Ghosthand escrita por KXD


Capítulo 8
Capítulo 8 - Jogo de gato e rato


Notas iniciais do capítulo

Um rival aparece para Casper



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 Casper respirava ofegante, a poeira dos escombros fazia pequenas nuvens, todos permaneciam abaixados, tensos, uma mão certeira e um olhar afiado vigiava a todos naquele momento, o atirador inimigo esperava calmamente a primeira distração.

      Percebendo a falta de movimentação da tropa, o sargento Preston bradava da janela do edifício recém ocupado ordenando que aquele monte de imprestáveis avançasse, mas não obtinha os resultados desejados, amedrontados pela morte os soldados não se moviam, até mesmo Casper e Hux estavam assustados, era a primeira vez que um atirador inimigo causava terror os dois soldados.

      O “transe” dos dois foi quebrado pela voz de Preston gritando:

- Casper, Huxley eu quero aquele atirador morto agora! Andem seus dois idiotas, não temos o dia todo!

      Casper então se levantou e começou a correr em direção ao edifício onde estava o sargento, Hux tentava acompanha-lo e uma bala zuniu próxima ao seu capacete, ambos então providenciaram cobertura, o tiro partira de um pequeno chateu no fim da rua, o atirador, porém, estava bem escondido.

      O soldado moveu-se cautelosamente, procurando a cada passo algo para proteger-se, mas sem tirar os olhos do chateu, as ruínas da cidade ajudavam o jovem Casper a se aproximar, Huxley relutante o seguia sem o rádio, o equipamento pesado fora deixado com o segundo pelotão, o operador levava apenas seu rifle e um binóculo, em poucos minutos então ambos alcançaram Preston, que gritava nervoso:

 

- Seus dois idotas! Não mandei virem até aqui! Eu quero aquele bastardo morto agora! Temos que tomar essa porcaria de cidade até o fim do dia! Então tirem seus traseiros sujos da minha frente e vão lá matar aquele alemão desgraçado agora mesmo!

- Sim Senhor! Responderam Casper e Hux em uníssono.

 

      Constrangidos os dois soldados deixaram o prédio por uma rua paralela a que o segundo pelotão estava, era impossível naquele momento ver o chateu e, portanto ambos se sentiram mais seguros. Casper apertou o passo e corria buscando um ponto onde pudesse observar seu alvo, Hux o seguia já sem fôlego, a determinação do atirador americano o assustava. De onde ele tirava tanta energia?  Perguntas que Huxley não chegaria a responder.

      A marcha acelerada de Casper foi enfim interrompida ao primeiro sinal do chateu uma bala atingiu o solo em frente a seus pés, o soldado então buscou cobertura e Huxley que vinha logo atrás disse:

 

- Que sorte parceiro, essa ele errou por pouco, mais um passo e eu estaria carregando seu caixão para casa.

- Quieto Hux ele não errou.

- Como não? Você está cego? A bala bateu no chão, ele não é grande coisa, você acaba com isso em dois minutos amigo.

 

      Huxley naquele momento não notou, mas as mãos de Casper tremiam, para ele o tiro no chão foi proposital e convidava-o para um duelo, aquele Kraut bastardo estava jogando com os dois, era um desafio e Casper não tinha outra escolha senão aceita-lo.

      Casper então tomou o binóculo de Hux e observou as janelas do chateu por uma pequena fresta e lá estava o homem que procurava, loiro de olhos azuis cavanhaque bem feito e óculos que lhe dava um ar de respeito e intelectualidade, o chapéu e as divisas no peito não deixavam dúvidas era um atirador inimigo, um homem formidável formado na academia de tiro de Berlim e este acenava para Casper com um debochado sorriso no rosto que dizia “vamos dançar?”.

      Agilmente Casper pegou seu rifle e voltou à janela que observara segundos atrás, mas como um fantasma o homem já não estava lá e uma bala ricocheteou próxima a cabeça de Casper, o americano escondeu-se, sentia medo suas mãos suavam, sua respiração estava acelerada e seu coração batia forte. Huxley enfim percebeu a situação e disse com ar consolador:

 

- Hei parceiro! O que é isso! Não conheço ninguém neste mundo que atire como você Casper! Fique calmo e nos dois vamos acabar com aquele bastardo.

- Não Hux! Desta vez estamos mortos! Ele não é como os outros, é um monstro que nem mesmo eu posso enfrentar! Somos apenas ovelhas e ele é o lobo esperando pra nos devorar, estamos condenados.

 

      Hux vendo o desespero nos olhos de seu companheiro não teve duvidas sobre o que fazer, deu-lhe então um forte tapa no rosto gritando:

 

- Acorde covarde! Não importa se vamos morrer ou não! O sargento nos deu uma ordem e temos que cumpri-la, você quer sair deste inferno com sua medalha no peito ou sobre seu caixão! Idiota, levante-se e vamos!

 

      Casper estava atordoado, Hux nunca reagia daquela maneira, mas graças a ele o soldado pode voltar a pensar racionalmente, se o alemão queria dançar, eles dançariam de acordo com a musica do americano. O jovem pegou seu rifle levantou-se e ignorando os riscos atravessou a rua em direção a um pequeno bar.

      Das janelas daquela pequena espelunca era possível observar a movimentação dentro do chateu, Casper impaciente procurava o seu inimigo, Hux protegido fumava um cigarro.

      Passaram-se horas naquela situação, e anoiteceu. Nada se movia no bar e no chateu até que Casper pode ver algo que parecia um capacete em um das janelas, sem pensar duas vezes pegou seu Springfield e atirou, o capacete caiu do alto do terceiro andar e Huxley saiu animado para ver o que seu amigo tinha acertado.

      O operador de rádio estava a meio caminho da “presa” de Casper quando ouviu um tiro, rapidamente se abrigou e olhou desesperado para trás, Casper não estava mais na janela, Hux então correu em busca de seu amigo, um segundo tiro, e Hux caiu no chão baleado na coxa direita.

      Neste momento Casper retornou a janela em que estava, com o primeiro tiro buscou cobertura e agora ouvindo o segundo decidiu ver o que acontecia, porém o que viu fez seu sangue ferver, caído no chão estava Hux, a escuridão da noite impedia o americano de saber se seu companheiro estava vivo ou não, um terceiro tiro então ecoou na noite.

      Casper caiu no chão com a força do impacto, a bala atingiu o seu braço esquerdo, estava profundamente envergonhado, caíra num truque infantil e por causa dele seu companheiro estava morto, o americano então começou a corar deitado no chão.

      Naquele momento as forças aliadas controlavam quase toda a cidade de Carentan, os alemães batiam em retirada, estavam em menor número e com menos suprimentos que os aliados, era uma batalha perdida.

      Casper então se levantou e viu que Hux ainda estava vivo, mas sangrava muito, ele tinha que tira-lo dali, mas se colocasse o nariz para fora seria um alvo fácil, o atirador então tomou uma arriscada decisão, apoiou seu rifle sobre a janela e rapidamente buscou nas janelas do Chateu seu inimigo, amanhecia naquele momento e os primeiros raios de luz ajudaram o americano a encontrar seu alvo, o alemão estava ali, recostado sobre uma cadeira com o rifle em punho parecendo observar uma outra direção. Casper deslizou o dedo indicador sobre o gatilho e suavemente o puxou, a bala partiu mortal em direção à cabeça do inimigo, mas ao invés de sangue o que se viu foram inúmeros pedaços de vidro despedaçando-se no ar e a imagem retorcida agora num espelho acenou novamente para o americano e sumiu.

      Casper socorreu Hux e os dois feridos foram então atendidos rapidamente, não viram naquele dia que nascia os aliados tomarem a cidade e a comemoração que se seguiu. Casper porém não sentia desta vez a alegria da vitória, em sua mente via apenas aquele sorriso e aquele olhar caçoando dele, o rato fugira das garras do gato.

 


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