Te Amar Ou Te Odiar? escrita por Dani25962


Capítulo 54
... Tarde demais


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!


Desculpem, não consegui postar no fim de semana, tive um imprevisto. Espero que gostem deste capítulo, promete muitas emoções. Aproveitem, e não esqueçam de comentá-lo. ;)



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Pov. Autora

Os homens levaram Mônica de volta ao quarto, em seguida, fecharam a porta com chave, trancando-a lá dentro. Ela nem se importou, correu para o banheiro e escovou cada centímetro de sua boca limpando qualquer resquício de Henry. Depois de dez minutos fazendo isso, lavou o rosto, pescoço e colo, tentando não só limpar onde aquelas mãos sujas a tocaram, como também tentando apagar aquela sensação que ainda sentia, dele ainda estar tocando seu corpo.

Quando terminou, escorou as mãos sobre a pia e respirou como se tivesse corrido uma maratona. Olhou-se no espelho, estava horrível, com os olhos vermelhos e irritados. O rosto também vermelho, mas pelo tapa que havia levado de Henry. O estômago doía pelo soco que ele havia desferido. Seus pulsos e tornozelos não doíam mais, mas as marcas continuaram.

Mônica caminhou devagar de volta ao quarto em direção à cama, mas antes de conseguir chegar até lá, seus joelhos fraquejaram. Ela tentou se recompor e colocar-se de pé, mas as lágrimas vieram com tal força que deixou a fraqueza tomá-la, acabou por se ajoelhar. Por cinco minutos chorou como se não houvesse amanhã, se lembrou da sua vida antes de estar ali, se lembrou do que estava vivendo agora.

Todo um turbilhão de sentimentos explodiu de uma vez, desespero, raiva, ódio, saudade, preocupação... Foi demais para Mônica. Tudo que ela queria era reencontrar sua família e amigos, eles lhe dariam amor e proteção. Queria estar com Cebola de novo, apenas Deus sabe quanta saudade sentia dele, até mesmo sentia falta da sua fase de brincadeiras idiotas.

Saiu da posição fetal quando escutou um trovão. Olhou para a janela e finalmente percebeu que estava chovendo, mais que isso, uma tempestade tinha se formado e nem havia percebido. Procurou secar as lágrimas que continuavam a cair, se levantou e deitou-se na cama. Tentou diminuir a respiração e se acalmar, odiava chorar, mesmo não tendo como evitar. O choro diminuiu e o cansaço a tomou em um abraço, sem perceber, adormeceu num sono leve.

...

Bóreas deixou passar quase uma hora e meia desde que acompanhou Mônica até o escritório de Henry. Pensou ser tempo suficiente para que seu plano tenha tido início, não sabia o que aquele velho iria fazer com Mônica e nem se importava, só esperava que ele não desse o licor de beber à ela, se a garota morresse primeiro, Henry armaria um pandemônio na casa. Procurou se ocupar nessas quase duas horas, andou pela casa, conversou com alguns colegas e bebeu um pouco de café.

Dada a hora que calculou, foi até o escritório de Henry. A casa estava mais cheia de gente, fato pelo qual estava chovendo lá fora e o jardim não tinha cobertura, assim os vigias vieram para dentro. Não foi difícil cruzar a casa sem muitos questionamentos, mas mais fácil ainda seria passar pelos dois grandalhões que guardavam a porta do escritório.

– Olá chefe. - Disse um dos homens, assim que chegou perto. Eles já o conheciam e sabia que era o chefe de segurança de Henry.

– Henry me chamou, me dê passagem. - Ordenou.

– Sim senhor. - Os dois lhe deram passagem, Bóreas abriu a porta.

– Não deixe que ninguém nos perturbe, é uma conversa importante. - Informou.

– Pode deixar.

Bóreas fechou a porta e a trancou por segurança. Sorte que nenhum dos dois se prontificou a abrir a porta, se não, talvez teriam visto Henry. Ele o viu sentado na cadeira de couro, com a cabeça pendendo para frente. Se aproximou, ajeitou-o na cadeira, seu rosto estava mais pálido e os olhos abertos, sua íris perdeu a tonalidade, estava opaca. Com dois dedos fechou os olhos dele. Viu o copo de vidro em cima da mesa, provavelmente ali estava o veneno. Por segurança, checou o pulso dele. Esperou alguns segundos... Confere, estava mesmo morto. Tudo que tinha a fazer era terminar o serviço e sumir daquela mansão para sempre. Henry pode ter muitos inimigos, mas também tinha muitos amigos que dependem do negócio dele para sobreviver, se descobrirem o que aconteceu viriam atrás de Bóreas.

Ele pegou outro copo de vidro, apanhou uma garrafa de whisky e tomou um bom gole.

– Argh! - Rosnou, ao sentir o gosto. - Seu desgraçado, esse negócio precisa de um gelo. Como conseguia tomar puro?

Naturalmente, nenhuma resposta veio do morto. Bóreas deixou o copo sobre a mesa. Pegou a arma que estava em seu cinto, verificou se estava carregada e guardou novamente. Girou a cadeira de couro de frente para a janela, encheu o copo com whisky novamente e fez com que o cadáver segurasse o copo, posicionando em cima do descanso de braço da cadeira. Assim, quem entrasse, não veria nada estranho e iria embora. Nos dias que ele estava vivo, ouviu relatos de funcionários que entraram no escritório dele e o viram nessa mesma posição, ele nem se mexia ou falava com o funcionário, mesmo que este falasse com ele.

– Próxima parada... - Disse, ajeitando a camisa para esconder a arma. -... O quarto da garota.

...

Mônica acordou do que foram quase uma hora, mas para ela parecia que tinham se passado apenas alguns minutos. Um trovão a acordou. Não tinha medo de tempestades, mas o barulho alto assustava um pouco. Levantou da cama lentamente, se sentou na cadeira perto da janela e observou a chuva.

Esse tipo de tempestade a fazia se lembrar de uma noite que Cebola dormiu na mansão de seu avô, ainda eram pequenos na época. Ele tinha muito medo de barulhos altos, principalmente de trovões, e naquela noite deu uma das piores tempestades do ano. Nada fazia com que ele se acalmasse, até que ela cantou uma música para ele, uma que sua avó costumava cantar para ela. Era uma espécie de música de ninar para crianças, que por sua vez, funcionou muito bem contra tempestades.

Cantou a canção por algum tempo até que ele se acalmasse, depois disso, Cebola parou de ter tanto medo de trovões. Só não sabia exatamente o que o ajudou se sempre que havia uma tempestade se lembrava da música, ou perdeu o medo com a maturidade. Seja como for, aquela foi uma noite especial, onde estava conhecendo seu amigo encrenqueiro que sempre a zoava. Por causa desses momentos de um ajudar o outro é que viraram grandes amigos.

E pensar que aconteceu tanta coisa naquele ano, tudo mudou de um momento para outro. No começo, era uma simples garota de dezessete anos, namorava com Brian (só agora ela se deu conta de que não pensava em seu ex há tempos), tinha seus avós vivos e sua maior preocupação era terminar o último ano da escola para conseguir uma bolsa de estudos e ir para a faculdade. Agora, tem dezoito anos, se casou com Cebola, seus avós se foram, e pensar na escola estava sendo um pouco difícil, já que tinha sido seqüestrada por um maníaco.

Ironizou mentalmente, no ano novo, um dos seus pedidos foi que aquele fosse um ano diferente de todos os outros, não precisavam ter levado tão a sério.

CABUM!!! CRASH!!!

Mônica continuava a divagar em seus pensamentos, quando de repente, uma sequência de dois raios aconteceram. Um atingiu a montanha em algum lugar por perto, o outro atingiu a cerca elétrica da mansão. Foi uma grande explosão, faíscas saíram por todos os lados. A luz do quarto de Mônica se apagou, assim como em toda a mansão. O raio danificou completamente os fusíveis da caixa de energia principal da casa, apenas as pequenas luzes de no jardim estavam acesas, por existir um gerador de emergência, mas fora isso, não havia mais energia em lugar algum. O gerador não era potente o suficiente para acender a casa inteira novamente.

O coração de Mônica batia rápido pelo susto que tomou. Via a grade de fios elétricos ainda soltar faíscas, ouviu barulhos dentro da casa, pelo jeito os funcionários também tomaram um baita susto. Não tinha ninguém lá fora, graças a Deus, se não talvez alguém tivesse sido atingido pelo raio.

Entre os sons de algazarra das pessoas na mansão e a não menos barulhenta tempestade, Mônica pensou um pouco. Uma luz brilhou em sua cabeça junto com um plano totalmente louco e quase impossível, mas queria tentar. Olhou para o quarto escuro, ninguém entraria ali sem o consentimento de Henry, por isso deveria agir agora e rápido, ele talvez queira vê-la depois do blackout.

Abriu sua janela e sentiu o vento frio junto com os fortes pingos de chuva. Seu quarto ficava no segundo andar, não poderia pular sem que quebrasse alguma parte do corpo, mas o lado bom, é que havia uma espécie de escada logo ali ao lado, ela era própria para as plantas trepadeiras, para que, quando crescessem, se agarrarem a ela. Com certa dificuldade, Mônica se sentou na janela e tentou não olhar para baixo, tinha medo de altura. Chegou o mais perto possível da escada, esticou a perna esquerda e conseguiu alcançar um dos "degraus". Agora, o resto do processo foi cauteloso, estava tudo muito molhado e escuro. Esticou um dos braços para tentar alcançar a escada, foi um pouco difícil, mas conseguiu.

Jogou um pouco de peso para ver se a estrutura a aguentava, sentido firmeza, colocou o outro pé e por fim, soltou a outra mão da janela. Desceu com cuidado, sabia que essas coisas, se forçadas demais, são capazes de quebrar, sabia disso por experiência própria. Uma longa história, mas digamos que não era a sua primeira vez descendo numa dessas coisas, a última vez envolveu uma ideia estúpida de cortar caminho para chegar ao jardim de casa, não deu lá muito certo. Felizmente, não foi como da primeira vez, conseguiu descer a escada em segurança.

Sorte que havia luzes de emergência no jardim, assim, pôde enxergar o caminho que tinha que seguir até a porta que Cascuda lhe ensinou. Correu o máximo que conseguiu, mesmo se atrapalhando um pouco com alguns arbustos que apareciam do nada e com a chuva caindo forte em seu rosto. Depois deu alguns minutos, chegou à parede, mas não encontrou o portão. Olhou para os lados e consequentemente para cima, onde os fios de energia foram queimados pelo raio. Focou a vista para a direita, não viu nada além das folhagens, focou agora para a esquerda, quase que não conseguiu ver, mas a alavanca da porta se destacou na escuridão.

Correu até lá e encontrou a porta. Ela estava fechada, girou a roda de ferro, não foi nada fácil, principalmente em baixo da chuva onde deixa tudo muito mais escorregadio. Usou muita força para fazer isso, mas conseguiu. Agora era preciso só puxar a porta. Entretanto, falar era mais fácil do que fazer. A porta era pesada, teria que usar quase, ou mais, da mesma porção de força que usou para girar a maçaneta de ferro. Mônica não desistiu. Usou um pé para servir de apoio na parede, segurou firme as duas mãos na roda de ferro e puxou com toda a força. A primeira investida fez com que ela se mexesse um pouco. A segunda vez, ela aplicou um pouco mais de força. No total, foram precisos três impulsos para que ela conseguisse abrir uma brecha na porta o suficiente para que pudesse passar.

Assim que conseguiu, colocou um pé para fora, mas não sabia que havia um degrau alto ali e caiu. Se recompôs, ficando de quatro na lama. Sentiu um pequeno alívio quando conseguiu cruzar os muros, olhou para trás, viu a luz do jardim e ouviu vozes vindo da casa. Sentindo que ainda não estava segura, se levantou e correu para a floresta, correu o máximo, para o mais longe que conseguisse daquela casa, para longe daquele pesadelo, torcendo para que não a seguissem.

...

Bóreas estava caminhando pelo corredor quando ouviu um som estrondoso e as luzes de repente se apagaram. Mudou sua rota por um instante para descobrir o que tinha acontecido, pelo jeito, um raio acertou a cerca elétrica e a mansão sofreu um blackout. Não tinha como ajeitar aquilo agora, alguém teria que descer a montanha quando amanhecesse e chamar uma equipe para fazer a manutenção elétrica.

– Chefe! - Um cara chegou, apontando a luz da lanterna para o seu rosto. - O patrão sabe sobre isso? - Se referiu ao acidente e à Henry.

– Não incomode Henry com isso, vamos ter que esperar amanhecer para ver todo o estrago e chamar uma equipe técnica. - Disse. - Além disso, a tempestade não vai parar tão cedo. Dê-me isto. - Pegou a lanterna. - Vá comunicar o que eu disse aos outros e peça para não incomodarem Henry, ele já tem problemas maiores para se preocupar do que um simples blackout.

– Sim, senhor. - O homem falou, e desapareceu no corredor.

Bóreas sentiu que seus homens o obedeceriam e não iriam incomodar Henry, pelo menos, não àquela noite, mas já estava de bom tamanho. Com a ajuda da lanterna se dirigiu ao quarto de Mônica, encontrou o lugar certo quando viu um homem guardando a porta dela.

– Abra pra mim. - Disse ao homem. - Preciso ver com está a garota.

O homem primeiro se certificou de quem se tratava, vendo que era Bóreas, pegou a chave do bolso e abriu a porta para ele. Assim que entrou, ele se preparou para pegar a arma, mas qual foi a sua surpresa quando iluminou o quarto e não a encontrou.

– Mônica? - Chamou, mas não obteve resposta. Correu até o banheiro, não tinha ninguém lá. Voltou para o quarto. - Mas o quê?... - Iluminou a janela e a encontrou aberta. Foi até lá e olhou para o jardim, iluminou o lugar com uma lanterna, não conseguiu ver quase nada, mas tinha certeza de que havia alguém ou alguma coisa no muro da casa. - Droga!

Mônica estava fugindo, se atravessasse o portão de alguma forma, seria difícil encontrá-la na floresta, especialmente à noite e com este tempo ruim.

– Você! - Falou com o vigia que estava guardando a porta. - Seu incompetente! Deixou a garota fugir! – E lhe desferiu um belo tapa na cabeça.

– O-O quê? Ela fugiu? Como? – Gaguejou o homem, confuso e com dor.

– Pela janela! Agora pode estar em qualquer lugar, procure pela casa, que eu vou para o jardim, mexa-se! - Ordenou.

– S-Sim senhor. - O homem bateu uma rápida continência, visivelmente nervoso e se apressou pelos corredores à procura da garota.

Bóreas procurou a saída daqueles corredores escuros, até finalmente encontrar uma porta que lhe dava acesso até o jardim. O único empecilho para aquela busca era ter de encarar aquela forte chuva, andou pelo jardim murmurando.

– Droga garota... Tinha que fugir justo agora? Não podia esperar só um pouco? - Disse. Com a iluminação da lanterna encontrou um portão velho de ferro aberto, nunca tinha visto aquilo, mas pelo jeito que a porta estava coberta pelas trepadeiras, deveria ficar bem camuflado. - Então, foi por aqui que você passou. - Bóreas colocou meio corpo para fora do portão e iluminou o terreno, não havia nada além de árvores, constatou que Mônica deveria ter ganhado tempo. - Poderia ter escolhido o caminho mais fácil, mas pelo visto, vou ter de caçá-la. - Pulou o degrau que tinha ali e se certificou que a arma continuava presa em sua cintura. - Corra garotinha, mas não vai conseguir ir tão longe. - Sorriu para si mesmo e começou a andar rápido, entrando na floresta.

...

Mônica escorou em uma árvore para descansar, correu como nunca na vida nos últimos minutos. Suas pernas estavam cansadas e seus joelhos um pouco doloridos pela queda. A floresta não era fechada, mas havia galhos e arbustos por todos os lados, a chuva não dava trégua, o solo virou lama, ainda por cima era declinado, o que tornava tudo ainda mais difícil.

Começou agora a andar rápido, desviou de galhos de árvores mortas e pulou alguns troncos caídos. Os raios não cessaram, continuaram tão firmes quanto a chuva forte, o que lhe ajudou a enxergar na escuridão. Em circunstâncias normais, jamais cogitaria ficar de baixo ou perto de alguma árvore no meio de uma tempestade, mas está não era uma situação normal, não tinha escolha a não ser descer a montanha. Mônica pisou em uma pedra para se apoiar na lama escorregadia, mas a pedra se desgrudou do solo e ela escorregou. Tentou parar a todo custo, mas não conseguiu firmar as mãos. Encontrou uma raiz e a agarrou com firmeza, seu corpo parou de escorregar e bem na hora, pois alguns metros à frente havia um penhasco de quinze metros. Não conseguiu ver o que tinha lá em baixo, pois a beirada não parecia muito segura.

Com esforço, se levantou e caminhou pela lateral do penhasco. Tentando encontrar um ponto mais baixo, para que pudesse descer. Andou por algum tempo, com um pouco de dificuldade por causa da lama. Quando mais raios iluminaram o céu, pôde ver mais à frente uma espécie de fenda que dividia um terreno do outro. Chegou mais perto para ver o quão longe as duas extremidades eram uma da outra, mais ou menos dois metros, era difícil dizer.

Mais uma ideia louca surgiu na mente de Mônica, ela iria pular o desfiladeiro até o outro lado, no escuro. Era uma ideia arriscada, mas era mais rápido do que dar a volta na rachadura e perder mais tempo, arriscando-se de que alguém a encontre no trajeto. Respirou fundo, andou para trás para conseguir espaço para correr e pular. Ela esperou mais um raio surgir para conseguir ver o que estava a sua frente. Nada além da rachadura no morro. Ela firmou o pé esquerdo no chão e o direito posicionou-o mais à frente, respirou fundo mais uma vez para tomar coragem.

POW!!!

– AH! - Mônica gritou de dor. Alguma coisa havia atingido seu tornozelo, a pior dor que já tinha sentido na vida, a pior das queimaduras.

– O que pensa que está fazendo? - Gritou alguém.

Só agora Mônica percebeu a luz da lanterna sobre si, tinha alguém ali com ela e estava se aproximando aos poucos, com uma arma na mão, apontando para ela.

– Não estava pensando em pular, estava? - Era Bóreas, ele falava alto para Mônica escutá-lo, tanto pela distância quando pela chuva forte.

– Afaste-se! - Avisou Mônica. - Você não vai me levar de volta pra mansão.

– Não se preocupe, florzinha. Eu não vou levá-la de volta. - Engatilhou a arma mais uma vez. - Vou acabar com isso aqui mesmo.

– O quê? - Gritou ela. – Por quê? Henry o mandou fazer isso?

– Henry não tem nada a ver com isso, aliás, ele não tem a ver com mais nada! - Ele disse. Mônica não entendeu, mas Bóreas logo continuou. - Henry está morto!

– O quê? - Mônica não acreditou. Caso estivesse em uma situação onde sua vida não corresse risco de vida, teria sentido um alívio ainda maior do que sentiu. - Como assim?

– Eu o matei! - confessou.

– Mas... Por quê?

– Ele matou a pessoa que eu mais amava! Ele matou Pink! - Gritou, Mônica sentiu um arrepio ao ouvir o nome dela. - E tudo por que ela simplesmente decidiu te ajudar a fugir! Uma ideia estúpida!

– Escute... Senhor, eu sinto muito. Por tudo, eu não queria que...

– Bóreas! - Gritou. - Meu nome é Bóreas! - Mônica se lembrou de tê-lo visto mais cedo. - E não me importo com suas desculpas, Pink está morta, e você continua aqui. Miserável!

– Bóreas! Eu sei que está com raiva, mas me matar não vai trazer Pink de volta. - Tentou conversar. - Eu também perdi pessoas que amava, sei como se sente...

– NÃO! - Gritou. - Você não faz ideia de como me sinto, e depois dessa palhaçada toda, depois de tantos dias te vigiando, vai ser um prazer finalmente acabar com a sua e com a vida daquele seu namoradinho que amassou a minha moto!

– O quê?...

– Ah, esqueci de te contar um detalhe. - Bóreas iluminou o próprio rosto, para que Mônica pudesse vê-lo. - Fui eu! Todas as coisas que aconteceram nos últimos meses, fui eu quem matou Cebola Netto! Fui eu quem matou Marcio e Susan, fui eu quem perseguiu você e aquele seu namoradinho na rua, fui eu quem atirou naquele garoto sujo! Fui eu quem invadiu a sua casa... - Disse isso sorrindo como um louco. -... Fui eu quem te sequestrou na sua própria festa de aniversário! Fiz tudo a mando de Henry!

À cada revelação, Mônica tinha um flashback daqueles momentos, os piores de sua vida, certamente. As perseguições, momentos em que ela e Cebola estiveram em grande perigo... Então era Bóreas, mas ele não queria matar ninguém, só queria que ela fosse com ele, era o que Henry estivera tentando fazer desde o começo, entretanto, mataria qualquer um sem problemas se fosse preciso.

–... Mas todo o trabalho foi perdido no momento em que aquele desgraçado matou a Pink, isso acabou com tudo. - Concluiu. - Agora, eu vou matar você... E meu trabalho vai estar finalizado. - Bóreas apontou a arma para Mônica, esta estava sentada com a mão no tornozelo sangrando.

Mônica não conseguiu pensar em nada, nem fazer nada. Só esperou Bóreas atirar.

CABUM!!!

Ouve um estouro, mas não foi da arma. Um tremendo raio atingiu a montanha alguns metros mais acima de onde eles estavam. Em um primeiro momento, Bóreas pensou que não era nada e voltou ao que estava fazendo. Assim que se virou para Mônica, o chão em baixo de si cedeu. Ele caiu, a lanterna escorregou de sua mão e foi parar na beirada do precipício, mas conseguiu se segurar nas raízes um pouco abaixo e ficou pendurado.

Pouco depois, eles ouviram um barulho alto e viram o que não esperavam. A terra estava derrapando, em uma avalanche de lama, mas junto com ela, uma enorme pedra havia se deslocado com a força do raio e rolava em direção aos dois, cada vez mais perto. Mônica conseguiu se levantar, ignorando a dor latejante em seu tornozelo, pegou a lanterna que Bóreas largou quando escorregou, correu e pulou a rachadura.

AHHH!!!

CABUM!!!

Mônica não alcançou o chão, mas sim as raízes do paredão. Sorte que não desceu muito. Teve que escalar um pouco. Ela nunca esteve em situação mais difícil, tudo escorregava, especialmente seu corpo que estava pra lá de molhado, seu tornozelo queimava, suas mãos seguravam as raízes com força e só podia usar apenas uma perna para se apoiar. Quando chegou perto do chão, jogou a lanterna e terminou de subir. Não conseguia ver o que tinha acontecido, com a ajuda da lanterna iluminou o outro lado.

Bóreas não estava mais lá, aliás, a ponta do penhasco não estava mais lá. Toda aquela parte tinha derrapado, iluminou o chão lá em baixo e só conseguiu ver uma enorme pedra e muita terra. Analisou tudo com mais cuidado, pensou ter visto alguma coisa e quando firmou a vista, tapou a boca com o susto. Em baixo da pedra, e um pouco soterrado pela lama, encontrou uma mão que estava segurando uma arma. Era a mão de Bóreas, ele tinha sido esmagado pela pedra.

Mônica ficou um tempo ali observando o local do acidente, a chuva limpava a lama de seu corpo e também o sangue que escorria por seu tornozelo. Ela se sentou, pegou a lanterna para ajudar a ver o que iria fazer. Rasgou um pedaço da sua camisa branca, secou-a em vão, e amarrou firme em volta do tornozelo, para que o sangue coagulasse. Levantou com dificuldade e continuou andando, procurando um lugar melhor para conseguir descer a montanha.

...

Horas mais tarde, a chuva havia parado, os passarinhos que viviam no alto da montanha começavam a cantar com o começo de um novo dia. O sol estava nascendo e as nuvens se dispersando. A mansão estava quieta, os funcionários haviam dormido no blackout, decidido esperar o dia amanhecer para que pudessem resolver o problema de energia.

Um barulho surgiu na entrada do casarão. Cinco carros pretos, todos carregando homens armados até os dentes, o pelotão de Elite da S.W.A.T, chamados à mando de Larry, líder da força de Elite. Assim que os carros pararam, os homens saíram dos veículos, eles invadiram o terreno, procurando um meio de entrar. O portão da frente estava fechado, viram que era elétrico, tentaram arrombar.

Larry seguiu pela lateral, com uma arma na mão, pronto para atirar se preciso. Encontrou uma porta aberta na lateral, o espaço era pequeno, alguns homens o seguiram e o ajudaram a abrir ainda mais a porta para que pudessem passar. Com o caminho fácil, os agentes invadiram a casa, procurando qualquer um que estivesse ali.

Larry deu ordens estritas para que não matassem ninguém, a refém que estavam procurando poderia estar ali e ele não queria saber de nenhum acidente. Larry comandou uma equipe, ele entrou na casa, investigando quarto por quarto. A mansão era grande, mas até agora, não havia encontrado Mônica. Seus homens conseguiram render alguns funcionários e outros homens armados. Por enquanto, estava tudo sob controle.

Chegou a uma porta que se achava fechada, ele deu um impulso e forçou o pé contra a fechadura. A porta abriu bruscamente, Larry ficou em posição, com a arma a postos para qualquer surpresa. A sala que encontrou parecia um escritório, olhou para a outra extremidade e viu um homem sentado na cadeira.

– Você! Pro chão! - Ele disse, mas o homem nem pareceu dar ouvidos.

Larry chegou mais perto, com cuidado, apontou a arma para o homem quando ficou ao lado dele, mas viu que o sujeito estava com os olhos fechados. Ele era careca, deveria ser um idoso de sessenta anos e estava pálido demais. Verificou o pulso e o pescoço do homem. Sem batimento, ele estava morto. Baixou sua guarda e olhou para os seus homens, os mandou ir ajudar os outros. Ficou na sala por um tempo até Pedro o encontrar.

– Larry? - Ele falou, chegando perto. - Quem é esse cara?

– Não faço ideia. - Disse. - Mas vamos descobrir. - Olhou para Pedro. - Algum sinal da garota?

– Não. - Pedro sentia como se tivesse decepcionado seu chefe. - Procuramos por toda a casa, ela não está aqui.

Larry ficou surpreso, voltou a olhar para o velho morto e depois olhou o jardim pela janela, onde podia ver alguns de seus homens circulando a área.

"E agora? Aonde ela se meteu?", Pensou.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram? Nada como uma boa ação para encerrar o momento dramático.


Ainda não terminei o próximo capítulo, mas eu postarei em breve. Eu não sei exatamente quantos capítulos restam, mas garanto que são muito poucos. Então aproveitem. Vejo vocês talvez daqui uns dias.


Ps: Muito obrigada à todos que estão acompanhando e comentando a história. Vocês são demais.



Té+!