O Diário De Catherine escrita por Anna Beauchamp, Eline Guerra


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...Boa Leitura!!



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Senti minha cabeça doer. A claridade me fazia apertar os olhos para não abri-los nunca mais.

Tentei abrir a boca para chamar minha mãe, talvez ela tivesse algum remédio para enxaqueca, mas minha voz estava rouca e não consegui emitir nenhum som.

Coloquei as mãos nos olhos tentando diminuir a dor, mas ela continuava.

– Hum... – eu fiz, esperando que alguém ouvisse ao menos isso.

Minha janela não iluminava tanto meu quarto, onde eu estava afinal? E onde estavam todos?

– Ah, ela acordou – disse uma voz feminina que não reconheci.

Minha mãe havia contratado alguma empregada? Ou seria alguma amiga de tia Sue?

Abri os olhos com as mãos sobre o rosto.

A primeira coisa que vi foi o teto. Não era o teto de madeira do meu quarto. Era branco e feito de gesso. Olhei em volta percebendo os móveis estranhos, as paredes azuis, e notei que estava deitada em uma cama de hospital, os lençóis brancos me cobriam até a cintura.

Olhei para o lado e encontrei uma mulher alta, loira, e que usava coque e um jaleco branco.

Franzi a testa sem reconhece-la.

– Como está se sentindo? Precisaremos fazer mais alguns exames – ela perguntou.

Era uma enfermeira. Por que eu estava naquele hospital?

– Estou com dor de cabeça – eu disse sem conseguir disfarçar a desconfiança.

Ela assentiu e saiu do quarto dizendo que iria buscar alguns analgésicos.

O que eu estava fazendo ali? Fiz um esforço para lembrar de alguma coisa, mas estava um pouco complicado.

Afastei os lençóis e vi que estava usando meu pijama. Senti um pouco de vergonha ao lembrar que eu não o havia vestido. Levantei a blusa e encontrei um curativo feito com gaze no meu abdômen.

Então lembrei do som de um tiro. Por um momento foi como se eu levasse um soco no estômago.

Meu pai havia atirado em mim e eu havia atirado nele.

Senti um nó se formar em minha garganta e a dor de cabeça ficou mais intensa..

Me joguei na cama tentando conter as lágrimas. O que havia acontecido depois? E James? Ele havia dito que me amava, ele não poderia ter me deixado.

Não, não podia estar acontecendo. Meu pai e meu melhor amigo haviam morrido?

Senti como se meu coração estivesse sendo queimado e ninguém pudesse salva-lo de se extinguir em meio às chamas.

Senti o corpo queimar e eu estava ficando sem ar.

Respirei fundo tentando me acalmar.

Meu pai havia matado aquelas pessoas, ele havia sequestrado duas pessoas, ele havia tentado me matar. Não conseguia acreditar como as coisas haviam chegado àquele ponto.

Ouvi uma batida na porta, mas ignorei.

A porta se abriu e meu coração ameaçou fazer um buraco e sair correndo.

– James!

Levantei da cama ignorando os protestos das pernas e as dores.

Eu corri até ele e o abracei com toda a força. Ele estava ali, estava vivo.

Então minhas pernas fraquejaram e ameaçaram me derrubar, mas ele me segurou.

– Cuidado, Cat! – ele disse e me sentou na cama novamente.

Sentia que a qualquer momento meu coração iria parar.

– Eu pensei que...eu estava tão preocupada! – eu disse abraçando-o novamente – O que aconteceu?

Ele parecia preocupado, porém aflito com mais alguma coisa.

– Você chamou uma ambulância e eles nos trouxeram para cá – ele respondeu – Fiquei preocupado com você.

Senti alguma coisa que eu não sabia explicar o que era, como felicidade e tristeza.

– Que dia é hoje?

Ele respirou fundo.

– Bom, eu fiquei três dias desacordado. Você ficou mais porque teve que passar por uma cirurgia, mas agora está tudo bem.

Então senti aquele nó na garganta e foi como se eu levasse uma facada.

– E Charlie? O que aconteceu com meu pai?

Pude vê-lo trincar os dentes, parecia tenso. Por um momento meu coração parou com o que viria a seguir.

– Ele...morreu, Cathy – disse James.

Não, não podia estar acontecendo. Eu o havia matado.

Senti as lágrimas rolarem pela minha bochecha. Lembrei do rosto dele, do jeito dele, da expressão de decepção de quando ele me olhou antes de morrer. Eu disse que nunca esqueceria aquele olhar. Era uma sensação que não podia ser descrita, era como se eu entrasse em um quarto escuro e de repente alguém me empurrasse, e esse susto durasse por muito tempo. Eu estava caindo e não havia ninguém para me segurar.


James me abraçou e eu chorei. Chorei como nunca havia chorado na vida.

Depois de dois dias de repouso com as enfermeiras me forçando a comer a comida do hospital – que não era ruim, eu simplesmente não sentia ânimo ou apetite – eu recebi alta e pude voltar para casa.

Joey veio me visitar no hospital um dia antes e havia me feito perguntas sobre o que havia acontecido. Eu também fiz perguntas a ele. Pelo que ele me respondeu, minha mãe havia sido encontrada no porão amarrada e estava escondida dentro de algum armário. Meus tios estavam na mesma situação, mas foram presos às camas. Vovó Garriet havia ido cuidar de uma amiga que estava doente, por isso não estava em casa no momento, e quando recebeu a notícia da morte do filho passou muito mal.

Tio Jesse veio me buscar no hospital no dia seguinte. Eu entrei no carro e encostei a cabeça na janela. Ficamos em silêncio durante toda a viagem.

Quando chegamos na casa senti uma melancolia instantânea. Ele não estaria lá me esperando, eu nunca mais o veria.

Tentei me controlar e desci do carro sentindo dores em todo corpo. Tio Jesse me ajudou a descer do carro e me levou até a casa.

A cada passo que eu dava era como uma ferida aberta.

– Querida – disse minha mãe vindo na minha direção.

Ela me abraçou e eu correspondi. Ver que ela estava bem me deixava aliviada. Não sei o que aconteceria se eu a tivesse perdido.

Depois disso foi como se eu estivesse em um outro mundo. Tio Jesse e tio Ben falavam comigo, mas eu não escutava, tia Sue veio me abraçar e disse algumas palavras, mas eu apenas concordei com a cabeça.

– Acho...que vou descansar – eu disse andando lentamente até a escada.

Aquelas ataduras e os machucados me deixavam irritada.

Subi as escadas com cuidado e fui até o quarto. Da janela eu podia ver a floresta, por isso fechei as cortinas. Ouvi o som de um carro chegando, mas ignorei. Não queria visitas.

Deitei na cama cuidadosa com os hematomas e feridas que ainda estavam se curando. Alguns minutos depois alguém bate na porta.

– Toc toc – diz a voz grave.

– Entra.

A porta se abre e vejo James. Senti meu coração vir até a boca e voltar.

Levantei desajeitada e fui abraça-lo. Sentir que ele estava ali, a salvo, era a melhor coisa naquele momento.

Eu o apertei e ele me segurou firme.

– Calma, eu estou aqui – ele disse.

– Eu sei.

Sentia que estava prestes a explodir em lágrimas, mas me contive.

Ele se afastou e eu abaixei a cabeça, pois não queria encara-lo.

– Está escuro, por que não abre as cortinas? – disse ele andando até a janela.

A luz invadiu o quarto novamente e eu virei o rosto.

Ele estendeu a mão e eu a fiquei encarando.

Depois de alguns segundos eu a segurei. Ele me conduziu até a janela olhando para a paisagem como se fosse a primeira, ou talvez a última vez que a via.

Levantei os olhos e tentei encara-la com o mesmo pensamento. Era estranho. Aquela casa, tudo lá era estranho sem ele. Não que Ele fosse sempre presente, mas normalmente eu sentiria o seu cheiro. De qualquer modo aquele lugar se tornara estranho para mim.

– Pensei que iríamos morrer.

Engoli em seco. Se morrêssemos a culpa seria minha.

– Eu havia pensado o mesmo – respondi.

Cheguei mais perto e agora estávamos lado a lado.

– Não sei o que faria se tivesse acontecido algo com você. Me sentiria culpada pelo resto da vida.

Ele balançou a cabeça.

– Mas não aconteceu. E agora estamos bem.

Eu não me sentia bem, mas o fato de que ele se sentia assim me deixava aliviada.

– Era verdade? O que você havia me dito? – perguntei sentindo minhas bochechas corarem.

Ele virou para mim um pouco confuso.

– O quê?

Senti que meu rosto estava queimando.

– Que você...me amava – eu disse finalmente.

Ele engoliu em seco. Não sabia dizer se ele estava nervoso ou não.

– Sim – disse James – Cathy, eu te amo desde que salvei você.

Senti que minhas pernas iriam vacilar e me derrubar no chão.

– James, você é meu melhor amigo. Desde aquele beijo eu não tenho pensado em outra coisa – eu disse perdendo a timidez.

Não sabia o que aconteceria depois disso, mas não dei a mínima no momento. Se era para James e eu ficarmos juntos mesmo, então seria desse jeito.

Senti um aperto no coração ao pensar que ele poderia me rejeitar mesmo dizendo que me amava.

– Eu também não – ele disse finalmente.

Ele estava muito perto de mim, eu podia sentir seu perfume e o calor do seu corpo.

Não sabia se era uma boa ideia, mas não liguei para o que era certo ou errado. Apenas me aproximei de James. Não queria pensar em mais nada, tudo isso deixava minha cabeça confusa, e acho que a calei de uma vez por todas.

Ele estava a poucos centímetros do meu rosto. Eu realmente amava James, desde que o conhecera eu não parava de pensar nele.

Podia sentir sua respiração.

Então eu o beijei. E dessa vez ninguém e nada nos interrompeu...


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Notas finais do capítulo

A todos os leitores que acompanharam a história a cada capítulo...Você mesmo que teve que me aguentar por 24 cap's demorados, e que teve muita paciência...Obrigada, espero que tenha gostado de conhecer os personagens e fazer parte da história...Obrigada pelos comentários, recomendações, favoritos, etc...amo muito vocês!! :') Vou sentir saudades de abrir minha conta e encontrar novos comentários de leitores tão carinhosos =3
Bjuuuuussss *-*



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