O Chamado das Borboletas escrita por Ryskalla


Capítulo 7
Capítulo 6 - A Verdadeira Miséria




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Abandono agora, meus amigos, Henry e Eruwin e volto a lhes contar a história de Leharuin e suas borboletas.

No pequeno reino nomeado Herse, existem dois tipos de ladrões: os que roubam para alimentar suas famílias, e os que roubam para alimentar sua ganância. Leharuin sempre ajudou o primeiro tipo, contudo... nada lhe dava mais gosto do que atrapalhar o roubo de pessoas extremamente gananciosas. Por conta disso, os ladrões mais perigosos conhecidos ofereciam fortunas por sua cabeça. Todo grande roubo que deu errado fora devido a Leharuin e às suas artimanhas.

Naquele momento, Leharuin acompanhava uma ladra. Essa, em especial, companheiros, não se encaixava em nenhum grupo supracitado. Não, aquela não era uma criminosa de verdade.

— Obrigado! Você é a moça mais bondosa que já conheci! — Um garotinho segurava um pão que acabara de receber de presente. Aquele comentário fez Leharuin rir, atraindo a atenção da jovem, que começou a olhar ao redor, procurando a origem do som.

— Aqui em cima, princesa. — A essa altura a criança já havia se afastado, tornando aquela viela um lugar deserto, exceto pela presença de Leharuin e da moça. Os olhos acinzentados da garota rapidamente pousaram no estranho rapaz de cabelos azuis que descansava em cima de um muro baixo enquanto observava um grupo de borboletas voar próximas a ele.

— Quem é o senhor? — Seu tom era autoritário, o que fez Leharuin rir novamente. Ele podia perceber a pele de marfim da jovem corando. — Qual é o motivo da graça?

— Sua ingenuidade. O que acha que aquele menino fará com o pão? — Antes que a moça tivesse a oportunidade de responder, Leharuin respondeu sua própria pergunta com sua costumeira voz melódica: — Na melhor das hipóteses, irá comê-lo escondido da família. Claro que, se ele dividisse, pouco sobraria para ele. Entretanto… muitos desses jovens acabam trocando qualquer comida que conseguirem por uma moeda de cobre. Quando seu pai é um desempregado, bom, a vida se torna bem complicada, não que uma princesa pudesse saber de tal coisa.

— Não sou uma princesa, então pare de me chamar assim — dizia com a voz séria, porém cautelosa demais para ser levada em consideração. — De onde tirou essa ideia absurda?

— Da sua postura, seu tom de voz e até mesmo da sua aparência. Pode enganar outras pessoas, mas não a mim. Eu sei quem você é, Analiese D’Herse. — Seria possível que aquela humana não poderia arrumar roupas piores? Talvez uma blusa branca desgastada ou uma capa e bota de segunda mão. Sua roupa era completamente ajeitada! Uma fita rosa prendia uma larga blusa branca sem uma mancha sequer e isso para não mencionar a calça. Aquilo era mesmo feito de couro da mais alta qualidade? A quem ela queria enganar com aquilo? E outro ponto importante a se considerar é que ela não parecia assustada ao vê-lo. Somente alguém que vivesse isolada da sociedade não saberia o que seus cabelos azuis significavam. Pelo contrário, a expressão prepotente de Leharuin parecia perturbá-la, ou quem sabe fosse algum outro motivo? Ela parecia tão… carrancuda. Sim, de fato, ela não estava assustada, apenas peculiarmente irritada.— Você é tão transparente…

— O que quer dizer? — perguntou bruscamente. Aquele estranho destruíra completamente o seu dia! Todo o seu plano fora arruinado. Cruzou os braços e passou a observá-lo desafiadoramente, não iria permitir que ele percebesse sua frustração.

— Que é possível ver perfeitamente o que você está sentindo. — Já estava ficando entediado. Leharuin acreditara que aquela garota pudesse ser interessante; agora duvidava um pouco disso. No fim, humanos sempre eram iguais. Analiese estava tão vermelha no momento, que o jovem ficou em dúvida se ela estaria com raiva ou com vergonha, provavelmente sentia os dois e aquilo o fez dar um sorriso seco. — Agora, diga: o que te levou a roubar seu próprio dinheiro?

Por um momento, ele acreditou que ela não responderia, embora não entendesse exatamente o motivo. Era evidente que se tratava de uma jovem carente de atenção. Na teoria, seria fácil arrancar qualquer coisa dela.

— Parece que você não está acostumada a ser ouvida, não é? — Aquele era o ponto sensível, o ladrão tinha certeza. Ela pareceu relaxar um pouco e, mais cedo do que ele esperava, as palavras fluíram da boca da jovem carregadas com amargura. 

— Vingança. Meu pai quer que eu me case com o prínc… com alguém que eu não amo. Disse que é a vontade de Moros, porém eu não irei simplesmente aceitar isso! Não sou uma mercadoria. — Analiese andava de um lado para o outro enquanto gesticulava exageradamente. Leharuin a acompanhava com os olhos, o interesse desaparecendo a cada passada que ela dava. — Tudo porque aquele estúpido rei não quer envelhecer, é minha culpa que ele tenha desobedecido ao Reinado Ascendente?

— Reinado Ascendente? — E lá estava ele de novo, voltando timidamente. Pouco se sabia sobre os assuntos políticos do reino e Leharuin dificilmente se interessaria por eles, contudo… a conversa ia pouco a pouco se tornando promissora, apesar da personalidade pavorosa da jovem. Além disso, por vezes podia ser útil conseguir informações de pessoas da realeza.

Ela ficou em silêncio por um tempo, exibia uma expressão confusa como se não prestasse atenção nas próprias palavras. O ladrão arriscaria dizer que o leve interesse em sua voz fora o responsável por dar coragem à princesa. 

— Ah… é uma coisa antiga... foi por causa da guerra de Themaesth. Algo horrível, não é uma grande surpresa que você não tenha conhecimento, quase ninguém fala sobre por causa das mortes... Eu mesma não deveria falar sobre… algumas coisas devem ser esquecidas, mas… — Ela olhou para as próprias mãos por um momento e apertou os dedos de maneira nervosa. Havia uma sombra em seu olhar, e o ladrão temeu que ela finalmente percebesse sua insensatez em compartilhar segredos da realeza com um completo desconhecido. E se ele fosse um espião? Ou um sequestrador? Uma de suas borboletas voou até o rosto da jovem, atraindo sua atenção, e Leharuin aproveitou a deixa para fitá-la intensamente, embora odiasse ser obrigado a usar esse artifício herdado de sua mãe. A princesa desviou o olhar, envergonhada, contudo… pareceu funcionar, pois ela continuou:

“Sabe, o Povo Morto estava querendo contrariar Moros, os três reinos restantes tiveram que subjugá-los. Segundo Moros, haveria um reinado que não chegaria a uma geração, deveria durar apenas quatro ou cinco dezenas de anos. Ninguém quis aceitar reinar por tão pouco tempo, exceto os Anankes. O líder deles da época disse que seu filho de quinze anos reinaria e, quando ele atingisse a senioridade, passaria o reinado para o líder seguinte; que seria alguém da família real de Calirhoe, no caso, o rei Satohito. Contudo, o filho dele nunca chegou à senioridade! Em teoria, ele deveria ter sessenta anos agora e está com a aparência de vinte.” 

 As sobrancelhas de Leharuin franziram-se. Era clara a tentativa da jovem de impressioná-lo, estava evidente para ele que no fundo ela era alguém terrivelmente solitária. Ou poderia ser algo mais… sim. A princesa não roubava apenas ouro de sua família, ela queria distribuir conhecimento também. De fato, o valor daquela informação era algo difícil de mensurar. 

Parando para refletir, todo o reino estava estranho. Todos podiam sentir uma guerra se aproximando, embora ninguém pudesse dizer a razão. O rei queria manter o conflito em segredo, mas… por quanto tempo ele conseguiria esconder aquilo? 

E muito embora o interesse do ladrão pela princesa já houvesse se perdido por causa da transparência de seus sentimentos e sua ridícula simplicidade, aquela história não deixava de ser intrigante. Ele se lembrava de que alquimistas podiam alcançar a juventude eterna, embora duvidasse de que esse fosse o caso do rei eternamente jovem. Tentava se recordar da conversa que teve com Cecille sobre alquimistas. Ela era, de longe, a pessoa que mais sabia a respeito daqueles misteriosos homens, mesmo que ela não fosse exatamente uma pessoa…

— Uma boneca — Leharuin murmurou para a borboleta que tinha acabado de pousar em seu dedo. Então, era isso. Ao menos era a única explicação. E, de certo modo, fazia sentido.

— Perdão? — A voz da princesa o acordou de suas reflexões. Ela estava claramente irritada, suas mãos apoiadas em sua cintura. Teria ela considerado uma falta de educação interromper sua torrente de informações?

— O Grande Rei é uma boneca, provavelmente de pano. — O silêncio pairou por alguns segundos, sendo quebrado pela risada nervosa de Analiese. Porque, meus amigos, aquilo certamente não existia. Bonecas não andavam e governavam reinos. — Está rindo porque estou lhe dizendo que bonecas vivas existem quando coisas mais absurdas como sereias e homens que criam ouro a partir do pó vagam tranquilamente pela realidade?

Aquela frase pareceu acender a luz que faltava na cabeça simplória da princesa. Seu rosto se iluminou de espanto e ela pareceu finalmente perceber.

— Você. O senhor é aquele das canções. As borboletas! Como não pude perceber? É filho de uma sereia! Lentaruin, Lepraruin… — Uma expressão totalmente concentrada tomou conta do rosto da jovem enquanto se esforçava para lembrar o nome tão conhecido que conto a vocês, companheiros.

— Leharuin… — ele a corrigiu enquanto revirava os olhos. Aquela garota de certo modo o incomodava, porém seus pensamentos estavam distantes demais para se importar. Queria falar com Cecille e perguntar sobre o rei.

— Isso! Leharuin, o demônio dos roubos. O senhor deveria entregar-se para os guardas! — O rosto do garoto assumiu uma expressão tenebrosa, que fez com que a princesa desse alguns passos para trás.

— Diga-me, por que eu deveria? — Ele questionou lentamente, era perceptível o perigo e, pela primeira vez, Analiese experimentou o medo genuíno. Ela tentou responder, entretanto teve sua fala cortada por uma voz fria e sem a melodia costumeira. Na realidade, a voz de Leharuin agora era como a tempestade. — Você não entende nada sobre os pobres. Apenas tem pena deles. Quer ajudá-los, mas apenas por capricho… não conhece a real situação.

Ele desceu do muro e passou por ela. Estava cansado, cansado dos humanos e daquele sentimento de inadequação. Por que algo poderia ser simples, se era mais prático complicar? Odiava esse tipo de pensamento humano. Foi então que ela segurou seu braço. Segurava com uma força que ele jamais esperaria dela.

— Eu não… eu não sou assim… — ela contestou, em tom firme.

— Quê? — Leharuin olhou para ela, confuso. Foi como encarar uma pessoa completamente diferente. A princesa mimada parecia ter desaparecido e, de algum modo, ela o fazia lembrar… ele fechou os olhos, como se tal ato pudesse apagar a imagem que se formava em sua mente.

— Eu gostaria de me tornar uma má pessoa, desapontar meu pai porque parece que quando se é bom nada lhe favorece. Entretanto eu realmente quero ajudar as pessoas… quero ir contra o destino, não aceito que Moros abandone essas pessoas na miséria. Eu… — Analiese foi subitamente envolvida pelos braços de Leharuin. As borboletas voavam lentamente ao redor dos dois. Aquela era uma situação inesperada para ela, imaginou que ele a deixaria para trás, que ficaria sozinha com suas próprias lágrimas.

— Você sabia… que sereias dificilmente choram? Dizem que suas lágrimas queimam sua pele e que os olhos são a única coisa em uma sereia que é imutável. Porém, quando elas choram, seus olhos mudam de cor — ele sussurrava no ouvido oculto pelos negros cabelos cacheados da garota. — Se você fosse uma sereia, gostaria que seus olhos mudassem de cor?

— Não… — Sua garganta parecia querer fechar e ela sentia seus olhos arderem.

— Então não chore, princesa. — Os finos braços da garota abraçaram fortemente Leharuin. Ela respirava de maneira profunda, tentando suprimir o choro que insistia em vir. Mas a jovem não choraria, pois não queria que suas lágrimas queimassem seu rosto… não queria perder aqueles olhos cinzentos que um dia encantaram sua mãe. Ouvia atentamente as palavras acalentadoras de Leharuin. — Você deve sempre sorrir. Se quiser ajudar aqueles a quem Moros não estende a mão, deve fazer isso com um sorriso. Um sorriso significa muito para pessoas verdadeiras.

— As lágrimas já queimaram seu rosto? — Tinha a voz abafada, pois sua garganta ainda parecia estar comprimida por uma mão invisível.

— Eu nunca chorei. Não tenho lágrimas para chorar, princesa. — Os braços do rapaz libertaram Analiese para, por sua vez, segurar as pequeninas e macias mãos da garota. — Quero lhe mostrar algo.

Analiese sempre achou que as pessoas miseráveis eram aquelas que não tinham um pedaço de pão para comer e cujos ossos pareciam querer rasgar sua pele. Aquelas que choravam todas as noites por não saber se aquela situação permaneceria a mesma na manhã seguinte, por não ter a certeza de que um dia conseguiriam enfim um sustento para suas vidas miseráveis.

Todavia, a miséria ia bem além. Quando as casas já não eram tão bonitas e então já nem existiam mais, o ladrão e a princesa chegaram a seu âmago.

Aquele era o deserto da pobreza, onde tudo o que havia eram algumas escassas toras, resíduos daquilo que um dia fora madeira, mas que agora eram apenas manchas negras no chão. Aqui e acolá, algumas tendas de tecido fajuto foram erguidas, numa tentativa dos moradores de se protegerem da severidade do frio. Algumas crianças corriam de um lado para o outro, como se aquela vida não fosse justificativa para se afogar em lágrimas.

Leharuin a abandonou para se juntar às crianças que sorriam de alegria, exibindo dentes ausentes ou carcomidos por cáries. De suas vestes azuis, o rei dos ladrões tirou uma sacola de onde saíram algumas bisnagas de pão e uma variedade razoável de frutas. As crianças gritaram e correram para dentro das tendas, voltando com seus pais e irmãos que sorriam com um claro olhar de gratidão. Leharuin sorria para todos eles e recebia o abraço de alguns, sem se importar com o cheiro degradante. Como aquelas crianças conseguiam energia para brincar? O ladrão deveria alimentar aquelas pessoas há algum tempo, afinal… não podia ser possível. Uma vida como aquela não poderia existir.

 Todos dividiam o alimento. Não havia idosos naquele lugar, ninguém sobrevivia tanto tempo.

— Analiese — Leharuin a chamou, e ela se aproximou lentamente, em completo estado de choque. Acabara de avistar um homem sem as duas pernas que estava sendo carregado por companheiros para se juntar ao que eles consideravam um banquete. Quando chegou ao lado do ladrão, ele limpou as lágrimas que ela não sabia da existência. — Essa é uma amiga, ela trouxe algo para vocês.

A princesa se lembrou subitamente de que ainda havia alguns pães em sua sacola, e até mesmo uma jarra com leite. Uma mãe desesperada chorava agradecimentos, pois o do seu seio já estava secando e tinha medo de que seu bebê morresse de fome.

O tempo que passaram ali foi curto, e Analiese não conseguia encontrar um motivo para sorrir, mesmo sabendo que aquelas pessoas precisavam de um sorriso. A aura de tristeza e desespero estava distante, mas a princesa sabia que ela ainda existia. Sabia que ela estava atraída pelo seu choro mudo… talvez Leharuin soubesse disso também, sim, o ladrão sabia que sua sensibilidade acabaria por expulsar o breve momento de alegria que aquelas pessoas desfrutavam.

— Preciso ir, passarei aqui novamente mais tarde. Até lá. — Todos acenaram alegremente, e logo Leharuin e Analiese dirigiram-se de volta para a cidade.

— As pessoas contam histórias horríveis a seu respeito… no entanto… — a garota murmurava, inconformada. Aquilo arrancou um sorriso de Leharuin, deixando-a confusa. — Por que sorri?

— Eu sou alguém horrível, princesa. Não entende? Pessoas podem ser boas e horríveis. Bondade e maldade não existem, apenas ações. Gosto de ajudar aquelas pessoas e sinto prazer em prejudicar outras. Faço tudo isso baseado em conceitos próprios que talvez nem sejam corretos. — Algumas borboletas pousaram no estranho cabelo azulado de Leharuin, talvez estivessem cansadas de voar. Analiese não compreendia, ou se recusava a compreender. Ele de certo era bom, apenas não queria admitir. — Os guardas logo começarão a buscar por você. Deve voltar para casa.

— Eu não quero me casar! Não quero voltar! É horrível… estão me forçando a aceitar um destino que não é meu. — Foi então que ela entendeu. Leharuin deu um sorriso contido que a fez perceber o que havia de errado. A vida daquelas pessoas que era terrível. Casar-se com alguém que ela não amava era o menor dos problemas. Aquelas pessoas estavam lutando dia após dia pela vida, e ela apenas fugira de casa. — Vou lutar. Eu certamente não irei me casar. Irei lutar por minha liberdade e a usarei para ajudar aquelas pessoas.

Estava decidido, ou talvez já estivesse decidido desde sempre. Ela só precisava de alguém que a fizesse abrir os olhos e ver. Analiese se aproximou de Leharuin e beijou-lhe a testa, atitude incomum para alguém como ela. Em seguida, se afastou correndo, em direção à estrada que a levaria ao castelo.

O jovem que naquele dia roubara sorrisos permaneceu parado onde estava, pensativo. Ela certamente era dona de ações estranhas, quem em sã consciência daria tanta confiança para um estranho? Principalmente para um ladrão? Ela era ingênua demais para seu próprio bem. Certamente qualquer pessoa fiel a Moros diria que alguém tão fraca e inocente jamais sobreviveria ao mundo real e que foi um ato de bondade do deus ter permitido que ela tivesse sangue real. Leharuin, por outro lado, acreditava que a razão para que ela agisse de tal modo fosse justamente sua vida reclusa. O rei protegia demais sua princesa, bem mais que qualquer outro rei da Tríade.

Ainda assim, acreditava que ela não mais lhe preocuparia, quando o rei descobrisse sua desobediência, dobraria a vigilância. Analiese possuía alguém para protegê-la, ao contrário de Henry… como ele estava lidando com a sereia? Respirou fundo e iniciou sua jornada a Telquines. Os pobres miseráveis teriam peixe no jantar daquela noite.


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