Te Amar Ou Te Odiar? escrita por Dani25962


Capítulo 55
Esclarecimentos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!


Cá estou eu com mais um capítulo emocionante sendo postado na madrugada (Não sei porque, mas eu adoro escrever quando está de noite). Sem mais enrolação, aproveitem o capítulo e boa leitura. :)




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Pov. Cebola

 

 

— E então!... Ele consegue dar o salto e detona na pista com os novos giros em cima da Mountain bike! – Exclamou Cascão ao meu lado. – Cara! Você tem que ver esse vídeo.

 

 

— Vou sim. – Disse. Ele agora estava me contando sobre uma nova manobra que um ciclista, já tricampeão na sua modalidade, fez no show de ontem à noite. Nós descemos a escadaria da escola para chegar até o estacionamento. Havia poças de água por todo lugar e o tempo estava nublado, de vez em quando começava um chuvisco, resultado da tempestade de anteontem. Cascão continuou a falar, até que chegamos onde a minha moto estava estacionada.

 

 

— Bom, eu te vejo depois cara. – Nos cumprimentamos com um aperto de mão. – Se cuida.

 

 

— Você também. – Disse. Coloquei o capacete na cabeça, montei e saí dirigindo.

 

 

O pessoal da escola está sendo muito legal. Alguns amigos meus e de Mônica vieram falar comigo para ter alguma informação sobre ela, mas nunca tenho nada a dizer, eu mesmo estou sempre aflito para saber alguma notícia. Larry nunca mais entrou em contato, desde a semana passada.

 

 

Pensei em ligar na noite que deu a tempestade, mas não consegui. Carla não me deixou chegar nem perto de nenhum aparelho eletrônico, morrendo de medo que alguma coisa acontecesse. Ela tinha medo de tempestades, eu também costumava ter, mas perdi o medo. Lembro que Mônica me ensinou uma música muito bonita e todas as vezes que uma tempestade se aproximava eu a cantava mentalmente, o que me deixava mais tranquilo.

 

 

Parei no sinal vermelho, atrás de uma caminhonete. Senti meu celular vibrar quando o sinal abriu, dei seta para a direita e encostei a moto. Peguei meu celular do bolso e atendi.

 

 

— Alô? - Disse. - Oi Carla. - Ela começou a falar, disse que precisava de umas coisas do mercado e me pediu para passar lá antes de voltar pra casa. - Tudo bem. Posso sim, do que precisa? - Ela ditou umas cinco coisas, guardei a lista mentalmente. - Ok, pode deixar, até daqui a pouco.

 

 

Desliguei, anotei as coisas no celular por precaução e acelerei a moto, voltando para a estrada. Havia um mercado não tão longe dali, dei a curva na esquina e dirigi por cinco quadras. Avistei o mercado e deixei a moto no estacionamento.

 

 

O lugar até que estava com algum movimento, peguei uma cesta, não havia necessidade de um carrinho. Geralmente, nunca encontro ninguém conhecido, mas hoje foi uma exceção. Ana e Laura estavam na sessão de frutas, não dei um alô por elas estarem de costas para mim, mas logo iriam reparar na minha presença. Pedi dois tipos de carne ao açougueiro e ele foi buscar pra mim. Olhei para trás no mesmo momento que Ana olhou pra mim, sorri para ela. O açougueiro voltou com o meu pedido, agradeci e fui falar com as meninas.

 

 

— Oi. - Cumprimentei.

 

 

— Cebola, bom te ver! - Disse Laura só agora me vendo.

 

 

— Como vai, Cebola? - Falou Ana, ela segurava uma sacola com maçãs.

 

 

— Bem, só vim comprar algumas coisas que Carla me pediu. - Disse. - E vocês? Vão ao jogo semana que vem?

 

 

— Sim, precisamos ir para treinar as novas meninas, já que não vamos estar mais aqui no ano que vem. - Falou Laura. O nosso time vai jogar um amistoso contra outra escola local, e a torcida não pode faltar. - Você vai jogar?

 

 

— Não, vou deixar outra pessoa no meu lugar, não estou animado pra jogar. - Falei.

 

 

— Ah, sim... - Ana murmurou. - Alguma notícia dela? - Perguntou meio sem jeito, mas sabia a quem ela estava se referindo.

 

 

— Ainda não, pelo menos, não me disseram nada. – Falei, tentando não mostrar o meu desânimo. - Mas espero que não demore muito.

 

 

— Nós também estamos muito preocupadas. - Falou Laura. - O que acha de reunirmos a turma? Nós, o Cascão, Magali, Titi, Jason... Poderíamos sair juntos para tomar um sorvete, quem sabe isso não anima um pouco?

 

 

— É uma boa ideia. - Concordou Ana - O que acha Cebola?

 

 

— Pode ser. - Achei boa a ideia, todo mundo anda tão cabisbaixo, um encontro entre amigos não é mau. - No sábado?

 

 

— Claro! - Ana concordou. - Eu mando uma mensagem para o pessoal, até mais.

 

 

— Até. - Me despedi, elas foram para outro corredor. Laranjas não estavam na lista, mas peguei algumas. Passei no caixa e saí do mercado.

 

 

 

...

 

 

 

— Olá! - Disse assim que entrei na cozinha, Carla tinha acabado de fazer um café e estava lendo o jornal.

 

 

— Boa tarde, Cebola. - Ela me cumprimentou. Deixei as sacolas em cima da mesa. - Como foi na escola?

 

 

— Foi bem. Normal. - Disse, peguei uma xícara para tomar um pouco de café e me juntar a ela. - E por aqui?

 

 

— Monótono, não precisei ir à empresa hoje. - Ela disse. - Aproveitei o tempo livre para cuidar um pouco do jardim.

 

 

— Alguma ligação? - Perguntei depois de um gole de café.

 

 

— Não. – Ela falou. Nós dois estávamos esperando alguma notícia de Larry, mas nada dele durante dias. -... Sinto muito, querido. Também estou ansiosa, sempre que o telefone toca, penso ser o Larry, mas...

 

 

— Tudo bem. - Peguei uma de suas mãos que estava em cima da mesa. - Depois eu tento ligar pra ele, mas por enquanto, só nos resta esperar.

 

 

 

DING DONG

 

 

 

— Está esperando alguém? - Perguntei, Carla negou com a cabeça. - Deixe que eu atendo. - Falei. Levantei da cadeira, fui até a porta de entrada e a abri. Não vou mentir, tomei um baita susto. - Larry?

 

 

— Olá Cebola. - Ele disse. - Posso entrar?

 

 

— Se pode? Deve! – Segurei o impulso de puxá-lo e interrogá-lo ali mesmo na porta. - Vamos, entre. - Dei espaço para que ele entrasse, em menos de um segundo Carla se juntou a nós.

 

 

— Boa tarde Carla. - Larry a cumprimentou.

 

 

 

— Boa tarde Larry, é uma surpresa te ver agora, estávamos neste instante falando de você. Pensamos até em ligar para saber alguma notícia sobre Mônica. - Informou.

 

 

— Vocês a encontraram? - Perguntei aflito.

 

 

— Bem, acho melhor nos sentarmos, é uma história complicada. - Disse. Sentamos no sofá da sala, Larry na poltrona, Carla e eu no sofá de três lugares. Ele continuou. - Acredito que o que tenho para contar se divida em uma notícia boa e outra meio ruim.

 

 

— A boa primeiro, por favor. - Falou Carla, não se aguentando de ansiedade.

 

 

— A boa notícia é que descobrimos o motivo pelo qual vieram a acontecer essas atrocidades nos últimos meses, juntamente com o sequestro de Mônica.

 

 

— E a má notícia?... - Perguntei, quase sabendo a resposta.

 

 

— Mônica continua desaparecida, mas estamos perto de encontrá-la. - Falou.

 

 

— E o que aconteceu? - Perguntou Carla. – Digo... Quem fez tudo isso? - Larry suspirou, não é bom quando um profissional suspira.

 

 

— Acho melhor começar desde o começo da investigação. - Começou. - Depois daquele acidente, com o caminhão de lixo, eu interroguei os dois sobreviventes. Um deles não teve ferimentos graves, falei com ele, não sabia de nada e mesmo que soubesse não sei se diria. O outro ficou paraplégico...

 

 

— Coitado. - Olhei para Carla. - O que foi? Sei que é um criminoso, mas não desejo isso pra ninguém. - Disse. - Desculpe, pode continuar.

 

 

— Enfim, talvez ele nunca mais volte a andar, mas acabou por colaborar conosco e nos deu três nomes que também estavam envolvidos no sequestro. Dois homens chamados Tadeu e Bóreas, e uma mulher chamada Pink.

 

 

— Pink? - Estranhei.

 

 

— É... Eu explico em outra oportunidade. - Larry ficou abatido de repente, não quis forçá-lo. - Dos três, o suspeito tinha mais detalhes sobre o tal Bóreas, então nós focamos a investigação nele. Encontramos três casas que pertencem a ele localizados aqui em Miami, duas ele alugava, para conseguir algum lucro e a terceira era a casa que ele residia. - Continuou. - Nós fomos até lá, reviramos a casa e por coincidência, eu encontrei um porão secreto, onde o Bóreas escondia todo o seu trabalho. Ele é um assassino de aluguel, muito procurado, não só neste país.

 

 

— Nossa. - Disse Carla.

 

 

— Em alguns de seus arquivos, encontramos fichas com o perfil de algumas de suas vítimas, dentre elas encontramos os nomes de Marcio, Mônica, até mesmo de seu pai, Cebola. - Ele olhou pra mim, meu coração se apertou. - Acreditamos que Bóreas tenha sido o responsável pela morte de seu pai.

 

 

Ódio era uma palavra leve para o que eu senti. Saber essa informação fez com que cada célula do meu corpo queimasse, se esse tal Bóreas ainda estiver por aí, eu mesmo o matarei. Não quis interromper Larry, pedi que ele continuasse.

 

 

— Bóreas usava um programa, um rastreador muito potente que poderia encontrar qualquer pessoa em qualquer lugar, temos algo parecido na agência, mas este é bem melhor. - Disse. - Usamos o programa para encontrá-lo, por sorte, o rastreador o localizou. Ele estava em uma mansão nas montanhas, muito longe daqui.

 

 

— Uma mansão? - Indagou Carla. - Essa mansão era dele?

 

 

— Não, pertencia à outra pessoa. - Ele respondeu.

 

 

— Vocês foram até lá? – Perguntei, me ajeitando na cadeira.

 

 

— Sim, anteontem à noite. Tivemos que ir de carro, pois a tempestade deixou os ventos fortes demais para que pudéssemos usar um helicóptero. - Disse. - Chegamos lá pouco depois de o sol nascer, viajamos a noite toda.

 

 

— Vocês conseguiram entrar na casa? - Perguntei, querendo que ele continuasse a falar.

 

 

— Sim, na verdade foi até fácil demais. A casa era protegida por fios de alta tensão, câmeras e um portão elétrico, mas encontrei uma porta aberta na lateral da casa e conseguimos entrar. - Disse. - Entramos em silêncio e rendemos todas as pessoas que estavam por lá, pelas nossas contas, havia pouco mais de trinta funcionários, alguns armados. - Continuou. - Eu me separei do meu parceiro para procurar melhor, tinha certeza de que Mônica estaria ali em algum lugar. Encontrei um escritório, quando entrei vi um homem sentado em uma cadeira de couro. Era um senhor de sessenta anos. Ele estava morto.

 

 

— Meu Deus. - Carla falou. - Quem era esse homem?

 

 

— Em primeiro momento eu não fazia ideia. Meu parceiro chegou e disse que não tinha encontrado Mônica em lugar nenhum. - Falou. - Nós interrogamos algumas pessoas, mas nenhum deles disse uma palavra que ajudasse. A casa estava sem energia, um dos homens informou que um blackout foi provocado por um raio que atingiu a cerca elétrica na noite passada, dando curto na caixa de energia. - Comentou. - Perguntamos quem era o chefe deles, eles disseram que se chamava Henry Feitoso, um senhor já de idade, mesmo que não aparentasse tanto. Assim que confirmamos sua fisionomia, tive certeza, era o homem que encontrei morto.

 

 

— Quem é esse homem? - Perguntou Carla.

 

 

— Perguntamos isso a eles, mas ninguém tinha muito a dizer, pelo jeito, o tal Henry levava a vida muito reservada. Os empregados e capangas não sabiam mais que alguns hábitos diários. - Ele olhou pra mim. - Parte de nossa equipe ficou responsável por verificar as câmeras de segurança, como a casa estava sem energia, levamos as gravações para uma van especial nossa e assistimos aos vídeos dos últimos dias. - Henry suspirou, acho que chegamos a um ponto delicado.

 

 

— O que foi? O que viram? - Perguntei.

 

 

— Tudo, absolutamente. - Disse. - Henry providenciou câmeras para serem instaladas em todos os lugares. Nenhum local da mansão escapava. – Ele suspirou de novo. – Eu assisti aos vídeos várias vezes até tentar compreender.

 

 

— Podemos ver? - Carla perguntou ansiosa, mas Larry negou com a cabeça.

 

 

— Eu mesmo fiquei mal ao ver as gravações, não imagino o impacto que causaria em vocês. Por isso, peço que apenas ouçam o que tenho a dizer, eu contarei tudo. As gravações, só iriam piorar a situação. – Falou.

 

 

— Assim você me deixa nervosa, Larry! O que aconteceu de tão grave afinal de contas? – Carla se exaltou um pouco. – É Mônica? Ela se feriu?

 

 

— Por favor, Carla. Controle-se. – Pediu Larry. – Mônica está bem. O delicado da situação é a história em si.

 

 

— Me desculpe... – Ela voltou a se recompôs, ajeitou-se no sofá. – Pode continuar.

 

 

— Pois bem. Henry Feitoso foi um grande amigo de Marcio, mas antes de conhecê-lo, sua infância e adolescência foram bem difíceis. O pai se chamava Jack Feitoso, foi um bom homem e muito trabalhador, mas seu vício por jogos acabou com sua vida, literalmente. Ele devia para agiotas e em uma noite ele foi encurralado por alguns homens, Henry estava com ele, quando ainda era uma criança. Eles não tiveram piedade e o mataram em um beco. – Disse. – A mãe se chamava Beverly, era dona de casa, mas quando o marido morreu teve de arrumar um emprego de diarista temporário para manter seu filho e a casa. Henry conheceu na escola uma menina chamada Evangeline, Evangeline Cooler. – Parou e olhou para Carla, ela parecia que tinha tomado um pequeno susto. – Conhece esse nome?

 

 

— Sim. É o nome da ex-esposa falecida de Marcio, que Deus a tenha. – Afirmou.

 

 

— Exatamente. Os dois se tornaram grandes amigos, ele até se apaixonou por ela, mas a menina não correspondia seus sentimentos. Quando terminou o colégio se mudou para outra cidade. Pouco tempo depois aconteceu outra tragédia na vida de Henry, sua mãe morreu de overdose. Beverly havia aceitado trabalhar com traficantes e se viciou nas drogas, um dia ela exagerou e os médicos não conseguiram salvá-la. – Continuou. – Henry ficou com tanta raiva que ele mesmo matou os traficantes e ficou com o dinheiro sujo, logo depois se mudou para poder iniciar os estudos na faculdade. Foi aí que ele e Marcio se conheceram.

 

 

— Não entendo. Como ele conseguiu cabeça para estudar? – Perguntei.

 

 

— Bom... Henry diz que se tratou com psicólogos depois do ocorrido, mesmo que também ache o tempo do tratamento insuficiente para pelo menos cicatrizar uma tragédia tão recente, cheguei à conclusão de que ele era um homem de emocional forte. – Falou. – Por coincidência, ele reencontrou Evangeline na faculdade. Marcio e ela também se conheceram e começaram a namorar. Algum tempo depois de que Marcio e Henry terminaram a faculdade, abriram sua própria empresa, chamada Restore.

 

 

— O quê? – Exclamei surpreso – Ele é um dos fundadores da empresa?

 

 

— Sim. Ele ajudou a financiar o projeto, Marcio entrou com as ideias. – Respondeu. – Anos depois Marcio e Evangeline se casaram e tiveram um filho chamado Maurício. – Vi Carla apertar uma mão na outra, nervosa. – A empresa caminhou bem por um tempo, mas Henry, além de um alcoólatra quase oficializado, se tornou um viciado em drogas também. Ele cometeu um grande erro, sem Marcio tomar consciência, Henry desmatou florestas protegidas isso quase fez com que a empresa quase fosse fechada. Marcio o despediu e nunca mais trabalharam juntos. – Falou. – Ele conseguiu quitar a dívida e resolver esse grande problema que Henry havia causado. Ele administrou a empresa sozinho durante algum tempo, mas anos depois conheceu o seu pai, Cebola, e acabaram se tornando sócios.

 

 

— Sim. – Concordei. – O que aconteceu com Henry?

 

 

— Ele se manteve afastado, mas soube da notícia que seu afilhado havia se tornado pai. Maurício teve uma filha... Mônica. – Disse. – Ainda não sei ao certo, mas talvez a inveja, o rancor e o ódio, misturados com as bebidas e as drogas, tenham sido o motivo para que ele tenha feito uma atrocidade. – Continuou. – Foi Henry quem matou os pais de Mônica, quando ela ainda era um bebê. Ele arquitetou e estudou o casal, arrumou um jeito de cortar os freios do carro para que eles sofressem um acidente, entretanto, seu alvo principal era Maurício. Quando o socorro chegou, encontraram a mãe e a criança. A menina estava bem, já a mãe, morreu no hospital.

 

 

Ouvi um choro abafado ao meu lado, era Carla, ela tampou a boca com uma das mãos e fechou os olhos. Provavelmente ela deveria se lembrar muito bem daquela noite, que quase foi morta. Larry não entendeu a reação forte, mas mesmo assim ofereceu um lenço a ela.

 

 

— Obrigada... – Carla disse, assim que conseguiu se acalmar. – Larry, tenho que lhe contar uma coisa. – Ela contou sua história, disse que era na verdade a mãe biológica de Mônica e como havia sobrevivido ao acidente. Falou que combinou com Marcio um plano para se esconder do assassino que quase tinha tentado matá-la, acabando por esconder todos esses anos quem realmente era até mesmo de Mônica.

 

 

— Meu Deus. – Foi tudo que Larry disse, totalmente surpreso.

 

 

— Fui uma covarde, eu sei, mas não sabia mais o que fazer! E, além disso, não suportaria ficar longe da minha menina. – Ela ameaçou voltar aos prantos novamente, Larry agiu rápido e segurou suas mãos.

 

 

— Não se preocupe, ninguém aqui vai condená-la. Você foi muito forte, conseguiu salvar Mônica e só isso já a tornou uma mãe excepcional. – Ele disse. Carla agradeceu. Larry se ajeitou novamente à poltrona. – Continuando, a partir daí, Henry não tinha mais motivos para se envolver na vida de Marcio, exceto um, Evangeline. Ele nunca esqueceu o amor que sentia por ela, quando descobriu que ela morreu, ficou muito deprimido. Mas não fez nada a respeito e cuidou da própria vida durante anos, até que...

 

 

— Que o quê? – Perguntei com receio.

 

 

—... Até o dia em que ele encontrou Mônica por acaso em uma loja de roupas. – Disse. – Ele ficou fascinado, disse que Mônica era a cara de Evangeline. O ponto é que, Henry ao longo de sua vida nunca encontrou ninguém que amasse tanto quanto amou Evangeline. Quando encontrou Mônica, ele pensou ser a nova esperança dele.

 

 

— Nova esperança de quê? – Perguntei.

 

 

— De um novo amor, de tentar o que não conseguiu com a verdadeira Evangeline. – Suspirou. – Uma bobagem, mas, o que um velho rico tem a perder? Ele então armou um plano psicoticamente ambicioso e arquitetado. Ele queria a Mônica, e não deixaria que ninguém interferisse.

 

 

— Oh, não... – Mais uma vez, Carla demonstrou espanto.

 

 

— Todas as mortes, as tentativas de sequestro, todo o perigo que aconteceu nos últimos meses foram obra de Henry, tentando chegar mais perto de Mônica.

 

 

— E o meu pai? – Eu estava aflito e fervendo de raiva. – Porque Henry mandou matá-lo?

 

 

— Aparentemente, seu pai descobriu algo sobre os negócios de Henry, algo de ilegal que ele estava fazendo e que envolvia a Restore. Ele mandou matá-lo, antes que alguém descobrisse alguma coisa. – Falou. Meu coração se apertou, levantei do sofá e caminhei um pouco.

 

 

Não queria acreditar nessa loucura. Parecia coisa de filme! Infelizmente, principalmente para Mônica, a história era muito real. Era muita informação na cabeça, precisava de um tempo para digerir aquilo, o que diria Carla, que agora sabe a verdade por trás de todos esses anos se escondendo.

 

 

— Cebola, Carla... - Nos chamou a atenção. - Eu sinto muito. Por tudo. Vocês passaram por muita coisa por causa desse homem.

 

 

— Tudo bem, obrigada Larry. Agradecemos o seu esforço. – Disse Carla. – E eu também sinto muito, por sua irmã.

 

 

— Obrigado.

 

 

— O que aconteceu com Mônica? – Perguntei olhando para Larry. – Você disse que viu as gravações da casa, o que aconteceu com ela enquanto ela estava lá? – Vi a expressão dele, mordeu o maxilar com força e olhou pra mim com uma cara séria. – Larry... O que esse desgraçado fez com Mônica? – Tentei pressionar um pouco, ele continuou da mesma forma, talvez decidindo se me contaria alguma coisa ou não.

 

 

— Tudo bem... – Ele suspirou. – Não tive tempo de assistir tudo, mas pude ver e ouvir muita coisa. Nos primeiros dias, Henry tentou ser legal com ela, passearam pela casa, pelo jardim, jantaram juntos... Foi um cara normal, até contar a história da vida dele e finalmente mostrar sua verdadeira face.

 

 

— Larry. – Carla chamou a atenção. – Ele... Ele fez... – As palavras não saíam. -... Ele se aproveitou dela? – Provavelmente devo ter arregalado os olhos quando ela fez essa pergunta, olhei diretamente para Larry.

 

 

— Larry... – Raiva era um sentimento leve agora. – Ele fez?...

 

 

— Não. – Respondeu. – Felizmente, não. Apesar de tudo ele tentava respeitá-la. – Suspirei aliviado. – Mas... – Ele disse. -... Esse não foi o maior problema que ela teve de enfrentar.

 

 

— Como assim?

 

 

— Mônica não ficou parada. Três dias atrás ela tentou escapar, com ajuda – Falou. – Lembram-se da tal Pink que citei? Uma das suspeitas? – Nós assentimos. – Elas formaram uma parceria e tentaram fugir juntas. Entretanto, um homem as encontrou, tentou impedir, mas foi morto por Pink. Pouco depois Henry apareceu e deteve as duas, levando-as para o escritório, que infelizmente, é o único lugar que não havia câmeras. Mas pelas câmeras do corredor, vimos um homem escoltar Mônica para um quarto onde ela dormia. Segundos depois o corpo da tal Pink foi tirado de lá, morta. – Falou. – Mônica presenciou dois assassinatos na mesma noite, acredito que deva ser muito para uma garota de apenas dezoito anos.

 

 

— Oh meu Deus, minha menina... – Murmurou Carla, com as mãos sobre o peito.

 

 

— Mônica... – Passei a mão na cabeça, nervoso. – Só não consigo entender como ela não estava lá. Era pra ela estar lá.

 

 

— Como eu disse, a tempestade danificou toda a energia da mansão. Não tenho como provar isso, mas minha dedução foi que Mônica aproveitou sua chance e fugiu no blackout. Isso talvez explique o portão pelo qual entramos estar aberto. – Ele disse. – Seguindo essa pista, eu e meus homens vasculhamos a floresta próxima. Estava tudo enlameado, difícil de andar, até que chegamos ao final da linha. Havia uma descida grande de doze a quinze metros. Infelizmente a chuva atrapalhou tudo, qualquer pegada que tenha sido feita foi apagada.

 

 

— E agora? – Carla perguntou. – Como vai prosseguir?

 

 

— Nós vamos continuar a procurar por Mônica nos arredores da mansão e por todo aquele perímetro, o que atrapalha meus homens é a floresta densa, é tudo muito deserto e sem estradas. Por isso pode demorar um pouco. – Falou. – Mas não vai demorar até que finalmente ela esteja de volta.

 

 

— Deus te ouça. – Falou Carla.

 

 

— Bom!... – Larry se levantou. – Eu preciso ir, muito trabalho a fazer.

 

 

— Tudo bem, obrigada meu amigo, por tudo. Só Deus sabe o quanto agradecemos pelo o que está fazendo por nós e pela Mônica. – Disse Carla, cumprimentando-o.

 

 

— Mantenha contato. Qualquer notícia nos avise. – Disse, apertando a mão dele também. – Obrigado.

 

 

— Pode deixar. E não há de quê, vocês são, afinal, minha família também, é minha obrigação zelar pela proteção de todos. – Disse. – Até logo.

 

 

Acompanhamos Larry até a porta e nos despedimos mais uma vez. Assim que fechei a porta, olhei para Carla, ofereci a ela um abraço. Ela aceitou e ficamos assim por um tempo.

 

 

— Ela vai voltar. – Disse em meio ao abraço. – Você vai ver.

 

 

— Eu sei que vai. – Ela falou. – Eu disse que ela conseguiria voltar sozinha, é a minha garota. – Nos separamos. – Eu vou me deitar um pouco. – Ela falou e a vi subir as escadas.

 

 

Andei até a cozinha para pegar um pouco de café. Fui até o jardim e me sentei em um banco de madeira, onde eu tinha vista para a piscina e parte do quintal. Um turbilhão de pensamentos rondava a minha cabeça, mas o maior sentimento era preocupação.

 

 

— Argh! – Coloquei as duas mãos na cabeça, nervoso, não conseguia espaço para pensar. - Se Larry não ligar com boas notícias logo, juro que vou enlouquecer. – Falei pra mim mesmo. - Duvido que eu vá dormir essa noite... – Murmurei para o nada.

 

 

Foi dito e feito. Não consegui dormir, pensando e repensando sobre o que aconteceu. Não contei nada a ninguém, apenas Larry, Carla e eu sabíamos sobre o ocorrido. Não estava com cabeça para falar com meus amigos sobre o assunto, mesmo que em parte eu queira fazer isso. Afinal, eles também estão muito preocupados com ela. Mas tudo tem o seu tempo. O mais importante agora é esperar, até que finalmente Mônica esteja em casa, em segurança.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Agora quase tudo está resolvido.


Sugiro prepararem seus coraçãozinhos, emoções virão. Já de antemão eu peço desculpas por um possível atraso, pois pretendo terminar a história antes de postar o próximo capítulo, só pra ter um pouco mais de segurança caso mude de ideia sobre o desfecho. Vocês esperaram por três anos, acho que dá pra segurar um pouquinho mais, né?


Bom, eu esqueci de deixar no comentário, mas agora eu lembrei. Leitora Ana, meu amor, MUITO OBRIGADA pela sua recomendação, amei de paixão.

Aliás, aproveito o momento para agradecer à todos que recomendaram, acompanharam, comentaram e favoritaram a história. Vocês foram a minha maior motivação para começar e concluir esse projeto, que vai fazer já quatro anos (Mas isso é culpa da minha demora. XD ). Obrigada galera, vocês são demais.


Agora me despeço, vou finalizar o próximo capítulo e ir dormir. Vejo vocês daqui uns dias.



Té+!