Segredo escrita por thana


Capítulo 21
Capítulo 21




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Eu fiquei parada só o mirando enquanto ele arrumava as suas coisas para a chegada da próxima turma.

 

 

 

_ Algum problema? _ ele me perguntou quando percebeu que eu não tinha movido um músculo para fora da sala.

 

 

 

Eu gostaria de ter gritado: “Sim, dá para, por favor, me dá uma senha descente, sabe, com números?” Mas eu não podia, afinal ele era um professor, então eu só me forcei a balançar a cabeça dizendo que não, pegar a minha mochila, que mais parecia ter chumbo do que livros, e sair da sala. Antes de encostar na maçaneta da porta eu me lembrei que eu não fazia a mínima idéia de onde eu teria que ir, mas no momento eu não me importei muito com isso, minha cabeça tava mais preocupada em descobrir a minha senha, para não ficar andando com aquele peso para cima e para baixo.

 

 

 

Para a minha surpresa quando eu coloquei os pés para fora da sala eu me deparei com o Filipe me esperando.

 

 

 

_ Ah, finalmente saiu _ ele me disse _ qual é o numero do teu armário?

 

 

 

Eu olhei para o lado do papel que tinha o numero do meu armário e disse:

 

 

 

_ 50.

 

 

 

_ Eu sou o 51, é ao lado do meu _ ele respondeu _ o que não é surpresa nenhuma, vem eu te mostro.

 

 

 

Ele nem me deu tempo de dizer que eu não sabia a combinação do armário, já foi me guiando pelo braço. Andamos pelo corredor até chegar a um cruzamento de corredores, viramos à direita e dei de cara com uma parede forrada de armários cinzas, sabe esses que normalmente se encontra em vestiários? Eram armários daquele tipo. Nós continuamos a andar e paramos mais ao final do corredor.

 

 

 

_ É esse aqui _ o Filipe apontou para um armário com o numero 50 pintado em preto no meio da porta dele _ Qual é a sua senha? _ ele perguntou pegando em um cadeado que estava pendurado nele.

 

 

 

Percebi que o cadeado era daqueles que precisa combinações de números, esse cadeado era redondo com um circulo no meio e números de um a doze ao redor, o circulo central se movia de um lado ao outro movendo os números juntos.

 

 

 

_ E ai, qual é o seu segredo? _ o Filipe insistiu.

 

 

 

Eu fiz com ele a mesma coisa que eu fiz com o professor, só fiquei o olhando. O Filipe também só ficou olhando para mim, então como se uma conclusão tivesse surgido em sua mente, ele revirou os olhos e disse:

 

 

 

_ Olha, eu sei que é o seu armário, mas eu sou seu parceiro, você pode confiar em mim para saber sua senha, esse vai ser o seu primeiro passo para demonstrar confiança em mim.

 

 

 

Continuei calada, ela achava que eu não queria dizer a senha porque eu não confiava nele, e sinceramente, eu não confiava mesmo. Como ele viu que eu não ia falar mesmo, mas porque eu não sabia a porcaria da senha, ele continuou:

 

 

 

_ Caraca, você é desconfiada mesmo em? Tudo bem _ ele respirou fundo _ eu vou te mostrar a senha do meu armário, assim você vai confiar mais em mim.

 

 

 

Ele deu um passo à frente, parando no armário 51 e pegou o seu cadeado, que era igualzinho ao meu, igualzinho a todos os cadeados e armários.

 

 

 

_ Escuta _ ele disse fazendo sinal para que eu me aproximasse dele _ a combinação dele é... _ ele praticamente sussurrou _ 10 11 04 07 _ enquanto ele cochichava os números ele ia virando o circulo para deixar os números ditos em pé, na parte de cima do cadeado que tinha uma pequena saliência indicando onde os números deveriam ser posicionados.

 

 

 

Depois que ele posicionou o numero 07 o cadeado simplesmente destrancou sem muito esforço, o Filipe o retirou e abriu a porta para demonstrar que o que ele falava era mais do que verdade.

 

 

 

_ Tá vendo? _ ele perguntou apontando para dentro do armário, que por acaso estava uma bagunça _ pode confiar em mim _ o Filipe voltou para o meu armário e pegou novamente o cadeado _ diz ai a tua senha.

 

 

 

Eu olhei novamente o papel, só que dessa vez no lado que tinha o enigma e o recitei:

 

 

 

_ “Quando inicia a primavera o tempo esquenta, quando o verão acontece o tempo ferve, o outono sempre começa quente, mas no inverno sempre esfria.” _ e olhei para ele _ essa é a minha senha, roda ai no cadeado para ver se ele abre.

 

 

 

O Filipe deu um risinho no canto da boca.

 

 

 

_ Tinha me esquecido da charada _ ele respondeu largando o cadeado.

 

 

 

_ Sorte sua _ eu disse, minha mochila já jazia no chão há muito tempo.

 

 

 

_ Você tem alguma idéia do que seja? _ o Filipe perguntou encostando-se no armário.

 

 

 

_ Bem _ eu comecei a falar olhando novamente para o papel _ eu sei que isso aqui leva a números.

 

 

 

_ Mesmo? _ ele me disse sarcasticamente _ E você descobriu isso sozinha?

 

 

 

Eu ignorei o que ele disse e continuei:

 

 

 

_ Mas quais números?

 

 

 

_ Sinto muito, mas depois você pensa nisso _ o Filipe me disse voltando para o seu armário e o trancando de novo, mas só depois de tirar um livro de lá _ temos que ir para a aula.

 

 

 

Eu peguei a mochila e a ergui um pouco do chão, e comecei a seguir o Filipe que já ia a minha frente.

 

 

 

_ Ei para onde estamos indo? _ eu perguntei quando o alcancei.

 

 

 

_ Para a aula de mapas _ ele respondeu _ a sala fica do outro lado.

 

 

 

Nós andamos, e andamos por corredores e mais corredores e eu ainda arrastando aquele peso.

 

 

 

_ Quanto tempo você demorou para descobrir a sua senha? _ eu perguntei, eu precisava me distrair um pouco para ver se eu não ligava para o cansaço.

 

 

 

_ Uma semana _ ele respondeu quando viramos em mais um corredor _ a minha charada eram nomes de pessoas importantes, sabe, o Antoine Watteau*, Francesco Algarotti*,Hong Sa-ik* e o Alois Hitler*, deu um trabalhão para descobrir a ligação, que era a data de nascimento deles.

 

 

 

Eu nem sabia quem eram esses caras. Assim que ele terminou de falar, parou em frente a uma porta.

 

 

 

_ Essa é a sala de mapas _ o Filipe apontou.

 

 

 

_ Espera _ eu pedi antes dele abrir a porta _ Você carregou esse peso durante uma semana inteira?

 

 

 

_ Não _ ele disse ainda com a mão na maçaneta _ o Derek me cedeu um espaço no armário dele enquanto eu não descobria a senha.

 

 

 

Eu o fique encarando, com uma cara de “e por que você não me deixou guardar as minhas coisas no seu armário?”, mas eu acho que ele não deu à mínima, porque ele simplesmente abriu a porta e entrou e eu fui arrastando minha mochila atrás dele.

 

 

 

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*Antoine Watteau, pintor francês nascido em 10 de outubro de 1864.

 

*Francesco Algarotti, filósofo, crítico e escritor de ópera italiano.

 

*Hong Sa-ik, militar japonês, mais proeminente a ser acusado de crimes de guerra relativos a conduta do Império do Japão na Segunda Guerra Mundial.

 

*Alois Hitler, pai de Adolf Hitler.

 

 

 

Notinha rápida: Assim, por acaso, você conseguiu descobrir qual é a senha da Suzan? Se sua resposta é sim, então deixa ela lá nos comentários, e se ela estiver certa, ai no próximo capítulo da história eu inicio dizendo que você teve a proeza de acertar a charada. Ok?

 

 Mas se você ainda nem sabe para onde vai aquilo, eu vou dá mais alguns capítulos para você pensar. Eu dei uma dica falando sobre a charada do Filipe.

 

Acho que agora ficou fácil!


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