O Diário De Catherine escrita por Anna Beauchamp, Eline Guerra
Me movi sentindo dores na nuca e no pescoço. Passei a mão pelos cobertores da cama e...
Na cama? Como assim?, pensei.
Lembrei do golpe que havia levado na noite anterior e levantei num salto. Já havia amanhecido.
Olhei em volta para me certificar de que estava tudo em ordem e apalpei o corpo desajeitadamente. Nenhum corte.
Olhei para a janela e meu coração gelou, senti a pele arrepiar e um formigamento na nuca.
Havia alguma coisa escrita na minha janela com....sangue.
Fique longe.
Levantei rápidamente e coloquei meus jeans e uma camiseta.
Eu estava assustada, mas não recuaria agora. Ele sabia o que eu estava fazendo, mas como?
Aquela pequena desconfiança em James começou a crescer. Mas não era uma certeza.
Desci as escadas ignorando qualquer um que falasse comigo. Abri a porta e dei de cara com ele.
– Cathy, eu queria... - começou James, mas eu o empurrei para o lado e continuei andando - Ei! Aonde você vai?
Eu não olhava para trás, mas sabia que ele estava me seguindo.
Eu empurrava os galhos no chão e continuava andando. Eu estava com medo, sabia o que iria encontrar, mas eu precisava continuar.
– Cathy, o que está fazendo? Essa área está interditada - ele dizia.
Estava interditada no dia em que você veio aqui, pensei, mas não disse em voz alta.
Eu já estava quase lá. Comecei a correr e parei ao ver o que eu já esperava.
Havia um homem caído no chão, era gordo e tinha barba branca. Sua pele estava pálida e em suas mãos havia sangue.
Estava morto.
Meus olhos queimavam e eu estava ofegante.
– Cathy...ah meu Deus! - exclamou James ao ver a cena - Temos que chamar a polícia. Hoffman, você está bem? Vamos pra casa.
Ele passou o braço pelos meus ombros e me conduziu pela trilha.
A polícia já havia chegado e Joey provavelmente estava conversando com minha avó nesse mesmo momento.
Eu estava no meu quarto com James e pegava algumas roupas.
– Você está bem? - ele perguntou.
Eu assenti.
– Estou. Só um pouco assustada, mas estou bem.
Era a verdade, ele havia me assustado, mas não me afugentado.
Ele ficou lá, sentado em minha cama e observando minhas coisas. A porta estava aberta, mas ninguém circulava pelo corredor.
Fui até o banheiro e girei duas vezes a chave. Me assustei ao perceber que as pontas dos meus dedos estavam avermelhadas.
Lavei minhas mãos desesperadamente e percebi que havia alguma coisa em meu pescoço. Joguei o cabelo para o lado e olhei no espelho. Havia uma mancha de sangue no formato de uma mão.
Aquilo me apavorou.
Entrei na banheira que já estava cheia de água e esfreguei o pescoço até começar a doer.
Vesti minhas roupas e saí do banheiro vendo James olhando as escrituras na minha janela.
– Ele sabe o que estamos fazendo - eu disse.
Ele olhou para mim, não com medo, mas com uma expressão enigmática.
Descemos as escadas e andamos até a sala.
Joey estava sentado no sofá com toda a família reunida.
– Ah, Catherine Hoffman e James Beaumont, quero falar com os dois - disse Joey - À sós.
Nós nos entreolhamos e fomos andando até o sofá. O restante foi para a cozinha.
– Vocês dois estavam na floresta na tarde de ontem, certo? - ele perguntou.
Estávamos tensos, então apenas assentimos.
– A senhorita Hoffman sabia que havia um corpo escondido na floresta? - ele perguntou.
– Não - respondi baixo.
Ele balançava a cabeça em afirmativa.
– E o que vocês pretendiam fazer lá?
Olhei para James buscando ajuda e ele balançou a cabeça me encorajando.
– Eu...apenas desconfiava, senhor - eu disse demonstrando ao menos ter respeito.
Ele estreitou os olhos.
– Diga a ele, Cat - disse James e eu ignorei o apelido.
Era seguro contar a ele com James ali? Bem, pelo menos eu estaria contando a polícia. James era meu amigo, mas ainda era um suspeito.
– Ontem eu ouvi uns barulhos e desci para ver o que era - eu dizia - Alguém...me jogou no chão e eu perdi a consciência. Acordei hoje de manhã na minha cama e a minha janela estava suja de sangue.
Ele não parecia convencido.
– Você não me contou essa parte - comentou James.
Eu não o encarei, não queria que ele soubesse que eu desconfiava dele.
– Você limpou a janela? - perguntou Joey.
Eu balancei a cabeça negando.
Ele pediu para subir até o meu quarto e fomos até lá.
Ele ficou encarando a escrição por um bom tempo, fez a análise das digitais e finalmente disse:
– Fique longe? O que isso significa?
Fiquei apenas olhando para a janela e lembrando do golpe.
– Bem, isso é tudo - ele disse anotando alguma coisa num caderninho e me dirigindo um olhar de completa desconfiança enquanto se dirigia até a saída.
Ficamos apenas James e eu no quarto.
– Ele acha que foi você - ele disse me deixando revoltada.
– Não acredito! O cara vem aqui três vezes e eu sou a culpada de matar duas pessoas que eu mal conheço! - tapei a boca com a mão percebendo o que acabara de dizer.
James se aproximou de mim devagar e puxou meu braço de leve.
– Três vezes? O assassino veio aqui três vezes? - ele questionou.
Ótimo, ele vai me encher de perguntas, pensei.
– Fala, Cathy! O que ele quer com você?
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Mudei o final. reviews!!!