Segredo escrita por thana


Capítulo 16
Capítulo 16




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“Eu estava em um parquinho, que ficava perto de casa, sentada em um balanço enquanto meu pai me empurrava nele, eu gritava para ele empurrar mais forte para que eu pudesse ir mais alto, ele só ria de mim enquanto me empurrava na mesma velocidade calma, eu tinha seis anos e um dia no parque para mim era tudo. Minha mãe estava sentada em um banco de praça um pouco afastada de nós, parecia que ela se divertia só em me ver rindo. Depois de um tempo eu enjoei daquele brinquedo, desci rapidamente dele e corri até o escorrega, meu pai um pouco alertado correu atrás de mim, eu subi até o topo do escorrega e olhei para baixo, vi o meu pai no final dele me esperando de braços abertos. Quando eu escorreguei por ele, meu pai me pegou no final e me abraçou enquanto eu ria da brincadeira, ele também ria muito, foi nesse momento que ouvi a voz da minha mãe alerta: “Julius” ela quase gritou, meu pai, ainda abraçado a mim, me ergueu em seus braços, a olhou preocupado, mas a mamãe não olhava em nossa direção ela olhava o lado oposto de onde nós estávamos, meu pai seguiu se olhar e em seguida ele se virou para mim com o maior sorriso: “Tá na hora de irmos” ele me disse, “Não, mais um pouco” eu pedi com uma voz manhosa, que desde dessa idade eu sabia que não falhava nunca, mas que nesse dia falhou, “Amanhã a gente volta e brinca mais” ele prometeu virando para onde ele tinha olhado antes e começando a andar, eu também olhei para o lugar que ele se virava, mas não vi nada de mais, tinha muita gente, claro era final de semana, muitos pais também tinham resolvido levar os seus filhos para se divertir ali também. Encontramos a mamãe no meu do caminho e fomos em direção a nossa casa, eles aparentavam calma, mas vez ou outra davam um boa olhada no caminho.”


 


O sono foi tranqüilo, o sono mais tranqüilo que eu tive desde que tinha chegado aqui, mas ele foi incomodamente interrompido, no inicio eu não reparei era apenas um som distante, mas ele foi aumentando de acordo com que eu fui acordando, então eu pudi identificar o que era, uma batida continua na madeira, provavelmente alguém batendo na minha porta. Eu soltei um grunhido de incomodo e me mexi na cama. Naquele momento as batidas pararam, percebendo isso eu me acomodei na cama de barriga pra baixo e voltei a dormir, mas as batidas voltaram bem na hora que o inconsciente me tomava o que me deu um susto, dessa vez as batidas não paravam.


Eu abri os meus olhos lentamente enquanto o barulho da madeira entrava em meus ouvidos, mas eu continuava com muito sono, tanto que eu nem tinha forçar para perguntar quem era.


 


Eu me virei na cama de novo ficando de barriga para cima tirei o lençol de cima do meu tronco, mas ele ficou preso no meu pé, então eu o chutava para tentar me livrar definitivamente dele a raiva ia crescendo em mim porque aquele barulho não parava.


 


Quando eu consegui livrar um pé eu o levei ao chão, me sentei na cama e puxei o outro pé que ainda estava enrolado no lençol e me levantei da cama, na primeira passada que eu dei me levou ao chão, o lençol enganchado no meu pé também tinha se enganchado em algo. Eu, no chão mesmo, agarrei o lençol e finalmente me livrei dele, levantei do chão e cambaleei até a porta, tateei por ela até achar a maçaneta, a girei e abri me escorando nela para não cair de novo, só que dessa vez de sono. Adivinha quem estava parado a porta com uma cara de nada?


 


_ O que você quer? _ eu perguntei para o chato do corredor, ou seja, o Filipe.


 


_ Tá na hora _ ele simplesmente disse _ você vai se atrasar se demorar muito.


 


_ Hora de que? _ eu resmunguei ranzinza _ Me atrasar para o que? _ e ai eu bocejei.


 


_ Para o treino Suzan _ ele respondeu.


 


_ Que treino? _ eu assumo, eu ainda estava dormindo.


 


_ O treino físico _ ele disse quase em desespero. Devia ser realmente tarde, o que me levou a perguntar:


 


_ Que hora é?


 


_ Cinco horas _ ele respondeu como se fosse mais do que tarde.


 


_ Cinco horas da tarde? _ eu me espante, porque só sendo cinco horas da tarde para ele tá tão preocupado com o horário.


 


_ Não _ eu respondeu cansado _ cinco horas da manhã.


 


Eu não falei mais nada, dei um passo para traz e joguei a porta para que ela fechasse. Me virei e voltei para minha cama para dormir mais, afinal ainda era muito cedo. O que deu na cabeça daquele garoto para me acordar tão cedo?


 


Quando eu finalmente entrei em um sono profundo voltei a ouvir a porta bater, nem me dei ao trabalho de se quer abrir os olhos, eu não ia deixar o chato estragar o meu sono mais do que ele já tinha estragado.


 


_ Suzan acorda _ era a voz da minha mãe, essa eu até tentei ignorar, mas não deu muito certo, ela entrou no meu quarto e arrancou o lençol que eu tinha recoberto o meu corpo, a mãe sempre fazia isso quando eu tinha problema em acordar cedo para ir para a escola _ Acorda Suzan você já está atrasada, seu treino vai começar em algumas horas _ ela estava de pé junto da minha cama me olhando.


 


De novo aquela história de treino?


 


_ Eu não vou para treino nem um _ eu resmunguei.


 


Quer me ver de mau humor? Então me acorde às cinco horas da madrugada. Cinco horas ainda é madrugada né? Enfim, para mim é.


 


_ Ah vai sim _ a mãe disse pegando um dos meus braços e me erguendo para que eu pudesse ficar sentada.


 


_ Mãe eu ainda to com sono _ eu choraminguei.


 


_ Levante-se e vá tomar banho _ ela falou, não, ela ordenou.


 


_ Eu não sei onde fica o banheiro _ eu disse de cara amarrada ainda sentada na cama.


Eu realmente não sabia onde ficava os banheiros, será que ali os banheiro eram comunitários, sabe, como vestiário?


 


_ Tem um aqui no seu quarto _ a mãe disse e apontou para uma porta que eu não tinha percebido, lógico, porque quando esse quarto era lá encima ele não tinha banheiro.


 


Eu dei uma espiada para a porta de sobrancelhas erguidas.


 


_ Tome banho, faça sua higiene bucal e vista isso aqui _ ela apontou para a escrivaninha...


 


Havia uma pilha pequena de roupa, devia ter ali uma blusa e uma calça ou short.


 


_ E calce o seu tens _ ela continuou _ Você tem dez minutos para fazer isso e aparecer no refeitório _ ela deu as costas e começou a sair.


 


_ E se eu não quiser ir? _ eu perguntei ainda emburrada antes que ela chegasse à porta.


 


_ É obrigatório _ ela me respondeu sem virar e saindo pela porta que tinha ficado aberta _ o Filipe vai ficar te esperando no refeitório, não se atrase mais _ essa ultima parte ela enfatizou bem e saiu fechando a porta.


 


Eu suspirei e me levantei da cama fui até minha escrivaninha e peguei as roupas, as abri para ver como eram.


 


Era uma blusa sem mangas branca e uma calça cumprida de moletom, eu fiz uma cara de cansaço, virei para o meu armário, peguei um conjunto de roupas intimas e meu tens que tinha ficado jogado ali dentro de qualquer jeito e fui para o banheiro.


 


O banheiro não é o que se diga “Oh, que espaçoso!”, mas era suficiente para uma pessoa. Lá tinha uma privada e do lado havia um Box, que era mais do que obvio que era o chuveiro.


 


Eu me despi, tomei banho, escovei os dente, essas coisas que geralmente se faz quando se acorda, vesti a roupa que a mãe disse que eu tinha que vestir, sai do banheiro um pouco menos sonolenta sentei novamente na minha cama e calcei os tens e sai do quarto.


 


Eu não tinha a mínima idéia se o tempo que minha mãe tinha me dado já tinha passado ou não, eu também não me importava.


 


Chamei o elevador e esperei, ele demorou um pouco, mas ele chegou e chegou abarrotado de gente, que logo se espremeu para que eu embarcasse.


 


_ Para onde? _ o homem que eu vi na primeira vez que eu entrei no elevador com a minha mãe.


 


_ Refeitório _ eu murmurei.


 


Ele apertou o botão que indicava o andar do refeitório e eu esperei que ele chegasse. Não foi tão rápido como deveria, porque acabamos parando em todos os andares antes dele. Finalmente o elevador chegou onde eu queria e eu desembarquei junto com algumas pessoas.


 


O corredor já estava lotado, aquilo devia ser o normal eu tinha que ir me acostumando. Eu andei até onde eu lembrava que era a porta do refeitório e entrei no local, que também estava cheio de gente e barulhento, como é que eles podiam fazer tanto barulho àquela hora da manhã?


 


_ Suzan que bom que você chegou _ falou o chato... quero dizer o Filipe, se aproximando de mim _ vem, senta com a gente _ ele pegou no meu pulso e me arrastou até uma mesa ali perto.


 


Ela estava ocupada já por algumas pessoas, as mesmas pessoas que eu tinha conhecido no parque no dia anterior.


 


_ Bom dia _ a Brenda cumprimentou.


 


_ Bom dia _ eu falei, me sentando, só para ser educada, porque bom o dia não tava sendo.


 


A mesa que eu me encontrava estava lotada de pães, frutas e sucos.


 


_ Se eu fosse você eu me entupiria de pão e frutas pesadas _ o cha... Filipe me aconselhou _ é seu primeiro treino certo? _ ele perguntou, mas não esperou resposta _ Então é melhor você comer bastante.


 


_ Nem tanto Filipe _ falou o garoto loiro, o Derek _ ela pode acabar passando mal no exercício.


 


Nesse momento eu vi minha mãe se aproximar da mesa, eu muito rapidamente, peguei uma torroada que estava mais próximo a mim, para que ela visse que eu estava me alimentando, lógico que ela estava indo ali só para me repreender sobre isso. Eu pensei que ela pararia quando me visse com a torrada na boca, mas não ela continuou se aproximando.


 


_ Dobro jutro _ ela cumprimentou todos na mesa.


 


_ Dobro jutro _ todos falaram de volta, todos menos eu, por não saber o que ela tinha falado.


 


Eu olhei confusa para ela que logo explicou:


 


_ É bom dia em esloveno.


 


_ Ah _ eu fiz sem muito interesse.


 


_ A Profa. Marta ensina línguas _ o garoto pardo falou, o Hugo _ Ela sabe todas, a gente tem aula com ela amanhã.


 


_ Aula? _ eu perguntei _ com ela? _ completei.


 


_ Sim _ a Brenda falou _ Por que, algum problema?


 


_ Não, nem um _ eu falei me recostando na cadeira.


 


Não, não tinha nem um problema, só tirando o fato que ela é minha mãe. Mas isso deveria ser um problema? Eu não sabia responder, seria a primeira vez que eu teria a minha mãe como professora.


 


_ Suzan depois do treino para o quarto _ ela me disse.


 


_ Eu sei _ eu disse azeda.


 


_ Eu não quero te ver andando por ai _ ela reforçou.


 


_ Tá _ eu disse revirando os olhos.


 


_ Maitheas _ a minha mãe/professora disse, outra coisa que eu não entendi nada _ Have a lá deas, Slán leat _ ela falou por ultimo.


 


_ Slán leat _ todos disseram, menos eu, de novo. Será que ela falava esloveno? E só eu não sabia o que a minha própria mãe dizia?


 


_ O que ela disse? _ eu perguntei para a Brenda que estava próxima de mim.


 


_ Primeiro ela disse; tudo bem, depois; tenham um bom dia e por ultimo; adeus _ ela me explicou _ eu acho que foi isso, ainda não sou muito boa em línguas.


 


_ Foi isso que ela disse mesmo _ o Derek confirmou.


 


_ Então é _ a Brenda falou _ o Derek é o melhor aluno de línguas _ ela me disse quase sussurrando.


 


_ Isso é esloveno? _ eu quis saber.


 


_ Não, é irlandês _ ela me corrigiu.


 


Nos alimentamos bem e em seguida saímos do refeitório, eu não fazia idéia de onde eu devia ir, então eu só os segui.


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