Universo Em Desequilíbrio escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 38
O baile a fantasia




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Quando terminou de vestir sua fantasia, Mônica ficou muito satisfeita com o resultado.

– Nossa, você está linda demais, filhinha! – Luisa falou empolgada e orgulhosa. Ela também tinha projetado os acessórios, que apesar de não serem jóias verdadeiras, eram de muito boa qualidade. Um lindo colar, brincos e uma tiara para completar o conjunto.
– Puxa, ficou bom mesmo!

Quando sua mãe lhe sugeriu que vestisse de princesa, ela decidiu por um vestido que era bem parecido com o que ela tinha usado na peça de Romeu e Julieta. Será que o Cebola ia gostar? Quando ele falou que ia comparecer a festa para desmascarar o DC, ela não deixou de ficar empolgada, ainda que preocupada com a confusão que ia acontecer.

– Então você vai se revelar?
– Ainda não. Eu só não aguento mais esse chato andando pra cima e pra baixo levando os créditos pelo que eu faço. Ele tá ficando insuportável.

Ela acabou concordando.

– E tá mesmo, viu? Agora fica me fazendo ameaça.
– Ameaça? – ele perguntou surpreso.
– É. Se eu não saísse com ele, teria que me virar com a Magali sozinha. Vê se pode?
– Por isso mesmo eu tenho que colocar esse cara no lugar dele!

“Como será que ele vai fazer isso? Só espero que ele consiga entrar na festa. Senão vai dar tudo errado!”

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Aquela fantasia não era exatamente chamativa ou grandiosa, mas servia bem aos seus propósitos. Era simples, discreta e ia ser bem mais fácil quando precisasse trocar de roupa. Mesmo satisfeito, parte dele estava um tanto triste por não ter aceitado a sugestão que Mônica tinha lhe dado. A idéia até que era boa, só não lhe pareceu viável por duas razões simples. Primeiro, porque a fantasia era meio complicada. Segundo, porque ele viu no celular dela uma foto do seu original usando. E se tinha uma coisa que Cebola não queria de jeito nenhum era ser parecido com aquele idiota.

Ainda assim ele se perguntava se não teria sido melhor aceitar a sugestão dela. Que coisa, ela parecia tão empolgada!

– Outra fantasia, é? Por que não se veste de Jack Sparrow?
– Quem? – aquele personagem ele não conhecia.
– O pirata Jack Sparrow, ué!
– Hã... não é Joe Sparrow?

Ela deu uma risada nervosa, esquecendo que naquele mundo, o nome de vários personagens famosos de filmes tinham ficado diferentes.

– É, esse mesmo, do piratas do Caribe!
– Pirata das Bahamas, você quer dizer.
– Ai, que coisa, tô me confundindo toda hoje.

Ele riu e se fez de desentendido. Talvez em outra oportunidade, ele resolva usar aquela fantasia. Naquela noite não. Quando terminou de se vestir, ele deu uma olhada no reflexo e ficou feliz com sua fantasia de ninja. Era até bem apropriado ao que ele queria fazer.

Quando deu a hora de sair, ele pegou o convite e foi até a sala onde uma vizinha assistia televisão junto com sua mãe.

Obligado por ficar aqui hoje a noite, D. Fifi. Eu plometo que não chego muito tarde, tá bom?
– De nada, Cebolinha.

O rapaz saiu rapidamente e tomou um táxi para não se atrasar. No pulso, estava o dispositivo que continha sua roupa de herói mascarado.

– Por que você não usa o nome de Fantasma Vigilante? – Mônica lhe perguntou certa vez.
– Heim? Er... acho que gosto mais de Herói Mascarado. Todo mundo acostumou a me chamar assim. – aquela tinha sido uma forma suave de dizer que ele não ia usar aquele nome ridículo nem morto.

“Fantasma Vigilante? Credo, coisa mais tosca!”

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Chegando na casa da Carmem, Mônica apresentou o convite e foi encaminhada ao salão de festa, que tinha sido decorado com elegância e havia garçons servindo refrigerantes e salgados para os convidados.

– Oi, querida! – uma voz estridente lhe chamou e Mônica viu Carmem vindo na sua direção usando um vestido que mais parecia um grande bolo de noiva. Seus cabelos estavam presos num coque complicado, repleto de presilhas e grampos. Como ela conseguia andar com aquilo na cabeça?
– Oi, Carmem! Que vestido... bonito! – ela falou tentando ser gentil sendo que tinha achado aquela coisa ridícula.
– O seu também tá lindo, fofa! – a outra falou com fingimento, xingando interiormente por Mônica ter tido a idéia parecida com a sua. Pelo menos os vestidos eram bem diferentes, então ninguém poderia dizer que elas tinham se fantasiado da mesma coisa.

Atrás da Carmem, estavam Irene, fantasiada de tirolesa e usando tranças postiças, Maria que tinha se fantasiado de Cleópatra e Isa vestida de Rapunzel, com um grande aplique nos cabelos quase arrastando no chão.

Depois de ter algum trabalho para se esquivar delas, Mônica foi procurar pelas suas amigas e viu Marina vestida de Bela conversando com as outras meninas. Quando elas viram Mônica, correram para cumprimentá-la.

– E aí, gente? Vocês estão lindas, viu?
– Você também, Mô!

Cascuda estava vestida de bruxinha, Keika se vestia a moda japonesa, Aninha de Lolita e Dorinha de colegial japonesa.

Elas tagarelavam alegremente e de vez em quando Mônica olhava ao redor procurando pelo Cebola.

– Tá procurando o DC? – Cascuda perguntou.
– Credo, claro que não! Tô só olhando as outras fantasias. O Jeremias ficou bem bonitão vestido de soldado, viu?
– Ei, pode ir tirando o olho que ele é meu! – Aninha bradou com o rosto vermelho, arrancando risadas das outras.
– Ih, calma! Foi só um elogio.
– Hunf!

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DC acertava os últimos detalhes da sua fantasia e olhou-se no espelho reparando em cada detalhe. Será que ele tinha ficado parecido com o herói? Ele esperava que sim. Ambos tinham a pele clara e a altura parecia ser a mesma, então daria para enganar bem. E se os seguranças fizessem bem seu trabalho, nenhum outro sujeito vestido de herói mascarado ia conseguir entrar naquela festa.

– É isso aí, depois de hoje a Mônica vai correr atrás de mim, só que eu não vou dar bola nenhuma pra ela!

Ele sentou-se na cama, só aguardando o momento da sua entrada triunfal. Aquele dia ia ser inesquecível.

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Com o convite em mãos, Cebola não teve dificuldade nenhuma para entrar. A festa estava bem animada, com a música tocando alto e o pessoal dançando e comendo alegremente. Aqui e ali ele ouvia conversas sobre a aparição do herói mascarado. Quando ele ia aparecer?

Após procurar, ele viu Mônica conversando com as amigas e ficou ali, parado e olhando para ela como um bobalhão.

Calamba! Ela ficou... ficou... linda demais!” a emoção foi tanta que ele acabou trocando as letras até nos pensamentos. Era a fantasia perfeita para ela, que era a sua princesa. E, se tudo desse certo, também ia ser sua primeira dama quando ele se tornasse imperador mundial.

– Por que não chama ela pra dançar? – alguém perguntou do seu lado, fazendo o rapaz pular de susto.
– Iai!
– Calma, sou eu!
– Denise? O que tá fazendo aqui? – ele perguntou surpreso ao vê-la na festa, fantasiada de Harley Quinn.
– Achou mesmo que eu ia roubar um convite só? Até parece! Ai, essa festa tá um luxo que só vendo!
– E a Magali?
– De noite ela não pega no meu pé.
– Então tá, mas toma cuidado que alguém pode te leconhecer!
– Nem você me reconheceu, carequinha.

Além de estar mascarada e com muita maquiagem, Denise também usava aquele chapéu de duas pontas característico da personagem e escondia seus cabelos. Não havia o risco de ninguém reconhecê-la.

– E como você me leconheceu?
– Fácil. Você é o único que tá aí feito mané babando pela Mônica. Hahaha!
– Blé, não enche! E toma cuidado pla não estlagar meu disfarce!
– Claro que não. Ah, olha lá o Xaveco! – ela saiu dali para encontrar seu paquera, deixando Cebola sozinho e sem saber o que fazer. Dançar com a Mônica até que poderia ser uma boa idéia, mas ele não queria fazer aquilo fantasiado de ninja. Ela merecia algo melhor.

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Cebola roía as unhas, tentando abrandar o nervosismo. Como o seu duplo ia convencer a todos de que era o verdadeiro herói mascarado? Será que os outros iam acreditar? E o mais importante: será que ele ia dançar com a Mônica? Ele torcia para que isso não acontecesse. Ia ser demais para seus nervos já em frangalhos.

– Caraca, a festa tá bombando, véi! - Cascão falou empolgado. – E a Cascuda de lá tá uma gata que só vendo!
– Puxa, eu até que ia querer participar dessa festa. – Magali lamentou olhando os salgados que os garçons serviam. Será que a comida do outro mundo era tão boa quanto a do mundo original?
– Pois é. Aposto que todo mundo ia morrer sufocado se meu duplo ficasse no salão. Argh!

Xabéu olhou para Cebola, que estava muito silencioso, e falou.

– Nossa, a Mônica está tão bonita!
– É... – Ele falou não muito empolgado.
– O que foi? Você está tão calado...

Cascão acabou falando demais.

– Ele tá bolado por causa do duplo dele que também tá na festa.
– Cascão, não fala besteira!
– Hahaha, você tá quase se matando de ciúme aí, careca! Eu heim, quanta insegurança! A Mônica gosta é de você, rapaz!
– Gostei de ver, Cascão! – Zé Luis cumprimentou. – Você está se mostrando muito tranqüilo apesar do duplo da Cascuda estar dançando com o filho do sorveteiro.
COMO É QUE É O NEGÓCIO? AHHHHHH!

Ele começou a pular de raiva, irritado por ver aquele bobalhão se derretendo todo diante do duplo da SUA namorada. Aquilo era muita avacalhação para o seu gosto.

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Como não queria ser visto naquela fantasia boba e pobre, Cebola foi circulando aqui e ali tentando não chamar a atenção de ninguém. Será que o DC ia demorar muito? Ele estava ansioso para acabar com aquela farsa. E saber que ele tinha ameaçado a Mônica só fez com que sua vontade de desmascará-lo aumentasse ainda mais.

De repente, a música parou e as luzes apagaram, sobrando apenas um holofote iluminando a entrada do salão. As portas se abriram de uma vez e todos puderam ver um rapaz muito elegante entrando de queixo erguido. A comoção foi geral. Aplausos, assovios, muita gritaria e as garotas estavam a beira do desmaio.

– Lindo!
– Maravilhoso!
– Ai, que gato!
– Meu herói!

DC entrou se sentindo o dono do mundo, feliz ao ver seu plano dando certo. Carmem veio em sua direção e ele estendeu o braço com galanteria, torcendo para que Mônica estivesse vendo aquilo e se contorcendo de raiva, arrependida por tê-lo dispensado. Já Carmem se sentia uma verdadeira rainha, a garota mais sortuda da escola por ter sido escolhida pelo famoso herói mascarado, que tinha enfrentado a gangue da Magali e afastado o temido Tonhão da rua de baixo daquela escola.

– Atenção, meus amigos e convidados! – ela falou alto quando se fez um pouco de silêncio. – E com vocês, o nosso herói mascarado!

Todos aplaudiram mais uma vez e uma música imponente começou a tocar como uma espécie de trilha sonora para aquele grande personagem. Mônica acompanhava tudo de braços cruzados e com a pior cara possível. Será que aquela cara de pau não rachava nunca? Como ele podia mentir tão descaradamente? E onde estava o Cebola que não aparecia? Será que não tinha conseguido entrar na festa? Várias perguntas fervilhavam em sua cabeça enquanto os outros cercavam DC o enchendo de cumprimentos.

Então algo aconteceu. A música parou de repente e o holofote que antes iluminava DC e Carmem foi dirigido para outro ponto do salão, uma grande janela onde tinha alguém sentado em seu pára-peito.

– Hahahaha! Mas que piada infame nós temos aqui! – O estranho falou rindo de forma cínica e batendo palmas num tom de claro deboche. – Isso é uma festa a fantasia ou um circo?



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