O Chamado das Borboletas escrita por Ryskalla


Capítulo 25
Capítulo 24 - O Resgate


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a Katy Gremory, Kumi e a Lecter por enviarem recomendações tão maravilhosas



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Enquanto nossos heróis estão em um barco a caminho da Ilha para ajudar Cecille, mostrarei os que ficaram. Não fiquem tristes, apenas creio que seria terrivelmente entediante observá-los remando e remando ou conversando sobre o clima. Vocês devem bem saber que Leharuin e Rick não são os melhores amigos e Sendulum é um completo estranho para ambos. O clima no barco estava tenso, por assim dizer.

Por isso iremos focar em Lillith, Seamus, Henry e Enzo Faísca, que permaneceram na margem oposta, assistindo pacificamente o barco se afastar. O fato, meus amigos, é que Lillith há muito queria falar com Henry... havia um recado de Eruwin que ela precisava dar e, bem, ela adoraria bancar o cupido.

— Senhor Henry? — perguntou, meio incerta sobre como iniciar aquela conversa. O rapaz frangiu o cenho e depois sorriu.

— Não há necessidade de me chamar de senhor, senhora. — Certo, ela de certa forma merecia aquilo. Estava passando tempo demais com Seamus e viciando-se em suas boas maneiras. O pescador e a ladra trocaram um sorriso divertido e ele deu margem para que ela continuasse.

— Eu tenho um recado, digo... uma mensagem. Na verdade é mais uma pergunta. — A jovem deu um grito, exasperada que assustou a todos. Estava estragando tudo! Respirou fundo e fechou os olhos. Seria melhor se falasse tudo de uma vez. — Eruwin quer saber se você um dia poderá perdoá-la. Olha, eu não queria me meter... desculpe, quero sim. Eu não acho que ela seja uma má pessoa. Uma má sereia, no caso, mas...

— Uma sereia? — Enzo exclamou, encantado. Era um grande sonho seu conhecer uma sereia. O que é um fato curioso, pois compartilharia seu futuro filho com uma dessas criaturas.

— Sim, assim como minha mãe e a avó dela. — Às vezes, com o costume de mostrar simpatia, Seamus acaba atrapalhando assuntos realmente importantes com informações não tão necessárias. Não devemos culpá-lo, podemos dizer que é um tipo de carência. Perseguir um amaldiçoado como Aubrey não lhe permitiu que ele fizesse muitos amigos e nem lhe dava tempo para conversar com os antigos.

— Entendo, por isso que você é bonito. — Há um trágico momento em que percebemos como nossas palavras podem ser mal interpretadas. Geralmente ele ocorre quando já as pronunciamos e não podemos voltar para trás. — Perdão, é um costume.

— Henry... — Embora baixa, aquela palavra foi o suficiente para cessar a conversa paralela. Todos estavam morrendo de curiosidade no fundo, qual seria a resposta do rapaz? Ele próprio não sabia ao certo. Seu reencontro com Evangeline, ou Meredith, abalara seu coração. A sereia nem passara pela sua cabeça... era como se todos os seus problemas com Eruwin tivessem ocorrido em outra vida. — Ela tem se esforçado tanto! Está aprendendo cada vez mais sobre a vida humana.

— Eu prefiro não conversar sobre isso... — Os olhos castanhos fitavam perdidamente a areia da praia, seus pensamentos vagando nas lembranças. Por mais que a garota estivesse carregada de boas intenções, ela o incomodava ligeiramente. Como se ela acreditasse que ele era obrigado perdoar Eruwin e amá-la pela eternidade. Nós bem sabemos que isso é verdade, por culpa de seu devaneio de amor verdadeiro, mas para Henry isso apenas tinha um gosto amargo... de quando a sereia de fato o obrigou a amá-la.

— Então, Seamus, é verdade que você persegue um morto-vivo? — Uma qualidade do garoto da pólvora é sua capacidade de amenizar o clima. Ele poderia ser útil no barco, não que eles estejam brigando... porém uma amizade poderia ser formada.

— Não exatamente... ele morre a cada anoitecer. É um pouco rude usar esse termo. Como sabe sobre isso? — Poderia ter apostado em Sendulum, mesmo que não apreciasse jogos. Aquele capitão merecia um sermão por compartilhar informações de forma tão leviana!

— O capitão Sendulum me contou. — A forma como ele frizava a palavra capitão lhe causava uma leve irritação, contudo não deixaria que um garoto que mal deixara a tenra infância lhe tirasse do sério.

— Você e o Send são tão próximos assim? — Por alguma razão, o jovem pirata não ficou satisfeito em ouvir aquilo. Seamus atribuiu à forma como se referiu ao tão respeitado capitão. Controlou um sorriso que Lillith certamente teria adorado.

— Não exatamente. O capitão é o único que não faz graça com o meu nome no navio. Eu que o encho de perguntas. — Tal assunto ainda perdurou por algum tempo, no entanto creio que estejam curiosos para saber se nosso trio encontrou a boneca ou não. Bem, devo dizer que Cecille estava em maus lençóis.

Era uma tremenda sorte que não precisasse se alimentar, se fosse humana provavelmente estaria morrendo. Tudo porque era uma desastrada e deixou o remo cair. Agora estava presa entre a ilha e a cidade.

— Ah! Se Thierry soubesse a irmã desastrada que tem! Certamente sentiria muita vergonha, mesmo que ela esteja muito apresentável agora. — A boneca lamuriava olhando para o céu. Estava deitada no barco roubado. Queria que o dono desse falta e ainda assim temia que isso ocorresse. A boa verdade é que o dono nem se importava com sua mercadoria roubada. Tinha dinheiro para comprar uma nova, da mesma forma que a população. Era por causa disso que ninguém encontrou a boneca ainda. — Pobre Cecille! Pobre Thierry! Ficarei aqui até que minha tinta desbote, ah, se vou!

— Para a sua sorte, Ceci, você não poderia estar mais enganada. — Ora, aquela voz ela conhecia! Como Leharuin poderia estar ali? Ela levantou a cabeça e sentou-se, ficando encantada ao ver Leharuin, Rick e um homem estranho.

— Ora, Richard! Você perdeu o medo do jovem Leharuin e das borboletas dele? — Com aquelas palavras, a boneca pode perceber um leve rubor tomando conta do rosto de seu amigo. Nos olhos de Leharuin havia uma expressão divertida, mas não completamente sincera. Foi por causa disso que a boneca percebeu que ninguém daquele barco era amigo. — O que fazem aqui?

— O que você acha, sua tonta? — Richard resmungou e antes que a boneca pudesse reclamar da rudeza daquelas palavras ele se pôs de pé e puxou a boneca para seus braços. Apesar de Cecille ser absurdamente leve, meus amigos, devo dizer que foi um momento tenso. O movimento repentino no loiro quase derrubou o barco, o que fez com que Sendulum soltasse uma boa quantidade de palavras horríveis que não vejo necessidade de escrever aqui. Basta saber que Rick pouco se importou com elas, afinal, ele estivera genuinamente preocupado com a boneca. — Fiquei com medo de tivessem te destruído. Viemos salvá-la.

Nem posso colocar em palavras a felicidade que a boneca sentiu. Veja bem, uma criatura tão vaidosa como Cecille receber um elogio desses! Aqueles três que sequer gostavam um do outro uniram-se com o único propósito de resgatá-la. Amaldiçoou Moros por não ser capaz de chorar de alegria. Porque tecido não se tinge e nem se molha sozinho.

— Isso é porque sou uma boneca... — Ela murmurou um pouco infeliz e os homens a olharam, sem entender. Ela esboçou um sorriso e se corrigiu, estava virando uma mentirosa muito talentosa. — Não tenho miolos, apenas a minha leve cabecinha de pano!

Capitão Sendulum, acredito que já podemos voltar. — E tudo o que o pobre homem se perguntava era como uma mesma sereia poderia dar a luz a um filho tão adorável e a outro tão incrivelmente implicante e detestável.

— Ora! Claro que não! Imagine, eu nem consegui encontrar Thierry ainda! — Todos piscaram, incrédulos. Ela realmente queria dar continuidade àquela loucura?

— Senhorita, você está sugerindo que devemos invadir o Castelo Real? Veja bem, há muitos guardas e somos apenas quatro. — Não que você seja capaz de fazer muita coisa, acrescentou mentalmente para não ofender a boneca. — Melhor seria se voltássemos.

— Concordo com o capitão, Ceci. É perigoso. — O nosso querido ladrão acrescentou, não por recusar uma aventura, mas sim porque queria reencontrar Clara. Uma invasão levaria tempo demais.

— Então me emprestem seu remo, porque eu irei! Vocês podem nadar, mas eu ficaria pesada demais e afundaria. Sem contar que minha tinta sairia! Justo agora que consegui ficar bonita! — Nenhum deles parecia convencido e isso só fez a pobrezinha ficar ainda mais desesperada. — Se eu falar meu nome para um guarda, Thierry certamente me receberá! Deixem-me tentar ao menos isso!

Os três se encararam e acenaram positivamente com a cabeça. Se seria apenas uma visita pacífica... o problema é que todos tinham certeza de que o rei não iria querer receber sua suposta irmã.

— Se você insiste tanto, Ceci... será apenas uma visita, uma única tentativa. Se ele não quiser recebê-la, iremos embora. De acordo? — Após considerar por algum tempo, aceitou os termos. Veja bem, na cabeça dela não havia a menor possibilidade de que seu irmão não a recebesse. Porque ele a amava tanto quanto ela o amava, correto?

O que a boneca não tinha conhecimento era que Gisele faria de tudo para impedir esse reencontro. Uma palavra dita descuidadamente pela boneca seria a responsável de uma série de acontecimentos trágicos.

Que acontecimentos? Vocês me perguntariam e eu até mesmo poderia respondê-los. No entanto, que graça haveria se eu contasse agora? Vocês, queridos amigos, ficariam apenas preocupados. Sim, porque Rick e Leharuin veriam uma tragédia com o mesmo elemento ocorrer uma vez mais. A diferença é que, desta vez, não seria uma multidão preconceituosa queimando pessoas inocentes... desta vez o que queimaria seria o tecido de uma boneca inocente.


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