O Diário De Catherine escrita por Anna Beauchamp, Eline Guerra


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Gente, acho que ficou ótimo. Eu até me emocionei quando reli o cap. Boa Leitura!



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Senti o corpo gelar.

Meu primeiro impulso seria correr para o lado de fora da casa, mas eu não sabia se alguém havia levado um tiro realmente.

Corri até a entrada e olhei pela fresta da porta.

Charlie estava de pé. Ele e James brigavam por uma pistola preta que deveria ser de Charlie.

Ambos pareciam estar ilesos, mas isso não me deixava mais tranquila. Se eu corresse para o lado de fora poderia distrair James e ele levaria um tiro. Mas também chamaria a atenção de Charlie.

Sentia as mãos geladas e meu coração batia depressa. Eu precisava fazer alguma coisa. Charlie estava matando ou machucando todos a minha volta, eu não podia ficar parada e vê-lo destruir todos que eu amava.

Por mais que me doesse pensar algo assim, eu tinha que pará-lo.

Então corri até a porta dos fundos, se conseguisse chamar a atenção de Charlie primeiro, talvez James conseguisse desarmá-lo. Não queria que nada acontecesse a Charlie, mesmo que  ele tivesse tentado me matar.

Me esgueirei pela parede da casa até a varanda, podia ver Charlie, mas James estava de costas. Me aproximei de vagar pensando que se ele atirasse na minha direção eu poderia me esconder atrás da casa, embora isso não me impedisse de ser alvejada com o primeiro tiro.

Reuni o que me restava de coragem e gritei:

- Pai!

De início ele pareceu atordoado,  então James o empurrou e ele caiu no chão. Corri na direção de James sem nenhuma hesitação.  Ele se abaixou rapidamente e pegou a arma de Charlie, que parecia calmo e insano ao mesmo tempo.

- Você está bem? – perguntei a James.

Ele assentiu apontando a arma para Charlie.

Senti um nó na garganta. Não queria ter que fazer isso com meu próprio pai, me sentia uma traidora, embora ele também tivesse me traído.

Charlie se levantou do chão e ficou de frente para James. Ele tinha aquele brilho nos olhos, a loucura. Isso me deixou triste.

Minha vida havia se tornado um filme de terror e eu não havia parado para olhar em volta. Era como se eu visse James pela primeira vez, e estivesse conhecendo um novo Charlie. Tudo isso era estranho. Eu estava parada ao lado do meu melhor amigo e apontando uma arma para o meu próprio pai.

Tinha o mau pressentimento de que tudo acabaria da pior maneira. Quem morreria dessa vez? Charlie? James? Eu?

Não conseguia olhar para ele, então virei o rosto.

- Eu devia dar um tiro na sua cabeça! – gritou James.

Senti um nó se formar na minha garganta.

Olhei para Charlie e a próxima coisa que vi foi ele se atirar para cima de James. O susto foi grande e eu fiquei paralisada.

A arma escondida de James caiu no chão aos meus pés. Fiquei hesitante, mas não sabia o que fazer. Me abaixei e peguei rapidamente a pistola sentindo a adrenalina tomar conta.

Charlie levantou do chão segurando a arma, e James estava caído.

Minhas mãos tremiam, mas mesmo assim eu apontei a arma para o peito de Charlie. Ele almejou James e senti minha pele se arrepiar e o coração acelerar.

- Pare! – eu gritei.

Ele me olhou com um pouco de incredulidade, mas ainda me olhava como se eu fosse uma criança. Aquele olhar me causava arrepios.

- Não vai atirar em mim, vai? – ele disse me fazendo engolir em seco – Prefere matar o seu próprio pai, ou perder o amigo?

- Não me faça escolher – eu disse.

O que ele queria? Me deixar louca? Queria poder parar com tudo aquilo e largar a arma no chão, mas era suicídio.

Então ele olhou para o chão como se fosse ele quem estivesse escolhendo, e voltou os olhos para mim.

- Você já escolheu – disse Charlie.

Então fechei os olhos ouvindo o som de dois tiros e apertei o gatilho.

Senti como se estivesse fora do meu próprio corpo, aquele nó havia se desfeito e agora meus olhos despejavam as lágrimas que eu havia segurado. Eu os abri e vi o que eu mais havia temido naqueles momentos de medo. Charlie estava de pé, mas havia uma mancha de sangue em sua camisa, na altura do peito. Ele colocou a mão sobre o buraco da bala e me olhou como se estivesse decepcionado. Eu nunca esqueceria aquele olhar.

Então ele caiu no chão.

Eu estava ofegante e sentia como se uma parte de mim tivesse sido arrancada violentamente. Olhei para James que estava caído no chão e corri até ele.

- James! – eu gritei.

Ele havia levado dois tiros. Apalpei seu peito a procura de ferimentos de bala e encontrei um em seu abdômen.

- Ah meu Deus! – exclamei.

Precisava chamar ajuda urgente.

- Cathy – ele balbuciou.

- Fica calmo, vou chamar ajuda – eu disse.

Meus olhos doíam, eu não queria perde-lo. Ele estava ferido gravemente, se não conseguisse fazer alguma coisa ele morreria.

Corri até o corpo de Charlie e me ajoelhei. Um celular, eu precisava de um celular e Charlie deveria ter um.

Senti as lágrimas virem com mais veemência ao tocá-lo. Por que ele havia feito isso? Meu pai estava morto, e meu amigo estava a beira da morte.

- Cathy – James me chamou.

- Espere – eu pedi – Vou chamar uma ambulância.

A cada vez que eu o tocava minhas mãos ficavam geladas e eu sentia como se meu coração estivesse se partindo ao meio.

Encontrei o celular no bolso de Charlie e disquei o número.

- Alô?

- Alô, eu preciso de uma ambulância!

Eu estava falando o endereço para a mulher no celular quando olhei para James. Ele estava deitado no chão e estava sangrando muito. Então percebi que não havia um outro ferimento de bala.

- Cathy...

Olhei para a mão de James, estava pálida e apontava para mim.

Não entendia o que ele queria dizer. Olhei na direção do meu abdômen e vi uma mancha vermelha em minha blusa.

Estremeci ao vê-la. Minhas mãos fraquejaram e engoli em seco.

Charlie havia atirado em mim.

O celular caiu no chão. Levantei a blusa vendo o ferimento que sangrava. Me senti fraca. Estávamos marcados para a morte, James e eu.

- Não – murmurei.

James me olhava com atenção, estava debilitado.

Me arrastei até ele e o abracei. Isso não podia estar acontecendo. As lágrimas rolavam pelo meu rosto e molhavam a camisa de James.

Não queria que acabasse assim.

Então olhei para ele. Aquilo era tudo culpa minha.

Ele me abraçou de volta e ficamos ali.

- Cathy? – ele sussurrou.

Sentia que estava desmaiando. Mas eu tinha que ficar consciente.

- O que foi? – perguntei com a voz chorosa.

Ele segurou minha mão, as mãos dele estavam frias.

- Eu...Te amo.

Aquilo me pegou de surpresa. Sentia que estava alucinando, minha cabeça estava girando.

- Eu acho...que também te amo.

Eu amava James, era meu melhor amigo, mas eu o amava. E depois do beijo eu só tive mais certeza disso.

Eu estava suando frio e sentia que estava morrendo. Meus olhos ameaçavam se fechar, mas eu tinha que continuar acordada. Por ele.

Ele parou de falar e senti o medo tomar conta de mim. Ele não podia me deixar, não agora! Ele não podia me abandonar.

Senti a tristeza me possuir. As lágrimas rolaram por uma última vez e eu apaguei, deixando a inconsciência tomar conta de mim...


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Notas finais do capítulo

:') o próximo eu posto o mais rápido possível...Obrigada por lerem, amo voces pessoal *-*