A Fênix 2: The Girl On Fire escrita por potterlovegood


Capítulo 5
Xícaras de Chá


Notas iniciais do capítulo

HOLAAAA, OLHA SÓ QUEM VOLTOOOU! ~Carolina returns para nossa alegria~ /Lights

Heeey, acho que vocês tão até estranhando porque tinham pensado que eu desisti, porém não foi dessa vez kkkkk o apoio de vocês por comentários e mensagens me fez arranjar o mínimo de tempo no meu horário de vestibulanda pra escrever e tá ai... Espero que valha a pena... Boa leitura. /Cars



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Naquela manhã Cindy acordou cedo, sentindo-se muito disposta. Ao pé de sua cama encontrava-se seu uniforme, bem dobrado, o que a fez pensar como as coisas simplesmente aparecem em Hogwarts, já que podia jurar que ontem mesmo suas vestes ainda se encontravam no seu malão.

Depois de pronta, caminhou furtivamente até a porta da enfermaria. Mas isso não foi o suficiente para passar despercebida.

— Aonde você pensa que vai, moçinha? — exclamou a mulher atrás de Cindy, pregando-lhe um susto.

Ela virou-se lentamente. Madame Pomfrey encarava-a com um olhar autoritário, que aos poucos transformava-se num sorriso vitorioso.

(...)

Assim, depois de Cindy ser examinada mais uma vez, foi finalmente liberada — aliviada, saltitando pelos corredores. Isso a lembrava muito Luna... a propósito, precisava conversar com a amiga; ainda estava inquieta com aquela conversa estranha que ouviu na plataforma 9 3/4.

No momento em que passou pela porta do Salão Principal, Cindy teve uma esquisita sensação de déjà vú. Todos os olhares recaiam nela, exatamente como no ano passado, quando voltara da Câmara dos Segredos. Tentou não se abalar, caminhando lentamente até onde seus amigos esperavam-na.

— Garota — disse Rony se levantando, e, com uma cara séria, disse: — Nunca mais nos dê um susto desses!

Sem querer, Cindy riu e o ruivo logo lhe acompanhou.

— Você está melhor? — perguntou Harry com um tom preocupado. Ele estava sentado a sua frente, enquanto Rony e Hermione estavam do lado oposto da grande mesa da Grifinória.

— Me sinto ótima. E você? Soube...

— Que também desmaiei? — interrompeu o moreno, meio desanimado. — As notícias se espalham rápido...

— Foi Madame Pomfrey quem me contou — acrescentou, tentando reparar o erro que nem era seu.

— Mas eu estou bem — Harry concluiu largando um sorriso.

— Agora me contem tudo que aconteceu, gente! — Cindy tentou mudar de assunto Cindy. Nossa, falei como uma fofoqueira agora, pensou enquanto se sentava ao lado do moreno. — Porque até agora não entendi como desmaiei.

— Ué, foram os dementadores — disse Rony, enchendo a boca com uma grande fatia de panquecas.

— Ah, sério Rony?— perguntou Cindy, sarcástica.

— Você se lembra de alguma coisa? — perguntou Mione, falando pela primeira vez na conversa.

— Só de tudo frio... do vulto de capa preta... — involuntariamente, Cindy ficou toda arrepiada. — E depois, tudo escuro.

— Foi muito estranho para mim também, me senti como se nunca mais fosse ser feliz... — disse o ruivo, vagamente.

— Na realidade, eu só percebi que vocês desmaiaram depois que o Prof. Lupin afugentou o dementador — disse Hermione, que também parecia incomodada com a visita de ontem. — E foi realmente muito estranho quando...

— Cindy! — exclamou Gina, ela acabara de chegar. — Está tudo bem?

— Já disse, estou ótima.

— Do que vocês estão falando? — perguntou a ruiva, sentando-se com a amiga.

— Hermione estava contando o que aconteceu depois que eu apaguei — explicou rapidamente Cindy, estava tão animada que havia esquecido completamente de tomar café da manhã.

— Cindy, você tá bem? perguntou Neville, timidamente se aproximando do grupo.

— Estou ótima respondeu novamente, estava ficando irritada com isso.

— A Hermione falou do professor novo? — perguntou Gina, interessada.

— O Lupin? — perguntou Cindy, virando-se para Mione.

— Eu ia contar, Gina, mas você chegou — disse a menina, e depois se voltou para Cindy. — É que ele... digamos que agiu muito estranho quando te viu.

Me viu? — repetiu.

— Sim, Cindy, ele ficou com os olhos arregalados, te encarando assim... — e Gina imitou-o, ficando estática, numa mistura de susto e choque. — Foi muito estranho...

— E depois de um tempão em silêncio, ele perguntou quem era você — disse Neville, enquanto se servia de um delicioso bolinho.

— E quando falamos o seu nome, pareceu que ele era quem ia desmaiar. — disse Rony, rindo.

— Ok, agora estou ficando assustada... — disse a menina, olhando para a cara séria dos amigos.

— Logo depois Harry acordou, e ele simplesmente voltou ao normal, digo, voltou a agir como um professor — explicou Mione.

— Ficou um pouco com a gente, e depois saiu, dizendo que precisava falar com o maquinista — concluiu Gina, servindo-se de suco de abóbora.

— O que o Harry queria com o maquinista? — perguntou Cindy.

— Eu o quê? — disse Harry, despertando no meio da conversa.

— Não, sua bobinha, o Prof. Lupin que foi ver o maquinista! — disse a ruiva, rindo.

— Bem que eu achei estranho — Cindy começou a rir de si mesma.

— Ah, vocês ainda estão falando disso? — indagou Harry, localizando-se no assunto. Os amigos apenas assentiram. — Só que, quando acordei, me deparei com você desmaiada — acrescentou, olhando nos fundos dos olhos da morena.

— Cindy, você perdeu o meu irmão tentando lhe acordar — disse Gina, risonha.

— Sim, Rony achou que fazendo cócegas iria ajudar — comentou Mione em um tom reprovador.

— Comigo sempre funciona, tá? — Rony tentou se defender, cruzando os braços, fazendo o grupo rir.

— Nossa, qual o motivo de tanta graça? — perguntaram duas vozes uníssonas. Fred e Jorge estavam passando pelo grupo, entregando os horários das aulas.

— Rony... — começou Cindy, porém foi rapidamente interrompida.

— O quê? — exclamou Fred, fingindo incredulidade. — Meu irmão? Contando piada?

— Ah, essa eu quero ouvir! — completou Jorge, e os dois se sentaram, empurrando Gina pra longe.

— Que engraçado vocês... — debochou Rony.

— Olha só, temos horário livre agora! — exclamou Gina, animada.

— Nós não... — lamentou Neville. — Temos Adivinhação... Alguém sabe onde fica a Torre Norte?

— Muito, muito longe... — disse Jorge vagamente enquanto seu irmão gêmeo assentia ao seu lado.

— Poxa, é melhor eu ir indo, se eu me perder, ainda posso chegar a tempo — disse o menino, despedindo-se do grupo.

— Olha que milagre, vocês dois, trabalhando, a essa hora da manhã — caçoou Cindy, bagunçando o cabelo do ruivo mais próximo, Fred.

— Claro, somos muito trabalhadores — afirmou Fred, com o peito estufado.

— Por isso, licença senhorita, como pessoas responsáveis, temos que terminar nossos afazeres — disse Jorge, mais polido que o normal, e puxou o irmão, voltando a entregar os horários.

— Hermione — chamou Rony, franzindo a testa ao olhar por cima do ombro da amiga —, bagunçaram o seu horário. Veja só: dez aulas por dia. Não existe tempo para tudo isso.

— Eu me arranjo. Já combinei tudo com a Profª. Minerva.

— Mas olha aqui — continuou Rony, rindo-se —, está vendo hoje de manhã? Nove horas, Adivinhação. E embaixo, nove horas, Estudo dos Trouxas. E — o menino se curvou para olhar o horário mais de perto, incrédulo — olha, embaixo tem Aritmancia, nove horas. Quero dizer, eu sei que você é boa, Mione, mas ninguém é tão bom assim. Como é que você vai poder assistir a três aulas ao mesmo tempo?

— Não seja bobo — disse Hermione com rispidez. — É claro que não vou assistir a três aulas ao mesmo tempo.

— É, não seja bobo, Rony — repetiu Cindy, num tom sarcástico, rindo do ruivo, que fechou a cara para a amiga resmungando algo.

A menina voltou-se para seus horários, e, para sua surpresa, no primeiro horário, estava escrito que ela teria Adivinhação. A morena ficou meio confusa, embora não conseguisse conter seu sorriso vitorioso. Estava certa. Pensou em dizer alguma coisa, porém não estava com vontade de discutir com Hermione mais uma vez. Uma vez em silêncio, percebera que estava faminta.

Nesse instante Hagrid entrou no Salão Principal. Estava usando o casaco de pele de toupeira e distraidamente balançava um gambá na mão enorme.

— Cindy, ai está você! — exclamou o grandão, parando em frente a mesa deles. — Está tudo bem com você?

— Estou ótima — disse a garota, sorrindo. — Belo traje.

— Ah, obrigado, eu estou usando meu traje de professor — ele respondeu, todo orgulhoso.

— Professor? — Cindy franziu o cenho.

— Eles não lhe contaram? — disse Hagrid, olhando para Rony, Hermione e Harry. — Sou o novo professor de Trato de Criaturas Mágicas! Estou acordado desde às cinco horas aprontando tudo para minha primeira aula de hoje, logo depois do almoço... Espero que dê certo...

E dando um grande sorriso para os garotos, foi para sua mesa, ainda balançando o gambá.

(...)

— Tem... Que... Ter... Um... Atalho — ofegava Rony, parando num patamar desconhecido.

Nesses dois anos em Hogwarts, nunca haviam ido à Torre Norte. Depois de tanto subir, estavam parados onde não havia nada exceto um grande quadro de um campo relvado pendurado na parede de pedra.

— Acho que é por aqui — disse Hermione, espiando o corredor vazio à direita.

— Não pode ser — discordou Rony. — Aí é sul, olha, dá para ver um pedacinho do lago pela janela...

Harry parou para examinar o quadro. Um gordo pônei cinza malhado pisou lentamente na relva e começou a pastar sem muito entusiasmo. Estava acostumado aos personagens dos quadros de Hogwarts andarem e até saírem pela moldura para visitar uns aos outros, mas sempre gostava de apreciar esse movimento. No instante seguinte, um cavaleiro baixo e atarracado, vestindo armadura, entrou retinindo pelo quadro à procura do seu pônei.

Pelas manchas de grama nas joelheiras metálicas, ele acabara de cair do cavalo.

— Ah-ah! — berrou, vendo Harry, Rony e Hermione. — Quem são esses vilões que invadem as minhas terras?! Porventura vieram zombar da minha queda? Desembainhem as espadas, seus velhacos, seus cães!

Os meninos observaram, espantados, o cavaleiro nanico puxar a espada da bainha e começar a brandi-la com violência, saltando para aqui e para ali enraivecido. Mas a espada era muito comprida para ele; um golpe exagerado foi o suficiente para desequilibrá-lo, e ele caiu de cara na grama.

— O senhor está bem? — perguntou Harry, aproximando-se do quadro.

— Afaste-se, fanfarrão desprezível! Para trás, patife!

O cavaleiro retomou a espada e usou-a para se reerguer, mas a lâmina penetrou fundo na terra, e, embora ele a puxasse com toda a força, não conseguiu retirá-la. Finalmente, teve que se largar outra vez no chão e levantar a viseira para enxugar o rosto coberto de suor.

— Escuta aqui — disse Harry, antes que o cavaleiro voltasse com aquelas tentativas inúteis de luta —, estamos procurando a Torre Norte. O senhor conhece o caminho, não?

— Uma expedição! — a raiva do cavaleiro pareceu sumir instantaneamente. Levantou-se retinindo a armadura e gritou: — Sigam-me, caros amigos, alcançaremos o nosso objetivo ou pereceremos corajosamente na peleja!

Ele deu mais um puxão inútil na espada; tentou, tentou, mas não conseguiu montar o gordo pônei. Então gritou:

— A pé, então, dignos senhores e gentil senhora! Avante! Avante!

E saiu correndo, a armadura fazendo grande estrépito, passou pelo lado esquerdo da moldura e desapareceu de vista.

Os garotos se precipitaram atrás dele pelo corredor, seguindo o barulho da armadura. De vez em quando o avistavam passando para o quadro seguinte.

— Sejam fortes, o pior ainda está por vir! — berrou o cavaleiro e os três o viram reaparecer diante de um grupo assustado de mulheres vestindo anáguas de crinolina, cujo quadro fora pendurado na parede de uma estreita escada circular.

— Existe pior do que isso? — resmungou Rony, respirando ruidosamente.

Eles subiram os estreitos degraus em caracol, sentindo-se cada vez mais tontos, até que finalmente ouviram o murmúrio de vozes no alto e perceberam que tinham chegado à sala de aula.

— Adeus! — gritou o cavaleiro, enfiando de repente a cabeça no quadro de uns monges de aspecto sinistro. — Adeus, meus camaradas de armas! Se um dia precisarem de um coração nobre e fibra de aço, chamem Sir Cadogan!

— Ah ótimo, mais um maluco... — murmurou o ruivo quando o cavaleiro foi sumindo de vista.

Os garotos subiram os últimos degraus e chegaram a um minúsculo patamar, onde a maioria dos colegas já estavam reunidos. Não havia portas no patamar, mas Rony cutucou Harry indicando-lhe o teto, onde havia um alçapão circular com uma placa de latão.

— Sibila Trelawney, Professora de Adivinhação — leu Harry. — E como é que esperam que a gente chegue lá em cima?

Como se respondesse à sua pergunta, o alçapão se abriu inesperadamente e uma escada prateada desceu aos seus pés. Todos se calaram.

— Primeiro você — disse Rony, empurrando o amigo para a escada.

Harry chegou à sala de aula mais esquisita que já vira. Na realidade, sequer parecia uma sala de aula, e sim um cruzamento de sótão com salão de chá antigo. Havia, no mínimo, vinte mesinhas circulares juntas ali, rodeadas por cadeiras forradas de chintz e pequenos pufes estufados. O ambiente era iluminado por uma fraca luz avermelhada; as cortinas das janelas estavam fechadas e os vários abajures, cobertos com xales vermelho-escuros. O calor sufocava e a lareira acesa sob um console cheio de objetos desprendia um perfume denso, enjoativo e doce ao aquecer uma grande chaleira de cobre. As prateleiras em torno das paredes circulares estavam cheias de penas empoeiradas, tocos de velas, baralhos de cartas em tiras, incontáveis bolas de cristal e uma imensa coleção de xícaras de chá.

Aos poucos, os outros alunos também foram subindo e pareciam ter a mesma reação que o moreno. Rony se aproximou de Harry, dizendo:

— E onde está a professora?

Uma voz saiu subitamente das sombras, uma voz suave, meio etérea.

A Prof. Sibila Trelawney surgiu, à luz da lareira. Os garotos viram que era muito magra; uns óculos imensos aumentavam seus olhos várias vezes, e ela vestia um xale diáfano, salpicado de lantejoulas. Em volta do pescoço fino, usava inúmeras correntes e colares de contas, e seus braços e mãos estavam cobertos de pulseiras e anéis.

— Sentem-se, crianças, sentem-se — disse, e todos subiram desajeitados nas cadeiras ou se afundaram nos pufes. Harry, Rony e Hermione se sentaram a uma mesa redonda. — Antes de me apresentar, vou esperar a colega de vocês, que parece que finalmente encontrou a Torre Norte, chegar.

Nem dois segundos depois, uma cabeça apareceu no buraco do alçapão.

— Desculpe pelo atraso professora, é que eu me perdi... — disse a menina, por causa da luz fraca ficava difícil distingui-la, porém, para Harry, havia algo familiar em sua voz.

— Claro querida, sente-se — respondeu a professoram, indicando as mesas.

A garota se aproximou do grupo, e causou uma explosão de murmúrios.

— Cindy, o que você está fazendo aqui? — perguntou Hermione, cética.

— Vim para a aula, oras — respondeu com obviedade, sentando-se numa cadeira que havia sobrado na mesa deles.

— Por favor gente, silêncio — pediu a mulher ali na frente, percebendo que a turma estava alterada. — Sei que muitos de vocês parecem não entender, porém, por ordens superiores, Srta. Collins será colega de vocês este ano — ela também não parecia muito contente com isso, mas prosseguiu. — Bem-vindos à aula de Adivinhação — disse a professora, que se acomodara em uma poltrona diante da lareira. — Sou a Profª. Sibila Trelawney. Talvez vocês nunca tenham me visto antes, acho que me misturar com frequência à roda-viva da escola principal anuvia minha visão interior.

Ninguém fez nenhum comentário a tão extraordinária declaração. A professora arrumou delicadamente o xale e continuou:

— Então vocês optaram por estudar Adivinhação, a mais difícil das artes mágicas. Devo alertá-los logo de início que se não possuírem clarividência, terei muito pouco a ensinar a vocês. Os livros só podem levá-los até certo ponto neste campo...

Ao ouvirem isso, Harry, Rony e Cindy olharam, sorrindo, para Hermione, que pareceu assustada com a notícia de que os livros não ajudariam nessa matéria.

— Muitos bruxos e bruxas, embora talentosos para ruídos, cheiros e desaparecimentos instantâneos, permanecem, ainda assim, incapazes de penetrar nos mistérios do futuro.

A Profª. Sibila continuou a falar, seus enormes olhos brilhantes iam de um rosto nervoso a outro.

— É um dom concedido a poucos. Você, menino — disse ela de repente a Neville, que quase caiu do pufe. — Sua avó vai bem?

— A-acho que vai — respondeu Neville, trêmulo.

— Eu não teria tanta certeza se fosse você, querido — disse a professora. Neville engoliu em seco, enquanto Sibila continuava tranquilamente.

— Vamos cobrir os métodos básicos de adivinhação este ano. O primeiro trimestre letivo será dedicado à leitura das folhas de chá. No próximo, abordaremos a quiromancia. A propósito, minha querida — disparou ela, inesperadamente, para Parvati Patil —, tenha cuidado com um homem de cabelos ruivos.

Parvati lançou um olhar assustado a Rony, que se sentara logo atrás dela, e puxou a cadeira devagarinho para longe dele.

— No segundo trimestre — continuou a professora — vamos estudar a bola de cristal, isto é, se conseguirmos terminar os presságios do fogo. Infelizmente, as aulas serão perturbadas em fevereiro por uma forte epidemia de gripe. Eu própria vou perder a voz. E você, minha querida — a mulher virou-se para Cindy —, cuidado com o que bebê.

Cindy olhou de um lado para o outro, tensa, enquanto alguns olhares curiosos e, ao mesmo tempo, temerosos, a seguiam.

— E, na altura da Páscoa, alguém aqui vai deixar o nosso convívio para sempre.

Seguiu-se um silêncio muito tenso a essa predição, mas a Prof. Sibila pareceu não tomar conhecimento.

— Será, querida — dirigiu-se ela a Lilá Brown, que estava mais próxima e se encolheu na cadeira —, que você poderia me passar o bule de prata maior?

Lilá, com um ar de alívio, se levantou, apanhou um enorme bule na prateleira e pousou-o na mesa diante da professora.

— Obrigada, querida. A propósito, essa coisa que você receia vai acontecer na sexta-feira, dezesseis de outubro.

Lilá estremeceu.

— Agora quero que vocês formem pares. Apanhem uma xícara de chá na prateleira e tragam-na aqui para eu encher. Depois se sentem e bebam, bebam até restar somente a borra. Sacudam a xícara três vezes com a mão esquerda, depois virem-na, de borda para baixo, no pires, esperem até cair a última gota de chá e entreguem-na ao seu par para ele a ler. Vocês vão interpretar os desenhos formados, comparando-os com os das páginas cinco e seis de Esclarecendo o futuro. Vou andar pela sala para ajudar e ensinar a cada par. Ah, e querido — ela segurou o braço de Neville quando ele fez menção de se levantar —, depois que você quebrar a primeira xícara, por favor, escolha uma com desenhos azuis, gosto muito das de desenhos rosa.

Não deu outra — Neville mal chegara à prateleira de xícaras quando se ouviu um tilintar de porcelana que se quebrava. A professora deslizou até ele levando uma pá e uma escova e disse:

— Uma das azuis, então, querido, se não se importa... Obrigada...

Cindy ficou encarando aquela cena, abismada. É claro que, se alguém fosse quebrar uma xícara, seria Neville, mas mesmo assim. A única que não parecera tão impressionada era Hemione, talvez ainda estivesse em choque com a parte “livros só podem levá-los até certo ponto neste campo”.

Ela seguiu os outros alunos que se serviam de chá, todos a encaravam de um jeito estranho, perguntando-se, talvez, por que ela estaria ali. A menina também não fazia ideia, entretanto tinha uma grande suspeita de que isso era coisa de Dumbledore. Serviu-se de chá e voltou para o lado da amiga, que tomava o chá com pressa.

Mione olhou-a com uma cara séria, como se a obrigasse a tomar o seu chá mais rápido. Cindy não quis discordar, apenas bebeu em silêncio.

Ao lado, Rony abria o seu livro nas páginas cinco e seis

— Certo — disse, pegando a xícarade Harry — Que é que você vê na minha?

— Um monte de borra marrom — disse Harry. A fumaça intensamente perfumada da sala o estava deixando com uma expressão sonolenta.

As duas garotas não demoraram para trocarem de xícaras.

— Essas coisas parecem tão... absurdas — comentou Hermione, folheando o livro.

Cindy assentiu e trouxe a xícara da amiga para mais perto de si. Quando um raio de luz que entrava pelas frestas da cortina iluminou o pires, a menina largou a louça, que se espatifou no chão num tilintar agudo.

No mesmo instante, a Profª. Sibila gritou na penumbra:

— Abram suas mentes, meus queridos, você tem que olhar... para o além!

— Cindy, o que você fez? — perguntou Mione, meio zangada e abaixou-se para juntar os cacos.

— Me... Desculpe, é que... — Cindy tentava falar, entretanto estava trêmula demais para isso.

— Tá tudo bem ai? — perguntou Harry, olhando para elas.

— Não sei, deu a louca na Cindy! — resmungou Hermione, voltando a examinar o borrão da outra.

O moreno voltou-se para Cindy.

— Estou bem, só pensei ter visto... — a menina hesitou, encarando os três amigos, um a um. — Nada... Vou te fazer um novo chá, Hermione.

Ela foi até a mesa da professora — que não estava mais lá, agora passeava entre as mesas dos alunos. Agora que não estava mais na penumbra, Cindy pode perceber como Trelawney era esquisita, além de sua excessiva magreza, andava devagar, sempre a espreita, pegava os alunos de surpresa. E eles não pareciam gostar nada disso.

Estava encarando a nova xícara de chá quando uma conversa chamou a sua atenção.

— Deixe-me ver isso, querido — disse a professora em tom de censura a Rony, pegando-o também de surpresa e tirando a xícara de Harry da mão do colega.

Todos se calaram para observar.

A professora examinou a xícara, e girou-a no sentido anti-horário.

— O falcão... Meu querido, você tem um inimigo mortal.

— Mas todos sabem disso — comentou Hermione num cochicho audível. A professora encarou-a. — Verdade, todos sabem — repetiu a garota. — Todos sabem da inimizade entre Harry e Você-Sabe-Quem.

Harry e Rony a olharam com uma mescla de surpresa e admiração. Nunca tinham ouvido Mione falar com uma professora daquele jeito.

Sibila preferiu não responder. Tornou a abaixar seus enormes olhos para a xícara de Harry e continuou a girá-la.

— O bastão... Um ataque. Ai, ai, ai, não é uma xícara feliz...

— Achei que isso era um chapéu-coco — disse Rony sem graça.

— O crânio... Perigo em seu caminho, querido...

Todos observavam, hipnotizados, a professora, que deu um último giro na xícara, ofegou e soltou um berro.

Ouviu-se uma nova onda de porcelanas que se partiam tilintando; Neville destruíra sua segunda xícara. A professora afundou em uma cadeira vazia, a mão faiscante de anéis ao peito e os olhos fechados.

Cindy largou o chá na mesa da professora e se aproximou da mulher, que pareceu não se importar quando ela tirou a xícara de suas mãos. Então ela viu de novo. Imagens brilhavam no borrão de chá, dependo de como ela olhava. O mesmo acontecera com a xícara de Mione, de modo que ela se assustara, não é todo dia que figuras aparecem no seu chá. Contudo, dessa vez estava mais calma, e pode observar todos os desenhos que a professora citara anteriormente, o falcão, o bastão, o crânio... Estes apareciam facilmente.

— Meu pobre garoto... Meu pobre garoto querido... Não... É mais caridoso não dizer... Não... Não me pergunte... — choramingou a professora.

A menina mexeu novamente na xícara, agora todos os alunos da turma se aproximavam da mesa para dar uma olhada também. Ela viu uma forma diferente das outras, a imagem parecia escondida nas sombras, se é que borrões de chá tinham sombras. A morena não sabia o que era; aparentemente, parecia um cachorro. De repente, teve sensação estranha de que o cão a encarava com seus olhos negros e gélidos... Fundo, encaravam tão fundo, tão frio...

Largou a xícara na mesa tão rapidamente que assustou todos os alunos que a rodeavam.

— Meu querido — os olhos da professora se abriram teatralmente —, você tem o Sinistro.

— O quê? — perguntou Harry.

Cindy recuou lentamente, o perfume doce do lugar estranhamente se tornou mais forte, mais denso.

— O Sinistro, meu querido, o Sinistro! — exclamou a professora, que parecia chocada com o fato de Harry não ter entendido. — O cão gigantesco e espectral que assombra os cemitérios! Meu querido menino, é um mau agouro, o pior de todos, agouro de morte!

Harry fez um cara de quem estava prestes a vomitar. Lilá Brown levou as mãos à boca também. Todos tinham os olhos fixos em Harry, todos exceto Hermione, que se levantara e procurava chegar às costas da cadeira da professora.

— Eu não acho que isso pareça um Sinistro — disse com firmeza.

A Profª. Sibila mirou a menina atentamente e com crescente desagrado.

— Desculpe-me dizer isso, minha querida, mas não percebo muita aura ao seu redor. Pouquíssima receptividade às ressonâncias do futuro.

Simas Finnegan inclinou a cabeça de um lado para o outro.

— Parece um Sinistro se a gente fizer assim — disse com os olhos quase fechados —, mas parece muito mais um burro quando a gente olha de outro ângulo — disse ele, inclinando-se para a esquerda.

— Quando vão terminar de resolver se eu vou morrer ou não? — perguntou Harry, surpreendendo até a si mesmo.

Todos fugiram de seu olhar firme, exceto Cindy. Ela encarou o moreno com os olhos sonolentos, ele mal notou, estava ocupado demais procurando respostas para a sua suposta morte.

— Acho que vamos encerrar a aula por hoje — disse a professora no tom mais etéreo possível. — E... Por favor, guardem suas coisas...

Em silêncio a classe devolveu as xícaras à professora, guardou os livros e fechou as mochilas. Até mesmo Rony evitava o olhar de Harry.

— Até que tornemos a nos encontrar — disse Sibila com uma voz fraca —, que a sorte lhes seja favorável. Ah, e querido — disse apontando para Neville —, você vai se atrasar da próxima vez, portanto trate de trabalhar muito para recuperar o tempo perdido.

O trio começou a descer, ainda em silêncio, e Cindy teve que se apressar para alcançá-los. Aparentemente, a fumaça da aula de Adivinhação tinha o poder de deixa-la mais lenta.

— Ei! Onde vocês vão? — perguntou ela.

— Aula de Transfiguração, vai dizer que vai com a gente também? — respondeu Mione, sarcástica.

Cindy parou no meio da escada. Viu Harry, Rony e Hermione se afastarem rapidamente pela escada em forma de caracol, assim como os outros da Grifinória. Estava chocada demais para andar. Cachorro... Sinistro... Morte... Não, não, isso era loucura. Chá não podia simplesmente prever a morte de alguém. Entretanto, aquela imagem parecia tão real, tão viva que nem parecia com um borrão de chá.

Depois que todos desapareceram de vista, voltou a descer.

(...)

A morena bateu levemente na porta, com vergonha do seu atraso logo no primeiro dia de aula. Ouviu um coro de “entra”, o que pareceu ser todos os seus colegas.

— Desculpa, professor... — Cindy adiantou-se ao abrir a porta.

O professor Lupin, que estava apoiado na mesa, sorriu e assentiu para que ela entrasse.

— Como eu estava dizendo... — prosseguiu —, para finalizar o ano, estudaremos criaturas das trevas manipuladoras.

A garota se sentou no único lugar vago da sala, a mesa mais no fundo, que era bamba. Gina, que estava ao lado de Stella, virou-se para Cindy e gesticulou algo que pareceu com "por onde você andou?". Handley também olhou para ela, mas foi só para revirar os olhos e virar para frente. Parece que nem as férias foram o suficiente para deixá-lo mais bem humorado ou simpático.

— Hoje vamos começar com algo simples — o professor falou, com os olhos para uma gaiola em cima da sua mesa que só agora a morena havia notado.

Era uma gaiola pequena, poderia abrigar uns dois ou três passarinhos e estava coberta por um lençol branco, impossibilitando os alunos de descobrirem o que lá havia. O que quer que fosse, não parevia gostar de estar preso, pois fazia a gaiola tremer de tempos em tempos.

— Parece que seu antigo professor deixou para trás alguns Diabretes, e eu pensei que talvez fosse interessante começarmos por eles.

Lupin, que explicava tranquilamente, alertou-os que, embora fossem pequenos, os Diabretes da Cornoália eram periogosos, destruiam tudo que viam pela frente. Orientou-os a guardar todos os seus matérias nas mochilas e colocá-las embaixo das classes, onde ficariam fora de alcance das criaturas; enquanto ele, como apenas um gesto da varinha, fez com que todas as coisas que estavam a mostra entrassem dentro das gavetas e armários.

Finalmente, quando a sala estava a prova de Diabretes, o professor disse:

— Essas criaturas, diferente de outras criaturas das trevas, aceitam que a gente use contra elas feitiços normais. Quanto mais das trevas for a criatura, mais complexo será o feitiço contra ela, pois elas são "resistentes" aos outros — e sentou-se em sua mesa, ao lado da gaiola — como por exemplo o Bicho Papão, alguém aqui já viu um?

"Bicho papão?". A morena segurou-se para não rir lá no fundo da sala, isso era somente uma história boba para assustar crianças. Porém, para sua supresa, várias alunos levantaram a mão, inclusive sua amiga Gina.

— Então, vocês não conseguiram detê-los sozinhos provavelmente, diferentemente dos Diabretes. Até tem um feitiço contra eles, mas quero ver como vocês se viram sozinhos — Lupin deu um sorriso travesso, parecia se divertir com a ideia. Os alunos se entreolharam, temerosos. — Quero ver quem consegue parar um deles primeiro — e então, concluindo a frase, tocou na gaiola com a varinha, abrindo-a.

Como criaturas tão pequenas podiam fazer tantos estragos? Os Diabretes tinham mais ou menos o comprimento de uma mão adulta, eram azuis, orelhudos e tinham pequenas asas que lhes proporcionavam maior facilidade e radidez na hora de espalhar o caos. Aos murmúrios agudos, eles voavam pela sala, puxando os cabelos, roubando óculos, derrubando tudo que ainda estivesse a vista.

A maioria dos seus colegas apenas corriam de um lado para o outro, tentando fugir inutilmente. Percy usava um livro qualquer como raquete e rebatia todos as criaturas que se aproximavam com tamanha precisão que Cindy começou a se perguntar se ele não andara treinando nas férias para ser batedor, entretanto sua técnica não durou muito tempo, pois seis Diabretes começaram a fazer cabo de guerra e logo levaram o livro para longe. Enquanto isso, sentado calmamente da mesa, o professor admirava cena, rindo algumas vezes, com a varinha erguida, talvez conjurando algum feitiço, uma vez que nenhuma das criaturas conseguia se aproximar dele.

A morena desejou ter um livro para bater naquelas coisas, pois nenhuma ideia melhor vinha a sua cabeça. Os Diabretes haviam adorado puxar seus cachos, uns seis a cercavam, impediando-a de pensar direito. Num gesto precipitado e involuntário, ela apontou a varinha para um bem a sua frente que quase a enforcava puxando sua gravata e brandou:

Expelliarmus! — um raio vermelho atingiu a criaturinha azul com tanta força que levou-a ao encontro da parede, atingindo-a com um baque surdo, e, já inconsciente, caiu no chão.

— Muito bem, muito bem Srta. Collins! — parabenizou Lupin, o barulho de seus aplausos era o único da sala, estavam todos encarando-a meio surpresos, até mesmo os outros Diabretes.

— Peguem ela! — berrou uma voz aguda de uma das criaturas.

Antes que pudesse perceber, Cindy foi atacada por um enxame de Diabretes raivosos e vingativos. Ela tentava afastá-los com as mãos, porém eles a cercaram, formando uma nuvem azul em volta dela. Eles puxavam, arranjavam, rasgavam suas vestes e quase a enforcavam com a gravata. Era impossível se concentrar assim, ouvia apenas risadas de longe, pois os grunhidos agudos a rodeavam. Então ela fez a primeira coisa que veio a sua cabeça: correu. Corria pela sala praticamente às cegas, chocando-se eventualmente com alguma classe ou cadeira. Os colegas abriam espaço, pareciam todos muito ocupados rindo para fazer alguma coisa. Lupin, embora tivesse uma expressão preocupada, não fazia nada, apenas observava, como se quisesse ver do que a morena era capaz.

Ah,ótimo, resmungou mentalmente enquando tentava escapar daqueles monstrinhos. Não sabia quem odiava mais no momento, seus colegas, o professor ou os Diabretes. Tá, tudo bem, com certeza os Diabretes. Se ao menos pudesse usar seus poderes, se aquelas coisas não voassem tão rápido... Se...

— Voar, isso! — exclamou, ainda que ninguém pudesse escutá-la. Arrancando a gravata com um pouco de dificuldade, ela virou-se de costas, as malditas criaturas chegavam a disputar quem iria incomodá-la primeiro, e apontou a varinha: — Aguamenti!

Um jato de água contínuo partiu de sua varinha e, a medida que ia encharcando tudo a sua volta, sem conseguir enxergar nitidamente, ouvia barulhos de coisas atingindo o chão de madeira. Como imaginara, a água pesada impedia ensopava as asas, impedindo que os Diabretes voassem com a agilidade de antes. Uma vez no chão, mesmo que ainda tivessem pernas, não estavam acostumados a usá-las, por isso foi fácil escapar delas apenas subindo numa classe. Continuou com isso até que a última criatura pendesse e finalmente suspirou, sorrindo vitoriosa enquanto admirava os pequenos tentando inutilmente escalar a mesa.

Quando olhou parar os lados, era a sua vez de rir. Seus colegas encaravam-na novamente, olhares fuzilantes, enquanto a água escorria de seus corpos molhados.

— Opa... — desculpou-se Cindy. — Acho que errei um pouco a mira...

Um pouco? — repitiu Handley, rispidamente e deu um passo a frente, intimidando-a.

— Está bem, está bem — interveio Lupin, que continuava intacto em sua mesa. — Como a Srta. Collins proporcionou um banho coletivo — e deu um sorrisinho brincalhão —, ela vai fazer o favor de quardar os Diabretes, a classe está encerrada.

Não precisou repitir duas vezes, a sala esvaziou rapidamente. Gina e Stella acenaram para a amiga, tentando encorajá-la com um sorriso ao partirem.

Cansada, a morena desabou na mesa, só agora observava o estrago feito. Suas vestes estavam rasgadas e a pele exposta sangrava como os finíssimos arranhões de unha de Diabretes; e não queria nem imaginar como o seu cabelo estaria.

Atrás dela, o professor fechou a porta.

— Brilhante, absolutamente brilhante! — exclamou ele e, com um aceno da varinha, as pequenas criaturas começaram a ser sugadas para dentro da gaiola.

— Pensei que o senhor quisesse que eu fizesse isso — comentou a menina, observando os Diabretes tentando lutar inutilmente contra a força os puxava, agarravam-se enlouquecida mente ás mesas e cadeiras. Era engraçado.

— Ah não, isso foi só para os seus amigos não tentarem matá-la depois da aula — respondeu, sentando-se na sua frente — Admito que estou surpreso, água? — franziu o cenho. — Nunca ouvi falar em alguém que usou agua para deter Diabretes... 5 pontos para a Grifinória!

— Obrigada, professor — Cindy sorriu timidamente, encarando as próprias mãos, mas ainda sim podia sentir que Lupin a fitava. Era estranho, cogitou a possibilidade de ler a sua mente e descobrir o que ele tanto pensava, porém nunca havia invadido a mente de um professor, isso seria muito errado, até mesmo para ela.

— É melhor você ir — disse Lupin, levantando rapidamente e se afastando dela. — Dê uma passada na enfermaria — aconselhou, olhando distraidamente pela janela. — Madame Pomfrey dará um jeito rapidinho nesses ferimentos.

— Ah, não é nada professor — tranquilizou a garota, pegando suas coisas. — Tchau, Prof. Lupin — e bateu a porta, não ouvindo nada em resposta.

(...)

— Por Merlin, o que aconteceu aqui? — exclamou uma voz masculina extremamente familiar.

Parado na porta, com seu típico sorriso brincalhão, embora mantivesse uma expressão surpresa, estava Fred. Ele bagunçava ainda mais os cabelos ruivos, combinando com as vestes todas desarrumadas — e não estavam nem na metade do dia.

— Andou brincando com dragões, Cindy? — interrogou Jorge, tendo a mesma reação que o irmão ao ver a cena.

A garota estava em frente ao espelho do banheiro feminino, tentando inutilmente parecer mais apresentável, porém estava deplorável. Além das vestes rasgadas, tinha vários arranhões e pequenas manchas de sangue, sem comentar do seu cabelo — que, normalmente cacheado levemente armado, agora estava um caos, muito mais similar a um ninho de passarinho do que a um cabelo.

— Não, não, Jorge — contestou Fred, cutucando o gêmeo. — Ela é trouxa, trouxas brincam com leões.

— Ah claro, fazia isso todos os dias — ironizou a morena, limpando os ferimentos. — Eu tinha um leão de exatimação chamado Leo, ele adorava brincar com John, o elefante, e James, a girafa.

Os garotos seguraram as risadas.

— Claro que não, Freddy — argumentou o outro, se apoiando na pia ao lado da amiga. — Não tá vendo que a Cindy fez uma casinha pra Fawkes?

Dessa vez, foi difícil não rir, até mesmo ela riu.

— E as roupas rasgadas? É um novo estilo? — zoou Fred, suas gargalhadas ecoavam no banheiro vazio.

— Ah, claro, virei punk rock — respondeu a morena, com um sorriso sarcástico e deu um suspiro, não havia mais o que fazer. Precisava de um banho, urgentemente.

— Isso tá mais pra hippie — contrariou Jorge, encarando a cabeças aos pés, rindo.

— Pra mim parece aquele velho bruxo que vaga pela Travessa do Tranco que acha que é o Dumbledore — disse o outro ruivo, fazendo o mesmo que o irmão.

— Que isso, Fred Weasley! — exclamou Jorge, colocando as mãos na cintura e fitando-o com um olhar reprovador. — Andando na Travessa do Tranco? Quantas vezes disse que não era para andar naquele lugar?!

— Eu? Nunca fui lá, nunquinha! — alegou e, balançando a cabeça freneticamente, fez cara de inocente.

— Esperai, você me chamou de mendigo doido? — interrompeu Cindy, agora ela quem estava indignada.

— Não fui isso que eu disse! — exclamou Fred, porém sua risada o acusava.

— Não, não, eu fiquei doida mesmo, to ouvindo coisas — ela disse ironicamente, encarando-o torto enquanto o outro gêmeo apenas ria da situação.

— Bom que você sabe — falou o ruivo, aproximando-se dela e utilizando seu ombro de apoio.

A morena revirou os olhos, tirando o braço de Fred de cima dela, porém ele retornava, sorrindo maroto para ela. No fim, ela mesma não conseguia não rir de tudo aquilo.

— Enfim, dá para explicar o que aconteceu? — pediu Jorge quando finalmente cansaram de rir.

— Diabretes da Cornoália — e deu um suspiro. — Eles definitivamente não gostam de mim...

— Ah sei, eles infestaram nossa casa uma vez... — comentou Fred.

— Mamãe ficou louca! — completou Jorge, rindo ao se lembrar.

— Pois é, olha o que eles fizeram comigo! — exclamou, meio choramingando, e escondeu o rosto no peito do ruivo.

— Eles realmente não devem gostar de ti — comentou Fred, dando leves tapinhas nas costas dela, como se tivesse com nojo de fazer isso.

— Quem gosta? — brincou Jorge, a menina voltou-se para ele imediatamente, com um olhar sanguinário.

— Boa pergunta — concordou Fred, e assim os dois voltaram a rir, embora ela continuasse com uma cara emburrada.

A morena aproximou-se e analisou-se mais uma vez, ignorando os amigos que debochavam dela.

— Preciso de um banho, acho que não vai dar tempo... Vou ter que faltar aula já no primeiro dia...

Repentinamente, os gêmeos aproximaram dela, trocando olhares muito suspeitos. Aqueles sorrisos escondidos deixavam claro que estavam prestes a aprontar.

— Mas o que vocês...? — entretanto, antes que pudesse prosseguir, sua boca encheu-se de água.

Os dois meninos apontavam as varinhas para ela, jatos d'água enxarcavam seu corpo, contudo seu cabelo permanecia praticamente impermeável. Toda a vez que tentava falar alguma coisa, eles jogavam água na sua cara, impedindo-a de falar. Após alguns minutos, quando sua blusa branca colava no corpo, e seu cabelo finalmente parecia ter voltado para o lugar, eles pararam, rindo muito.

— Qual o problema de vocês? — bufou indignada.

— Você não queria tomar banho?

— Agora não precisa mais faltar aula...

— Oh, que aluna dedicada!— zoou Fred. Ambos tinham a mão no peito, com feições orgulhosas. Jorge ainda fingiu secar uma lágrima falsa, encerrando a encenação com várias risadas.

— Idiotas... — resmungou, a água escorria por seu corpo. Problema que fora habilmente resolvido com apenas um estralo de dedo, que desencadeou uma corrente quente, restando apenas vapor.

Wow! — exclamaram os irmãos, uníssonos.

— Essa é nova — disse Fred, ainda admirando seu corpo seco.

— Essa Cindy, sempre cheia de truques... — completou Jorge, com um sorriso malicioso.

A menina jogou os cachos para trás, imitando as feições do ruivo e, pegando suas coisas, saiu andando pelo corredor.


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Notas finais do capítulo

quase morri pra corrigir isso, sem or -_- SDDS DE VOCÊS, GENTE /Lights

E ai? O que acharam? Saibam que o comentário e apoio de vocês foi e é muito importante pra mim, então comentem! Ah, vou tentar postar o próximo antes do enem, porém não sei, o próximo exige um pouco de estudo da minha parte ( ler mais uma vez o prisioneiro de azkaban kkkk)/Cars