Universo Em Desequilíbrio escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 30
A briga teatral




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Todos voltaram suas atenções ao herói misterioso, se perguntando como ele tinha entrado ali sem ser notado.

- Muito bem, seu safado! Desce daí e vem brigar como homem! Senão eu quebro o nariz da burguesinha aqui!
- Tire as mãos dela, Magali. Isso é entre você e eu!

Ele desceu agilmente se segurando em uma das cordas e aterrissou no palco. Sem pensar duas vezes, Magali e seu grupo subiu para cercá-lo. A porta estava trancada e não tinha como aquele idiota fugir dela.

- Agora você não escapa. Tonhão, manda ver!
- Grrrr! – o brutamontes investiu para cima do Cebola, que usou um fio jogado no chão para enrolar os pés dele, fazendo-o cair no chão. Cascão, Titi e Franja foram os próximos e Mônica ficou apavorada ao ver Cebola cercado pelos três. O que fazer?

Se quisesse, ela poderia dar um jeito neles com apenas uma das mãos. Mas se fizesse isso, acabaria se tornando a nova brigona da escola. Não, ela não podia mais ser daquele jeito, não queria brigar e nem bater em ninguém. Tinha que ter outra forma de resolver aquilo.

Uma idéia lhe ocorreu e ela tirou o celular do bolso. Se conseguisse telefonar para alguém de fora e pedir ajuda, aquele problema seria resolvido de forma pacífica.

- Ah, não, garota! – Denise falou segurando seu braço e pegando o celular.
- Me devolve agora mesmo!
- Você quer? Então vem pegar!

Mônica correu atrás de Denise, que se desviava dos alunos e saltava os bancos do teatro agilmente. Quem podia imaginar que aquela ruiva era tão ágil? Já aflita com toda aquela situação, ela pediu aos outros alunos.

- Gente, alguém liga pra pedir ajuda!

Magali ouviu aquilo e bradou para todos.

- Quem fizer isso, vai apanhar feio! Eu tô avisando, não quero saber de ninguém fazendo gracinha!  

A ameaça foi o suficiente para deixar todos morrendo de medo. De volta ao palco, Cebola estava com dificuldade para se desviar dos golpes de Cascão, Titi e Franja. Tonhão se recuperou do tombo e também foi para cima dele, que desviou agilmente e agarrou a corda que estava pendurada no palco, amarrada a um saco de areia. Ele usou a corda para amarrar Franja e Titi, tentando imobilizá-los ainda que por um tempo.

- Ei, tira a gente daqui! – Titi e Franja gritaram tentando desenrolar da corda e os dois caíram no chão se debatendo feito malucos. Tonhão tentou ir para cima dele mais uma vez e levou um golpe de bengala nas pernas, fazendo-o ajoelhar de dor.

- Ei, cuidado! – Ele ouviu Mônica gritando e logo em seguida algo duro atingiu suas costas, fazendo-o cair no chão. Com muita dificuldade, ele olhou para cima e viu Cascão segurando sua inseparável barra de ferro.
- Mandou bem, cara! Agora eu vou dar uma boa lição nesse Zé ruela! – Magali falou desenrolando a corrente da cintura e se preparando para dar uma surra no Cebola, que se contorcia de dor.

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Cebola suava frio, Cascão já nem tinha mais unhas para roer e Magali tremia de medo e vergonha ao ver seu duplo agindo com tanta violência.

- Droga, por que a Mônica não dá logo uma surra nela? – ela falou e todos a olharam surpresos.
- O Magá, você quer mesmo ver seu duplo apanhando? – Cascão perguntou coçando a cabeça.
- E tem outro jeito? aquela ali só vai consertar se a Mônica der umas bifas nela!

Eles voltaram a olhar a tela, ansiosos e apreensivos. Se a identidade do herói fosse descoberta, as coisas podiam sair do controle naquela escola.

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Titi, Tonhão e Franja tinham se levantado e cercaram Cebola, que estava caído no chão tentando se recompor.

- Segurem ele que eu quero tirar essa máscara! – Ela ordenou e dois rapazes seguraram Cebola pelos braços.
- Sua... sua... nojenta! Você não vai se safar dessa! – Cebola bradava furioso tentando se soltar.
- Hahaha, eu já safei! Agora vamos ver quem é você de verdade.

Quando ela abaixou-se para tirar a máscara do Cebola, alguém a empurrou para o lado, jogando-a no chão.

- Sua covarde! Por que não encara alguém do seu tamanho? – Mônica falou zangada. Magali levantou-se num pulo só e partiu para cima da outra mais furiosa do que nunca.
- Você vai ver uma coisa, sua vagabunda!

Elas rolaram no chão, com Magali dando socos e tapas na cara da Mônica, enquanto a moça tentava se defender sem machucar o duplo da sua melhor amiga.

- Mônica! Não! Deixa ela em paz, sua desgraçada! Vem brigar comigo! – Cebola gritou colérico, sentindo o sangue subir a cabeça.

Magali segurou Mônica pelo pescoço e falou olhando para ele com ar de deboche.

- Você gosta da burguesinha, é? Que tal eu fazer uma marquinha na cara dela? – ela tirou um pequeno estilete do bolso e falou olhando para Mônica com sadismo. – Agora você vai aprender a nunca mais me enfrentar, sua vadia!

Por um instante, Mônica ficou paralisada e sem reação. Aquele era mesmo o duplo da sua melhor amiga? Da meiga e doce Magali que nunca faria mal a uma mosca? Não, aquilo não podia ser verdade, aquela delinqüente que estava em cima dela prestes a cortar seu rosto jamais poderia ser o duplo da Magali, nunca!

Ao ver Mônica correndo perigo, com Magali quase cortando seu rosto e lhe deixando uma marca permanente, Cebola tirou forças sabe-se lá de onde e se soltou de Tonhão e Titi, jogando-os no chão. Ele recuperou sua bengala rapidamente e partiu para cima da Magali lhe dando um forte golpe que deixou a moça meio tonta, fazendo-a cair do lado.

- Você está bem? – Ele perguntou ajudando Mônica a se levantar.
- Estou.

Magali se recompôs rapidamente e o olhou com mais raiva ainda.

- Você vai arrepender disso, ah se vai!
- Pode vir que eu não tenho medo!
- Peguem ele, galera!
- Por que está mandando seu bando? Vem brigar sozinha, só você e eu! A gente vai resolver isso agora! O que foi, não consegue encarar suas brigas sozinha? Tem que se esconder atrás do seu grupinho?

Um murmúrio percorreu a platéia e logo todos começaram a apoiar o herói.

- Acaba com ela!
- Vamos lá, você consegue!
- Você é demais!

Ver os outros alunos apoiando tanto aquele sujeito fez com que ela ficasse furiosa. No entanto, ela sabia que não ia conseguir encará-lo sozinha. Além de forte, ele também era ágil e habilidoso. E mandar seu bando ir para cima dele também ia desmoralizá-la ainda mais. Que espécie de valentona era ela que não encarava suas brigas sozinha?

- O que está acontecendo aqui? Que bagunça é essa? – um voz falou e todos olharam para a porta de entrada, vendo a diretora entrando sendo seguida por alguns seguranças. Cebola aproveitou aquele momento de distração geral e bateu em retirada, se escondendo atrás das cortinas.
- Atrás dele! – Magali ordenou, sendo obedecida pelos rapazes. Mas Cebola foi mais rápido e conseguiu trocar de roupa. Depois ele foi se esgueirando aqui e ali até se misturar com os outros alunos que não notaram sua presença.

Magali bufou de raiva ao ver que aquele sujeito tinha escapado de novo.

- Você tá bem, Mô? – Marina perguntou cercando-a junto com as outras garotas. Seu olho estava começando a ficar roxo e as garotas a levaram rapidamente para a enfermaria para aplicar gelo.

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- Quem bateu na minha filha? Eu exijo explicações agora ou vou processar esse colégio! – Souza falou quase gritando enquanto a diretora tentava acalmá-lo.
- Não se preocupe, senhor! A aluna responsável pela briga será punida de forma exemplar!
- Eu não sabia que vocês matriculavam delinqüentes nesse colégio, que decepção! – Luisa falou também escandalizada por sua filha ter apanhado daquele jeito.

A diretora tentava acalmar aqueles dois a todo custo. Que dia terrível aquele! Primeiro ela teve que falar com os pais de Magali, que foi suspensa por uma semana inteira juntamente com os outros membros da sua gangue. Depois teria que acalmar aqueles dois pais raivosos antes que eles processassem o colégio!

- Se essa garota encostar a mão na nossa filha outra vez, eu não respondo pelos meus atos! – Souza ameaçou antes de eles irem embora. Do lado de fora, Mônica os esperava com um saco de gelo contra o rosto. Como ela era muito forte, sua pele não ficava com hematomas tão facilmente.

Eles foram para casa e ela não falou nada no meio do caminho. Era como se ela estivesse em choque, custando a acreditar no que tinha acontecido. Ela não estava chocada somente com Magali, também estava com Titi, Franja, Denise e Cascão. Não, aqueles não eram seus amigos, não podiam ser eles!

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Chegando em casa, Cebola ignorou as reclamações de sua mãe pelo seu atraso e tratou logo de preparar um almoço. Enquanto cozinhava, ele relembrava de como tinha enfrentado a gangue da Magali e dado um bom cascudo em sua inimiga. Ele se sentia forte, poderoso e vivo como nunca tinha sentido antes após salvar Mônica e mostrar para ela e para todos que ele não era nenhum fracote covarde.

“Agora ela está vendo que eu não sou nenhum fraco! Eu posso cuidar de mim e dela também, sei que posso! Agora ninguém me segura! Hahaha!”

- O que é isso? Já falei que não quero comer essas porcarias! Alface é pra cabrito! – a mulher reclamou e Cebola apenas disse.
- A comida está bem aí na sua frente e tem tudo o que você precisa. Se quiser, come. Se não quiser, não come. Eu vou pro meu quarto.
- Mas eu não gosto dessas coisas! Quero macarronada com almôndega!
- Então levanta daí e vai fazer a senhora mesma, porque eu não vou cozinhar de novo.

D. Cebola ainda xingou muito até se conformar e acabar comendo o que estava a sua frente. Por mais que não gostasse daquela comida, levantar para cozinhar ela mesma lhe pareceu pior do que comer o que seu filho tinha lhe feito.

“Hum... parece que ela ficou meio desmoralizada quando não quis brigar comigo sozinha.” Ele pensou enquanto relembrava os detalhes daquela briga. Aquela era também uma forma de desfazer a gangue dela. Se a líder perdesse a moral, os outros acabariam batendo em retirada. Ainda assim ele decidiu manter-se no plano de separá-los. Só faltava saber quem ia sair primeiro e ele logo pensou na Denise por ser a mais fraca de todos.

“Como a Mônica tá agora? Nossa, ela ficou tão bolada!” ele entendeu porque ela não tinha reagido, já que não queria bater nos duplos dos seus amigos. Mas ela preciasva entender que aqueles não eram seus amigos originais, do contrário iria apanhar deles no futuro. “Vou conversar com ela mais a noite.”

Outra questão também o incomodava. Porque Magali tinha puxado briga com a Mônica daquele jeito? Pelo que ele ouviu, a valentona tinha brigado porque Mônica não conseguiu tocar o piano, mas aquilo não fazia sentido algum. Desde quando Magali fazia questão de ouvir música clássica? Não, havia alguma coisa de muito errada por ali e ele decidiu que ia investigar melhor no dia seguinte.

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DC tentava em vão convencer seus amigos de que ele não era o herói mascarado, mas ninguém acreditava.

- O Licurgo te prendeu depois da aula por causa da redação? Tá bom que eu acredito! – Nimbus falou dando risadas.
- Cara, eu adorei quando você sentou a bengala na cara da Magali! – Xaveco falou também empolgado.
(Tikara) – Foi demais, viram só a cara dela!
(Luca) – Hahaha, tomara que ele bata de novo!
- Tomara que não! – Quim falou visivelmente contrariado. Todos o olharam em silêncio e ele continuou. – DC, você não devia ter golpeado a Magali daquele jeito!
- Mas não fui eu, caramba!
(Jeremias) – Ô Quim, desencana dessa garota rapaz! Ela não é mais a Magali boazinha de antigamente não!
(Quim) – Eu sei, mas não queria ver ela apanhando de ninguém!
(Xaveco) – Ah, tá! Mas ela sair por aí batendo em todo mundo pode, né?
(Ninbus) – Você fala assim porque ela nunca mexeu com você, cara! Mas a galera toda tá de saco cheio dela ficar botando terror na escola toda!

Quim desistiu de tentar argumentar. Todos ali tinham muita raiva da Magali para entender seu lado. Ele também não concordava com o que ela fazia, mas compreendia que ela teve uma infância difícil por causa do maldito Cebola. Tudo culpa dele!

Ele ainda se lembrava de vê-la chorando naquele dia. Nenhum doce, biscoito ou bomba de chocolate foram capazes de consolá-la.

- O que o Cebola te fez, Magali? Conta que eu vou lá quebrar a cara dele!

Só depois de comer dois pedaços de bolo, alguns biscoitos e uma bandeja de suspiros é que ela conseguiu se acalmar e finalmente contar o que tinha acontecido.


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