O Chamado das Borboletas escrita por Ryskalla


Capítulo 19
Capítulo 18 - O Amor nos Olhos


Notas iniciais do capítulo

Eu quero pedir zilhões de desculpas pela demora para postar esse capítulo. Ele estava quase pronto e eu ia terminá-lo no feriadão, só que minha mãe fraturou a coluna e o pouquinho de vontade que eu tinha de escrever foi embora. É uma má fase, suponho, peço paciência. Sei que irá passar. Enfim, deixei umas pontas um pouco soltas nesse capítulo e em breve irei respondê-las. Não no próximo capítulo, mas em breve. Bom, espero que gostem desse capítulo ^u^ E se houver algum erro, já sabem :)



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Sentia falta da brisa marinha e do cheiro encantador do mar. Como havia chegado até ali? Sua mente era um turbilhão de lembranças... a mais vívida era Henry. E era por culpa de Henry que Eruwin segurava com suas mãos trêmulas uma lâmina afiada. Por mais que tentasse admirar a paisagem que a praia rochosa lhe oferecia, Henry sempre conseguia se infiltrar. Ela era capaz de vê-lo nas rochas escorregadias logo abaixo. A que Eruwin se encontrava era covardemente segura.

E Henry estava em qualquer lugar que ela olhasse, seus olhos castanhos brilhando em fúria. Aquele ser imaginário sempre estava com raiva dela, mesmo quando fugiu de Adry… nem um ato tão desesperado pareceu acalmá-lo.

Sabia que o ruivo continuava a procurá-la. Sabia que seria mais seguro permanecer ao seu lado. O que faz perdida aqui, bela flor? Aquelas palavras invadiram sua mente e abriram caminho para lembranças que ela não queria recordar. E aquilo só aumentava seu medo em ficar sozinha.

Viu seu olho verde refletido na lâmina. Talvez, se fosse para viver sem amor e atormentada pelo medo…

A faca estava perigosamente próxima agora. No fim, era sua única saída… seus cálculos deram errado e ela jamais seria aceita novamente dentre suas irmãs.

Seria como Katriel, a tola. Katriel, a sereia das mil lágrimas… Katriel, a que se deixara enganar.

Não conseguiria viver carregando tais nomes. E mesmo Katriel estava desaparecida. Talvez tenha encontrado o mesmo destino que ela. Ninguém mais tinha notícias. Foi mais uma de suas irmãs que havia desaparecido misteriosamente. Quem sabe um dia, ela se tornaria uma lenda como Phalyss, a negra.

Quando finalmente reuniu coragem, uma voz feminina lhe surpreendeu.

— Não que eu conheça sereias muito bem, no entanto encontrar uma que queira cometer suicídio me parece um achado improvável. — Eruwin virou-se de súbito, buscando a dona da voz. Pois veja, meus amigos, quão surpresa ela ficou ao ver uma de suas irmãs sentada numa rocha pouco atrás dela.

— Como não poderia conhecer suas próprias irmãs? — Ao fazer tal indagação, a jovem de cabelos levemente esverdeados começou a rir.

— Está há muito tempo longe do mar, para cometer um erro desses. — E deu uma nova risada ao contemplar a expressão confusa da sereia. — Veja bem, minha avó era uma sereia. Eu, entretanto, não sou.

— Como poderia ser possível? — Não gostava desse tipo de jogo. Suas mãos já não tremiam. Seu orgulho, por outro lado...

— Minha avó deu a luz a um menino e escolheu uma vida humana à imortalidade do mar. — A compreensão iluminou o rosto de Eruwin. Como fora tola! Contudo, relatos de filhos sobreviventes eram quase inexistentes para que ela pudesse considerar tal possibilidade. E, além do mais, desde que ganhou pernas, a tolice vinha sendo sua companheira fiel. — Ela era uma sereia incomum. Não tão incomum quanto você, obviamente, que abre mão do próprio orgulho para desistir da vida.

— O que sabe sobre as dores de uma sereia? — Seu tom se tornava cada vez mais amargurado e seus olhos cada vez mais furiosos.

— Sei que a origem de todos os males de uma sereia vem a bordo do amor. — Aquelas palavras, queridos amigos, desmontaram a pobre sereia, que caíra de joelhos na rocha gélida. A jovem misteriosa observava a sereia com pesar. Era uma das poucas humanas que se simpatizavam por aquelas criaturas incompreendidas.

— Já não sei o que fazer. Minha natureza diz que devo matá-lo, mas isso seria o mesmo que morrer. Ele parece estar cada vez mais distante. — Como poderia mostrar para Henry que seu amor era verdadeiro? Como poderia fazer com que ele a perdoasse? — A vida no mar não era tão infeliz... arrependo-me de ter tentado afogá-lo. Se eu soubesse o que me aguardava... teria fugido sem pensar outra vez.

— Você só se arrepende por não ter dado certo. Se ele estivesse em seus braços agora, estaria tão infeliz? — Ao receber um aceno negativo por parte da sereia, sorriu. — Se é amor o que você realmente sente por esse rapaz, sei que pode conquistá-lo.

— Acha mesmo que isso é possível? — Caso não saibam, amigos, assim como o amor, a esperança é um belo sentimento. Ela é capaz de recuperar a vitalidade e realçar ainda mais sua beleza. Então, caros amigos, quando digo que Eruwin ficou ainda mais bela naquele momento, não é um mero exagero da minha parte.

— Humanos se enganam muito quanto ao amor, uma sereia pode reconhecer o amor da vida dela com uma maior facilidade. No entanto, o maior problema de uma sereia é o seu orgulho, É isso que a cega. — Um sorriso nostálgico surgiu no rosto da humana. Muitas lembranças de verões mais felizes e menos solitários. — Minha mãe acreditava que estamos fadados a encontrar o amor da nossa vida em algum momento. Que Moros nos via como peças de encaixe e que, se seguíssemos o destino que ele nos traçou, eventualmente encontraríamos o nosso encaixe. Se vencer seu orgulho, é certo que esse rapaz entregará seu coração.

— Você encontrou o seu? O seu encaixe, quero dizer. — A curiosidade da sereia era crescente. Quem era aquela jovem? Suas palavras lhe pareciam tão sensatas!

— Acreditei ter encontrado... há um filho de sereia, você vê. Deve saber como eles são raros. Quando o encontrei, achei que fosse ele... agora acho que filho de sereia é o encaixe da minha mãe, não o meu. — Com um leve franzir de cenho, Eruwin pensou sobre aquela resposta. Seria de Leharuin que ela estaria falando? — Ele ama outra moça, sabe? Ele nunca falou sobre isso, mas eu sei. Quando olho nos olhos dele, vejo um amor reprimido.

— Conhece Leharuin? — Pela expressão surpresa da jovem, Eruwin pôde ver que, sim, era de Leharuin que ela falava. Pensava sobre as palavras da humana e sobre os olhos dourados do ladrão. — Talvez não seja amor o que você viu...

— Certamente é amor. Leharuin sempre tentou esconder as coisas. Finge gostar de ser visto como um demônio e finge odiar humanos, mas no fim... a bondade em um homem nunca morre, apenas adormece. — Deixou escapar uma curta risada. — Se ele quisesse ser visto como um demônio, em primeiro lugar, deveria parar de doar aos pobres.

— E por que isso te faz acreditar que foi amor que viu nos olhos dele? — Era uma pergunta válida, a de cabelos esverdeados pensou.

— Porque Leharuin não é feliz. E se a bondade não o faz plenamente feliz, é porque ele ama alguém que não pode ter. — Eruwin duvidava daquelas palavras, acreditava que o amor que aquela jovem pensava ver não passava de arrependimento. Talvez aquela fosse a razão para sua suposta bondade: estava arrependido de um terrível erro do passado e buscava compensar de algum modo.  

— Há algum tempo, eu quase o matei... — Aquela confissão surpreendeu a jovem estranha. No passado, teria matado qualquer um que fizesse mal a seu amado... no entanto, o tempo a tornara mais paciente e aquela foi sua salvação. — Ele queria proteger Henry, impedir que ele recebesse seu merecido castigo. Era algo que eu não poderia suportar, não poderia deixar que ele simplesmente entrasse no meu caminho. No fim ele conseguiu fugir com vida e Henry quebrou meu feitiço. E eu nunca saberei como...

As palavras sumiram da boca da jovem. Só havia uma pessoa capaz de quebrar o feitiço de uma sereia Ao menos, apenas uma que ela tivesse conhecimento. Desceu imediatamente da pedra onde estava sentada e estendeu repentinamente a mão para a sereia, que a olhava sem entender.

— Sei como descobrir isso. — A moça estendeu a mão para a sereia, que relutou em segurá-la. Eruwin lançou um último olhar para a lâmina e suspirou. Deixou que o objeto caísse pelas pedras, permitiu que ele próprio tivesse sua morte nas águas salgadas do mar.

Assim que abandonaram a área traiçoeira nas rochas, a jovem de cabelos esverdeados se pôs a correr, arrastando Eruwin consigo. A sereia cogitou que ela também temesse o súbito ataque de alguém que pudesse estar se escondendo pelas árvores, mas talvez não fosse o caso. Pela forma como o corpo da humana se movia, Eruwin percebeu que correr era algo que a garota apreciava.

A manhã passou e quando o Sol estava bem alto lá no céu, as duas chegaram naquela ruela cuja aparência não era tão pavorosa quando a luz do Sol brilhava sobre ela. Passaram pela janela onde sempre havia uma pálida garota observando, a única diferença é que essa garota não estava lá. A jovem misteriosa (que logo revelarei a vocês, companheiros, apenas tenham paciência) cogitou a possibilidade do falecimento da garota e sentiu um princípio de pesar, mesmo que não a conhecesse.

Pararam em frente a uma porta miserável, que era oposta a da casa onde a garota costumava ficar. Quando a estranha bateu, a porta abriu quase que imediatamente e a velha pareceu surpresa ao vê-la ali.

— Lillith, não acreditava que voltaria aqui tão cedo, querida. Alguns objetos meus jamais irão se recuperar do seu ataque. — E quando Lillith fez menção de falar, a velha a interrompeu. — Soube que anda bancando a durona sem coração, porém sempre que vem aqui... é como daquela vez, apenas uma garotinha perdida procurando pelo pai. E sua amiga, quem seria?

— Eruwin... — A sereia respondeu, após pensar durante alguns segundos. Aquilo, meus amigos, roubou as palavras a senhora. Contudo, não por muito tempo.

— Vejo que é um dia de surpresas. Entrem, por favor. — Quando Eruwin entrou, desejou não ter entrado, pois casa possuía um cheiro tão estranho! Não de todo desagradável, porém ainda assim... esquisito. — A sua pergunta, Eruwin, eu já sei. E a resposta sou eu. Sim, eu quebrei o feitiço daquele pobre rapaz e não irei informá-la sobre o paradeiro dele.

— Ela mudou, senhora. Não é mais a mesma, o amor a mudou. Tenho certeza de que ela não tentará matá-lo. — As palavras de Lillith eram desesperadas e só fizeram com que a velha risse. Até mesmo a risada da velha era desagradável, era arranhada e Eruwin se pegou almejando ter enfiado a lâmina em seu próprio peito naquela manhã. — Eu conversei com ela... essa sereia estava disposta a se matar por amor, não por vingança.

— E imagino que tenha conversado com ela. Ora, Lily, você me parece tão falsa! Quantas vezes já tentou matar o jovem Leharuin por vingança? — Aquela informação surpreendeu a sereia. Não parecia fazer sentido… ora, mas era claro que fazia! Como foi idiota! Todos os humanos pareciam ser iguais! Apenas Henry foi diferente... Henry não mentiu para ela e agora estava perdido para sempre. Sentiu as lágrimas queimarem seu rosto e se encolheu no chão, alheia à discussão da velha e da mentirosa. Foi preciso certo tempo até que aquele ser caquético notasse o que acontecia com Eruwin. Sua mão firme, apesar da idade, ergueu o rosto da sereia e olhou para seu olho. — Diga, sereia, qual era a cor de seus olhos quando se apaixonou por Henry?

— R-rosa. Mas só tenho um único olho agora e... — O dedo enrugado silenciou suas próximas palavras e um olhar de satisfação foi lançado à Lillith.

— Parece que você estava certa, Lily. Mesmo que essa seja a primeira vez. 

— Você é patética. — A jovem murmurou, podia ver que seus olhos estavam vermelhos.

— Não acho que seria prudente recomeçar essa briga. Eu sei como te atingir. Você contou tudo o que eu precisava saber. Acho que é melhor tomar cuidado, Lillith, porque não irei tolerar outra traição dessas! — A ruiva estava perdida. Que traição? A humana mentirosa apenas se contentou com um silêncio amargurado e a aquela odiosa voz arranhada se fez ouvir novamente. — Essa criatura realmente ama aquele rapaz e imagino que deveria esperá-lo, pois ele está viajando agora... sim, viajou para um reino distante. 

— O quão distante? — Eruwin perguntou, desesperada para se jogar no oceano e encontrá-lo.

— O suficiente. Você é burra? Se for atrás dele, irão se desencontrar. Vai ter que esperar. — A sereia podia sentir a raiva ferver em seu rosto. Quem ela pensava que era para falar daquele jeito? Tal sentimento pareceu divertir a senhora, que soltou uma risada tão terrível quanto sua voz. — Tenho duas jovens de natureza tão semelhante mudadas pelo poder do amor.

— Então devemos apenas aguardar? — Lilith, que odiava a ideia de ter que esperar pela vontade de Moros, pareceu desapontada. Imaginava-se ao lado de Eruwin, em uma aventura para procurar o verdadeiro amor da sereia. Pode-se dizer, que apesar de todos os defeitos, aquela jovem era dona de uma alma sonhadora invejável.

— Embora eu não acho que você mereça saber disso, Lily, mas aquele que você procura não é Leharuin e sim o irmão dele. — Ao perceber a expressão confusa da ladra, a senhora suspirou, contrariada. Seus pensamentos verdadeiros sempre eram mantidos em segredo. Qual seria o motivo de sua contrariedade? Talvez não pudesse suportar o fato de que as pessoas normais não pareciam entender o óbvio. Contudo, nem mesmo eu posso desvendá-la. — É, Leharuin tem um irmão e ele próprio não o sabe, porém seus destinos irão se cruzar nessa viagem. Você, por outro lado, deve ir atrás dele, Lillith... 

— Onde ele está? — O desespero! Eruwin podia perceber o quanto aquela jovem desejava ser amada e não pode deixar de sentir pena dela. Não era a primeira humana que acreditava que o motivo de sua felicidade se encontrava em um homem. Tal pensamento, fez com que Eruwin cogitasse que poderia estar se tornando humana. E por mais repulsiva que fosse a ideia, não se importou. Sabia que seria feliz ao lado de Henry e sabia que, com o tempo, se essa felicidade não fosse alcançada, teria o bom senso de procurar em outro lugar.

— No reino de Anankes. Agora, se puderem me acompanhar... — A sereia pouco prestou atenção no que a senhora dizia, porém, de forma automática, fez o que foi mandado.

Porque Eruwin havia perdido o medo. Possivelmente graças a Lily ou mesmo por causa da senhora. Se estava virando humana, então não precisava temer a rejeição de suas irmãs. Ela não precisava de ninguém. E vocês podem pensar, meus amigos, que Eruwin estivesse recaindo ao mesmo pensamento imaturo que fez Henry se irritar com ela. Contudo, felizmente, mostro que ele é completamente diferente. Não era a questão de não reconhecer os perigos ou mesmo que receber a ajuda de humanos seja algo valioso. Não. O que a sereia pensava era que jamais poderia depender de alguém, nem mesmo de Henry.

E, de algum modo, ela sabia que Henry detestaria ter ao seu lado uma criatura dependente.

Para o bem de ambos, Eruwin deveria se pôr em primeiro lugar, não como uma atitude vaidosa e egoísta, mas como uma questão de amor próprio.

Ambas foram guiadas para a janela empoeirada e, com certo alívio, Lillith descobriu que a menina da janela vizinha ainda estava viva. Clara tornou a assumir seu posto de espera. Possuía uma aparência mais saudável e em seus olhos era possível ver aquele belo sentimento sobre o qual falamos mais cedo. — Ali está aquela quem Leharuin verdadeiramente ama.

A ladra pensava sobre a ironia daquela revelação. Eruwin, porém, desperta de seus pensamentos, olhava para outra coisa... porque ela sequer notou a presença da pálida jovem na janela. A atenção de Eruwin foi completamente arrebatada pela visão daquela garota sem amor, aquela que foi responsável por tirar Henry de seu alcance e, por mais que tenha mudado, Eruwin não conseguiu reprimir a vontade de atacar Analiese. E foi por não reprimir essa vontade que a sereia saiu como uma tempestade pela porta miserável e atacou a pobre princesa.

Verdadeiro foi o pavor da princesa ao ver aquela figura surgir do nada e prendê-la contra a parede. Não conseguiu desviar o olhar daquele rosto desfigurado de tanta raiva, mesmo após ouvir uma voz arranhada gritando com a sereia.

— Eruwin! Não se renda a sua natureza. Não culpe essa jovem pelos seus erros! — Refletir era muito mais difícil que ignorar seus instintos. Algo dentro gritava sobre o erro que estava cometendo, que estava permitindo que o medo da rejeição tomasse controle. Estava culpando a pessoa errada. Apesar dos apelos, a sereia não parecia disposta a soltá-la, o que só fazia o desespero da princesa aumentar, se esta não houvesse notado uma coisa. — Eruwin!

— Você chorou por ele... — Sim. De fato, ela voltou a ser quem era ainda que fosse completamente diferente. Seus olhos haviam mudado porque ela havia mudado. Eruwin fechou os olhos, consciente de que deveria aceitar a si mesma com todos os seus defeitos. Consciente de que deveria aceitar as consequências de sua atitude. Aos poucos, Analiese sentiu as mãos da criatura enfraquecerem até estar livre de sua fúria implacável. A sereia tentou limpar o rastro das lágrimas com as mãos inutilmente. Só o tempo apagaria aquela queimadura. — Seu olho era verde e agora é rosado... Leharuin estava certo, quando uma sereia chora... seus olhos mudam de cor.

— Sim, ele estava certo. Mas só o amor faz a cor original voltar. Isso é algo que ele provavelmente não sabe, não é? — Ao abrir os olhos, observou a princesa confirmando com um aceno positivo. O olho rosado da sereia encontrou os olhos prateados da princesa, o que lhe arrancou um sorriso. Ela percebeu algo que Liese ainda demoraria certo tempo para aceitar, do mesmo modo que a própria sereia demorou. — Parece que eu estava errada, afinal. Existe amor nos seus olhos.


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