O Triunfo Da Esperança - Por Peeta Mellark. escrita por MBGE


Capítulo 1
Primeiro capítulo - um novo começo.


Notas iniciais do capítulo

Pessoas Lindas!Sempre desejei saber como foi pro Peeta voltar ao Distrito 12 após a Revolução, A Tia Susi, foi muito sucinta no final do livro, mesmo na visão da Katniss.Então houve no meu coração o desejo de explorar isto.A ideia é se vocês gostarem se for aceita, continuarei publicando outras ONE SHOT, dando continuidade, mas de forma independente, porém como uma sequência de uma série.Foi feita com muito carinho. E fui abençoada com o auxílio e apoio da Autora Luli Melo, que também me orientou sobre várias coisas que eu não conhecia deste universo de Fanfics. Agradeço a você Luli, você é uma linda.Pois é a Luli Melo é minha Beta, e tem participação fazendo revisão, é a Criadora do Título, e me cedeu uma analogia usada ao Peeta Mellark de nome Esperança. E ainda tem todos os CRÉDITOS POR IMAGENS.ESPERO QUE REALMENTE GOSTEM, POIS FOI FEITA COM O CORAÇÃO!PRÓXIMA SEXTA TEREMOS UM CAPÍTULO BÔNUS.APROVEITO E DIVULGO PARA LULI SUAS FANFICS (Luli Melo)EU LEIO e eu amo!A TODOS MEU OBRIGADO E MIL BEIJOS!MBGE.



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Me chamo Peeta Mellark. Conhecido também como Garoto com o pão, sendo que este eu só o sou para uma pessoa, ELA, que é tudo para mim. Também conhecido como Garoto, Padeiro, Mellark, Tributo, Conquistador, Amante Desafortunado do 12, Versão Bestante de mim mesmo, ou simplesmente Peeta.

Sou do Distrito 12, mas atualmente, há alguns meses, encontro-me residindo na Capital de Panem. Estou em tratamento, após passar por várias torturas, e um Telessequestro, até que seja liberado por meu médico Dr. Aurélius.

Enfrentei duas arenas. Por um milagre, o Meu Milagre Particular, saí vitorioso de uma, a primeira, e saí prisioneiro da segunda. Fui resgatado mais tarde, não sem antes passar pelas mais horrendas torturas que marcaram muito mais minha alma e minha mente, do que o meu corpo. Passei por uma revolução, enfrentei a morte cara a cara muitas vezes, solidão, desespero, perdas, danos, dores, mas em meio a tudo isso, eu pude conhecer de perto e verdadeiramente a maior força de todas, que pode mover um mundo inteiro, O AMOR. Claro que o conheci por meio de uma pessoa, que na verdade eu amo a minha vida inteira. Mas os anos e as circunstâncias da minha vida, o revelaram em todos os seus ângulos e faces, através DELA.

Em tudo que vivi em minha vida, de todas as coisas boas e ruins, nunca experimentei tanta expectativa assim. Pois, desde que deixei a Capital, e me pus a caminho de volta pro meu Distrito, o 12, ou o que restou dele, muitas coisas passam pelo meu coração.

É engraçado como as pessoas têm dificuldades para entender o que sinto, e o porquê quero voltar. O próprio Dr. Aurélius me disse:

– Peeta, suas chances de melhora aqui, são muito maiores, e o tempo também pode ser abreviado, temos remédios à disposição, aparelhos, equipes de médicos.

Eu compreendia tudo isso. Mas o que eles não entendiam é que eu não tinha o principal, não tinha aqui a força que sempre me motivou. A força que me moveu a viver, a esperar, a ser forte para enfrentar os jogos, a sobreviver a duas arenas, a voltar à vida quando meu coração parou, a sobreviver às torturas de Snow, a sobreviver e voltar do Telessequestro, a voltar de cada transe provocado pelo veneno em meu corpo, a sobreviver à rebelião. A única coisa, o único motivo pelo qual ainda vivo, e tenho esperança para prosseguir. Ela, minha vida, o meu tudo, a única coisa que me restou, KATNISS EVERDEEN.

Eu não escolhi assim, só sei que a amo desde os meus cinco anos, e sempre sonhei com o dia de ao menos falar com ela. E por anos a fio, nunca tive coragem. E por um milagre, hoje, mesmo depois de tudo, digo que foi um Milagre, o Meu Milagre, mesmo com todas as dores e tragédias, eu fui sorteado naquela colheita, em que ela se voluntariou para salvar a vida de sua irmã.

É impressionante como todas as atitudes dela, por mais desprovidas que fossem de sentimentos por mim, sempre me atraiam ainda mais a ela, pois realçava pra mim, tudo o que eu já amava nela, sua força, sua determinação, a capacidade de se sacrificar pelos que ama, sua coragem, seu instinto de sobrevivência, sua garra. Pude presenciar isso em cada minuto naquelas arenas, na primeira e na segunda. Presenciei também na rebelião, também na sua luta silenciosa por me trazer de volta do Telessequestro e me manter vivo.

Nunca questionei o que ela sente por mim, mas de uma coisa tenho certeza, sou importante para ela, faço parte daqueles que ela ama, apesar de não saber o quanto e a intensidade. Pois se não fosse assim, ela não teria se arriscado por mim na primeira arena, cuidando de mim, tornando-se vulnerável por isto. Às vezes tento até pensar, que fazia parte da farsa dos Amantes Desafortunados do 12. Porém me lembro do Ágape. Se fosse só isto ela não precisava ter ido, todos iriam entender, ou até mesmo, poderia ter ido, mas vendo as poucas chances, ter voltado, todos também entenderiam. Mas não, ela foi ela correu risco de vida por mim, pra pegar o remédio que me salvaria da infecção.

Lembro-me do desespero dela quando Finnick Odair me ressuscitou. O quão abalada estava por eu ter quase morrido. Também do desespero dela para me manter vivo naquela arena do Terceiro Massacre Quaternário. Da alegria dela em me ver quando eu voltei do sequestro, que eu pude ver nas filmagens, bem depois do ocorrido. A ânsia por me trazer do transe depois do incidente na plataforma, colocando-se em risco me dando um beijo. E várias coisas, várias memórias, me fazem ter a certeza que sou importante para ela. A única coisa que eu não sei, é o quanto, e se é o suficiente para que ela me queira.

Mas ainda assim, eu sempre tive em minha mente e em meu coração que eu a amava, e nunca esperaria algo em troca. O simples fato de vê-la bem e feliz, me dava forças para permanecer ao seu lado. E por mais que as circunstâncias que nos aproximaram fossem desastrosas e ruins. Ainda assim, foram uma oportunidade de tê-la perto. E não seria agora que eu abriria mão, principalmente agora, que não tenho mais nada a perder, eu não tenho mais minha família, eu não tenho a padaria, eu não tenho nada, a não ser ela. E claro o Haymitch, que apesar de ter me desapontado inúmeras vezes, também lutou por mim e esteve ao meu lado. Ele errou muito conosco, mas afinal, quem não erra?

Assim, passo toda a viajem de trem de retorno ao 12, perdido em minhas reflexões. Como ela está? Será que se recuperou, será que teve forças para ir à diante? E o Gale? Soube que ele pediu para ir pro 2. Mas será que se reencontraram? Quem será que está cuidando dela? Sei que Haymitch na medida do possível a ajudará, mas e quando ele não der conta? Ou estiver bêbado demais para fazer qualquer coisa?

Assim que me dou conta de que estou próximo de responder todas as minhas perguntas, uma voz anuncia:

– Próxima parada dentro de cinco minutos, Distrito 12.

Respiro fundo, pois não tenho a mínima ideia do que irei encontrar. Com o bombardeio, sei que foi tudo destruído. Minha ansiedade faz com que meu coração martele em meu peito, e minha mente torna-se um pouco confusa. Fecho firmemente os olhos e respiro novamente, e de novo, até que sinto que aos poucos meus batimentos cardíacos vão se regularizando e minha mente vai se tornando mais clara.

Assim, que o trem para, pego minha bagagem com as roupas que comprei para mim e para Katniss, na Capital, pois queria trazer algumas coisas para alegrá-la. Trouxe também, algumas lembranças, uma para Greasy Sae, Haymitch, e até uma para Effie que soube que em breve virá ao 12. Saio do trem, e para minha surpresa, vejo um Haymitch tomado banho e meio sóbrio a minha espera, e claro, a espera de sua encomenda, uma mala de bebidas.

– Olá Garoto. – Haymitch estende a mão e me puxa em seguida para um abraço, que não tento resistir, pois realmente estou sedento por contato humano, ainda mais de pessoas que realmente conheça. Abraço- o e respondo:

– Ei Haymitch. Como estão às coisas?

– Depende. Pra mim, nenhuma novidade, mas. – Vi que ele hesita.

– Pode falar Haymitch. Estou bem. – Digo a ele, e ainda hesitante ele responde.

– Ela está mal garoto, a Docinho nem parece que está viva, quase não come, não toma banho, não sai do quarto, está apática e indiferente a tudo. Mas bom, vamos andando, e chegando em casa conversamos.

– Como soube que eu viria? Ou veio só buscar as bebidas, e por coincidência me viu chegar? – Ele me olhou exasperado.

– Que horror garoto, assim você me ofende, me dê mais crédito. Quer saber? Tanto faz. Mas pra seu governo, pedi até Greasy Sae para preparar sua casa. Está tudo pronto te esperando. - Ele disse e senti necessidade de falar.

– Ela sabe? – Ele respirou fundo, me avaliando.

– Ainda não. Assim que Dr. Aurélius ligou me avisando, pensei em falar mas, não sabia se faria boa coisa.

A esta altura já estávamos em frete a minha casa na Vila dos Vitoriosos, e fiz sinal para Haymitch entrar comigo, o que ele fez, sentando-se no sofá. Deixou em um canto sua encomenda. Haymitch me sondava, eu sabia que queria me perguntar algo então disse:

– Desembucha logo Haymitch. – Ele ainda me avaliou até que disse:

– Por que voltou Garoto? Você sabe que lá, suas chances de recuperação são muito maiores, os recursos lá estão a sua disposição, você perdeu sua família, sua padaria, não tem nada mais aqui. Por que voltou? – A mesma pergunta de sempre, mas confesso que me surpreendeu o fato de Haymitch fazê-la. Ele sabe, ele sempre soube, mas acho que queria por algum motivo que eu dissesse, e como não tenho problema com as palavras disse:

– Por ela. Eu posso ter tudo a minha disposição por lá, mas. Não tenho a força que me mobiliza a querer lutar, a querer me recuperar. Aliás, recuperar pra que, sem ela? E pelo que você disse, sei que ela também precisa de mim, muito embora, às vezes ela não se dê conta disto. Mas eu nunca pedi nada em troca mesmo Haymitch, não vai ser agora. – Haymitch me olhava admirado, e ao mesmo tempo seu olhar era solidário. E suas palavras confirmam seu olhar.

– Garoto, eu admiro você, de verdade. – Dou a ele um sorriso triste.

– Não sei por que. Não há nada de nobre nisto Haymitch. Eu nunca tive outra opção, eu sempre a amei, sempre. E sei que ela também me ama de alguma maneira, pois senão não teria se arriscado tantas vezes por mim, a única coisa que eu não sei, é que tipo de amor ou a intensidade dele. Mas posso viver com isto, pelo menos tendo ela perto. – Haymitch agora me olhava incrédulo.

– Como é? Você não sabe se ela te ama? É isto que você está me dizendo? Que você não sabe se ela te ama como homem? É isto? Entendi direito, ou não estou tão sóbrio quanto achei? – Não entendi muito bem o questionamento de Haymitch. E ele percebendo minha confusão, continuou. – Sempre achei que a Docinho fosse aquela que não enxerga muito bem estas coisas, mas acho que talvez este veneno possa ter mexido com sua capacidade de compreensão. – Aquilo me deixou irritado.

– O que você quer dizer com isto Haymitch? O porquê destas perguntas? - Cuspi as palavras pra ele.

– Garoto, você é cego ou o que? Você ainda tem dúvidas que ela te ama? Que ela quer você do lado dela? A única pergunta admissível para você seria: Será que a Docinho vai se dar a oportunidade de viver o amor? Esta sim seria uma pergunta, Mellark. Acorda. Será que você não se deu conta que o medo dela sempre foi de se entregar ao amor. É claro que este é o medo dela, pois tudo que ela sempre amou foi tirado dela, e de repente ela se pega amando aquele que morreria por ela, ou que foi usado o tempo todo para quebra-la simplesmente por que ela o amava? Por que você acha que o Snow fez questão de torturar você e mudar todas as suas lembranças que te faziam amá-la, hein? Responda-me. Esta é fácil, vai. – Ele estava furioso, eu nunca vi Haymitch assim, principalmente defendendo Katniss. Como não respondi ele prosseguiu. – Ele te torturou para quebra-la. Pois ele sabia que se ela visse o seu estado, ela recuaria. E acredite, ela recuou. Plutarch enlouqueceu, por que ela simplesmente não conseguia gravar mais nada, pois temia desesperadamente que Snow usasse aquilo contra você. Se não acredita em mim, pergunte a quem quiser. E quando enviamos a equipe atrás de vocês, para dar a ela um motivo para voltar a agir como tordo, e que você veio telessequestrado, por que você acha que Snow fez isto? Para pará-la para deixa-la sem forças e convicção para agir, ou até mesmo para cegá-la pelo ódio de ter tirado você dela e fazê-la agir por impulso se colocando em risco, e ele quase conseguiu. Não seja tolo Mellark, se você veio para continuar lutando, pelo menos lute pelas razões certas. – As palavras de Haymitch, me feriram, mas seu objetivo foi alcançado, elas penetraram o meu coração. E ocorreu-me naquela hora que somente uma coisa poderia dar a ele tanta certeza assim, pois ele e Katniss são iguaizinhos, principalmente em relação a sentimentos, eles não o sabem demonstrar. Era isto que ele estava fazendo então, em relação à Effie. Muitas pessoas lá na capital diziam que ele e Effie tinham uma grande paixão um pelo outro. Mas que Haymitch usava uma máscara de indiferença com ela para não demostrar, por que no fundo, no fundo, devido a suas atitudes no passado, e por também desafiar a Capital nos Jogos, Snow também havia tirado dele tudo que ele amava, então no fundo ele tinha medo de se entregar e amar de novo, mas como não se manda no coração o máximo que ele conseguia fazer era não permitir que sua amada se aproximasse. Então compreendi, era isto que Katniss fazia comigo? Ou qualquer outro, pois ela também não permitiu ao Gale. E antes de provocar ao Haymitch, já que eu precisava absorver mais, perguntei:

– Mas e o Gale Haymitch? O que você me diz?

Ele sorriu em escarnio.

– Realmente o ciúme às vezes, deixas as pessoas cegas. Ela sempre amou o caçador, garoto, você não entende? Mas como alguém que fez parte da vida dela, sempre esteve com ela, eles perderam os pais juntos, aprenderam a sobreviver juntos se ampararam se apoiaram, mas se ela realmente o amasse deste jeito, falando em palavras claras por que você não é mais criança, se ela desejasse e amasse o caçador como Homem, pelo tanto que estiveram juntos neste tempo, e na rebelião, não acham que teriam se decidido? Ao invés dela gastar a energia dela tentando salvar você? Que naquele momento, o que mais queria era mata-la. No fundo, ele já tinha se dado conta disto, mas não teve coragem o suficiente para recuar, ou talvez esperando que se você morresse ele pudesse tomar o lugar. Mas depois do incidente com as bombas que mataram Prim, as chances dele se foram, e ele compreendeu isto.

– Então realmente foram as dele?

– Quem sabe? Mas o que isto importa? Por que a dúvida nunca será sanada, ela sempre terá o fantasma da possibilidade de que pode ter sido a bomba do seu melhor a amigo, que matou sua irmã, a qual ela deu sua própria vida tentando proteger. E esta foi à promessa do caçador a ela quando ela foi para a arena naquele dia, cuidar da família dela. Tanto que ele entendeu, que ele pegou missão para o 2. – Respirei fundo, e Haymitch ecoou meu gesto. Então era verdade, ouvi comentários de que Gale tinha ido pro 2 mesmo. Mas agora eu tinha de confrontar Haymitch, mas minha motivação não era maldade, era tentar trazer lucidez a ele como ele estava trazendo a mim.

– Como você pode ter tanta certeza assim com relação ao que Katniss sente e a forma com que ela está agindo? – Ele sorriu com contemplação.

– Talvez por ser tão óbvio pra mim? – Era uma pergunta, ele realmente estava confirmando que para ele aquilo tudo era familiar, e resolvi ir mais a fundo.

– Talvez por que seja isto que você está fazendo em relação à Effie? E no fundo no fundo, você e Katniss são iguaizinhos Haymitch! – Era um pergunta, mas uma afirmação também, que o convocava a refletir. Ele me olhou pasmo, mas ao mesmo tempo mudo. Segurou meu olhar por um longo tempo. E por fim deu de ombros, e disse com indiferença desviando os olhos do meu:

– Quem se importa? – Mas eu já havia visto o bastante.

Por fim, ele vira as costas e sai, levando sua encomenda consigo.

Subo ao meu quarto, guardo minhas coisas, separando os presentes para entrega-los na hora certa. Resolvo tomar um banho. Coloco a banheira para encher com água bem quente, pois desejo que o banho seja demorado e relaxante, porque tenho muito para refletir.

Enquanto isto, eu desço e vou até a cozinha, e preparo rapidamente uma pequena fornada de pães de queijo, os preferidos dela. Coloco-os para assar tranco a porta e volto pro banheiro. Ao chegar, começo a despi-me, pois percebo que a banheira está perto de encher. Coloco nela sais de banho relaxantes e óleos perfumados. Assim que está no ponto, desligo e entro.

O contato com a água quente vai desfazendo a tensão de meus músculos enrijecidos. Começo a divagar sobre vários pensamentos, mas com o tempo, percebo que todos vão para o mesmo lugar. Para ela, para Katniss. Em como ela está; Se sentiu minha falta; Se ela me ama, e se me ama o quanto; Se ela me deseja. Quando chego neste pensamento sinto meu corpo reagir, dando sinal de vida. E a sensação é tão boa. Lembro-me daquele beijo na praia da arena, aquele, em que quase fomos incendiados pelo desejo, e que por sorte, fomos tirados do momento por um raio, e em seguida por um Finnick assustado. Ela também correspondeu naquele dia.

Mas o que será que realmente passa no coração dela agora? E passei um longo tempo nisto, pensando, lembrando, recordando. E enquanto fazia isto, sentia meu amor por ela pouco a pouco reacender, inclusive no meu corpo a tanto adormecido. Lembrei-me da sensação de ter seus lábios nos meus. A melhor sensação do mundo! Como eu amava aqueles lábios, aquela boca, aquele corpo abraçado ao meu. Quantas noites dormi tão próximo a ela, daquele corpo. Sua cabeça em meu peito. Dando a ela amparo e refúgio, contra os pesadelos, e os buscando para mim, pros meus medos.

Naquele momento percebi que estavam voltando. As verdadeiras imagens que Snow quis apagar para sempre, estavam ali, em algum lugar de minha mente e pouco a pouco, o amor que eu sinto por ela, as está convocando, e elas estão vindo. Seria questão de tempo.

Depois de mais ou menos quarenta minutos neste estado, saio da banheira, me enxugo, enrolo-me na toalha, e vou em direção ao meu quarto. Balanço os cabelos para retirar o excesso de água. Sinto o cheiro dos pães, indicando que estão no ponto. Desço rapidamente as escadas e desligo o forno. Retiro-os e coloco para esfriar. Subo novamente as escadas e abro a janela do meu quarto para contemplar lá fora. Mesmo após meses ainda há rastro de morte, mas também há sinais de reconstrução, de esperança. Olho para casa dela. Janelas todas lacradas e tudo parece sem vida, embora se perceba que tem alguém morando lá, que é habitada. Tenho certeza que Greasy, tem se esforçado mas.

Passo o dia preparando algumas coisas me mantendo ocupado, morrendo de desejo de ir até ela, mas sem coragem. Ao finzinho da tarde levo uma fornada de pães para Haymitch que parece já não se lembrar do episódio de discussão pela manhã. Conversamos sobre coisas aleatórias, jogamos uma partida de xadrez. Enfim, antes de sair ele pergunta:

– Onde está a coragem garoto? – Sorrio tristemente para ele, e como já é noite, vou pra minha casa. Eu mesmo tenho me perguntado, “Onde esta sua coragem Peeta?”

Para o jantar, como alguns pães de queijo, deliciando-me também com um chocolate quente.

Assim, termino mais um dia sem vê-la.

Chegando ao meu quarto, vou em direção ao banho, e novamente, durante aqueles momentos de relaxamento, deixo meus pensamentos vagarem sem limites, e minha mente viaja livremente até onde permite o meu coração, até ela. A saudade é tanta que chega a doer. O desejo de abraça-la, de tocá-la de cheirar seus cabelos, e de mais uma vez sentir seus lábios nos meus me preenche naquele momento. Fico num estado de ânsia por ela, quase que insuportável, pois sei que agora, não há quilômetros que nos separam, e sim, alguns metros. O desespero me toma. Saio rapidamente da banheira já me enxugando e indo em direção ao quarto. Visto um moletom cinza confortável, e uma camiseta branca.

Desço as escadas o quão rápido o desespero me permite, e quando dou por mim, já abri a porta e saí de casa.

Já é tarde, ninguém nas ruas do 12. Aproximo-me da janela de seu quarto, e quando estou próximo, ouço os gritos, já tão familiares a mim. Ela está sofrendo. Os pesadelos agora, com a perda de Prim, devem atormentá-la muito mais. Ela precisa de mim. O desejo de entrar e ir até ela é enorme e dilacera meu coração, mas o medo e a covardia ainda são maiores. Não é só medo de estar com ela, é o medo de algum flash voltar, e eu acabar fazendo uma besteira justamente neste momento em que ela precisa tanto de mim.

Assim, mais uma vez, o medo vence, e mesmo com o peito dolorido por vê-la em agonia, volto para minha casa. E como o sono não chega, vou fazer o que tanto gosto, e sempre me distrai, pintar.

Vou para o quarto que separei como meu ateliê, e preparo tudo, e começo deixar vir à mente o que está em meu coração. E tudo que me vem é uma imagem de algo no futuro, eu Katniss e uma pequena menininha. Uma linda menininha de cabelinhos escuros e olhos cinzentos, na campina, sentados próximos a uma toalha de piquenique. E os três sorrindo. Involuntariamente, dou um sorriso, talvez por que a cena é tão feliz, que a torna contagiante.

Quando a tela já está pronta, reparo que já são quase duas e meia da manhã. Ajeito tudo, penduro-a para secar. E saio em direção ao meu quarto novamente, vou ao banheiro, terminar de limpar minhas mãos. Assim vou pra minha cama. Depois de muito tempo, adormeço contemplando o céu estrelado da madrugada, pela minha janela.

Mesmo dormindo tão tarde, meu corpo está acostumado a levantar cedo. Levanto ajeito o quarto, tomo banho. Então desço e preparo uma fornada de pães comuns e também pães de queijo, preparo um café, e também chocolate quente. Assim que termino, embora seja cedo, vou até a casa de Haymitch, que como suspeitava, está desacordado e sujo em sua cama, e o estado de sua casa é deplorável. Concentro-me em sua cozinha, pelo menos ali deixo tudo em ordem e preparo sua mesa com o café da manhã que trouxe para ele, pão, pães de queijo, café e chocolate quente, que algo me diz que quando ele resolver tomar, não estará mais quente.

Assim, sigo até minha casa, com o propósito de tomar meu café da manhã. Logo que termino, deixo tudo em ordem, e vou em direção à despensa buscar algumas ferramentas com o propósito de fazer algo, já que estamos na primavera. Vou até a entrada da floresta, nunca perdendo o hábito de conferir a cerca. Nunca fui familiarizado com isto aqui, mas após as arenas, confesso que não me dá mais medo. Encontro o que procuro, as Prímulas Noturnas. Encho o carrinho de mão com terra boa, e por cima as coloco organizadamente, e começo a transportá-las em direção a Vila dos Vitoriosos.

Chegando lá, cavo primeiro em volta da minha casa bem abaixo das janelas, e me mantenho concentrado nisto. Assim que termino ali, e estão todas plantadas, vou em direção à frente da casa dela, e faço o mesmo processo bem embaixo da janela de seu quarto. E para minha surpresa, quando estou terminando de escavar, ouço o som de pés correndo, que estacam a minha frente. Quando ergo minha cabeça, meu coração perde duas batidas, e me falta o ar, para em seguida começar a bater desordenadamente. A única coisa que consigo, é me prender no seu olhar, no seus olhos cinzentos, e vejo várias expressões ali: dor, saudade, desespero, alegria, amor? E por último o mais certeiro, medo. Aquilo faz doer meu coração já tão maltratado e machucado. Dói mais ainda, quando ela pergunta:

*- Você voltou? – Como assim, ela tinha dúvida que eu voltaria? Ela não sabia que eu voltaria por ela? Não, não sabia. E se sabia, preferia não acreditar para não criar expectativa e sofrer depois. Realmente ainda levaria um tempo até que ela conseguisse enxergar as coisas claramente, se é que enxergaria, mas em todo caso, também, dependia de mim, de eu insistir, e esperar por ela. Observo que está magra, sem vida, olhos tristes, olheiras das noites mal dormidas e com certeza assoladas por pesadelos, os cabelos mal tratados, as roupas evidenciam os longos dias sem banho. Ela realmente se entregou, Katniss se entregou ao sofrimento, mas ainda assim, ela é linda. Por trás de tudo aquilo, ainda é a minha Katniss, a minha garota. Então, antes de responder qualquer coisa que quebrasse o contato para uma reaproximação, respondo calmamente:

*- Dr. Aurélius só me deixou sair da Capital ontem. E a propósito, ele disse pra eu falar pra você que ele não vai poder ficar fingindo para sempre que está se tratando. Você vai ter de atender ao telefone alguma hora.

Ela me olha por um longo tempo, me sondando. Vejo contemplação no seu olhar, que percorre cada parte do meu corpo, do meu rosto, um olhar de cuidado, talvez por constatar que estou mais magro, ou as marcas do fogo em mim. Por fim, relutantemente, ela retira os cabelos que insistem em cair em meus olhos, grudados pelo suor. E aquele pequeno gesto, pequeno toque, aquece toda minha alma. Então ela pergunta:

*- O que está fazendo? – Olho em seus olhos.

*- Fui até a floresta pela manhã e colhi isso aqui. Para ela. – Estava me referindo a Prim. – Pensei que agente podia de repente plantá-las ao longo da lateral da casa.

Ela olha pras plantas e respira fundo, e quando se da conta do que se trata seus olhos cheios de lágrimas e raiva, me encaram, mas ela está muda, sua voz está travada, a única coisa que ela faz, é balançar a cabeça negativamente e sai em disparada pra sua casa.Percebo que por medo de o desespero toma-la ali mesmo, e ela acabar desmoronando na minha frente. Talvez querendo me poupar, com medo de minha reação.

Meu coração dói novamente, ela está sofrendo. Não ela está em agonia, e como ela sempre faz, está afastando as pessoas de sua dor. Mas eu não posso ceder a isto, preciso aos poucos, me aproximar. Decido que vou plantar estas Prímulas em torno de minha casa junto com as outras, e é o que faço. Volto rapidamente à floresta e colho outras flores, não tão belas, mas que não evoquem tantas lembranças, e planto-as em baixo das janelas da casa de Katniss.

Volto pra casa, lavo as ferramentas e as guardo, tomo um banho de chuveiro mesmo. E decido que está na hora. Na hora de começar o processo que será talvez longo, a reaproximação do amor da minha vida. O processo de busca-la da imersão no seu mundo de dores, para trazê-la de volta a mim. Sei que não será fácil, ela não é totalmente a mesma mais, há mágoa demais, sofrimento demais envolvido. Mas quem é o mesmo? Eu não o sou mais.

Preparo mais uma fornada de pães de queijo, os preferidos dela, capricho no sabor do queijo, do jeito que sei que ela gosta. Assim que estão prontos, tranco a casa, e vou até lá. Chegando, comprimento Greasy, que vem, me agradece e me abraça feliz por me ver, e logo diz:

– Ela não está aqui. Depois que te viu, enfim ela reagiu. Jogou umas coisas fora, tomou banho, queimou as roupas que já usava há dias, e até resolveu pegar o arco e flecha e sair para caçar. – Greasy, era uma boa pessoa, e nos conhecia desde pequenos, e ela sempre amou a família de Katniss, e sempre a admirou por sua garra em enfrentar tudo sozinha, após a morte de seu pai. Ela me olhava relutante, eu senti que ela desejava falar algo, mas estava com medo de ser indiscreta. Então a encorajei:

– Pode falar Greasy, sei que tem algo a me dizer. – Ela respirou fundo.

– Sabe que nunca fui de me meter não é? – Acenei com a cabeça afirmando. – Então me ouça meu filho. Não desista dela. Ela ama você Peeta. Só que pelo que vejo, ela nem sequer se permite dar conta disso. Eu imagino o quanto tudo foi e deve estar sendo difícil para você, mas se você esperou até agora, será que não vale a pena? Lute por ela Peeta, ensine-a o caminho para amar, faça ela compreender que vale a pena, apesar dos riscos. Pois é muito claro e nítido que é isto que ela teme, os riscos de se amar. Risco de perder, de ferir. Mas você é forte o suficiente Peeta, você é movido pela maior força que já existiu, o pleno, puro e verdadeiro Amor. Então não desista, lute por ela. E se isto te servir de alguma coisa, ela perguntou por Gale só uma vez, e sinceramente, eu a senti aliviada quando eu disse que ele tinha ficado no 2, por que tem um emprego lá. A partir do momento que você entrou na vida dela, as coisas mudaram Peeta. Veja bem, ela teve meses para reagir, mas o simples fato de ver você, fê-la erguer-se e fazer de vez o que não fazia há meses, sair do quarto, comer, tomar banho, até ir caçar. – Sentia que o desespero de Greasy, por uma confirmação minha era enorme. Então resolvi ceder, afinal, foi por isto que voltei. Havia um longo caminho a percorrer, mas eu e Katniss, poderíamos nos curar juntos, dando suporte um ao outro. E dentro de mim naquele momento, decidi que seria assim.

– Tudo bem Greasy, no fundo, eu acabei voltando por ela mesmo. – Ela me dá um sorriso sincero.

– Sabe que pode contar comigo, né meu filho? Aliás com toda a Panem, esta é a verdade, a maioria das pessoas que acompanharam vocês, torce para que fiquem juntos. Aqui no 12, isto é unânime. – E ela sorriu, e eu também.

– Eu sei. – Então ela me convida para sentar tomar café, e me chama para fazê-lo todos os dias ali, para que aos poucos voltássemos a criar uma rotina na casa a qual Katniss, voltasse a se apegar.

E ficamos assim, eu e Greasy, fizemos tipo uma aliança, um acordo silencioso para trazer Katniss de volta a vida. Nos primeiros contatos que temos todos juntos, aproveito a oportunidade de entregar os presentes, e todos agradecem com gratidão, inclusive ela, Katniss. Vejo depois de muito tempo, algum brilho em seus olhos até então, ainda sem vida.

E as coisas seguiam-se assim, de manhã, eu trazia os pães e Greasy preparava o chocolate quente; no almoço Greasy preparava o cardápio e eu sempre preparava algum complemento ou sobremesa e trazia. Aos poucos Katniss ia se achegando, participando de uma refeição ou outra, o próprio Haymitch começou a se fazer mais presente, e eu senti que Greasy tinha solicitado sua colaboração também, mas nunca tocamos a respeito. À noite, como Greasy sempre deixava tudo pronto antes de ir, Katniss acabava me chamando e a Haymitch para jantarmos com ela.

Com o tempo Haymitch, só vinha pegava a comida e saia dizendo que queria comer em casa, pois quando o sono chegasse já estaria lá. Mas eu tinha certeza que ele estava em busca de nos dar espaço. Pouco a pouco fui me aproximando, pois ela já conversava mais abertamente comigo. Então, eu comecei a aconselhá-la a voltar a falar com Dr. Aurélius, que acabou incentivando-a em alguns projetos que ela tinha. Em uma de minhas conversas ao telefone com ele, depois de já ter atendido Katniss algumas vezes, ele enfim me disse:

– Você estava certo meu filho, foi a melhor escolha você ter voltado ao 12, não só por você, mas por ela também. Parabéns Mellark.

– Obrigado, Dr. Aurélius.

Katniss vinha cultivando o desejo de retomar um livro da família, iniciado por seu pai. E eu enxerguei naquilo uma forma, um meio de passarmos mais tempo juntos, pois muitas das ilustrações necessárias não existiam mais ou existiam só em nossas memórias, e eu me propus a preencher esta falta com minhas pinturas ou desenhos. Então passávamos horas juntos, eu pintava ou desenhava, e ela escrevia. Enquanto ela fazia sua parte, eu a contemplava e admirava, e enquanto eu fazia a minha, ela também me contemplava, e por muitas vezes senti seus olhos me admirando, mas deixava passar, para não constrangê-la ou afastá-la. Mas a simples sensação de seus olhos em mim era maravilhosa.

Mas era inevitável deixar passar seus olhares o tempo todo, havia momentos em que nossos olhos se encontravam e milhões de palavras mudas eram trocadas. No início esses momentos eram quebrados de maneira desconfortável, com ela quebrando o contato, nos constrangendo. Mas com o tempo eu fui pegando jeito e não deixava chegar a este ponto, antes dava-lhe um sorriso, ou fazia uma piada, só para vê-la sorrir, o que no princípio era difícil, mas aos poucos os pequenos sorrisos foram aparecendo, para mais tarde irem ficando maiores, mais espontâneos até se tornarem risadas. O que aquecia e inflamava cada vez mais meu coração. Como eu a amava, com todas as minhas forças, e com todo o meu ser.

Passamos dias, meses neste processo, reconstruindo nossos laços enquanto trabalhávamos no livro.

Com o tempo, Haymitch juntou-se a nós contribuindo com seus conhecimentos de mais de vinte anos de Jogos Vorazes, mas também depois de algum tempo, percebeu que aquela seria mais uma oportunidade de eu e Katniss estarmos juntos, a aos poucos suas visitas passaram a ser mais breves, depois mais inconstantes, até que após pegar seu prato com o jantar, já não aparecia mais até no outro dia. Sempre com a desculpa de cuidar de seus gansos, que na verdade, se cuidavam mais sozinhos.

Então eu continuei com esta rotina, porém quando terminávamos, mesmo sendo tarde eu tomava caminho de volta a minha casa. Depois de algum tempo, Katniss não mantinha mais a casa toda lacrada, e até voltou a dormir com a janela aberta. Às vezes acontecia, de eu estar na janela contemplando a noite e ela aparecer, e ficávamos um longo tempo contemplando um ao outro ao longe. Até que um dos dois se despedia com um aceno e ia dormir. Geralmente ela.

Agora que a sua janela dormia aberta, sempre acontecia de eu acordar pela noite, escutando seus gritos. Não eram tão altos pela distância, mas por serem tão familiares a mim, eu não deixava de ouvi-los, depois de algum tempo eles acabavam cessando. No início, eu ficava desesperado para ir até lá, mas sempre ficava em um dilema, pensando, que se ela quisesse minha presença, já teria me chamado. Porém, houve uma noite, em que Katniss gritou muito, mas muito mesmo, e por um longo tempo. Meu coração ficava dilacerado com aquilo, e a cada grito, meu peito comprimia. Aquele estava demorando a passar, e eu já estava desesperado, sem saber o que fazer, andava de um lado pro outro no quarto, ia até a janela, e nada. Até que num determinado momento, ouvi um chamado que despedaçou meu coração; ela gritava meu nome a plenos pulmões e desesperada, e o grito era de dor, de lamento, de desespero, ela gritou uma, duas três, e continuou. E a cada grito eu me encolhia. Por fim, não suportei mais, desci voando pela escada, saindo e trancando a porta, pois não sabia a que horas iria voltar.

Para minha surpresa, ao sair me deparei com um Haymitch apavorado, na minha varanda se preparando para bater na porta.

– Garoto, mas você demorou hein? – Ele me olhava com um olhar de repreensão, e estendia uma chave para mim. Como eu não estava entendendo, ele disse. – A chave da casa dela. Era eu que cuidava, dela antes de você chegar, claro que não tão bem quanto você. – Antes que ele falasse mais alguma coisa, eu o cortei.

– Vamos. – Ele apenas me olhou nos olhos indignado e disse.

– Agora é com você garoto, eu não tenho mais nada para fazer por ela, eu não me chamo Peeta! Ela precisa é de você, ela está chamando por você, por SEU NOME. Vê se acorda Padeiro, o que ela precisa agora, não sou eu que tenho para oferecer, nem mais ninguém a não ser VOCÊ! – Ele entregou a chave em minhas mãos, e virou-se em direção a sua casa, verdadeiramente furioso comigo. O meu desespero era tanto que eu nem tinha pensado o que iria fazer, caso Haymitch não aparecesse com uma chave.

Saí apressadamente em direção à casa de Katniss, enquanto os gritos ainda persistiam. Mas agora meu nome era intercalado com choro e mais lamentos. Tão rápido abri a porta quanto a tranquei, subi as escadas num átimo. Parei na frente da porta de seu quarto que estava fechada, e antes de entrar respirei fundo, pois sabia que aquele era um passo que poderia mudar muita coisa. Tanto poderia ser uma aproximação definitiva, como um afastamento definitivo, dependeria do que ela estava sentindo, e de como eu reagiria aquilo. Então, me enchi de coragem e entrei.

E o que vi, cortou meu coração em milhares de pedaços. Ela estava encolhida como uma bola deitada na cama, o rosto vermelho e banhado em lágrimas, cabelos revoltos. Mas ela vestia, meu Deus, meu coração parou, ela vestia uma linda camisola verde, e não era tão comprida, e creio que devido aos movimentos estava acima de suas coxas. Prendi a respiração e travei os dentes. De repente, mais um grito. E era meu nome novamente. Não pude mais resistir, fui em direção a ela, envolvendo-a em meus braços. Mas, meia parte de mim temia fazer aquilo, pois temia que ela acordasse e me afastasse com raiva, porém a outra parte de mim me convencia que era tudo que ela queria e precisava.

Para minha surpresa, quando enfim, com muito cuidado, coloquei meu braço por baixo de sua cabeça e envolvi sua cintura puxando-a pra mim, e em seguida nos cobri com o lençol, para que a cena dela de camisola não me desnorteasse, ela se aproximou ainda mais, colando nossos corpos, e trazendo sua cabeça pro meu peito, esfregando seu rosto ali, sentindo o cheiro, enquanto sua mão procurava meu coração e só parou quando o pode sentir, e disse ainda dormindo:

– Peeta, Peeta, você está aqui. Eles não levaram você? Você está aqui. Fica aqui, não vai, fica aqui comigo. - E os gritos cessaram dando lugar a um choro ainda inconsciente, choro e lamento que faziam o corpo dela tremer junto ao meu, enquanto ela me abraçava cada vez mais forte.

Não sei descrever ao certo o que senti, pois eram várias coisas, uma muito evidente, era dor, claro, por ver o quanto ela estava sofrendo, e sofrendo minha falta, minha ausência. Ela sentia medo de me perder, sentia falta do meu cheiro, de ouvir as batidas do meu coração, que já era tão familiar a ela que dormiu por tantas noites em meu peito. Senti tristeza por ela ter sofrido e sofrer tanto. Mas também senti alegria, por que ali, em meio ao desespero daquele pesadelo, era a mim que ela chamava, era por mim que ela pedia, era o meu cheiro e as batidas do meu coração que a acalmavam.

Então movido por aquela certeza de que Katniss precisava de mim, tanto quanto eu precisava dela, mas que não tinha forças ou coragem suficiente para admitir, eu a abracei mais forte, e com a voz embargada pelas lágrimas que já desciam torrencialmente por meu rosto sem eu me dar conta, disse:

– Eu estou aqui. Ninguém irá me levar. Eu vou ficar aqui por você sempre minha linda, minha garota em chamas. – Dando vários beijos no alto de sua cabeça.

Depois de um longo tempo assim, o choro foi cessando e senti que as batidas de seu coração se tornaram mais regulares. Automaticamente fiquei tenso, pois não sabia sua reação após acordar. Esperei mais algum tempo, quando enfim, ela abriu os olhos.

Ela olhou confusa pra mim, pro meu corpo junto ao dela coberto pelo lençol. Corou, talvez por se lembrar de que estava de camisola. Só então, ergueu lentamente a cabeça em minha direção. A princípio não dissemos nada, simplesmente ela me olhava com olhos insondáveis, e eu a olhava com admiração e satisfação por tê-la ali, assim, daquela maneira tão próxima comigo. Após alguns minutos, ela cora de novo e sorri pra mim, e eu sorrio de volta. E pergunto:

– Não vai brigar comigo?

Ela cora novamente e responde:

– Tenho motivo?

Eu simplesmente respondo.

– Eu não sei. Tem?

Ela fica ainda mais vermelha e diz.

– Não, eu não tenho. – Ela respira fundo e continua. – Você veio. Você ouviu, e você veio.

Eu respondo sinceramente.

– Sim eu vim, mesmo sabendo que você poderia não gostar. Eu vim, não podia te ver sofrer daquela forma sem fazer nada, me desculpe. – Ela não me permitiu terminar, silenciou meus lábios com um dedo.

– Não se desculpe, eu não vou brigar. Eu... Eu... Já queria que você tivesse vindo há muito tempo. – Enfim ela me diz, e está totalmente corada. E eu respondo:

– Estou aqui, sempre estarei aqui, por você. Eu só voltei por você Katniss. – Ela suspira longamente e diz.

– Lá no fundo, bem lá no fundo, eu já sabia. Bom, pelo menos eu acreditava que um dia você viria, que voltaria par mim. Na verdade, eu tinha esperança, Peeta.

Aquelas palavras aqueceram meu coração de tal maneira, que apertei involuntariamente seu corpo ainda mais contra o meu, e logo recuei com medo da reação dela. Mas, mais uma vez ela me surpreendeu.

– É bom, não pare, senti falta disto. Senti sua falta Peeta, muita, demais.

E por mais que estivesse ruborizada, ela olha dentro dos meus olhos, e eu podia ver que era verdade. Ela queria, fazia questão que eu visse que era verdade. Desde o Terceiro Massacre Quaternário, nunca mais tivemos este contato, e agora estávamos ali, eu e ela, e não havia mais uma sentença de morte sobre nossas cabeças, não havia câmaras, não havia mais a revolução, éramos somente eu e ela, realmente começando uma vida, uma vida juntos, um relacionamento. Pois agora, nada era para as câmeras, não era mais para manter nossa sobrevivência em uma arena. Mas, era para manter nossa sobrevivência diária, como pessoas, como homem e mulher que somos, emocionalmente, pelo menos. Depois de tudo que passamos, na verdade, homem e mulher, é o que somos, estamos apenas aprisionados neste corpo de idade adolescente.

Após refletir por um tempo eu digo:

– Também senti sua falta Katniss, você não sabe o quanto. – E novamente eu beijei sua cabeça. Como percebi que ela estava melhor, resolvi ir pra casa, mas já sentia todo meu corpo protestando, por afastar-me dela. – Quando fiz menção de me levantar, ela me olhou confusa.

– Aonde você vai? – Ela perguntou, ainda confusa.

– Pra casa. Graças a Deus você já está bem. - Ela ergueu a sobrancelhas e se sentou, visto que eu já estava de pé. E ficou ruborizada, então sabia que queria falar algo, mas estava com vergonha. – O que é Katniss, pode falar.

Ela respirou fundo.

– Fica. Eu quero que você fique. Mas, só se você quiser ficar Peeta, você não tem nenhuma obrigação. – Aquilo me desarmou. Não esperava aquilo, que ela fosse me pedir claramente, muito menos me dar opção, uma escolha. Isto não era coisa para me oferecer, afinal eu nunca tive escolha, eu sempre ficaria por ela.

– Eu sempre quero ficar Katniss, sempre, você sabe disto. Mas... Você recua. E isto dói, e me machuca, você sabe. Nunca te exigi nada, e nem vou, mas dói, e dói muito. – Ela respira fundo e vira o rosto pra parede, corada, e percebo que tem lágrimas nos olhos. Não resisto e vou até ela, sentando-me de frente a ela e abraçando-a. Ela não recua, não hesita, ao contrário, me abraça forte.

– Me perdoa Katniss, você nunca me prometeu nada, e eu não posso cobrar nada de você. Me perdoa, é só que... - Mais uma vez, ela me silencia, com uma mão carinhosa em minha boca, e olhando em meus olhos diz:

– Eu sei. Não se preocupe, eu sei Peeta. – E me abraça novamente. Depois de um tempo, um reconfortando o outro na mesma posição, sentados na cama e abraçados, ela enfim diz. – Vamos dormir? – Eu apenas aceno que sim com a cabeça, e nos deitamos envolvidos um no outro como costumávamos fazer, ela com sua cabeça em meu peito, e a mão sobre o meu coração, e eu com um braço em suas costas e outro em sua cintura. Depois de algum tempo, ela cola mais ainda nossos corpos, sinalizando pra mim, que quer estar mais próxima, e eu prontamente obedeço, aumentando o aperto em sua cintura, e puxando-a mais pra mim com a mão em suas costas. Percebo que ela sorri com o gesto e automaticamente fica vermelha.

E assim, juntinhos, adormecemos tranquilamente, e não somos mais visitados por pesadelos naquela noite.

E desta forma passou a ser. Todas as noites quando nós terminávamos com o livro, eu ia embora, e se ela tivesse pesadelos eu vinha e ficava com ela, mas sempre assim, nada mais, além disso, e eu saia cedo antes de Greasy ou qualquer outro aparecer, e quando voltava já vinha com os pães para o café da manhã.

Até que um dia, já era bem tarde da noite, quando já estávamos a ponto de concluir o livro, eu notei Katniss muito apreensiva, agitada, e por várias vezes eu perguntei o que era, e ela dizia não ser nada. Por várias vezes ela já tinha me dito para parar e deixar o resto para o outro dia. Mas eu dizia que queria terminar logo. Quando enfim terminei, ela disse:

– Podemos deixar para fazer o tratamento com o sal marinho amanhã à noite? – E percebi que ela frisou nervosamente o à noite. Imediatamente não entendi e falei:

– Pode ser amanhã pela manhã também, Katniss. – Ela deu de ombros, mas percebi que ficou triste, seu semblante caiu. E aquilo me entristeceu. Tentei repassar nossos momentos juntos em minha mente à procura de algo que possa tê-la aborrecido, mas não encontrei nada, muito pelo contrário, ótimos, maravilhosos momentos. Até que a compreensão clara me atingiu. Ela queria estender os momentos que passamos juntos. Mas por que à noite? Rapidamente a resposta me vem: quanto mais tarde saio daqui mais tarde ela se deita, e protela os pesadelos e os momentos que estará sozinha. Será que é isto mesmo? Resolvo perguntar a ela, mas para minha surpresa, quando chego até ela que está na janela da sala, e olho em seu rosto, lágrimas rolam de seus olhos. Fico apavorado.

– Katniss, olha para mim. - Eu a chamo, mas ela não se move. Então me aproximo mais, e a esta altura meu coração está disparado. Puxo-a pelo ombro para virá-la de frente para mim. E assim que o faço ela afunda a cabeça em meu peito e começa a chorar. Imediatamente envolvo sua cintura com um braço e acaricio seus cabelos com a outra mão. – Ei Kat, o que houve? Eu estou aqui, fala para mim. – Então ela diz o que eu precisava saber:

– Você está agora, mas você vai... Embora.

– Não, eu não vou. Eu já disse que eu... – Só neste momento eu consigo entender, ela quer que eu fique e que eu durma aqui? Pra ter certeza, resolvo perguntar a ela. - Você quer que eu durma aqui? É isto?

Ela acena que sim com a cabeça e bem corada por sinal.

– Mas não só hoje. – E aquilo me surpreende.

– Deixa eu ver se entendi, você quer que eu passe a dormir aqui todos os dias?

Ela acena que sim com a cabeça e diz.

– Assim como naquele dia, eu te falo, se você também quiser, Peeta .

– E assim, como naquele dia também te digo, eu sempre quero ficar Katniss, sempre. - E beijo o topo de sua cabeça enquanto ela repousa a cabeça perto do meu coração, e permanecemos assim um bom tempo, abraçados envolvidos um no outro, próximos à janela da sala.

Depois de um tempo, ela me toma pela mão enquanto vai apagando as luzes, tranca a porta e quando está perto de subir as escadas tropeça e quase cai, creio que pelo sono, então, peço que ela espere, e faço uma coisa ousada, tomo ela nos braços e subo as escadas com ela no colo. Ela recosta a cabeça em meu peito sonolenta. Assim que entramos no quarto, ela diz.

– Vou entrar no banheiro para me preparar pra dormir. Eu tenho escova de dente nova e algumas outras coisas que você pode precisar, vou separar para você tudo bem?

– Claro, eu espero. - Antes ela vai ao guarda roupa e pega uma camisola preta, então volta ao banheiro. Quando sai de lá está pronta para dormir, e está linda por sinal. O ar me falta, e sinto meu corpo todo queimar. Ela sorri timidamente pra mim e diz:

– Está tudo pronto lá para você, se quiser tomar um banho te preparo uma toalha. - Pela primeira vez a voz me falta, eu tomar banho aqui? Não que isto fosse problema pra mim, mas Katniss me oferecendo aquilo... Acho que não compreendi direito a proposta dela, mas no momento não iria perguntar.

Entro no banheiro e fecho a porta, tudo que preciso é de um momento. Um momento para clarear minha mente, e acalmar meu coração frenético. Será que Katniss tinha noção do terreno em que estávamos pisando? Ela sabe que eu a amo, ela sabe que ela é linda para mim, está certo que dormimos juntos várias vezes na Capital, antes de ir para arena, nas arenas também, quando voltamos da primeira arena algumas vezes, mas tudo era diferente, agora, não há nada mais disso. Agora sou só eu e ela. Ainda tem os pesadelos eu sei, mas os arranjos para lidar com os pesadelos não estão sendo suficientes para ela, então o que ela quer? Lembro-me das palavras do Haymitch: “você não sabe se ela te ama como homem? É isto?”. Mas será que é deste jeito pra ela, como é pra mim? Eu a amo demais, demais mesmo, mas também a desejo, como não desejar? Ela é linda, e perfeita para mim.

Dou-me conta que passei muito tempo aqui preso, escovo logo os dentes e o cabelo, seguro na bancada da pia respirando fundo, várias vezes. Até que digo para mim mesmo: – Vamos lá Peeta, deixa de bancar o covarde.

Assim, saio de uma vez do banheiro em direção ao quarto, e fico admirado quando a vejo, ajoelhada na cama olhando fora da janela, de costas pra mim. Subo e vou em direção a ela que esta contemplando a noite linda e estrelada. Fico ao seu lado e digo:

– Está tão linda a noite hoje.

E ela me diz:

– Só houve uma vez que eu contemplei um céu tão lindo, mas da outra vez foi um por do sol, você se lembra? – Ela disse virando-se para olhar nos meus olhos.

– Claro que me lembro, fui eu que te acordei para você poder ver. – Eu disse sorrindo.

– Sim, as duas vezes foram com você. – Sorri para ela e fiquei observando-a. Por que era tão difícil agora fazer aquilo? Nada mais nos impede, parece que há uma barreira, principalmente em mim. Enquanto era algo que eu não podia contar era simples era fácil estar perto dela, agora que é algo mais palpável é difícil, há um medo dentro de mim, medo que me corrói. A incerteza sobre até quando vou estar bem, ou não vou apresentar riscos para ela... Eu continuo tomando minha medicação a risca, falando com Dr. Aurélius a risca. Mas tudo é incerto.

Depois de um tempo me olhando, ela volta a olhar o céu por um tempo e diz.

– Vou dormir, estou cansada, você vem?

– Claro, vamos. – E nos deitamos abraçados um no outro novamente. Tudo da mesma forma, mas há algo diferente, pelo menos pra mim, as coisas já não são tão naturais assim, e aquilo começa a me incomodar. Percebo que Katniss está incomodada também, há algo diferente acontecendo. De repente não aguentando mais eu pergunto.

– Kat?

– Oi. – Ela responde e olha para mim.

– O que está acontecendo conosco?

Ela continua olhando para mim, mas respira fundo, e logo em seguida cora.

– Na verdade eu não sei, achei que você soubesse.

Como assim? Bom, eu sempre sei lidar com sentimentos, e sei mesmo, agora mesmo, eu sei o que estou sentindo, eu a amo, ela quer que eu esteja perto, e eu quero estar, só que eu a desejo também, como separar as duas coisas agora que eu estou tão consciente disto? Este é o ponto pra mim, e o medo de abordá-la, pois eu não sei o que ela vai pensar ou o que ela vai entender, nós mudamos demais, não somos mais os mesmos. Mas e ela o que ela está sentindo? Daí eu mato a charada, geralmente ela faz confusão com os sentimentos e tem dificuldade em expressá-los. Mas como falar isto para ela?

Posiciono-me de uma forma que ela fique de frente para mim, deitada em meu braço e pergunto.

– O que você está sentindo? – De repente ela começa a intercalar seu olhar dos meus olhos para os meus lábios, e aproxima os lábios do meu e eu acabo fechando o restante do espaço beijando-a doce e delicadamente, mas não permito de maneira alguma que aprofundemos o beijo, até entender claramente o que está acontecendo, eu não posso fazer isto, pois se eu entender alguma coisa errada e avançar demais posso magoá-la e perder tudo que alcançamos até aqui. Ela percebe que não vou passar daquilo e delicadamente se afasta. Para não quebrar o elo, pergunto:

– Então era isto? Você queria me beijar? Por que não disse logo? – Disse sorrindo, e ela retribuiu. – Eu também queria te beijar, Kat. – Ela me olhou surpresa.

– É mesmo? Não é o que parecia. – Nossa será que minhas reações têm dado a entender que não a quero? Será? Não é óbvio? Bom talvez para ela não seja. Vamos lá Mellark seja corajoso, você sempre se deu bem com as palavras.

– Katniss, eu já falei eu sempre quero estar aqui por você, na verdade, eu sempre quero tudo de você tudo, entende? O que você me der eu vou querer, eu só não vou exigir as coisas de você por que eu não quero te machucar e nem me machucar, muito menos te afastar de mim. Tenho medo disto de fazer algo que afaste você de mim, você entende? – Ela acena que sim com a cabeça, e quando acho que ela vai falar algo, ela me surpreende. Ela me toma num beijo voraz, enlaçando seus dedos em meus cabelos, me puxando para mais perto, enquanto sua língua pede passagem para minha boca, e juntas nossas línguas exploram o contato de uma com a outra, enquanto eu envolvo sua cintura puxando-a para mim, e beijamo-nos até nos faltar o ar. Quando enfim ela se afasta extremamente corada, deitando em meu peito com a respiração tão irregular quanto a minha. Então para não deixar o clima tenso, procuro agir naturalmente chamando-a.

– Kat?

– Hum. - Ela responde e olha ainda tímida para mim. Eu olho em seus olhos e dou um selinho em seus lábios e beijo o topo de sua cabeça e digo sorrindo.

– Boa Noite.

Ela sorri maravilhosamente pra mim e diz

– Boa Noite Peeta.

E mais uma noite, só que desta vez uma noite inteira, por que eu não vou embora, Katniss pede para que eu não vá embora, dormimos abraçadinhos e aconchegados nos braços um do outro, e também não somos atormentados por pesadelos.

Pela manhã acordo, e sinto seu calor em mim, por onde nossos corpos se tocam. A alegria de tê-la novamente assim, ao despertar, era imensa. Repassei tudo que aconteceu em minha mente. Então senti que era realmente tempo de agir, colocando nossas vidas em ordem, cada coisa em seu tempo e em seu lugar.

Senti o cheiro de café, que era sinal que Greasy Sae já havia chegado. Cuidadosamente, fui levantando-me e ajeitando-a na cama. Antes de ir ao banheiro, beijei seu rosto e fui surpreendido por um sorriso ainda inconsciente, o que me levou a dar mais um, e receber além de mais um sorriso, a pronuncia do meu nome. Ela realmente sentia minha falta, e feliz da vida, saio para me ajeitar no banheiro e escovar os dentes antes de descer. Só ajeitar mesmo, pois minhas coisas estão em casa.

Desço e encontro uma Greasy Sae, um tanto feliz olhando pra mim.

– Bom dia Greasy. – Chego bem perto dela, e digo. - Não é que está pensando, pode tirar este sorriso do rosto. – Ela sorri mais ainda e responde.

– Bom dia Peeta. Pode ser que ainda não seja, mas é só questão de tempo meu filho, e não tanto tempo assim, está perto. – E me sinto confortado por aquelas palavras de Greasy. E resolvo contar pra ela tudo o que houve, e depois de me ouvir, enquanto eu colocava a rodada de pães de queijo que fiz, para assar, ela toma minhas mãos nas dela, como uma boa mãe faria, e diz. – Ensine-a Peeta, use a convivência para ensiná-la a amar, cuidar, se doar. Ninguém melhor que você, você é bom nisto. E no final, você verá que vale a pena. Não espere por ela, afinal, nós sabemos que ela nem sabe que tem tanto a oferecer. Ela não se vê claramente, não sabe o efeito que tem, Haymitch me falou que, você mesmo disse isto tantas vezes. Tome as iniciativas você.

Respirei profundamente, pois na verdade eu tinha medo, eu também não estava totalmente curado, e se eu tivesse uma recaída, quando eu já tivesse conseguido atraí-la a mim, com quem ela ficaria quem a daria suporte? E foi o que eu disse a Greasy, que me ouviu atentamente, mas sem se abalar, e me falou:

– Quando isto acontecer, e SE isto acontecer, ela já vai estar forte, sendo quem ela é e sempre foi. Aí tenho certeza, que ela ficará por você, e o desejo de cuidar e proteger você, a manterá firme. Pois sempre foi isto que ela fez de melhor, cuidar e proteger quem ela ama.

E não havia como relutar, pois sabia que Greasy estava certa, que suas palavras eram verdadeiras. Então naquele dia, tive a certeza, que este era o momento.

Quando os pãezinhos estavam prontos, e eu já havia ido em casa, tomado banho, feito minha higiene matinal, e voltado, e estava terminando de fazer um chocolate quente, Katniss aparece na escada muito diferente do que sempre vem estado, com um sorriso nos lábios e olhos brilhantes. Tomada banho, cheirosa e vestida com uma bermuda jeans e uma camiseta azul que eu trouxe para ela. E é claro que ela cora quando olha pra mim, e eu apenas devolvo um sorriso tímido pra ela.

– Bom dia Greasy, bom dia Peeta. – De repente somos surpreendidos por um bom dia entrando pela porta.

– Bom dia Docinho, Bom dia Greasy, bom dia Garoto. – Era Haymitch, chegando para o café. Aproveitei que Haymitch foi em direção a Greasy para ver o que ela preparava, e ergui a mão para Katniss, convidando-a para sentar ao meu lado, e quando ela o fez, beijei sua bochecha e disse em seu ouvido.

– Bom dia! – Ela olhou em meus olhos com um sorriso, mas é claro, que vermelha como um pimentão, o que me fez sorrir mais ainda.

Como Haymitch a esta altura estava na mesa, perguntou com seu jeito Haymitch de ser.

– Qual é a piada? Pelo visto é piada íntima, pois a Docinho está pior do que molho de tomate. – Olhei enfurecido para ele, o que o fez gargalhar de uma vez. Preocupado, olhei pra Katniss, que apenas sorria e me sondava com seus olhos cinzentos. Haymitch não parecendo satisfeito solta mais uma. – Você não desiste né padeiro?

E desta vez até Greasy joga um olhar fulminante para ele. Para minha sorte Katniss sorri, e eu resolvo entrar na brincadeira, usando o momento para provoca-lo é claro.

– Haymitch, a única pessoa até hoje que eu conheço que corre conscientemente quilômetros de sua felicidade, é você. – E funciona, pois ele me olha furioso, e diz:

– Não começa garoto, vê se vai levar a Docinho para sair um pouco. Vai passear vai, e me esquece. – Haymitch saiu realmente furioso, não sem antes, carregar uma caneca de chocolate quente e uma mão cheia de pães de queijo.

Greasy, não aguentando de rir disse.

– Você realmente conseguiu irritá-lo hoje, Garoto. – Katniss me olha fazendo uma pergunta muda.

– Você não viu nada Greasy, hoje eu vou ligar para ela. – Katniss agora, me olha alarmada, sem entender nada do que está acontecendo, ai me dou conta que ela não sabe de nada a cerca dos comentários lá na Capital, sobre o possível envolvimento entre Haymitch e Effie. Então digo:

– É que corre um boato lá na Capital, que Haymitch e Effie acabaram se envolvendo um com o outro, ninguém sabe até que ponto, mas que os dois são obcecados um pelo outro, ou seja, se gostam mesmo, só que do jeito deles. Mas que Haymitch luta contra isto usando uma máscara de indiferença com ela, para afastá-la. Mas tá na cara que ele só faz isso, por que tem medo de se envolver, medo de se entregar ao amor, por causa das perdas que ele teve, então, eu estou determinado a dar uma força, e soube que breve Effie terá de vir aqui no 12, então...

Katniss me olha intensamente e eu consigo perceber que ela se identificou com tudo que eu disse sobre Haymitch, em relação a afastar Effie. É tanto que ela cora, claramente envergonhada, e deixa de olhar pra mim, para olhar pro chão, só que nesta hora, eu deixo de ser bobo, e tomo a mão dela que está sobre a mesa e aperto-a junto a minha, encorajando-a. Ela volta a olhar pra mim e sorri, primeiro um sorriso tímido, depois um largo sorriso.

Quando terminamos nosso café, nos damos conta de que estamos sós. Greasy já havia usado sua costumeira discrição para nos dar privacidade.

Aproveito que nossas mãos ainda estão juntas e a conduzo até o sofá, impressiona-me que em nenhum momento sequer ela hesita. Passamos um bom tempo assim só nos olhando, até que eu quebro o silêncio e pergunto:

– O que você quer fazer hoje?

Ela sorri timidamente para mim, e responde.

– Qualquer coisa que você possa estar comigo. – Meu coração acelera. Mas mantenho a calma ao dizer:

– A única coisa que não posso te acompanhar por que não sou bom nisto é caçar, mas o resto... Até caminhar na floresta com você eu me aventuraria, por que sei que você gosta, e não teria medo, pois teria você e suas flechas para me defenderem.

Ela verdadeiramente sorri pra mim agora.

– Você faria isto por mim? – Ela pergunta realmente animada.

– Claro que eu faria. Agora mesmo se você quiser.

Ela levanta eufórica, e diz:

– Então vamos mesmo? – Eu aceno que sim com a cabeça, sorrindo para ela. -Enquanto eu vou lá em cima me trocar, colocando roupas mais leves para a caminhada, eu sugiro que você vá em casa e faça isto também, há se quiser leve umas peças a mais de roupa, pois quero te fazer uma surpresa, e você vai precisar, vou levar pra mim também. – Confesso que aquilo me deixou curioso, outras roupas... Aí me lembrei, será que ela iria me levar no lago? Mas ela sabia que eu não sabia nadar. Bom, mas isto não quer dizer que eu não poderia aprender.

Vou rapidamente até minha casa, e troco de roupa colocando um calção de banho por precaução, e por cima uma calça de tecido leve, visto uma camiseta branca e um tênis devido à caminhada, mas junto com as roupas, coloco um par de sandálias. Vou até a cozinha e preparo algumas coisas em uma cesta de piquenique, para levarmos: pães frutas, bolo, café, suco e claro, que preparo uma garrafa de chocolate quente. Tomo um susto quando, de repente, olho para porta e sou surpreendido por ela, que está encostada no batente, olhando pra mim, com um sorriso no rosto. Claro que sorrio de volta. Ela veste agora uma bermuda de tecido verde e camiseta branca.

– Estou preparando umas coisas pra comermos.

Ela sorri mais ainda.

– Um piquenique?

– A ideia é esta. Gostou?

– Claro, Peeta, como não gostar? Você sempre pensa em tudo. Este é você.

Não deixo de notar que ela sorri mais ainda ao dizer isto.

Depois de tudo pronto vou ao armário e busco uma bonita e grande toalha xadrez branca e laranja e volto rapidamente no meu quarto para buscar algo. Pego uma toalha, protetor solar ,um cobertor e um lençol e coloco em minha bolsa. Pois caso resolvêssemos passar o dia todo por lá, seja onde fosse, poderíamos descansar mais confortavelmente, por isto do cobertor para colocar no chão. E lençol para cobrir caso estivesse ventando. Bom, como Katniss mesmo disse, eu penso em tudo, e se não fosse assim, não seria eu.

Ao descer ela me espera já ansiosa.

– Demorou, Peeta.

– Por que não foi atrás de mim? Estava pegando umas coisas que esqueci. Desculpa. Poderia ter ido me apressar.

Ela sorri.

– Não iria invadir sua casa, e a propósito quanta coisa. – Ela disse apontando minha bolsa cheia.

– Primeiro, minha casa é sua também, então fique a vontade, não tem cerimônia certo? E segundo, eu não sei aonde vamos, então acho bom ir prevenido. – Após eu dizer isto ela cai na gargalhada.

– Vamos, Peeta, pois vamos demorar a chegar ainda um pouco no nosso destino.

Então minhas suspeitas estavam se confirmando, ela sempre disse que era preciso uma boa hora de caminhada ou mais para se chegar ao lago.

– Você não vai mesmo me dizer, para onde vamos?

– Não, eu já disse que é surpresa.

Não pude deixar de sorrir.

– E se eu disser que estou desconfiado de onde seja.

Ela sorriu maliciosamente pra mim e deixou escapar:

– Você pode estar desconfiado de uma parte da surpresa. – E realmente aquilo me deixou curioso.

Enquanto caminhávamos, eu ficava encantado com as coisas que via. Na verdade, ali com Katniss, eu deixei de lado meu receio da floresta e passei a vê-la pelos olhos de Katniss, a beleza que ela via nas plantas, nas flores, nos bichos nos cheiros, e pouco a pouco fui me deixando levar pela leveza e encanto do lugar. Talvez sempre tenha sido difícil para mim, pois não cresci acostumado com aquilo, mas para ela era diferente, agora eu entendia completamente por que ela sentia tanta falta, ela renascia na floresta. Era como se a floresta fosse uma extensão dela, um pedaço de si mesma. Isto agora era visível para mim. E eu propus em meu coração, que a partir daquele dia nunca mais deixaria de fazer isto com ela. Sempre faríamos isto agora, vir aqui juntos. Mesmo por que, estava também me fazendo bem. E eu disse isto a ela:

– Kat?

– Oi Peeta, está cansado? Quer descansar um pouco? Desculpa às vezes eu esqueço que você não é acostumado com isto. – Ela estava preocupada, talvez com medo de eu não estar gostando, então eu precisava falar logo.

– Não é isto não Katniss, eu estou amando estar aqui, sério. Inclusive é sobre isto que iria falar. Quero poder vir mais vezes aqui com você. Agora eu entendo por que você gosta tanto, é mesmo maravilhoso. Poderemos vir sempre que você quiser, e juntos, o que você acha? – Ela me olha maravilhada, como se não estivesse acreditando no que está ouvindo. E num momento impulsivo, joga sua bolsa no chão, com seu arco e flecha e agarra meu pescoço, quase me desequilibrando. Automaticamente jogo também minhas coisas com cuidado ao chão, principalmente a cesta, e envolvo sua cintura com meus braços. Sem olhar para mim, ela pergunta:

– Você faria isto por mim?

Então, puxo levemente seu cabelo, trazendo seu rosto de frente pro meu.

– Eu faria qualquer coisa por você, Katniss. Qualquer coisa. – Observo que os olhos dela oscilam entre os meus olhos e meus lábios. E sou tentado a fazer da mesma forma, intercalar meus olhares entre seus olhos e seus lábios. De repente ela cora intensamente e morde o lábio inferior. Naquele momento, sou tomado de um desejo enorme de beijar seus lábios, mas com receio de avançar demais e perder tudo que consegui até aqui, reluto, contra o meu desejo, usando todo meu controle pra isto. Mas não consigo parar de sentir o calor que emana dela me convidando, muito menos, as ondas de eletricidade que me atraem a ela como um ímã. Será que sou só eu que estou sentindo aquilo? É como se uma força me puxasse e me convocasse para fechar o espaço entre nós. Mantenho-me firme resistindo. Mas para minha surpresa, parece que quando ela realmente percebe que não vou avançar, ela lentamente se aproxima, fechando a metade do espaço que nos separa, como autorizando que eu feche o resto. E eu, entendendo claramente o recado, lentamente termino de fechar o espaço entre nós colando nossos lábios.

Nada neste mundo se compara aquela sensação, de ter os lábios de Katniss nos meus. Eles são cheios, quentes, macios, e deliciosos. Nós nos beijamos inúmeras vezes, a maioria para encenar nosso papel de Amantes Desafortunados, outras por que realmente queríamos, mas nada nunca como agora, onde estávamos os dois ali, sem pressão, sem temer por nossas vidas, sem obrigação. Estávamos os dois ali por que queríamos, por que desejávamos, por que sentíamos falta um do outro. Por que precisávamos um do outro como se fosse o oxigênio para viver. E era exatamente isto, eu precisava demais dela para viver, para prosseguir. E agora era visível para mim suas mudanças desde que eu chegara, então agora eu podia ver, ela precisava de mim, dependia de mim. Muito embora ainda não tenha me dito isto. Mas ela demonstrava isto todo dia pra mim, talvez não dissesse com os lábios e voz, palavras, pois ela nunca foi boa com as mesmas. Mas eu era, então eu podia dizer, eu queria dizer. Lentamente explorávamos os lábios um do outro, e por fim, resolvi pedir passagem com minha língua aprofundando o beijo de uma forma que nunca fizemos e para minha satisfação, prontamente ela atendeu. Não só atendeu como também trouxe sua língua de encontro a minha. E enquanto explorávamos cada canto ainda não conhecido da boca um do outro e com intensidade, nossas mãos ganhavam vida sobre nossos corpos. Ela acariciava minhas costas, meus braços minha nuca, meus cabelos, puxando-me mais junto a ela. E as minhas mãos, circulavam sua cintura, subiam e desciam pelas suas costas, e acariciavam seus cabelos e seu rosto. E quando estávamos sem ar, corri meus lábios até seu ouvido mordendo sua orelha no processo, levando-a a estremecer.

E ali, enquanto meu hálito quente arrepia sua pele, eu sussurrei:

– Eu Amo Você, Katniss. – Ela estremece novamente e busca meu olhar, com seus olhos cheios de lágrimas, e tocando meu rosto diz:

– Diz novamente, fala pra mim, Peeta. – Eu não hesito em dizer olhando em seus olhos banhados em lágrimas, e posso sentir que os meus agora também estão.

– Eu Amo VOCÊ, Katniss Everdeen. Sempre Amei e vou amar você! – Ela abre um imenso sorriso e puxa meu rosto em direção ao seu, e quando estamos a centímetros de distância ela aprofunda seu olhar e me diz:

– Eu também Amo VOCÊ Peeta. Hoje eu sei que eu amo você demais, Mellark.

E termina de fechar o espaço que nos separa, com um beijo apaixonado, que faz com que meu corpo seja preenchido por um calor incomparável, que aquece cada parte de mim, inclusive meu coração e minha alma.

Como eu sonhei com este dia, como eu o desejei, demais... Foi preciso passar por tantas coisas, quase morrer, quase perder minha identidade. Mas, hoje eu posso dizer, valeu a pena, e como valeu a pena. Eu faria tudo de novo, tudo exatamente de novo só para experimentar isto. Ter a certeza que Katniss me ama.

Passamos um longo tempo assim. Perdidos nos braços um do outro, entre beijos e carícias, palavras e promessas de amor. Até que ela diz:

– Está maravilhoso aqui, mas se ficarmos aqui, não conseguirei completar sua surpresa.

– Então isto fazia parte da minha surpresa?

Corando ela diz.

– Parte disso sim, mas não exatamente nesta ordem. Primeiro eu queria chegar lá. Mas não tem problema ter sido assim, foi melhor do que eu esperava, não foi programado, foi espontâneo.

– Qual parte disso fazia parte da minha surpresa?

Ela me olha e sorri enquanto caminhamos, agora de mãos dadas e já com nossas bolsas a postos. Vejo-a corar, mas ela responde:

– Dizer que eu amo você. Eu vim preparada para fazer você saber isto hoje, só não sabia como. Você sabe, não sou boa com palavras. Então de certa forma foi melhor do que eu esperava.

Então eu disse:

– Mas não tem problema você dizer de novo quando chegar lá, eu vou gostar de ouvir, aliás, eu vou gostar de ouvir sempre. – Sorrio para ela e ela sorri de volta, ainda corando.

– Eu também vou gostar de ouvir sempre. – Ela diz olhando em meus olhos.

– Então você ouvirá, por que eu não tenho vergonha, mas tenho prazer em dizer que EU AMO VOCÊ, KATNISS.

É lindo ver como sorriso dela se intensifica com as minhas palavras, e seus olhos faíscam para mim. E ela agora sem hesitação diz:

– Eu te amo Peeta, muito mais do que eu sequer achei possível amar alguém um dia. E eu acho que eu sempre soube disto, só não queria admitir. Hoje fazendo uma retrospectiva eu vejo, vejo claramente. Me perdoe por ter feito tanta confusão com meus sentimentos te fazendo sofrer tanto. – Ela me dizia sinceramente.

– Não se preocupe, eu passaria tudo de novo, só para ter você dizendo isto pra mim. Valeu cada momento, cada sofrimento. Pois daqui pra frente, será juntos, certo?

– Sim, juntos, e... Peeta?

Olho para ela.

– Sim? – Respondo.

– Que tal pra sempre?

Dou um sorriso triunfante.

– Pra começar? Só se for, por que pra mim vai ser Eternamente Katniss, só você. Somente eu e você, Eternamente.

Ela sorri e acena com a cabeça confirmando, pois seus olhos estão novamente cheios de lágrimas, e creio que sua voz esteja embargada.

Depois de uma hora e meia caminhando, pois afinal, nós dois estávamos fora de forma, chegamos. E eu me pego maravilhado pela beleza do lugar, e compreendo porquê ela queria me dizer aquilo, aqui. Realmente é um lugar muito especial. Tem flores por todo lugar, a água do lago é cristalina, límpida. E apesar do sol estar intenso, bem próximo há árvores que dão ótimas sombras. Ajeito nossas coisas debaixo de uma árvore, abrindo a toalha e colocando a cesta ao centro, preparo o cobertor ao chão. Coloco a toalha de banho próxima. Então, me aproximo de Katniss que está a contemplar o lago, envolvo-a pela cintura, olhando em seus olhos.

– Agora eu compreendo o porquê de você amar tanto este lugar, é realmente lindo,Kat. Estou maravilhado, acho que nunca vi um lugar tão lindo em toda a minha vida.

Ela olha pra mim, obviamente muito feliz, pois o que eu dizia confirmava para ela que ela tinha acertado na surpresa. Então, naquele momento, compreendi. Ela fez isto como uma forma de gratidão e para demonstrar-me o quanto ela era grata e feliz por eu ter voltado e não ter desistido dela. E para confirmar o que se passa em meu coração, ela diz.

– Obrigado Peeta, eu te trouxe aqui, para agradecer tudo que você fez e faz por mim. Por não ter desistido de mim, por ter voltado por mim. Este lugar, sempre foi muito especial pra mim, como um santuário. As únicas pessoas que já estiveram aqui comigo foi meu pai, por que este era o nosso lugar favorito no mundo, e o Gale, por que simplesmente ele já conhecia, e acabou que um dia caçando viemos parar aqui. Mas você é a primeira pessoa que trago, por que quero partilhar isto aqui e este momento com você. Se você quiser, este deixará de ser o meu lugar o meu refúgio, para ser o nosso lugar, o nosso refúgio.

Olhando em seus olhos eu digo com sinceridade.

– Então será nosso lugar e nosso refúgio, pra sempre Katniss. Eu amo você!

Dizendo isto, volto a beijá-la com amor e paixão, e claro, que movido pelo momento, pelas circunstâncias e pelo local esplendidamente romântico, com desejo também. Como não desejar uma mulher tão linda? Pois apesar da sua idade e de nunca ter se envolvido com um homem, a maturidade dela é de uma mulher. Mas me contenho, pois apesar de desejá-la intensamente, eu não sei em que ponto as coisas estão pra ela e apesar ter dito pra sempre, este é um passo muito sério para se dar.

Preciso ir com calma, um passo de cada vez. Ela parece perceber minha luta interna e afasta-se. Olhando nos meus olhos pergunta:

– Está tudo bem?

Ainda olhando em seus olhos respondo.

– Claro que está. Por quê? – Disse um pouco na defensiva. Eu realmente estou nervoso e ansioso.

Ela me olha me sondando.

– Nada, só senti você tenso, e um pouco hesitante.

Então ela percebeu. E resolvi conversar com ela.

– É que, bom... Há momentos que se eu me permitir ir longe demais... Com você... Fica difícil ter volta. Desculpe-me.

Ela cora, e a expressão de seu rosto, me revela que a compreensão a atingiu. E ela simplesmente diz:

– Ahh sim. Tudo bem, Peeta. - Mas percebo que ela está incomodada.

– O que houve, Kat? – Ela cora. – Pode dizer, Kat.

– É que... Na verdade, eu... Eu achei que você queria. – Mas do que ela está falando? É claro que eu quero não é isto, a questão é estamos prontos? Ela está pronta? E resolvi dizer isto a ela.

– Katniss como assim? É claro que eu quero Kat, muito, muito mesmo, mas a questão é, e você quer? Nós estamos prontos? Eu já disse para você eu quero tudo de você Kat. Tudo que você estiver disposta a me dar, cada parte, mas este é um passo sério, não tem volta. O receio não é por mim, é por você. Eu amo você Katniss, sempre amei, eu quero ter uma vida com você, construir uma família com você, mas e você o que você quer?

Ela me olha profundamente em meus olhos.

– Quero tudo que você disse, Peeta. Eu só tenho resistência quanto a uma coisa, filhos, eu nunca quis tê-los, pois tenho medo que sejam tirados de mim.

Então era isto a relutância dela era o medo de ter que construir família. Ter filhos, mas isto é uma coisa para se preocupar muito mais tarde.

– Bom, Katniss, eu não vou dizer que concordo com isto, por que eu quero ter filhos e quando se é um casal as decisões são tomadas juntos. Mas, isto é um assunto para se preocupar daqui a alguns anos ainda. Mas há algo fundamental em relação a isto. Se você não quer filhos, ai é que temos de redobrar o cuidado. Não podemos agir no impulso, entende?

Ela respirou com profundidade e disse, muito corada por sinal:

– Há umas três semanas minha mãe me ligou, conversamos muito e foi muito bom. Então eu conversei com ela a respeito do que eu tenho sentido e o que está acontecendo, e ela me enviou uns remédios da capital pelo trem, e eu já estou tomando, Peeta. Eu percebi que as coisas mudaram entre nós. Nós amadurecemos, não somos mais só dois adolescentes. Acho que o que tornou tudo mais difícil e estranho estes dias, é por que simplesmente eu nunca consigo falar abertamente o que eu sinto, mas isto não quer dizer, que eu não sinta. E, já que eu estou conseguindo, nem sei como, ser clara... – Ela respira fundo, acho que buscando coragem. – Eu também desejo você, Peeta.

Aquilo me surpreendeu de verdade. Então realmente ela sabia o que estava fazendo, estava consciente. Agora eu que me senti um idiota, um tolo.

– Kat, desculpa. Eu não sabia.

– Não, tudo bem, eu compreendo sua preocupação. Só achei que você deveria saber, pois tenho sentido o clima estranho entre nós. Mas ao mesmo tempo em que as coisas têm caminhado para um passo mais sério, talvez você sabendo até que ponto eu estou consciente do que eu estou fazendo, você fique mais tranquilo, Peeta.

– Obrigada linda, por que esta realmente era minha dúvida Kat, eu nunca tive duvidas de nada que eu sinto ou queira a respeito de você, mas tinha muitas a respeito do que você queria. Já que é assim já sei exatamente o que fazer.

E sabia mesmo, e seria hoje. Já que sabemos exatamente o que queremos, sei qual será meu próximo passo.

Mas por enquanto, eu tinha muito o que aproveitar daquele dia. E disse a ela.

– Kat, se eu não me engano você me trouxe aqui também para darmos um mergulho estou certo? E a história das outras roupas? – Ela sorriu de uma maneira tão boa, tão relaxada para mim. – Vamos então ou você desistiu?

– Mas Peeta, até onde eu sei você não sabe nadar.

– É claro que eu não sei, mas, você pode me ensinar, e no mais deve haver partes rasas neste lago, né?

– Claro que tem, Então vamos.

Dizendo isto, ela seguiu até onde estavam nossas coisas, e foi retirando a roupa, a camiseta e a bermuda, e eu quase tenho uma síncope, quando vejo Katniss só de biquíni. Não brinca que ela vai fazer isto comigo? Tenho certeza que estou vermelho, pois sinto meu rosto inteiro queimar, mas se fosse só isto estava bom demais, o calor que sinto em meu baixo ventre é o que mais me incomoda, e percebo que preciso entrar urgente no lago e torcer para água estar bem gelada. Assim que ela termina ela fica ali me esperando, então quando vejo que não tem mais jeito, tiro minha camiseta e calça ficando só de calção, agradecendo a Deus por não ter colocado uma sunga de banho. Assim que termino ela toma minhas mãos e seguimos para o lago.

Percebo que ela está louca para mergulhar, mas se contém para me esperar, assim procuramos um local de pedras mais baixas e descemos. E para nossa surpresa, a água está uma delícia. Assim que descemos mais um pouco, até altura da nossa cintura mais ou menos, Kat afasta-se um pouco e mergulha, e eu faço o mesmo, só que procurando ficar na parte mais rasa. E como demoro a emergir, quando saio, ela está apavorada me procurando, e começa a me socar quando vê que estou dando risadas dela. Assim, passamos boa parte do tempo, brincando, namorando e conversando. Falamos sobre Effie e Haymitch e bolamos um plano para ver se conseguimos aproximá-los e decidimos que realmente hoje vamos ligar para ela e começar a colocar o plano em ação.

Após ficarmos um bom tempo no lago, saímos, nos enxugamos, e Kat veste sua camiseta e eu a minha, e forramos o cobertor com a toalha de banho para não molhá-lo. E passamos o resto do dia comendo, namorando e fazendo planos. E posso dizer que nunca vi Katniss tão feliz. Suas risadas são verdadeiras.

Quando o dia começa a declinar dando indícios de que está próximo das quatro horas, resolvemos ir embora. Ajeitamos nossas coisas e seguimos de volta.

No caminho, Katniss me diz uma coisa que me surpreende.

– Peeta, porque você não muda de vez lá para casa? Você já tem dormido lá, temos feito planos para dormirmos lá toda noite, o que falta é só trazer suas coisas.

– Bom se você tem certeza disto, Kat, por mim tudo bem. Que tal então depois que falarmos com a Effie, nós passarmos lá em casa e pegarmos minhas coisas então?

– Claro. Eu te ajudo.

– Kat, enquanto você fala com Effie, posso conversar umas coisas com Haymitch?

– Claro que pode, Peeta. Se ficar alguma coisa pendente você liga para ela depois.

– Tudo bem então. Mas agora quando eu chegar, eu vou tomar banho lá em casa, para adiantar.

– Tudo bem.

Nem percebemos quando chegamos à Vila dos Vitoriosos, de tanto que rimos e conversamos no caminho. Assim, Kat subiu para o banho, e eu fui correndo ver Haymitch para acertar o que queria fazer.

Assim que me atendeu, ele me olhou desconfiado enquanto sentava em uma cadeira para conversarmos. Contei o básico de tudo que eu e Katniss havíamos decidido e eu disse a ele que queria pedi-la em casamento hoje, e que queria preparar um jantar lá na casa dela e queria que ele e Greasy Sae fossem, pedi a ele que a avisasse e que aparecessem lá as oito horas. Minha grande surpresa começou quando Haymitch disse:

– Sabe Padeiro, eu nunca tive filhos, mas com certeza se eu tivesse ficaria satisfeito se fossem como você. Eu realmente te admiro Garoto. Você conseguiu o inalcançável. Eu posso falar isto, pois vi esta história desde o início. Tenho orgulho de você, Mellark, e sei que seu pai também teria. Tenho orgulho da Docinho também.

E aquelas palavras ardem em meu coração e transbordam nos meus olhos. Sem hesitar vou até ele e o abraço, que sinceramente me retribui e me diz:

– Aguarda aqui garoto, já volto.

Haymitch foi lá em cima, pelo visto em seu quarto, e volta trazendo uma caixinha de veludo pérola, e outra também, porém menor.

– Garoto, há muitos anos eu comprei isto daqui para dar a pessoa que eu escolhi para viver comigo. Infelizmente as coisas não aconteceram como eu queria, mas eu guardei isto, e como não tenho para quem deixar tenho muito orgulho de dar a você. É de coração. – Peguei a caixinha em minhas mãos, e quando abri, meu coração perdeu duas batidas, e as lágrimas começaram a descer. Ali dentro tinha um lindo par de alianças e na outra um lindo anel de noivado. – Imaginei que você não tinha pensado nisto ainda. – Minha voz, onde estava minha voz? Eu tinha um nó na garganta. Eu sei que Haymitch nos ama, do jeito dele, mas por este tipo de demonstração eu nunca esperava. Eh. Realmente todos nós havíamos mudado e muito. Assim, que encontrei minha voz:

– Na verdade, o anel eu tinha o que nós usamos na turnê da vitória eu o guardei para quando a coisa fosse real um dia Haymitch, pois afinal, sempre tive esperança, mas as alianças não. Iria pedir Effie para trazer o dia que ela viesse ao 12, pois ela está para vir não sei se sabe. – Ele permaneceu indiferente ao meu comentário. - Mas confesso que prefiro estes aqui, não tenho muito interesse em nada que Snow tenha dado. Se não se importar, vou ficar com estes. Só temos de conferir os tamanhos. – Para minha sorte, o meu deu certinho, e pude ver o quanto Haymitch estava orgulhoso e feliz por eu ter gostado. – Haymitch, muito obrigado, por tudo, posso dizer que considero você um pai também. – Ele apenas acena com a cabeça e sorri contido pra mim, e sei que é o máximo que pode oferecer naquele momento. - Vamos lá em casa, e enquanto eu tomo banho você mede os da Kat, com o outro que já esta na medida para gente ver.

Foi só pedir, que prontamente ele foi, e assim que terminou de me ajudar, foi em direção à casa de Greasy avisá-la enquanto eu arrumava algumas coisas para o jantar. Já sabia o que iria fazer, cozido de Carneiro e arroz selvagem como Katniss gosta, e um pudim para sobremesa. Assim que adiantei as coisas fui em direção a casa dela para buscá-la para pegarmos minhas coisas, como combinamos. Para minha felicidade até os anéis de Kat, estavam na medida o que me deixou feliz.

Assim que Kat chegou lá em casa e viu que eu estava cozinhando perguntou o que eu estava fazendo, e eu disse que havia convidado Greasy e Haymitch para jantar conosco e que tinha feito cozido de carneiro com ameixas secas e arroz selvagem. Ela ficou animada. Disse-me que a conversa com Effie foi ótima, e que Effie deixou escapulir algumas coisas que confirmam nossas suspeitas e então como em um mês ela estará no 12, eu e Kat, agiremos. Digo a Kat que quero servir o jantar na casa dela e que marquei as oito, e pergunto se tem problemas, e ela diz que não. Peço a ela que vista algo diferente dizendo que quero vê-la ainda mais linda, e ela concorda, e claro, me faz prometer de volta que estarei à altura.

Volto a minha casa correndo, para terminar os pratos enquanto Kat termina de organizar minhas coisas em seu guarda roupas.

Assim que chego, a primeira coisa que faço é uma ligação para o distrito 4. O telefone toca duas vezes e ela atende.

– Dra. Everdeen?

– Alô Peeta? Peeta é você meu filho?

– Sim sou eu, como a Senhora está?

– Tudo bem, mas e com vocês, está tudo bem com a Katniss?

– Está sim. Está tudo ótimo conosco. Eu só estou ligando por que preciso muito falar com a Senhora.

– Claro meu filho, pode falar.

– Bom eu resolvi que vou pedir a Katniss em casamento hoje. É uma surpresa, e eu estou ligando para saber se a Senhora aprova? Se tenho sua benção para casar-me com ela?

Ouço soluços do outro lado, e profundas lufadas de ar, por fim ela responde.

– Claro que eu aprovo Peeta, claro que vocês têm a minha benção, eu estou muito feliz. Assim que ela souber, pode ser amanha não precisa ser hoje, pede para ela me ligar, pois eu quero dar os parabéns, meu filho. E Peeta, meu parabéns, eu tenho muito orgulho de você, meu filho, e de te ter como genro, viu?

As lágrimas desciam pelo meu rosto, pois, pela segunda vez ouvi isso neste dia. E com a voz embargada respondi:

– Obrigado. É um prazer poder me casar com sua filha, ela é um presente na minha vida, obrigado por ter trazido uma pessoa tão maravilhosa ao mundo e por estar confiando-a a mim. Muito obrigado mesmo.

– Não há o que agradecer. Sei que cuidará muito bem dela, você já me provou isso.

– Cuidarei, com certeza. Fique com Deus, Senhora Everdeen.

– Fique com Deus, Peeta.

Meu coração estava a ponto de explodir de tanta alegria, nunca estive tão feliz em minha vida.

Assim, que consegui terminar tudo, fui até a casa de Kat, preparei a mesa, colocando os pratos a serem servidos ao centro.

Voltei correndo até minha casa, que agora não seria mais minha e fui em direção ao banheiro para tomar um banho e me arrumar.

Logo que fiquei pronto, tranquei tudo e fui em direção a minha nova casa.

Chegando lá, tive uma surpresa maravilhosa. Ela estava linda. Aliás, linda ela já é. Ela estava maravilhosa!

Não demora muito e nossos convidados chegam. Tanto Haymitch (que percebo estar quase sóbrio, digo quase, por que acho que nem se ele ficar sem beber por um ano, isto não é possível) quanto Greasy, estão muito elegantes, e o sorriso dos dois é contagiante.

Katniss está radiante, imagina quando ela souber o que a espera? Começamos a conversar um pouco e a rir. Haymitch, com seus comentários de humor sarcásticos como sempre; Greasy, pegando no pé dele e o repreendendo, também como sempre. Eu e Katniss rimos muito com os dois, também trocamos vários olhares de cumplicidade.

Há um determinado momento que me surpreendo olhando-a, na verdade admirando-a por tudo que ela é, que ela passou, e mesmo apesar de seus medos, ela está aqui, rompendo, prosseguindo. E neste momento me dou conta do óbvio, que demorei tanto para enxergar, ela só conseguiu romper, depois que eu cheguei, e as palavras de Greasy naquele dia vem a minha mente:

“ - Ela teve meses para reagir, mas o simples fato de ver você, fê-la erguer-se e fazer de vez o que não fazia há meses, sair do quarto, comer, tomar banho, até ir caçar.”

O óbvio só se torna claro pra mim agora, eu passei tanto tempo pensando que eu precisava dela para ter forças para prosseguir, mas a verdade, é que ela também precisa de mim, só nunca compreendeu isto, ou não tinha forças para admitir. Se eu não permanecesse ao seu lado até o fim, eu perderia o maior presente que Deus deu a minha vida. Quem mais teria a força e estrutura para lidar com tudo que eu passei, e com as marcas que ficaram em mim, e por outro lado, quem mais poderia lidar com as dores e marcas que ela possui? Somente alguém te tivesse enfrentado junto com ela.

Então, finalmente eu compreendi, Eu e KATNISS, hoje, depois de tudo que vivemos juntos, somos as duas faces, os dois lados de uma mesma história. O mais interessante é que o nosso próprio papel diante da capital revela isto: Ela, o Tordo, o símbolo da revolução e da luta, a chama que manteve vivo o propósito de cada rebelde; Eu, a Esperança, aquele que com as palavras buscava apaziguar os momentos de tensão. Estas duas faces só revelam em separado uma parte de toda uma história que foi construída com dores, tristezas, perdas, mas também, vitórias, conquistas e alegrias. Só é possível ver o tudo disto se tivermos acesso a todas as partes. Assim, acontece comigo e com Katniss, só há um Peeta hoje, por que houve uma Katniss. E só há uma Katniss por que houve um Peeta. Nossa história para ser completa, está repleta de marcas e da presença um do outro.

Quando termino minha reflexão, faço um sinal discreto a Haymitch para que ele dê o “ponta pé” inicial no momento. E ele me responde que sim, com um sorriso cúmplice. Rapidamente, busco vinho e champanhe na geladeira e sento-me novamente.

Katniss olha para mim, e nada poderia ser mais propício ao momento, pois seu olhar é verdadeiramente apaixonado, e o meu, tenho certeza que é o mesmo. Haymitch neste momento olha para nós dois e se levanta. Então começa seu discurso. Que eu não previa que mexeria tanto com o nosso coração.

– Bom, eu quero agradecer ao Peeta pelo convite de hoje. Talvez você esteja se perguntando Docinho, mas Haymitch, você sempre come conosco, por que disto? Bom, na verdade, por muitos motivos. Temos uma estrada juntos, tenho consciência que errei muito com vocês, com os dois, e sei que muitos dos meus erros, não tem conserto. Mas ainda assim peço que me perdoem. Nesta jornada com vocês eu aprendi muitas coisas. Uma delas, é que mesmo com erros, mesmo com perdas, com dores, com obstáculos, é possível seguir em frente. Mais cedo hoje, eu tive uma oportunidade de dizer ao padeiro, e repito, eu não tive a graça de poder ter meus filhos, mas considero vocês como tal. Eu disse a ele, que me orgulho dele, e quero dizer a você Docinho, que me orgulho muito de você. Vocês ainda são tão jovens, mas ensinaram e tem ensinado a pessoas já velhas como eu, preciosas lições de vida. Quando há anos atrás eu perdi tudo que eu tinha pra Capital, minha família e a possibilidade de uma família futura, eu nunca podia imaginar que a vida fosse me presentear com vocês, digo isto, por que hoje depois de tudo considero vocês minha família. E sendo assim é uma honra para mim, estar aqui hoje, presenciando os laços desta família se estreitarem, dando um passo para um compromisso tão significativo e importante. Bom, agora vem cá Padeiro, vamos fazer isto direito.

Levanto-me, vou até Haymitch, e percebo que Katniss tem milhares de interrogações em sua expressão, e é claro um rosto banhado em lágrimas pelas palavras de Haymitch, assim como eu. Pois, mesmo tendo ouvido parte daquele discurso mais cedo, tudo foi comovente pra mim, ainda mais saindo de quem saiu. Só eu e Kat sabemos o que não deve ter custado a Haymitch pronunciar aquelas palavras, ainda mais quase sóbrio e consciente. Katniss lança todas as suas perguntas mudas através de seu olhar para mim. E eu devolvo um enorme sorriso que a deixa com uma expressão mais confusa ainda. Greasy Sae, está entre lágrimas e sorrisos, é claro que Haymitch já havia colocado-a a par de tudo, e ela lança um olhar para mim que diz “Eu te falei garoto.”

Haymitch que está estrategicamente na cabeceira da mesa, pede Katniss que é a primeira a sentar-se na lateral direita da mesa, para que fique de pé, então se aproxima comigo até ela e diz:

– Docinho, o Padeiro tem algumas coisas pra dizer a você hoje, mas apesar dele ser muito bom com as palavras, ele é muito lento com as atitudes, então eu estou aqui, por que assim como você, embora eu não saiba me expressar bem, eu sei agir, né Padeiro? – E a esta altura todos estamos a gargalhadas, não só pela piada, mas no meu caso também pelo nervoso, mas a piada disfarça isto, e eu acho ótimo, é claro. E esta é minha deixa. Coloco minha mão no bolso, retiro a única caixinha que já está com o par de alianças e o anel. Assim, digo olhando nos olhos de minha eterna amada, que a esta altura, está toda vermelha e se desmancha literalmente em lágrimas, assim como Greasy, e até Haymitch? Sério? Realmente tudo está mudando.

– Katniss, não é novidade nem pra você e acredito que para Panem inteira, que eu amo você por toda a minha vida. Eu nunca amei nenhuma outra mulher que não fosse você. Mas, por mais que eu desejasse ser amado por você e tivesse no fundo do meu coração esta esperança, eu acho que eu nunca, mas nunca mesmo consegui contemplar que verdadeiramente isto se tornaria real. Mas por um milagre, Deus atendeu ao pedido de um garotinho de apenas 5 anos, sim, pois ainda naquela idade, onde eu nem sonhava o significado do que é um compromisso como um casamento, eu sempre pedia a Ele que eu um dia queria me casar com você. Então, diante de todas as impossibilidades e incertezas, anos mais tarde,o que naquela época pensávamos que era para o nosso azar, mas hoje, vejo que foi para nossa benção, nossa vitória, fomos contemplados juntos naquela colheita, por motivos, formas e razões diferentes, mas hoje entendo, com um único propósito: O de fazermos parte da vida um do outro para sempre. Então hoje, diante destas duas pessoas que significam tanto para nós, uma por que nos conhece desde nossa infância, a Greasy, outra, por que fez parte da construção desta história de amor antes improvável, mas hoje tão real e concreta, Haymitch, eu faço a você a pergunta que irá selar este compromisso realmente para sempre. Pra sempre sim, por que um noivado pra mim, nada mais é que a certeza e o preparo para um casamento, é tanto que é selado também por alianças. – Respiro profundamente e digo.

– Katniss Everdeen, minha garota em chamas, meu tordo, minha esperança, minha vida, minha linda, meu tudo, aceita se casar comigo e se tornar parte de mim, uma só carne comigo, para sempre?

Katniss está tão radiante, seu sorriso é tão intenso que até mesmo rouba-me o ar, mesmo com rosto banhado em lágrimas rosto em chamas, ela está linda, linda, minha linda. Ela respira fundo, e nunca desviando os olhos do meu e diz:

– Eu aceito, Peeta. – Abro a caixinha revelando o par de alianças e também o anel. Primeiro eu deslizo o anel em seu dedo médio da mão direita e depois a aliança no anelar da mesma mão. E digo olhando em seus olhos. - Amo Você! - Em seguida dou a ela minha aliança e com destreza ela desliza no anelar de minha mão direita, e diz, também olhando para mim:

– Eu amo você demais, Peeta. – O que inflama, incendeia literalmente, meu coração meu corpo e minha alma.

E assim, lançamo-nos nos braços um do outro com amor, com paixão, e permanecemos por muito tempo entre beijos e lágrimas, como se fossemos só eu e ela ali. Esquecendo-nos dos nossos convidados. Havia tanta alegria tanto júbilo, que eu nem consigo expressar.

O jantar transcorreu maravilhosamente bem. Brindamos bebemos, comemos. Antes de irem embora, por volta de umas vinte e três horas, tanto Greasy, quanto Haymitch nos parabenizaram, nos deixaram mais palavras de alegria e confirmação. E, apesar dos nossos protestos, Greasy, como a boa alma que é deixou tudo pronto.

Resolvo chama-la para sentarmos na varanda, antes de subirmos ao nosso quarto, pois a noite está linda, e há muito mais que eu quero dizer-lhe neste momento especial. Assim, tomo-a pela mão, e conduzo-a comigo até uma rede de descanso que temos ali. Deito-me na rede, e puxo-a comigo. Ela deita-se ao meu lado, virada pra mim. E abraçamo-nos um ao outro. Olho em seus olhos, enquanto acaricio seus cabelos e digo-lhe:

– Sabe Kat, há muitas coisas que gostaria de dizer-lhe naquele pedido, mas senti que seria melhor fazê-lo só entre nós, pois imagino que você também tenha coisas que queira me dizer, que certamente não diria em meio a outras pessoas.

Neste momento, o olhar que ela me devolve ganha profundidade, como se ela estivesse absorvendo cada palavra minha. Então ela diz:

– Pode falar Peeta, eu desejo ouvir tudo que você tem a me dizer, e realmente eu tenho muitas coisas a falar para você.

– Bom primeiro eu quero confirmar cada coisa que eu disse naquele momento. Realmente eu sempre amei você, e desde pequeno, eu sempre quis me casar com você, Kat. Sabe, lá na Capital, as pessoas não paravam de me perguntar por que eu queria voltar par cá, já que lá minhas chances de melhora eram muito maiores, e o tempo também poderia ser abreviado, pois lá tenho mais remédios à disposição, aparelhos e equipes de médicos. Só que nenhuma daquelas pessoas entendia, na verdade, que eu posso ter todo o recurso que a Capital pode me oferecer, o melhor tratamento possível, mas lá eu não tenho o principal, a força que sempre me motivou. A força que me moveu a viver, a esperar, a ser forte para enfrentar os jogos, a sobreviver a duas arenas, a voltar à vida quando meu coração parou, a sobreviver às torturas de Snow, a sobreviver e voltar do Telessequestro, a voltar de cada transe provocado pelo veneno em meu corpo, a sobreviver à rebelião. A única coisa, o único motivo pelo qual ainda vivo, e tenho esperança para prosseguir. A minha vida, o meu tudo, a única coisa que me restou, que ódio nenhum implantado pela Capital, nenhuma lembrança alterada, foi capaz de tirar de mim, pois está impregnado na minha essência, faz parte de tudo o que sou, VOCÊ, KATNISS. Você estava aqui. E foi só por você que eu voltei, e é só por você eu vou sempre ficar. Pois eu não sou nada sem você, não há uma vida para mim sem você, amor.

Quando pronunciei esta palavra, seus olhos que já estavam cheios de lágrimas, transbordaram, e havia ali um brilho tão intenso que me prendia mais ainda em seu olhar. Neste momento ela também sorriu, e perguntei-lhe:

– O que foi Kat?

– Nada... É só que... É a primeira vez que você me chama de amor, Peeta. E eu achei lindo, Você é tão romântico, Mellark.

E sorrimos os dois juntos. Então, prossegui:

– Mas você é meu amor, Kat. Meu único e verdadeiro amor. E eu estou muito feliz por que você aceitou se casar comigo linda. E eu amo você, Katniss, demais, e é com você que eu quero passar todos os dias da minha vida, dormindo com você, acordando com você, quero poder buscar conforto em você, quando eu não estiver bem. Quero também estar disponível a você quando você precisar de conforto, apoio, quando você não estiver bem. Quero que você me ensine ser o marido ideal para você, Kat. Para isto, precisamos entender que vamos precisar muito um do outro. Eu quero ser seu melhor amigo, o seu companheiro de todos os momentos, sejam eles bons ou ruins. Assim como também vou precisar que você seja minha companheira em todas as horas. E o principal, eu quero realmente construir uma família com você, muito embora eu não vá discutir isso agora. Quero que saiba que no momento certo vamos precisar conversar sobre isto e decidirmos isso, juntos. Por que a partir de agora deixam de ser, meus sonhos e seus sonhos, meus planos e seus planos, meu desejo e seu desejo. Para se tornar nossos sonhos, nossos planos, nossos desejos. A partir de agora deixa de existir eu e você, para existir um NÓS, juntos e para sempre, Kat. Será o Peeta da Katniss e a Katniss do Peeta. A partir de agora, somos um do outro e pertencemos um ao outro. Ainda não casamos, mas eu já considero assim, por que pra mim, um noivado já é um compromisso, onde o casamento irá selar este compromisso que eu já estou fazendo, diante de Deus e de todas as testemunhas presentes, entende amor?

E neste instante pude ver nos olhos dela o quão ela estava feliz em escutar cada palavra minha. Seu rosto estava coberto de lágrimas, mas seu sorriso era magnífico, o que a deixava ainda mais linda. Como eu a amo, como eu a desejo, como ela é essencial para mim. Após alguns segundos saboreando minhas palavras ela me diz:

– Claro que eu entendo Peeta. E eu te agradeço por você não ter dito estas coisas pra mim no jantar, por que diante daquelas pessoas, eu jamais falaria o que está em meu coração e que eu desejo falar para você, amor. Sim, Peeta, meu amor.

Ao ouvi-la pronunciar isso, meu coração disparou, todo meu corpo se aqueceu de um calor incrível que também envolveu meu coração e alma. E lágrimas também começaram a transbordar dos meus olhos.

– Você é o meu amor, Peeta. Eu demorei a enxergar isto. Como eu disse a você eu fiz uma bagunça com meus sentimentos, mas hoje eu compreendo claramente que desde aquele dia em que me lançou aquele pão que me poupou da fome, você salvou minha vida, e passou a ter um significado especial para mim. É tanto que sempre que eu te via o que vinha em minha mente, era o garoto com o pão, o Meu garoto com o pão. Na primeira colheita, quando seu nome foi sorteado a primeira coisa que veio a minha mente era, “ele não”. Pois eu sabia que eu precisava sair viva daquela arena pela Prim, eu havia prometido a ela, mas sabia que significaria a morte de todos os outros. Mas naquele momento eu soube que eu não queria que você morresse Peeta. E lá na primeira arena, quando eu fui atingida com a perspectiva de sua morte por infecção, eu fiquei desolada, eu não podia imaginar, e sequer aceitar isto. Também lá no Terceiro Massacre Quaternário, quando você quase morreu com aquele campo de força, hoje eu sei por que eu entrei em pânico e total desespero, eu não podia perder você. Quando você disse para mim que ninguém precisava de você e eu disse que eu precisava e que ficaria devastada com sua morte, eu disse a mais pura verdade, por que eu te amo e não posso de maneira alguma viver sem você. Realmente não há a mínima possibilidade de uma Katniss sem o Peeta. E eu quero que você saiba que eu quero sim, e aceito tudo o que você se propôs a ser para mim. Mas também quero ser tudo que você precisa, sua companheira, sua amiga, seu consolo, seu refúgio, eu quero ser a esposa sobre medida para você, e quero que você saiba que também vou precisar de você para para me ajudar. Eu quero estar e ficar do seu lado quando cada flash te assolar, por que eu farei de tudo a meu alcance para te trazer de volta para mim, pois eu realmente não posso, eu não consigo mais viver sem você. Eu sempre vou lutar por você, cuidar de você, por que é isto que eu sei fazer de melhor, cuidar de quem eu amo, e eu amo você, Peeta.

– Também amo você, Katniss.

E passamos muito tempo ali, envolvidos nos braços um do outro, beijando um ao outro, trocando palavras de amor audíveis e silenciosas através de nossos olhos. Trocando maravilhosas e deliciosas carícias que aqueciam nosso corpo e também preenchiam nossos corações com a sensação de paz e completude, que hoje sabemos que só é possível encontrar nos braços um do outro.

Eu e Katniss, sempre dissemos que o que nós fazemos de melhor, é proteger um ao outro, cuidar um do outro, e é verdade. Desde as arenas, apesar de muitas vezes termos falhado pelas circunstâncias em que estávamos submetidos, foi sempre isto que nos manteve fortes, a certeza que um precisava manter o outro vivo. E agora temos a certeza que nos amamos de verdade e sempre estaremos juntos, e enquanto estivermos juntos, tudo ficará bem.

Depois de um longo tempo, percebi que ela estava mais encolhida junto a mim, buscado aquecer-se no meu corpo. Vi então que já estávamos entrando pela madrugada, pois era notório pela intensidade do sereno.

Então me levantei puxando-a comigo para dentro de casa.

Ao entrarmos em casa, fechamos tudo, e por incrível que pareça às palavras de Haymitch resolveram rondar minha cabeça agora, “que apesar de eu me expressar bem, sou lento para agir.” Nunca um a coisa me caiu tão bem, pelo menos nesta situação. E agora? Eu e Katniss agora somos oficialmente um casal, noivos, a partir de hoje moramos juntos, sabemos que amamos verdadeiramente um ao outro, que desejamos um ao outro e ela está preparada totalmente para um envolvimento físico comigo,e fez questão de me deixar isto muito claro. Assim subo com ela as escadas para o, a partir de agora, nosso quarto, com estes pensamentos martelando minha mente, me deixando tenso.

Então, naquele momento, como se entendendo minha batalha interior, ela pergunta.

– Peeta, você já pensou em uma data para o casamento?

– Bom, eu estive pensando depois de nossa conversa hoje com a Effie, para daqui a um mês, assim podemos pedi-la para nos ajudar, já que ela é ótima com isto, e experiente, e nós não. Acho que um mês é um prazo bom pra nós, pois tenho pra mim, que assim como eu você vai querer algo simples, então não precisamos de prazo demais.

– Nossa, um mês está ótimo para mim. Na verdade, excelente. – Respiro fundo, e digo de vez o que está me perturbando, pois a partir de agora não posso resolver nada sozinho, e sim junto com ela. Mas antes que eu fale, ela se aproxima de mim, me beija nos lábios, e diz:

– Não se preocupe, sei por que você tá nervoso, Peeta, eu também estou, mas lembre-se sou eu e você aqui, passamos tantas coisas juntos, e chegamos até aqui. – As palavras de Katniss me dão coragem.

– Na verdade, eu gostaria de fazer uma proposta para você, mas só terá valor se você também estiver de acordo.

– Claro, então faça.

– Bom, eu pensei que se esperamos até agora, por que não esperamos até o casamento? Afinal será só um mês, o que acha? –

Ela apenas sorriu pra mim, e disse lindamente.

– O que eu acho? – E ela dá uma gargalhada gostosa - Eu acho que você é simplesmente o genro que toda sogra gostaria de ter, Sr. Mellark, mas eu aceito. Só não garanto que será algo fácil pra você. – E eu caio na gargalhada junto com ela, muito feliz por que tudo correu melhor do que eu esperava. Aliás, eu nunca previ que seria assim, na verdade.

E ela não estava brincando quando garantiu para mim que não seria fácil, de maneira alguma. Foi meu maior pesadelo, resistir ao desejo que tenho pela mulher que amo tanto, minha noiva, dentro de mais alguns dias minha esposa. Mas que já divide comigo a mesma casa, a mesma cama, os problemas, os fardos e também as alegrias. Hoje tenho a mais absoluta certeza que ela foi feita na medida certa para mim.

E quando a noite nos assola com algum pesadelo, é nos braços um do outro que buscamos consolo, conforto, e nos beijos e carícias um do outro é que, nestas noites, sabemos que podemos prosseguir. Que estamos aqui, depois de tudo e estamos juntos, e em alguns dias oficialmente para sempre.

E mesmo quando os flash’s se abatem sobre mim, é nestes momentos inclusive, que eu venço os meus medos, pois as palavras de Greasy Sae naquele dia cumprem-se literalmente. ELA está ali, me esperando, para que eu volte, volte para ela, volte por ela, Katniss jamais me abandona. E nas noites em que minha mente ainda se encontra embaçada pelos momentos ausentes pelos flashbacks em que eu falo com dúvidas:

– Você me ama. Verdadeiro ou falso?

É ela que esta ali para me dizer com convicção, com as palavras.

– Verdadeiro.

Para em seguida selar esta promessa, unindo seus lábios e seu corpo com o meu. Ela que é a Minha Garota em Chamas, Meu Tudo, Minha Linda, Minha Vida, Minha Esperança: ELA - KATNISS EVERDEEN.


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Notas finais do capítulo

Bom Pessoas do meu Coração, espero que tenham gostado!Próxima sexta um Capítulo Bônus de Presente para vocês.Divulgo aqui minha outra Fanfic de minha autoria:A Garota da Capa Vermelha - Continuação.http://fanfiction.com.br/historia/165233/A_Garota_Da_Capa_Vermelha_-_Continuacao.FAÇA-NA UMA VISITA!MIL BEIJOS, MBGE!



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