ Isso é impossível _ eu resmunguei.

_ Eu acho que não _ ele falou _ dizem que quando você convive muito com alguém você acaba criando algum tipo de ligação.Ligação, até parecia que eu queria ter alguma ligação com alguém ali.Continuamos andando até eu me tocar que não tínhamos pegado livro algum ou caderno.

_ Não temos nenhum treino agora? _ perguntei.

_ Não, temos tempo livre _ ele respondeu com uma cara preocupado.

_ Então eu vou para o quarto _ eu falei indo direto para o elevador.Antes de me afastar mais o Filipe me alcançou.

_ Tem certeza que você não quer ir para a competição? _ ele perguntou uma ultima.

_ Com certeza.

Eu continuei caminho até o elevador e apertei para o andar dos quartos. Mas antes que a porta do elevador se fechasse eu pude ver a expressão no rosto do Filipe, era uma mescla de raiva e desespero.