O Diário De Catherine escrita por Anna Beauchamp, Eline Guerra


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Gente, Boa Leitura!



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Aqui estou eu. Em pé, em frente a casa de James. Olhando para a ameaça escrita na parede, estava tudo tão claro.

Ele nunca estava em casa quando os crimes aconteciam. Ele me feriu de tantas formas que eu nem consigo explicar.

Meu próprio pai havia me esfaqueado nas costas. E eu nunca pensei que uma traição pudesse doer tanto assim.

Ele mentiu pra mim, tentou me afogar, me matar. E pelo visto, sem nem um peso na consciência.

Lembro quando Joey apareceu em minha casa pela primeira vez para anunciar um assassinato, e na segunda vez, me acusando de tê-lo cometido.

Parecia tudo um grande pesadelo, mas agora, parada em frente a casa, vendo a prova de que tudo isso era real, que meu pai era realmente um assassino frio, tudo isso me trazia de volta a realidade, mas a pior que eu poderia conhecer.

Era uma sensação única. Como quando você liga a TV e lá está o jornalista anunciando mais algum desastre ou assassinato, então você pensa em como o mundo é diferente do que o que você via quando era criança. Porque quando se é criança, não se dá muita atenção ao que é ruim. Mas é nesse momento que você desconhece o lugar onde vive.

A sensação era mais ou menos assim.

Lembro quando meu terapeuta disse a meus pais que eu tinha depressão. Minha mãe começou a me dar atenção ao extremo. Já Charlie, continuou trabalhando. Quando ele ficava em casa tentava me dar atenção, mas era um pouco desajeitado. Ele sempre foi muito quieto, não saía muito de casa – diferentemente de minha mãe – e nunca teve muitos amigos.

Nunca pensei que ele poderia se transformar nesse monstro que se tornou. Mas eu sabia em quem mais estava doendo.

– Vamos? Os policiais deixaram o lugar ontem a noite – disse James segurando minha mão e me conduzindo até a entrada.

Ele abre a porta da frente e eu passo admirando o lugar no qual eu apenas vira uma vez, parece que já faz um século.

Ando até a sala e sento no sofá. Depois do tempo que estive em cárcere, tudo aquilo parecia o mais próximo de lar que eu poderia encontrar. Havia poeira nos móveis e havia marcas de pegadas no carpete.

– Você tem certeza de que está bem? – perguntou James.

Eu assenti, optando por ficar em silêncio, pois não sabia o que dizer.

– Vou buscar alguma coisa para você comer.

Ao dizer essas palavras meu estômago se contraiu. Eu não comia há dias e aposto que James também não.

Atualmente, James era a única pessoa na qual eu podia confiar plenamente. Ele me salvara duas vezes e eu me sentia completamente grata. Ele era meu único amigo, a pessoa pela qual eu arriscaria minha vida. Por que ele voltou para me salvar, afinal? James também confiava em mim do mesmo jeito que eu confiava nele?

Depois de alguns minutos ele volta com um copo de água em uma mão e um pacote de biscoitos recheados na outra. Ele pôs em cima da mesinha de centro.

Fiquei olhando para ele, a pergunta se formulava em minha cabeça pronta para sair pela boca. Ele percebeu que eu o encarava e ficou me olhando com uma expressão curiosa.

– O que foi? – ele perguntou.

– Por que você voltou? – perguntei sem desgrudar os olhos dele.

O rosto pareceu endurecer, como se ele tivesse se transformado em pedra. Ele engoliu em seco.

– Por que está perguntando isso?

Virei a cabeça tentando não parecer tão desajeitada, embora eu estivesse em péssimas condições.

– Não sei, eu... – olhei novamente para ele – Pensei que tinha me abandonado.

– Eu nunca faria isso – ele disse parecendo um pouco chateado por eu ter pensado aquilo.

Senti um nó se formar em minha garganta, mas engoli o choro.

– Você viu o que aconteceu? – perguntei sentindo que iria chorar novamente, mas me contive.

Ele parecia triste por mim.

– Vi – ele respondeu assentindo.

Engoli em seco e pisquei tentando não chorar e virei o rosto.

– Você é tudo o que eu tenho agora, James – disse quase como uma súplica para que ele ficasse do meu lado.

Ele sentou do meu lado e me abraçou. Podia sentir sua respiração, encostei a cabeça em seu ombro e minhas lágrimas molharam a camisa dele.

Então, percebi que eu estava tremendo.

– Ei, fica calma – ele disse afagando meu cabelo – Não vou te machucar.

– Eu sei – murmurei quase que para mim mesma.

Me afastei e percebi que meu rosto estava a poucos centímetros do dele. Olhei para os olhos de James, ele parecia me olhar de modo diferente, havia um brilho que eu nunca havia percebido. Ele se aproximou e os poucos centímetros foram completados. Senti seus lábios roçarem os meus, como se me desse uma saída se eu ainda quisesse desistir.

Então ele me beijou. Meu coração batia como se quisesse sair pulando do peito. Senti sua mão acariciar meu rosto.

O que você está fazendo? Você não o ama. Ama?, gritou uma voz em minha cabeça. Eu não fazia ideia do que pensar. Eu não estava pensando.

De repente era como se algo calasse aquela voz, e todas as vozes que me atormentavam desde o momento em que conheci James.

Então, ele se afastou. Ainda estava chocada com o que acabara de acontecer, e ele parecia um pouco nervoso.

James se levantou do sofá ficando de costas para mim.

Levantei e andei até ele. Queria tocá-lo, saber por que ele havia feito isso. Tentei me aproximar dele, mas era estranho.

– James? – chamei-o

Ele se voltou para mim novamente.

– Temos que voltar lá – ele disse apenas, me fazendo sentir um pouco magoada por me ignorar – Sua família ainda está lá.

Ao dizer essas palavras, senti meu coração bater novamente. Minha família, eles eram tudo o que eu tinha, não poderia deixa-los.

Eu assenti sentindo minhas bochechas queimarem.

– Como vamos entrar na casa sem que...Ele nos veja – ainda não havia me conformado com o que havia acontecido, e dizer o nome dele era mais difícil do que parecia.

James pareceu perceber que eu ainda estava mal e tentou disfarçar.

– Vamos esperar – ele disse com o rosto duro como pedra – Uma hora Ele vai ter que sair e quando isso acontecer...

Senti um arrepio percorrer minha espinha.

– Nós acabamos com ele.

Senti como se levasse um soco. Foi só imaginação, mas a dor era bem real.

Não queria fazer mal ao meu pai, mas alguém precisava pará-lo, ou ele continuaria cometendo crimes. Era doloroso pensar isso, mas tínhamos que detê-lo.


Passamos o dia em silêncio. Eu tomei um banho, troquei de roupa e esperei na sala sentada no sofá. Ele não falava comigo sobre o beijo e isso me deixou irritada. James era um cara legal, acho que estava sentindo por ele algo que não devia, ele era meu amigo. Bom, foi ele que me beijou, então por que se recusava a falar comigo sobre o assunto. Mas eu não devia me preocupar com isso, tinha coisas mais sérias com o que me ocupar àquela altura.


Depois de alguns minutos, James apareceu. Ele estava com uma jaqueta preta com capuz, o que me lembrava um personagem de vídeo game, acho que era Assassins Creed.

Levantei do sofá corada.

– Vamos? – perguntei.

Ele assentiu. Estava sério e medonho, havia um brilho assustador em seus olhos. Ele estava magoado pelo que havia acontecido com a mãe, e eu sabia que isso não acabaria bem.

Ele colocou a mão atrás das costas e puxou alguma coisa. Senti minha pele se arrepiar.

Era uma arma. Uma pistola preta na qual ele enfiou uma carga com um monte de balas.

– Você não...Ah, meu Deus, James! – exclamei.

– Desculpe, Cathy, mas é preciso – disse James, enfiando a pistola no bolso da jaqueta – Você já viu com quem estamos lidando.

Eu odiava admitir isso, mas ele estava certo.

– Que arma é essa, afinal? – perguntei.

Ele me olhou como se fosse óbvio.

– Do meu pai. Agora vamos, ou não vamos conseguir entrar na casa.

Eu assenti.

Por pura sorte o carro da mãe de James estava na garagem. Nós dirigimos em direção a minha casa por alguns minutos. Meu coração estava quase parando na medida em que chegávamos mais perto do lago.

Está prestes a terminar, finalmente você vai acabar com essa história, Catherine. Não do jeito que você queria, mas vai acabar. Eu pensava nisso enquanto via as casas do centro serem substituídas por árvores.

Estacionamos à beira da estrada, James pegou uma lanterna e nós atravessamos a campina em meio a grama alta. Paramos em meio ao prado de frente para a floresta. James andava alguns metros a minha frente me guiando. Ele apontou a lanterna para as árvores e se voltou para mim.

– Vamos? – ele convidou – Prometo que te protejo dos fantasmas.

Encarei a floresta escura, em seguida, James.

– Não tenho medo de fantasmas.


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Notas finais do capítulo

Vamos pessoal, últimos capítulos, comentem!!!!! =)