Universo Em Desequilíbrio escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 12
Conhecendo a nova turma




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Sem que nem mesmo Astronauta soubesse como, Paradoxo foi sintonizando a tela para mostrar cada um dos membros da turma para que eles pudessem ver como eles tinham ficado naquele universo paralelo. O primeiro deles foi o Franja e mais uma vez eles se surpreenderam com a aparência do rapaz, que não tinha nada a ver com o original.

Ao retornar da loja de componentes eletrônicos, ele a viu em uma lanchonete conversando com Cascuda e Keika. Sem ser notado, Franja ficou olhando para ela demoradamente, esquecendo-se de que tinha um trabalho da Magali para fazer em seu laboratório. Aquilo podia esperar.

“Eu bem que poderia... não, não poderia! Melhor eu ir embora!” sua cabeça queria ir embora, mas o coração insistia em ficar ali olhando para ela e aqueles cabelos castanhos que o hipnotizavam. Várias vezes ele se imaginava afagando aqueles cachos e sentindo seu perfume. Que cheiro teria? Ele nunca teve a chance de sentir.

Quando ele ainda fazia parte da turma do Cebola, andar com aqueles garotos lhe ajudava a ter alguma autoconfiança para pedi-la em namoro apesar das recusas constantes. Mas quando Cebola fora desbancado pela Magali, tudo mudou. A turma se desfez e ele acabou sozinho, sendo apenas um nerd bobo e com poucas habilidades sociais. Se não fosse pela gangue, ele estaria totalmente isolado.

Ironicamente, Franja sabia que era por andar com Magali e seu grupo que Marina não lhe permitia nenhuma aproximação. Se pudesse, ele pararia de andar com aqueles delinqüentes. Mas não podia. Se saísse da turma dela, ia acabar sozinho, sem amigos e ainda perseguido por ela e pelos outros valentões.

Se pudesse voltar atrás, teria feito tudo diferente.

Flash back

Dois garotos jogaram seus livros e cadernos no chão, rindo da sua cara de pânico.

– Ih, o cara é um boboca mesmo!
– Ô seu nerd, por que não inventa alguma coisa pra fazer a gente parar, heim? Hahaha!

Sua boca tentou articular uma resposta e parou no meio do caminho. Como reunir coragem para enfrentar aqueles valentões? Foi quando ela apareceu.

– Ralar peito, cambada!
– Você não manda na gente... – um deles falou hesitante, como uma tentativa desesperada de pelo menos não demonstrar que não estava com medo de uma menina.
– Vão sair numa boa ou vou ter que dar porrada nos dois? – eles olharam e viram Tonhão atrás dela com aquela cara ruim de sempre.

Ela não teve que falar duas vezes e os dois garotos saíram correndo dali. Franja ficou ao mesmo tempo agradecido e confuso. Por que aquela valentona o estava ajudando?

– V-valeu, m-mas...
– Isso não vai sair de graça não, tá ligado?

Sem responder nada, ele procurou nos bolsos pelo dinheiro do lanche.

– Seu mané! Eu não tô falando disso. Seguinte: tem um projeto de ciências que eu preciso fazer pra não bombar esse ano.
– E você quer que eu faça esse trabalho?
– E que saia muito bem feito, ouviu? Eu preciso dessa nota pra passar!
– T-ta b-bom.

Fim flash back

Aquilo foi só o começo. Ao ver que os trabalhos feitos pelo Franja estavam lhe rendendo boas notas, Magali decidiu deixá-lo andar com sua turma. Assim ele estaria protegido contra os outros valentões e pagava essa proteção fazendo seus deveres de casa, trabalhos escolares e até lhe ajudando a colar nas provas. Assim ele ficara livre dos valentões, mas também tinha perdido quaisquer chances de ter alguma coisa com a Marina já que ela evitava qualquer um que andasse com a Magali.

O rapaz decidiu sair dali sentindo-se triste e desanimado, imaginando que aquilo não tinha mais conserto. Naquele dia ele tinha ficado feliz por se livrar dos dois valentões, mas com o tempo ele chegou à conclusão de que ser defendido pela Magali acabou sendo muito pior do que apanhar deles. O preço pela sua proteção estava sendo alto demais.

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– Vai, Jerê! Acaba com eles! Uhuuu! – Aninha pulava e torcia para o seu namorado que dava grandes dribles e passes. As outras garotas também pulavam e gritavam sacudindo seus pompons. Aquele jogo era apenas um treino, mas elas queriam estar sempre em forma.

Titi olhava sua ex-namorada saltando com aquela saia curta e mostrando seu belo par de pernas. Jeremias parecia não se importar com aquilo nem um pouco. Ele observava o treino de longe sem ser visto e sem chegar muito perto. Só assim para se manter no controle sem armar um barraco com Aninha e depois sair no muque com Jeremias.

Denise estava mais perto da quadra, acenando e mandando beijos para o Xaveco. Que humilhação! O relacionamento deles era aberto. Apesar de serem namorados, ambos podiam dar suas escapadas de vez em quando. Ele até gostava disso, de poder sair com outras meninas sem cobranças e sem cenas de ciúmes por parte da Denise. O que ele não gostava era ela ter esse mesmo direito. Em sua cabeça, homem podia, mas mulher não porque era “diferente”. Mesmo não gostando, ele não falava nada porque não era louco de arrumar briga com uma amiga de Magali.

“Que merda! Por que a Aninha foi terminar comigo? Bah, tudo culpa dela!” o namoro dos dois já não estava bom. Ele gostava de flertar com outras garotas e ela não aceitava isso. Que injustiça! Ele era homem, tinha a necessidade de variar de vez em quando e isso não mudava o fato de que ele gostava era dela. Não, ela não aceitava isso, vivia dizendo que não ia se sujeitar a dividi-lo com outras garotas porque não tinha nascido para viver num harém.

Certo dia, ela estava conversando com um colega de classe e ele não gostou nem um pouco da cena e acabou armando um escândalo.

– Não grita comigo, seu estúpido! Quem você pensa que é?
– Sou seu namorado e grito o quanto quiser!
– E daí que você é meu namorado? Nem meu pai grita comigo desse jeito e não é um idiota como você que vai gritar!
– Já disse que não quero você conversando com ninguém!
– Eu converso com quem eu quiser e você não tem nada a ver com isso! E quer saber? Vai catar coquinho, ouviu?

Ao ver que ela estava indo embora, ele se irritou. Era ele quem deveria dar a última palavra, não ela. Por isso, ele a agarrou pelo braço para lhe falar umas poucas e boas. Só que ele acabou apertando forte demais, fazendo com que ela gritasse. Com isso, Jeremias entrou na discussão.

– Qual é o seu problema, cara? Não sabe respeitar sua namorada não?
– Fica fora dessa, seu Mané!
– Não fico não! Você tá machucando a Aninha desse jeito.
– É minha namorada, faço o que eu quiser. – um chute foi desferido em sua canela, fazendo com que ele soltasse o braço dela.
– Seu cachorro, pensa que eu vou apanhar calada de você?
– Agora você vai ver uma coisa.
– Ela vai ver o quê? Se tá a fim de brigar, então vai brigar comigo!

E eles brigaram. Trocaram socos, chutes e rolaram no chão feito loucos. Várias pessoas foram necessárias para separar aquela briga. Enquanto muitos o seguravam, Aninha ajudava Jeremias a se levantar e parecia preocupada com os ferimentos deles.

– O que pensa que tá fazendo? Você é minha namorada!
– EX-namorada, seu tosco! Não fala comigo nunca mais, ouviu? – depois de falar aquilo, ela foi embora com Jeremias para tratar os ferimentos dele. Dali para o namoro levou pouco mais de uma semana e eles estavam juntos desde então. E tudo parecia perfeito entre eles.

Enquanto Jeremias era o capitão do time de futebol, Aninha era a líder de torcida. Todos achavam que eles eram uma espécie de casal modelo e as garotas viviam falando o quanto ele era atencioso, carinhoso, presente e educado. Ele mesmo ouviu Aninha falando certa vez que Jeremias era muito diferente dele porque não vivia dando de cima de toda garota que aparecia em sua frente. Aquilo só o deixou mais irritado e com uma vontade enorme de pegar Jeremias em alguma esquina no meio da noite.

“Hunf! Nem sei porque ainda esquento a cabeça com aquela vadia! Tem garota muito mais bonita do que ela dando mole pra mim!” ao ver que Denise já tinha arranjado algo para ocupar seu tempo, ele decidiu fazer a mesma coisa. Pelo menos aquilo o ajudaria a esquecer Aninha por enquanto.

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Quando Xaveco saiu do banheiro após tomar uma chuveirada, Denise o estava esperando.

– Pronto, gato?
– Pronto...
– O que foi?
– Sei lá, e o Titi?

Ela deu de ombros e falou como se aquilo não tivesse nada de mais.

– Ah, deve estar ficando com alguma garota por aí.
– E você não importa?
– Eu tô fazendo a mesma coisa, não tô? Ninguém é de ninguém, gato.

O rapaz fez um muxoxo.

– Eu ainda acho isso meio estranho... por que você não larga esse cara e fica comigo de uma vez?

Denise ficou meio sem jeito. Até que seria bom poder ser como uma garota normal, ter um bom rapaz como namorado, poder usar roupas bonitas e passear no shopping. Não... aquilo não era possível.

Se terminasse com Titi, ele acabaria saindo da gangue e Magali acabaria ficando furiosa, já que o rapaz sempre trazia bons produtos roubados dos carros. Em parte, era por causa dela que Titi permanecia na turma. Como não tinha coragem de dizer a verdade e se passar por fraca, Denise deu aquele sorriso maroto e falou.

– Deixa disso e vamos aproveitar a tarde! Não fica encucado com essas coisas não, tá?

Por fim ele concordou. Seu único consolo era saber que Denise não ficava com mais nenhum outro rapaz além dele e do seu namorado. Era por isso que ele ainda tinha a esperança de que um dia ela ia largar o Titi para ficar com ele.

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Quim respirou fundo ao tirar os biscoitos do forno. Eram de chocolate com nozes, um dos produtos mais vendidos da padaria.

– Filho, terminastes de fazer os biscoitos?
– Estão prontos, pai. Pode levar lá pro balcão.
– Hum... os clientes vão adorar!

Seu Quinzão levou os biscoitos e Quim continuou seu trabalho na cozinha. Sentir o cheiro daqueles biscoitos acabou fazendo com que ele pensasse na Magali. Será que ela ia gostar daquelas guloseimas?

“Será que ela ainda gosta de comer?” ele pensou consigo mesmo enrolando uma massa para pão. “Puxa, ela adorava os sonhos que eu fazia. E as marta-rochas... e os suspiros... ela adorava tudo! Que saudade...”

Ele suspirou lembrando dos bons momentos, quando eles ainda namoravam. Naquela época ela era uma menina doce e meiga, embora muito gulosa. Mas isso era contornável. O que mudou?

“Claro, tudo culpa do Cebola. Que raiva!” suas mãos apertaram a massa com força ao lembrar de como aquele careca sempre implicava com ela na infância. Os outros garotos também, mas eles apenas seguiam a cabeça daquele cinco fios. Era Cebola quem pegava mais pesado com ela. Sempre que podia, Quim defendia a namorada e colocava os garotos para correr, mas ele não podia ficar ao lado dela o tempo inteiro e sempre ficava triste ao vê-la sofrer com as travessuras do Cebola.

Então alguma coisa mudou. Nem ele nem ninguém sabia dizer direito o que aconteceu. Um dia ela foi para cima do Cebola, fez um estrago na testa dele e virou a nova dona da rua. Semanas depois, ela terminou o namoro com ele. Que dia triste!
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– Por que? O que foi que eu fiz? – ele perguntou inconformado. – Os biscoitos não tavam bons? Se quiser, te trago mais!
– Eu não quero biscoitos, viu? Não quero mais ser sua namorada e pronto, acabou!

Não adiantou pedir, ela manteve-se irredutível. O namoro terminou e ela começou a andar com más companhias e aos poucos foi se tornando uma delinqüente desordeira. Quim tentou de tudo para reconquistá-la, oferecendo as melhores guloseimas da padaria e até passou a se exercitar mais para emagrecer achando que seu excesso de peso foi a razão pelo fim do namoro.

Nada pareceu funcionar. Ela sempre rejeitava suas aproximações e nunca lhe falou por que tinha terminado o namoro.

Ele ainda se exercitava e até tinha conseguido um bom resultado apesar de não ter ficado magro e musculoso como queria. Pelo menos sua barriga estava bem menor, ele não se cansava tanto e até conseguia jogar futebol com os rapazes. Mas nada do que ele fazia parecia chamar a atenção dela.

– O que estás fazendo? daqui a pouco os clientes vão pedir pelo pão! – Seu Quinzão falou chamando o filho para a realidade. Quim não respondeu nada e continuou trabalhando, tentando tirar Magali da cabeça.

Afinal, ela não era mais a garota doce e meiga que ele adorava, então por que continuar suspirando por ela? Não adiantava. Por mais que tentasse, não havia como esquecê-la. Se ela largasse aquela vida e quisesse voltar, ele não ia pensar duas vezes.

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“Essa ficou demais!” ele pensou após concluir mais um trabalho de pichação. Era sempre preciso demarcar o território da sua gangue. Magali fazia questão daquilo apesar de eles não terem nenhuma gangue rival naquele bairro.

Cascão estava em cima de uma marquise e de lá viu alguns rapazes andando na rua. Eram do time de futebol do colégio e um dia foram seus amigos também. Algumas garotas iam com ele e Cascuda estava entre elas, deixando-o com o coração apertado.

Desde que entrou para a gangue da Magali, ele foi aos poucos perdendo as coisas de que mais gostava, a começar pela Cascuda que não agüentou sua falta de higiene e nem vê-lo andando com os delinqüentes do bairro. Depois de um tempo, nem no time de futebol ele pode entrar mais. Quando corria, ele exalava um cheiro que até fazia com que todos ao seu redor desmaiassem. Além do mais, eles não queriam nada com quem fosse da gangue da Magali porque eles eram muito encrenqueiros.

Várias vezes ele pensou em largar tudo aquilo e voltar a fazer as coisas de que gostava. Então batia o medo e o desânimo. Para sair da gangue ele teria que enfrentar Magali e Tonhão. E mesmo que tivesse condições de enfrentar aqueles dois, Cascão não sabia se realmente queria deixá-los. Apesar de tudo, eles não implicavam com sua roupa, seu cheiro e nem seus hábitos. Não exigiam que tomasse banho e nem que andasse bem arrumado. Eles o aceitavam tal como ele era, embora Denise reclamasse do seu cheiro de vez em quando.

“Puxa... eu bem que queria mudar de vida. Cara, isso aqui tá ruim demais!” no fundo, ele gostaria de ser como os outros rapazes. Andar limpo, bem vestido e com roupas melhores do que aqueles mulambos que ele vestia. O problema era que ele não sentia ânimo para nada. Antigamente ele era até mais animado, mas desde que o Cebola perdeu a posição de dono da rua para Magali, seu amigo tinha virado uma criatura medrosa e covarde. Sem Cebola para lhe dar apoio e empurrar para frente, Cascão também acabou empacando na vida. Por mais que não gostasse, ele sabia que se saísse daquele grupo teria que mudar muitas coisas na sua vida para ser aceito pelas outras pessoas e ele simplesmente não tinha força nenhuma para mudar. Uma espécie de depressão tinha tomado conta do rapaz de tal forma que o fazia ficar parado no mesmo lugar sem reagir.

Se ao menos ele tivesse o seu melhor amigo para lhe apoiar! Não, ele não tinha. Quando Cebola levou aquela surra da Magali, ninguém mais conseguiu respeitá-lo e ele acabou se tornando um covarde, sendo sempre perseguido por ela. Então ele foi se apagando cada vez mais até se tornar uma mera sombra. Cebola tinha se tornado um medroso e sem ele para lhe apoiar, Cascão se tornou um rapaz desanimado e depressivo, sem coragem para mudar de vida e tentar algo melhor.

O grupo tinha virado a esquina e ele os perdeu de vista. Tudo bem. Seus sonhos também tinham sido perdidos de vista e ele não se importava com mais nada.

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– Ai, olha só esse remédio! Parece muito bom!

Isa pegou o frasco e leu cuidadosamente. Aquele remédio prometia absorver as gorduras dos alimentos e dar saciedade, tudo o que elas precisavam.

– Maria, eu vou comprar esse!
– Eu também! Já pensou? Agora a gente não vai ficar com fome!
– Não mesmo. Melhor a gente ir encontrar com a Carmen e a Irene. Elas já devem ter acabado de provar as roupas.
– Duvido muito. Hahaha!

Ela estava certa. As duas não conseguiam se decidir qual roupa comprar.

– Ai, Irene! Essa saia é linda e vai combinar com os sapatos novos, mas essa calça é tão estilosa! Eu não consigo decidir!
– Nem eu, amiga! É cada blusa linda!
(Maria) – Que coisa, vocês ainda não terminaram?
(Carmen) – Não tem como ir mais depressa, estamos em conflito total!

Ela virou os olhos.

(Isa) – Carmen, você já pediu o motociclo pro seu pai?
– Pedi, mas ele acha que eu sou muito nova e delicada para andar de moto. Ai, que dor! Por que aquela sonsa pode ter uma moto e eu não?
(Irene) – Porque aparentemente os pais dela não são tão chatos. Aqui, vocês já viram a casa dela? Que luxo! Parece ser toda moderna e ouvi falar que o andar de cima só tem dois quartos, o dela e o dos pais dela.

Todas arregalaram os olhos.

– É mesmo?
– Pois é. Bom, eu nunca fui a casa dela né, mas passei lá perto. Parece que o quarto dela é tipo uma cobertura de apartamento, sabe? Deve ser um luxo que só vendo!

Carmen se contorcia de curiosidade para conhecer o quarto da Mônica. Maria e Isa também não se agüentavam. O problema era que Mônica não parecia interessada em entrar para sua panelinha, preferindo andar com a ralé do colégio, coisa que Carmem não aceitava de jeito nenhum.

– Já vi que aquela ali deve ter mal gosto. – ela falou com desdém. – ao invés de andar com a elite, prefere ficar com aqueles mortos de fome da Marina e o resto da turminha dela!

Maria também soltou o seu veneno.

– Vocês sabiam que ela é amiga até do Xaveco? Ai, que pobreza!

Isa não deixou por menos.

– Pior é ela ficar dando uma de boazinha com o cobaia do Cebola! Daqui a pouco aquele ali vai achar que é gente!
– Ih, se depender da Magali isso não vai acontecer nunca. – Irene procurou tranqüilizá-las. – Não adianta nada uma pessoa tratar bem sendo que o resto pisa sem dó.

Elas concordaram e Irene continuou.

– Agora, vocês repararam que o DC tá arrastando a asa pra ela?

Seu objetivo era provocar um pouco a Carmem e ela tinha conseguido. Suas mãos apertaram com força a calça que ela segurava.

– Grrrr! Que ódio! Além de não querer andar com a gente e mostrar sua casa chiquérrima, ela ainda tá roubando o MEU bofe!

As três riram e Maria falou.

– Seu bofe? Realiza, Carmem! O DC nem olha pro seu lado!
– É porque ele adora contrariar, esqueceram? Quando ele fala que não gosta de algo, é porque gosta! Então, se ele diz que não quer nada comigo, podem acreditar que ele sonha comigo todas as noites e fica andando com aquela bobalhona só pra me contrariar!

Entender aquela lógica foi meio difícil para as outras e elas preferiram continuar olhando as roupas. Se Carmem preferia continuar com suas ilusões, paciência.

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À medida que foram acompanhando as vidas de cada um, todos eles ficaram bastante pasmos com o que viam. Alguns, como Magali, tinham mudado muito. Outros mudaram de maneias variáveis e teve aqueles que não tinham mudado nada. Era bem interessante ver como não havia uma uniformidade ali.

– Você acredita que foi a ausência da Mônica que causou tudo isso? Não seria muita pretensão achar que a falta de uma única pessoa pode ter desencadeado todo esse desequilíbrio? – Astronauta perguntou também muito intrigado com aquelas diferenças.

Ao invés de responder, Paradoxo olhou para o seu relógio e pareceu levar um susto.

– Imaginem só! Eu já ia esquecendo de um compromisso importante em Galvan!
– Onde?
– Isso não vem ao caso. Agora eu preciso ir. Daqui a pouco eu volto. Até mais, crianças!
– Você ainda não respondeu a minha pergunta... desapareceu de novo, que diabos!

Para eles só restou continuar acompanhando os acontecimentos. Paradoxo deixou a tela mostrando os acontecimentos do outro mundo. O que eles não sabiam era que ela tinha sido programada para mostrar alguns eventos específicos.



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