O Chamado das Borboletas escrita por Ryskalla


Capítulo 29
Capítulo 28 - Pagamento de Pecados


Notas iniciais do capítulo

Aeaeae, mais um capítulo que creio que pessoal que shippa Henruwin vá curtir q- Dedico esse capítulo à Thays, porque acho que ninguém ama mais esse casal do que ela DSUHSADUHSDUHASDHUHUSDAUHSDAUHSD Espero que gostem, abraços quentinhos o



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Já que todos querem saber a respeito de como anda a viagem de Leharuin, eu não irei contar. O motivo? A vida de Henry está em perigo nesse exato momento.

Vejam bem, há dois meses Leharuin partiu e mesmo com esse tempo Henry ainda não decidiu o que fazer a respeito de Eruwin. Era um fato que eles haviam se tornado grandes amigos e que ele adorava conversar com ela. No entanto... algo o impedia. Acreditava que era o medo, mesmo após ao pequeno acidente... Henry ainda tinha medo de retribuir ao amor da sereia.

Que pequeno acidente? Vocês questionariam e eu responderia que ele correu há quase um mês, na noite em que Henry tive um pesadelo e encontrou Eruwin com uma vela na cozinha, focada em um livro que Clara lhe emprestara para melhorar sua leitura.

— Não consegue dormir? — perguntou e aquilo foi o suficiente para que a pobre criatura se assustasse. — Sabe, não é bom ler no escuro. Prejudica a visão.

— Oh! — murmurou e fechou o livro. Sua mão foi instintivamente para o olho esquerdo que deveria estar ali e rapaz sentiu a culpa esmagá-lo. — Suponho que eu deva esperar até o amanhecer, não é?

Henry assentiu e ambos ficaram em silêncio por um longo período. Era a primeira vez que ficavam completamente sozinhos.

— Você tem algum livro favorito? — A sereia fez uma pergunta numa tentativa de expulsar o silêncio que aos poucos começava a se tornar desagradável.

— Eu? Não, não. As únicas coisas que aprendi a ler e a escrever foram o meu nome o de Leharuin e... — Ficou em silêncio quando pensou no nome de Evangeline. Eruwin, ao que parecia, havia notado. Ela sabia o terceiro nome. Só não sabia que havia um quarto. — E o seu, Eruwin.

— Como? — Uma nova pergunta e dessa vez ele não sabia ao certo como responder. Poderia dizer que o nome dela era como uma mistura de Evangeline e de Leharuin. Ele conseguia entender as letras e associar os sons. Exceto aquela estranha letra que se parecia com dois V's unidos. Talvez se o nome fosse Ewangeline, ele saberia a pronúncia daquela letra misteriosa. Contudo, se a sereia não o corrigiu até então... talvez aquela letra não possuísse um som ao certo.

Desabotoou a camisa, consciente de que tal ação faria Eruwin corar. Ela agora conhecia o mundo humano o suficiente para ter tal reação. Ele próprio pode sentir o rosto queimar. Era engraçado, pois da última vez que fizera isso, tais constrangimentos sequer os atingiram. Quando terminou, apontou para a pequena cicatriz na altura do seu coração.

Eruwin aproximou a vela para iluminar o peito desnudo do rapaz. Podia reconhecer as letras que Clara lhe ensinara. As letras que formavam seu nome. As letras que Henry fora capaz de ler. Sentiu sua mão começar a tremer, a vela bambeando perigosamente até ele segurar sua mão com força. Nunca sentiu seu coração bater tão forte contra seu peito. Estava com medo de olhar nos olhos de Henry... tinha medo de afastá-lo, ainda mais agora que ele estava tão próximo. No entanto, foi incapaz de resistir. Seu olho encontrou aquele par de olhos que ela tanto amava. Nenhum dos dois percebeu que seus lábios se atraíram como imãs. Só perceberam quando era tarde demais e eles não voltaram atrás.

Tal cena poderia ter atingido proporções bem maiores se Henry não tivesse se acovardado. Porque ele temeu que Eruwin houvesse lançado outro feitiço sobre ele novamente. Porque algo dentro dele a desejava demais... e aquilo não poderia ser normal.

— O beijo só enfeitiça se a sereia desejar... — ela sussurrou, seu tom de voz era constrangido. Ele se afastou e deu as costas para ela. Não queria que ela visse suas mãos tremerem enquanto abotoava a camisa.

— Desculpe... é que eu... — As palavras não queriam sair. Não conseguia explicar, talvez não houvessem motivos para tudo isso.

— Não precisa se desculpar, Henry. A culpa é minha. Eu sequer mereço sua amizade. — Era incrível a mudança. Seus olhos castanhos encaravam o vazio, sem conseguir decidir. — Seu perdão foi o melhor presente que eu poderia receber.

Ele permaneceu em silêncio, consciente de que estava sendo irracional. Quando a sereia abandonou o cômodo duas certezas acertaram sua mente. A primeira, de que era um idiota. A segunda... que estava apaixonado por Eruwin.

E que perigo Henry corria? Bom, teria que contar o que houve antes. Teria que contar como Adry encontrou Eruwin.

O ruivo ainda não conseguia acreditar que a sereia o abandonou. Desapareceu sem avisar e longos foram os meses de procura. Mas agora ele finalmente a encontrou. Sentiu o ódio esmagar seu coração ao ver Henry a acompanhando. Ela o perdoou? Mesmo que ele tenha sido o responsável por todo o seu sofrimento? Não, ele estava a atraindo para sua armadilha, porque ele era um pescador e ela uma ingênua sereia. 

A ideia inicial era chegar de surpresa, porém, ela o avistou antes. A existência ou ausência da felicidade dependendo unicamente do ponto de vista. Ele não percebera que Liese estava com eles e seria Liese quem salvaria o dia

— Henry, corre! — O rapaz pareceu confuso por alguns distantes. Fora o suficiente para que Adry lhe desse uma rasteira. Teria que atraí-lo para um beco deserto e aí estaria livre para usar sua pistola.

O pescador rolou no chão, antes que o estranho lhe acertasse um chute e se pôs de pé. Se Henry soubesse o tipo de arma que Adry usava, ele não teria tentado encurralá-lo num beco. Se ele soubesse, jamais teria tido aquela infeliz ideia.

Onde estava a princesa? Bom, ela fugiu dali quando surgiu a primeira oportunidade. Sabia que o ruivo ignorava sua presença e precisaria usar aquilo ao seu favor. Seamus, Lillith... eram sua maior esperança.

— Obrigado por facilitar as coisas. — Seu tom de voz era insano e quando o homem sacou a arma, Henry empalideceu. Como o estranho conseguiu aquilo? Pistolas eram ilegais em toda a Tríade. Agora entendeu porque ele se deixou atrair tão fácil. Ele queria estar ali.

Puxou o chicote e se jogou no chão assim que ouviu o disparo. O homem podia ser rápido, mas Henry tinha confiança em seu chicote. Podia ser atingido por um tiro, desde que conseguisse tirar a arma das mãos daquele louco.

A sorte felizmente sorriu para o pescador, Eruwin estava gritando para que Adry parasse e aquilo o distraiu por tempo o suficiente para que Henry conseguisse atingi-lo. O disparo foi para o lado errado e quase acertou a sereia. Ambos ficaram tensos.

— Eruwin, saia daqui! — Gritaram juntos, porém a sereia não moveu um passo. Queria ajudar Henry, tinha que ajudar Henry.

O chicote de Henry estalou novamente e dessa vez a arma veio com ele, Adry em desespero caiu para cima do rival e a arma ficou perdida em algum lugar pelo chão. Nenhum dos dois conseguia encontrá-la e obtinham vantagem através de socos e chutes.

Até que Adry sacou uma faca.

Só pelo cheiro Henry descobriu que havia veneno em sua lâmina, segurou o braço que empunhava a arma com força, buscando afastá-lo do seu pescoço. Precisava pensar rápido se queria sair dali com vida. Se queria proteger Eruwin.

Jogou o chicote por cima do pescoço do homem, numa tentativa desesperada de fazer uma forca. Conseguiu, mas aquilo quase lhe custara a vida.

Com a brecha aberta, Adry se aproveitou para atacar. Não precisava acertar o pescoço, desde que conseguisse acertá-lo. Enquanto Henry o enforcava, um pensamento invadiu sua mente: Eu irei morrer, mas te levarei junto.

E enfiou a faca no braço esquerdo do rapaz, logo abaixo do cotovelo. Henry perdeu a força e urrou de dor. Uma chama de esperança nasceu no coração vingativo do ruivo. Até que ouviu o disparo.

A brecha que ela precisava.

— Eru... — Sejam quais fossem as palavras final do homem, não houve tempo para dizê-las. A morte trabalhara rápido naquela tarde. Consigo imaginá-la, pestanejando enquanto observava o corpo de Henry. Ele não morreria ali e, por causa disso, ela partiu. Levando consigo apenas o espírito revoltado de Adry que morreu em solidão.

— Henry! Henry! Por favor, ah! Henry, eu faço tudo errado! — A sereia tremia dos pés a cabeça, retirou a faca do braço do amado, porém mais sangue começou a sair pela ferida e aquilo só aumentou ainda mais seu desespero. Teria começado a chorar se a mão direita de Henry não tivesse se erguido até seu rosto.

— N-não... — Murmurou com a voz fraca.

O que faria? Não iria perdê-lo, não outra vez. A pistola lhe fazia um convite tentador...

— Eruwin! Henry! — Liese gritou e atrás dela vinham Lily e Seamus. Ao chegar perto de Henry e sentir o cheiro, o rosto de Lillith perdeu a cor. Mesmo antes de ver que a mão do rapaz começou a se tingir de um doentio tom de roxo.

— Vou chamar a velha, Seamus, tente levá-lo para casa. — Aquilo era fácil de falar. Mesmo que estivesse acostumado a carregar corpos, o de Aubrey pesava quase como o de uma criança. Mesmo que também pudesse ser considerado baixo, Henry ainda era maior e mais forte que o garoto.

Eruwin é claro, não queria saber de espera. Tentou erguer o corpo do agora inconsciente Henry e arrastá-lo. Liese correu para ajudá-la e assim Seamus o fez. Um grupo de três pessoas carregando uma quarta chamava a atenção e não demorou muito para que um desconhecido se oferecesse para ajudá-los.

— Onde ele está? — A velha da casa ao lado perguntou, as uma palavra atropelando a outra. Quando viu o braço do rapaz, seu rosto se contorceu em desgosto. — Não vou conseguir salvar o braço dele. Mas foi uma sorte que ele tenha sido atingido ai.

Passou uma substância de cheiro agridoce na ferida para retardar o avanço do veneno.

— Levem-no para dentro, rápido! — Se a situação não fosse tão tensa, meus amigos, eu diria que vocês considerariam engraçado a forma como aquela senhora corria. Claro que nenhum de nós está com humor para isso. Mesmo eu lhes assegurando que Henry ficará bem.

Tudo o que havia em cima da precária mesa de madeira foi cruelmente jogado no chão e os homens colocaram Henry sobre ela. A velha desapareceu por alguns segundos e voltou com uma espada e um pedaço de tecido, que, por uma razão que Eruwin desconhecia, foi preso pouco abaixo do ombro do rapaz. Não estava apertado demais?

— Virem-no de lado, Eruwin, segure firme o punho dele. Quero cortá-lo em um único golpe. Deixem o braço bem separado do corpo para não haver acidentes. — Eruwin desviou o olho quando a espada desceu.

O que se seguiu não foi de grande interesse. O resumo seria trabalho com gelo e agulhas. A sereia ficou ao lado dele todo o tempo. Cogitaram transportá-lo até a casa de Clara, mas desistiram da ideia. Ele precisava descansar e os pontos poderiam abrir por acidente. Mesmo quando todos foram embora, a sereia permaneceu. Estava sentada em uma cadeira próxima a mesa onde Henry repousava. Não havia outra cama na mesa da velha e aquele era o lugar mais... confortável que sobrara. Tudo o que lhe restava era esperar que ele acordasse.

O Sol estava para iluminar quando Henry finalmente despertou. A primeira coisa que viu foi Eruwin debruçada sobre a mesa, os braços apoiando o rosto aparentemente adormecido. Deixou-se perder alguns segundos, relembrando a primeira vez que assistira aquela criatura cair no sono... era uma das cenas mais belas que já presenciara.

Quando olhou ao redor, reconheceu imediatamente o lugar onde estava. A casa da velha e havia algo errado. Ele finalmente notou o erro. Algo estava faltando... onde estava seu braço?

O grito morreu em sua garganta. Conseguiu se controlar antes de acordar todos na casa. Imagens desconexas passavam pela sua mente. O homem ruivo, uma faca com veneno, o barulho de um disparo... e a sereia quase chorando por ele.

— Eruwin... — sussurrou e a cabeça dela se ergueu imediatamente. Havia algo de estranho em sua própria voz. Foi quando percebeu que estava chorando.

Ela permaneceu em silêncio e limpou as lágrimas que escorriam pelo rosto moreno.

— Não chore... está tudo bem, você vai ficar bem. — Claro que ela não sabia o que dizia. Nem ele próprio sabia porque chorava. Todo aquele sofrimento poderia ter sido evitado. A culpa nunca fora dela... e agora ele pagara o preço pelos pecados que cometeu.

— Eu jamais deveria ter te devolvido ao mar... — Seus olhos se encontraram. Arrependimento. Era essa a razão para as lágrimas. Se tivesse feito tudo diferente no passado, nenhum dos dois teria sofrido tanto. — Devia ter pedido para você ficar. Devia ter admitido que te amo.

Uma coisa engraçada a respeito de climas perfeitamente românticos, meus amigos, é que eles podem durar apenas um segundo. Veja, Eruwin foi incapaz de se conter e se jogou nos braços (ou melhor, braço) de Henry. Tal peso repentino foi o suficiente para que a mesa bambeasse. Ela se afastou imediatamente e então ambos começaram a rir.

— Você deveria dormir um pouco. — Ela negou com a cabeça, o que o fez sorrir. — Acabará ficando feia.

— Eu não ficaria feia nem se eu quisesse. — Lá estava novamente aquele tom orgulho que era estranhamente encantador. No fim, ela acabou cedendo e deixou Henry refletindo sozinho.

Se perder seu braço fora um castigo de Moros por não ter aceitado o novo amor que o destino lhe oferecera... Leharuin também deveria pagar? Não sabia a razão para ter tal pensamento. Não desejava que nada de ruim acontecesse a ele... mas, e se algo ocorresse?

E eu devo dizer, companheiros, que Leharuin pagaria pelos seus pecados.

À vista.


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Notas finais do capítulo

Já sabem, qualquer erro, me avisem por favor ;-; Estou com dor de cabeça, mas não queria atrasar mais um dia ç-ç Então perdão por qualquer coisa ):