Segredo escrita por thana


Capítulo 35
Capítulo 35




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Depois de, com muito esforço, comer o jantar eu me levantei da cadeira e me deitei na cama, como eu não queria pensar na briga com a mamãe, eu me concentrei nas folhas que o papai tinha me dado, o trabalho do treinamento de direção, não vou negar, isso não ajudou muito.

 

Quando eu desisti de revisar o trabalho eu ouvi uma batida na porta. Por um instante achei que fosse a mamãe que tinha vindo pegar o prato, eu já estava pensando em como pediria desculpas a ela, eu nunca tinha precisado fazer isso. Mas não era ela, era o chato, o Filipe.

 

_ O que você quer? _ eu perguntei segurando a porta aberta, já na intenção de fechá-la sem nem esperar a resposta.

 

_ Me mandaram pegar um prato _ ele falou como se não fizesse sentido nenhum o que ele mesmo falava.

 

Eu voltei para a escrivaninha, deixando a porta ainda aberta, peguei o prato que ali estava e voltei a porta.

 

_ Toma _ eu disse entregando o prato vazio.

 

Ele assim que viu o prato fez uma cara de “Ah, era isso”.

 

_ Pelo visto você pegou todas as coisas que você tinha jogado no corredor e dito que era lixo e devolveu ao lugar _ ele disse olhando para dentro do meu quarto pela porta aberta.

 

_ É _ eu disse ainda segurando a porta, que por um motivo ainda desconhecido eu não tinha fechado na cara dele assim que eu entreguei o prato.

 

_ Você realmente jogou o seu leptop fora? _ eu perguntou de olhos esbugalhados para a escrivaninha vazia.

 

_ Não _ eu respondi com uma cara de quem dizia que aquilo era ridículo, nem quando eu joguei ele fora eu iria jogá-lo fora... apesar disso não fazer muito sentido, acho que deu para você entender _ Minha mãe confiscou ele.

 

_ Ah ta _ ele falou em entendimento.

 

_ Se eu fosse você iria logo embora antes que a minha mãe chegasse _ eu alertei. Por que eu fiz isso? É outra coisa sem explicação.

 

_ E por quê? _ ele perguntou.

 

_ Porque a minha mãe praticamente expulsou a Brenda quando ela estava aqui _ eu respondi.

 

_ Mas eu não sou a Brenda _ ele falou entrando no quarto sem convite.  Bendita hora que eu não fechei a porta na cara dele.

 

_ Isso eu já percebi _ eu falei ironicamente.

 

Enquanto eu falava ele depositou o prato na escrivaninha e começou a olhar para o meu quarto.

 

_ Que quarto legal _ ele comentou.

 

_ Por que você não vai embora antes que a minha mãe te encontra aqui e piore o meu castigo? _ eu falei.

 

_ Ela não pode piorar o teu castigo por que eu estou aqui _ ele disse se sentando na minha cama _ a sua cama é mais macia que a minha _ ele ressaltou.

 

_ Por que você disse isso _ eu perguntei me referindo a história do castigo.

 

_ Porque é _ ele respondeu afofando mais a cama _ comparada a sua a minha cama é muito dura, se bem que comparada a do orfanato a minha nova cama mais parece uma nuvem.

 

_ Eu não to falando disso _ eu disse _ por que você disse que minha mãe não poderia piorar o meu castigo por você estar aqui?

 

_ Ah ta isso _ ele falou se levantando da cama e ficou de frente para mim _ Porque eu sou o teu parceiro _ logo depois de falar isso ele voltou à porta e começou a olhá-la.

 

_ E o que isso tem haver? _ eu questionei o seguindo.

 

_ Você se lembra do dia em que nos conhecemos? _ ele perguntou ainda olhando a porta.

 

_ Sim, quando eu tava jogando todas as minhas coisas no corredor _ eu me lembrei.

 

_ Não _ ele falou sem tirar os olhos da porta _ depois disso.

 

_ Quando você me atropelou com o skate? _ eu perguntei.

 

Ele tirou os olhos da porta e olhou para mim.

 

_ Eu tinha me esquecido disso _ ele comentou.

 

_ Mas eu não _ eu apontei paro cotovelo que ainda estava quase cicatrizado.

 

_ Mas em todo caso, não é desse momento que eu estou falando _ ele continuou _ eu to falando de quando nos apresentaram como parceiros pela primeira vez lembra?

 

_ Sim _ eu respondi.

 

_ Lembra que eles disseram que teríamos que trabalhar juntos como se fossemos um só? _ ele falou.

 

_ Sim, mas e daí? _ eu questionei.

 

_ Então quando eles dizem trabalhar eles querem dizer, andarmos juntos, pensarmos juntos _ ele começou _ resumindo, onde você estiver, eu geralmente tenho que estar também, fora lugares como banheiro e essas coisas.

 

_ Mas você não estar de castigo _ eu lembrei _ então a mãe deveria me tirar do castigo, para que possamos trabalharmos juntos e sei lá mais o que.

 

Ele começou a rir.

 

_ É mais fácil me colocarem de castigo do que te tirarem dele _ ele falou.

 

_ Então é por isso que você estar aqui não quer dizer piorar as coisas para mim? _ eu questionei.

 

_ É isso ai _ ele falou e voltou a olhar a porta _ Você não vai estilizar a sua porta não? Eu posso te ajudar _ ele falava muito empolgado _ Eu to com altas idéias, a gente podia fazer umas coisas como na minha porta, sabe? Colocar uns grafites e... _ ele parou de falar, ele tinha acabado de se virar da porta para mim e percebeu que eu estava com uma expressão muito seria _ ou a gente podia fazer uma coisa mais parecida com a porta da Brenda _ ele falou com menos empolgação.

 

_ Eu não vou fazer nada na porta Ok? _ eu falei pegando o prato que ele tinha deixado na escrivaninha _ por que você não leva logo esse prato em? _ eu passei o prato para ele.

 

_ Ah, é _ ele pegou o prato e saiu.

 

Eu fechei rapidamente a porta e fui para a cama, eu fiquei olhando o teto, mas logo a minha atenção voltou para a porta.

 

Eu sinceramente não queria fazer nada nela, ela representava como eu me sentia naquele momento, vazia de qualquer informação.


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