- Minhas digitais? Como?! - perguntei indignada.

– Suas digitais estavam na janela e o sangue era de Jimmy Callaway - ele dizia - Você estava mesmo inconsciente, Catherine?

Eu o olhei incrédula.

– Acha que fui eu?! - questionei.

Ele levantou do sofá para me encarar.

– Isso não é uma acusação formal, mas as provas apontam para você - ele respondeu.

– Mas não fui eu! - rebati.

– O sangue da vítima estava nas suas mãos e as digitais são suas! - ele debateu - Se tivéssemos a arma que matou Callaway, saberíamos se foi você ou...

– Mas eu não matei aquele cara! - gritei fechando os olhos e esperando que ele me indiciasse por desacato.

– Você e James Beaumont são suspeitos por enquanto - disse ele - Beaumont tinha um forte motivo para matar Robert Meyer.

Uma ruga se formou em minha testa.

– Que motivo? - questionei.

– Meyer matou o pai de James, Catherine - ele respondeu.

Fiquei completamente sem ação. James não havia me contado isso. Um nó se formou na minha garganta.

– Bom, era só isso. Espero você e James Beaumont acompanhados de seus pais na delegacia para prestar depoimento - eu o acompanhei até a porta - Até breve, Catherine.

Ele falava com um tom agourento, como se nosso próximo encontro fosse decisivo.

Com isso ele saiu e foi em direção ao carro da polícia.

Estava escuro do lado de fora, fechei a porta e esperei que ele fosse embora. Fui até a cozinha e escrevi um bilhete para os meus pais dizendo que estava indo até a casa de James. Chamei um taxi e esperei do lado de fora da casa.

Quando o carro chegou, tranquei a porta e fomos em direção à casa de James. Eu não conhecia muito bem a cidade, mas sabia o básico para me virar por lá.

Por que ele não me contou nada? Eu me sentia traída, estava furiosa. Era como se eu não conhecesse mais James, mais do que já o desconheço. Estava muito desconfiada, tentava ligar os pontos, mas tudo o que eu tinha eram desconfianças e motivos para desconfiar.

Tentei lembrar dos dias em que eu vira o assassino. Eu tinha apenas dois suspeitos: tio Ben, que estava sozinho comigo na casa, e James, que tinha "um forte motivo"para matar Robert Meyer. Mas e o tal do Jimmy Callaway?

Chegamos na casa de James e eu desci do taxi jogando alguns dólares na mão do taxista.

Havia uma viatura da polícia na frente da casa e alguns policiais. James falava com um deles, parecia revoltado.

A princípio achei que o houvessem descoberto e que ele seria preso com a arma do crime. Mas quando me aproximei vi que ele estava triste. Os olhos estavam brilhando e ele parecia furioso.

–...vocês tem que fazer alguma coisa, encontrá-la! - ele gritou.

Corri até ele.

– James! - eu o chamei.

Ele me viu e pareceu menos irado.

– Catherine - ele disse - Ele a levou.

Eu não entendi o que ele queria dizer.

– Quem? - perguntei.

Ele passava a mão nos cabelos claros, algo que parecia tão típico.

– Minha mãe - ele respondeu - E deixou um aviso.

Olhei em volta. Haviam policiais por todo o lugar, estava tão diferente da primeira vez que eu havia visto. As janelas do primeiro andar estavam quebradas, a porta estava aberta e a parede do lado de fora estava desenhada com letras grandes e grossas em um tom avermelhado.

– Fique longe.