Nós paramos no andar -20 e desembarcamos em um corredor relativamente vazio, ainda havia algumas pessoas no corredor, mas pela pressa com que elas se deslocavam não eram para estar ali e sim nas salas serradas pelas portas que forrava esse corredor.

_ Não acredito que estamos atrasados de novo _ o Filipe falou.

O pessoal começou a andar rápido e eu tentei os acompanha, ainda não estava totalmente recuperada da ultima aula. Quando chegamos ao que parecia a metade do corredor, eles abriram uma porta e começaram a entrar quase se atropelando, assim que cheguei, todos já tinham quase entrado, só faltava mesmo eu e o Derek, que me deixou entrar primeiro.

Logo que entrei eu esperei sentir cheiro de pólvora afinal era uma aula sobre bombas, mas isso não aconteceu, o único cheiro que tinha era de produto de limpeza.

A sala era grande, bem espaçosa, os alunos estavam dispostos em mesas que comportavam duas pessoas cada, eu percebi que a entrada da sala era nos fundos da mesma, porque todos os alunos estavam de costas quando eu entrei.

_ Vai assistir a aula daí? _ um homem alto, magro e de pele muito branca falou lá da frente perto de uma lousa branca, só podia ser o professor.

Eu olhei para os lados e percebi que até o Derek que tinha entrado depois de mim já estava em seu lugar e todos, sem exceção, estavam olhando para mim...

Um breve momento para uma reflexão:

...Você deve estar se perguntando agora: “Será que ela ficou com vergonha?” Eu te respondo com outra pergunta: “Quantos micos por dia uma pessoa pode pagar? Porque eu preciso saber se a minha cota já estava acabando”. Mas voltando para a história...

O que é que eu ia dizer? Nada.

_ Por que você não vai se sentar logo com o seu parceiro? _ o professor perguntou.

Claro, como se eu soubesse onde o chato do Filipe sentava. Eu dei uma boa olhada na sala e o encontrei sentado a apenas umas quatro cadeiras a minha frente. Andei até ele e me sentei ao seu lado, nesse momento o professor voltou a sua aula:

_ Como eu ia dizendo... _ ele disse _ semana passada vimos que bomba é um dispositivo bélico, com geralmente algum tipo de cilindro com material explosivo dentro, projetado para causar destruição quando ativado. Hoje vamos ver os variados tipos de bombas, alguém sabe me dizer algumas?

A sala ficou em completo silencio quando o professor fez a pergunta, mas ele continuou nos olhando, eu sinceramente não sabia nada.

_ Ah vamos lá pessoal, vocês já devem ter ouvido falar de alguma _ ele nos incentivou enquanto sentava na ponta da sua mesa.

_ Bomba relógio _ se ouviu uma vez ecoar pela sala.

_ Bomba relógio _ o professor repetiu enquanto se levantava e caminhava até o quadro, puxava a tampa de um piloto azul e escrevia nele as palavras ditas _ é o modo mais comum de bomba, o mecanismo de controle mais usado, quem nunca aqui viu um filme onde o vilão coloca uma bomba relógio no pé da mocinha?

Após o exemplo dado toda a sala riu com a lembrança.

_ Então _ o professor disse tomando as risadas como uma confirmação e virou-se para a turma de novo _ o relógio é conectado ao cilindro com o elemento explosivo e ai você é que escolhe qual o tempo que ela devera explodir.

O professor, que se chama sūknis por acaso, continuou a aula falando do poder devastador que uma bomba tem e o quanto era perigoso, ele nos disse que nós não chegaríamos perto de uma bomba até que estivéssemos devidamente preparados na teoria.

_ E quando isso vai ser? _ perguntou o Filipe do meu lado, logo após ouvir o aviso.

_ Dentro de três anos _ o professor disse.

Alguns fizeram “ah” de decepção, mas eu nem me importava, se uma bomba era tão perigosa quanto o professor dizia então eu queria era distancia.

Depois que o professor disse tudo, ou quase tudo, sobre esse tipo de bomba ele pediu que lêssemos em nossos livros o capítulo que se dirigia a tipos de bombas. Eu fiquei olhando para todos, que começaram a puxar as bolsas e de lá tirar os livros, como eu não tinha nem bolsa nem livro eu não fiz nada.

_ Professor eu posso pegar o meu? _ o Filipe perguntou erguendo a mão.

_ Sim claro _ o professor disse _ foi o que eu pedi para fazer não foi? Onde ele está?

_ No armário lá fora _ o Filipe respondeu.

_ E por que você não o trouxe para a sala?

_ Porque eu achei que já estava muito atrasado então... _ e a voz dele morreu aqui.

_ Sei _ o professor balbuciou _ Mais alguns dos atrasados também não querem aproveitar e irem buscar os livros esquecidos no armário? _ ele olhou para mim e para os outros que tinham chegado junto comigo.

A Brenda, o Derek, o Hugo e o Jonas seguiram o Filipe pela porta de saída.

_ E você não vai pegar seu livro no armário também não? _ ele me perguntou, mas ele não parecia bravo ele tinha um ar divertido.

_ Bem _ eu comecei _ eu não tenho nem livro nem armário, então acho que não.

_ Você não tem livro? _ o professor estranhou, eu apenas balancei a cabeça negativamente _ então você deve ser a garota nova _ dessa vez eu balancei a cabeça positivamente _ então espera ai _ ele seguiu até a porta e saiu.

A sala estava em silencio, porque todos estavam lendo o que o professor pediu, minutos depois que o professos saiu o pessoal voltou carregando um livro e um caderno, assim que o Filipe sentou ao meu lado eu reparei na capa do livro, e adivinha o que tinha? Uma foto de uma bomba relógio.

Logo que o professor voltou, ele me entregou uma mochila e dentro dela, não havia só o livro de dispositivos bélicos, esse é o nome certo, mas um total de nove, isso mesmo nove, livros e um caderno. Eu nem me preocupei em olhar sobre o que eram os outros livros, peguei o com a bomba na capa e comecei a procurar o capitulo que eu teria que ler.

Eu nunca achei que existissem tantos tipos de bombas na minha vida, era bomba nuclear, bomba de hidrogênio, bomba guiada por lazer e sei lá mais quantas bombas.

Assim que todos já tinham terminado o professor pediu que fizéssemos uma redação sobre o que tínhamos entendido do assunto lido e pior teríamos que entregar em um prazo curto, meia hora, ele pediu que imaginássemos que aquela redação fosse o único jeito de fazer uma bomba ser desativada e para dar mais veracidade no que ele dizia, ele colocou um relógio de cabeceira que fazia um irritante tic tac, dizendo que se até o relógio disparar as meia hora todos não tivéssemos acabado poderíamos nos considerar mortos. Resultado: “explodimos” todos, só faltava a Brenda entregar, pelo visto ela não era muito de escrever ou não funciona direito sobre pressão.

A aula acabou depois de uma hora e saímos da sala, mas antes que eu erguesse a minha pesada mochila do chão o professo se aproximou de mim.

_ Olha _ ele disse me estendendo um pedaço de papel _ esse é o seu numero de armário e atrás está a senha.

Eu peguei o papel e olhei o numero do armário era o 50, sem negativo na frente, mas quando eu virei a o pedaço me deparei com os seguintes dizeres:

“Quando inicia a primavera o tempo esquenta,

Quando o verão acontece o tempo ferve,

O outono sempre começa quente,

Mas no inverno sempre esfria.”

O que isso queria dizer? Eu realmente não sabia se isso era uma senha. Na duvida eu perguntei ao professor:

_ Professor, o senhor esqueceu de me dar a senha do armário _ ele já se encontrava na mesa dele e o resto dos alunos já estavam do lado de fora da sala.

_ Não esqueci não ela está ai _ ele disse me olhando _ agora só falta você descobrir ela.

Você entendeu? Você acompanhou o raciocínio? Era um enigma para eu descobrir a minha própria senha, vê se pode?