Ghosthand escrita por KXD


Capítulo 13
Capítulo 13 - The radio man


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo uma breve história contando as aventuras de Hux no hospital de campanha



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      Vamos voltar alguns dias na história, Hux era carregado por uma dupla de enfermeiros e carregado num caminhão de feridos enquanto gritava:

- Malditos Alemães, Ah! Como dói essa maldita ferida, eu vou morrer, eu vou morrer!

      Timmy naquele momento ria dos delírios causados pela morfina em seu colega de pelotão. Hux estava bem, a bala tinha atravessado a coxa sem comprometer nenhuma artéria, mas Hux não sabia disso.

      O sargento Preston agarrou a mão do operador de rádio e disse-lhe com ar paternal:

- Fique calmo rapaz, acabou de receber seu ferimento de dez mil dólares, vai pra um lugar bem melhor cheio de belas enfermeiras e depois pra casa, você é um rapaz de sorte soldado.

- Mas Sargento eu quero ficar aqui, o Tim pode muito bem cuidar de mim, eu não quero deixar vocês!

- Relaxe soldado, com essa perna ferida não vai poder andar e isso é ruim não é mesmo? Como os Krauts vão acertar esse seu traseiro gordo se você não conseguir levantar? Vai e volte logo soldado, isso é uma ordem!

- Senhor, sim senhor!

      O Caminhão partiu levando Hux, para o hospital de campanha, o ferimento na perna o impossibilitava de permanecer na companhia. Ele provavelmente iria para casa e desfrutaria do seguro de dez mil dólares que todos os soldados feridos recebiam, possivelmente acabaria perdendo tudo numa mesa de pôquer ou em corridas de cavalo, mas iria pra casa. Era o fim da guerra pra ele.

      Ao chegar no Hospital, o médico residente examinou Hux rapidamente e com um grande sorriso disse ao soldado ferido:

- Rapaz, eu tenho duas notícias pra você, uma boa e uma ruim, qual quer ouvir primeiro?

- Fale a verdade Doc. Eu vou morrer não é mesmo? Ou você vai ter que amputar a minha perna?

- Calma meu rapaz, a boa notícia é que você não vai morrer, ou o homem que te acertou é muito bom ou o enfermeiro do seu pelotão é um verdadeiro artista, sua ferida estará curada logo e a má notícia é que por se curar logo você não vai pra casa.

- Bom Doc. O maldito Jerry que me acertou realmente era bom, pelo menos foi o que Casper disse, porque se dependesse do Tim eu certamente já estaria sem as duas pernas.

      O médico então riu com o ar debochado de Hux, que sorria, não só por saber que estava bem e ia viver ou por saber que voltaria pro lado daqueles que considerava irmãos, mas por avistar mesmo que longe uma mecha de cabelos negros e uma pele levemente morena, um par de grandes olhos castanho escuros e um sorriso angelical, tudo isso dentro de um vestido sujo de sangue que deveria ser branco, a enfermeira dos sonhos de todo soldado.

      O médico ainda rindo, agora da expressão comicamente apaixonada de Hux, disse ao soldado:

- Mal chegou e já está de olho nas enfermeiras rapaz!

- Desculpe Doc. Mas é difícil não nota-las principalmente aquela.

- Devo admitir que tenha bom gosto rapaz, aquela é Mary e vem trabalhando comigo desde a América, se eu fosse vinte anos mais jovem com certeza a pediria em casamento.

- Com toda razão Doc. Ela é uma garota rara.

- Vá em frente rapaz, Mary é solteira e como você é o primeiro em muito tempo que vem aqui com nenhuma parte do corpo faltando ou com menos de cinco buracos no corpo talvez tenha alguma chance.

- Obrigado Doc.

      Hux então foi levado para um leito improvisado onde descansava tranqüilo, esperando um momento em que pudesse conversar com a linda enfermeira.

      Passaram-se alguns dias e Hux já podia caminhar livremente, não estava totalmente recuperado, mas já ajudava a cuidar dos feridos no hospital, seja enterrando mortos ou recolhendo e lavando bandagens, o operador de rádio fez grande amizade com dois soldados do segundo batalhão de rangers que haviam sido baleados na tomada da praia de Omaha no dia D, ambos estavam feridos demais para voltar à guerra, mas não para jogar conversa fora e planejar a vida de volta a América.

      Nosso soldado então caminhava mancando pelo hospital, pela manhã ajudava e ao mesmo tempo flertava com a doce enfermeira Mary, que não cedia sequer um centímetro as investidas de Hux, mas era notável o carinho que sentia por ele, pela tarde o soldado ajudava a cavar covas para aqueles que não resistiram e pela noite jogava cartas com os dois rangers. Numa dessas noites conversavam:

- Pois é Hux, ela é uma maravilha, você deveria levá-la para sair, beber algo, dançar.

- Sim Frank, mas eu acho que ela não gosta tanto assim de mim, já tentei de tudo e ela ignora meus sentimentos mesmo assim.

- Acalme-se Hux ela gosta de você, afinal suporta suas declarações à manhã toda e nunca te dispensou, acorde rapaz o amor está no ar e só você não vê.

- Ted, pare de dizer besteiras ao garoto, é obvio que ela gosta dele e temos que ajudar.

- Agradeço mesmo amigos, mas o que podem fazer por mim?

      Os soldados então interromperam o jogo de cartas, pois uma missão muito importante estava em jogo, conquistar o coração da enfermeira Mary.

      Hux como instruído por Frank e Ted conseguiu algumas flores, conseguir é apenas modo de dizer que as flores foram arrancadas do jardim mais próximo, já anoitecia quando os dois rangers feridos começaram a reclamar de dores, atraindo a atenção de Mary que inspecionava os feridos naquele momento, enquanto ela cuidava e trocava as bandagens de Ted, Hux aproximou-se e Frank ligou um pequeno rádio que possuía sintonizando a emissora da marinha que tocava musicas americanas naquela hora, Ted se afastou e a enfermeira virou-se, Hux vestia seu melhor uniforme, mas pendia para o lado devido às dores na ferida, segurava um maço de flores um pouco sujo de terra e sorria para Mary.

      O soldado entregou as flores para a enfermeira, o radio tocava um sucesso romântico na voz de Nat King Cole e Hux disse:

- Mary, eu não sou bom com palavras, mas preciso dizer isso que o meu coração sente e não consigo mais segurar, desde o momento em que te vi quando cheguei aqui ferido me apaixonei por você e desejei mais do que nunca poder fazê-la sorrir, Mary eu posso não ser rico ou mesmo bonito, mas te amo com todas as forças que existem em mim, te amo como o céu ama o mar, como as flores amam a primavera e juro por Deus e tudo que há de mais sagrado que te farei feliz se me conceder ao menos uma dança.

      Ted e Frank riam baixinho, Mary atônita se aproximava do pára-quedista sem jeito, não foram às palavras mais belas que ela já ouvira e nem seriam as piores, pegou Hux pelo braço e ao som de uma música francesa dançaram enquanto a luz da lua penetrava pelas frestas na parede do hospital, até que ela disse:

- Hux, eu também te amo, mas tenho tanto medo que você vá pro front e não volte nunca mais, por isso nunca te dei atenção, me desculpe.

- Mary querida, não se preocupe, com seu amor eu estou protegido, nem mesmo o próprio Hitler conseguiria me atingir.

- Hux eu tenho medo...

      E o soldado interrompeu as palavras da enfermeira com um doce toque em seus lábios e a beijou, tendo somente como testemunha naquele momento, os emocionados Ted e Frank abraçados chorando, a luz da lua e os doces versos de uma música romântica.

      E como se Mary tivesse previsto, Hux fora liberado pelo médico no dia seguinte, juntou suas coisas e partiu sem olhar pra traz, não porque fosse insensível e sim porque se visse Mary antes de partir, talvez não conseguisse voltar pro seu pelotão, repetia em sua mente enquanto subia no jipe e por todo o caminho enquanto se afastava do hospital:

“eu vou voltar Mary”


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado



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