Te Amar Ou Te Odiar? escrita por Dani25962


Capítulo 51
Esperança


Notas iniciais do capítulo

Olá galera! Passaram bem o ano novo? Foram à praia ou só assistiram os fogos pela Tv?


Estive na praia nos últimos dias, por isso não consegui escrever mais nada. Agora sim, tenho a semana inteira pela frente (acho).


Não esqueçam de comentar depois de ler e me dizer o que que estão achando, sei que antes eu fazia marmelada dizendo: "falta só cinco capítulos, está quase acabado", sendo que nem eu tinha certeza disso. Sorry.


Mas agora eu tenho uma pequena noção, não faço ideia de quantos faltam, só sei que eu gosto de fazer capítulos grandes. Enfim, aproveitem o primeiro capítulo de 2017. Espero que gostem ;)



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Pov. Cebola

Tirei o capacete da cabeça, desliguei a moto e joguei o descanso para o lado. Há pedido de Carla, eu voltei para a escola. Faltam apenas dois meses para acabar o ano letivo e finalmente me formar.

Se estou a fim de encontrar um monte de gente agora? De jeito nenhum. Mas Carla e os outros estão certos, eu tenho que tocar com a vida. Ficar parado e preso no quarto não vai adiantar em nada e muito menos vai ajudar a trazer Mônica de volta. Tenho que cuidar de tudo até que ela volte.

Mônica... Como estou preocupado com ela, não paro de pensar aonde ela deve estar, com quem está e se está bem. Talvez sair de casa tenha sido mesmo a melhor decisão, cada centímetro daquela casa me faz me lembrar dela, lembranças tanto antigas quanto outras bem recentes, mas não menos maravilhosas.

Subi a escadaria da escola e andei pelos corredores até o meu armário, recebi alguns olhares e percebi alguns cochichos, mas não dei ouvidos. Estava no meu armário cuidando da minha vida quando do nada ouvi um grito:

– CARECA! – Era o Cascão, assim que me viu fez questão de correr para me dar um abraço de urso. – Finalmente decidiu sair de casa!

– Urgh...! Se não me soltar, talvez eu reconsidere. – Falei. Ele me soltou e pude respirar novamente, agora ele parecia mais calmo.

– Que bom que está aqui, como você está?

– Um pouco amassado depois de agora. – Ironizei. – Mas bem, eu sei que agi como um babaca, mas...

– O quê? Não agiu como um babaca. Se você não tivesse entrado em depressão depois que a Mônica foi seqüestrada, aí sim eu te acharia um babaca. – Ele parou e pareceu se arrepender do que disse. – Ahn, foi mal careca, eu não queria falar sobre a...

– Está tudo bem, sério. – O tranqüilizei. – Eu pensei bastante antes de vir pra cá, aliás, antes de voltar a ver meus amigos. Sabia que seria bombardeado de perguntas e que a Mônica talvez seria o foco de muitas conversas, mas eu vou ficar bem. O que importa é acreditar que ela ainda vai voltar para nós.

– Isso aí! Otimismo! – Ele falou, animado. – Agora, não queria estragar o clima, mas é aula de biologia, temos que correr.

Assim que demos três passos o sinal tocou, é incrível como o corredor se esvazia rápido, os outros alunos pareceram formigas escapando da chuva. No nosso caso, do coordenador Dório. Tenho pena da vida do pobre que for pego por ele vadiando pelos corredores.

Infelizmente a sala de biologia ficava meio longe, por isso íamos chegar atrasados de qualquer jeito. Dava pra ouvir o professor Rubens começando a aula quando chegamos perto da sala.

–... Continuando com a genética, vamos falar sobre o daltonismo, que é a incapacidade relativa na distinção de certas cores que, na sua forma clássica, geralmente cria confusão entre o verde e o vermelho. É um distúrbio causado por... – Nós entramos na sala. – Ah! Que surpresa, que bom que resolveram se juntar a nós, Cascão e... Cebola? – Agora toda a sala olhou para nós. – É uma surpresa, você não freqüentou minhas aulas desde que as férias terminaram.

– Pois é... Me desculpe por isso, eu tive problemas familiares.

– Ah, sim, eu soube o que aconteceu com Mônica. – Ele parecia constrangido por tocar em um assunto tão delicado. – Eu sinto muito.

– Tudo bem, obrigado pela solidariedade.

– Bem, sentem-se e vamos continuar com a aula. – Fizemos o que ele mandou e tomamos nossos lugares.

A aula foi tranqüila, o professore Rubens parecia bem mais disposto do que comparado com o começo do ano, pelo jeito estava dormindo melhor agora. Não sei se o resto do pessoal estava curioso em saber sobre Mônica, mas se estavam agüentaram bem até o final da aula. Assim que saí da sala com Cascão, Titi e Jason apareceram no corredor.

– Cebola! – Falou Titi. Ele me deu um abraço. Exatamente, um abraço normal, não uma tortura como o Cascão fez. – Me disseram que você estava na escola, mas não acreditei. Como você está cara?

– Bem, mas já estive melhor.

– Cebola... – Jason também me abraçou. – Ficamos preocupados com você, cara. Tanto tempo sem sair de casa, quer dizer, eu sei que a situação é difícil e ninguém tem a menor ideia do que você está passando, mas...

– Tudo bem, já entendi. Eu agradeço por se preocuparem comigo. – Sorri. – De fato, eu estava um lixo nos últimos dias, não parava de me culpar pensando na Mônica. Ainda não consigo tirar ela da cabeça, mas ficar enfurnado em um quarto não é a melhor solução. Por isso voltei para a escola, rever os amigos e sentir que estão do meu lado. – Coloquei a mão no ombro de Cascão, ainda sorrindo. – É um começo para começar a ter esperança de que tudo vai melhorar.

– É assim que se fala! – Exclamou Cascão, animado.

– Sr. Baker? – Ouvi alguém me chamar.

– Sim?

– Sou a secretária do Diretor, Mellanie. Ele solicita a sua presença, pode me acompanhar? – Ela pediu. Nunca tinha visto essa mulher na vida, onde está a outra secretária? Ela não aparentava ser nova, mas também não era velha. Talvez tenha sido contratada durante as férias.

– Claro, até mais tarde pessoal. – Me despedi dos outros e a segui.

A última vez que estive na sala do Diretor ele queria me avisar que meu pai havia sofrido um acidente de carro. Quem sabe ele me dê boas notícias desta vez?

Assim que chegamos, Mellanie pediu que eu esperasse e entrou primeiro na sala do Diretor para me anunciar. Dez segundos depois ela voltou, permitindo a minha entrada.

– Cebola! É bom te ver. – Falou o diretor, apertamos as mãos em um cumprimento. – Venha, sente-se, fique à vontade.

– Obrigado, Diretor.

– Por favor, pode me chamar de Martin. – Pediu ele. Martin? Deve ser o sobrenome.

– Ahn, ok. – Me ajeitei na cadeira. – Então, o que quer falar comigo, senhor?

– Vamos por passos, eu não sei todos os detalhes e espero que sejam boatos. Mas, é verdade que a Mônica, a menina que estuda em algumas das mesmas aulas que as suas, foi seqüestrada?

– Infelizmente, sim. – Falei. – Foi durante a festa de aniversário dela semana passada...

Passei algum tempo explicando a situação para o diretor Martin, ele teve algumas dúvidas, mas eu respondi o que podia. Cheguei a omitir algumas coisas que Larry me fez prometer não dizer, coisas sobre o FBI, mas acho que ele entendeu o drama que estava passando.

–... E foi isso. Eu também quero me desculpar por não ter aparecido por mais de uma semana na escola.

– Não precisa explicar, considere suas faltas justificadas. – Ele se recostou na cadeira de couro. – Bom, não tem muitas coisas que eu possa fazer, afinal sou só o diretor de uma escola, mas eu desejo a você toda sorte do mundo e não desista. O FBI vai encontrá-la.

– Obrigado, diretor. – Agradeci.

– E... Mais uma coisa. – Continuou. – Não importa quanto tempo leve, quando a Mônica voltar, ela vai ter um lugar reservado para concluir seus estudos, é uma estudante brilhante, também uma atriz mirim muito admirada pela senhorita Garcia, professora de arte.

– Sim, é verdade. – Me levantei e estendi a mão para cumprimentá-lo. – Obrigado pela solidariedade e pela ajuda, diretor.

– Não se preocupe, se tiver algo mais que eu possa fazer, conte comigo e com a escola. Sei que seus amigos também estão tão preocupados quanto.


– Pode ter certeza. Obrigado. – Ele retribuiu ao cumprimento e me acompanhou até a porta.

...

Pov. Autora

Larry se encontrava sentado em sua mesa olhando os arquivos sobre os assassinatos envolvidos com a família Sousa. Nada fazia sentido para ele, pelo menos, não conseguia pensar em nenhum nome.

A Morte de Cebola, sócio de Marcio; o próprio Marcio, sua irmã Susan... Como sentia falta dela, se os ataques tivessem parado por aí, sua certeza de que a empresa Restore e suas filiais eram a causa do problema se confirmaria, mas isso não aconteceu.

Os ataques continuaram em cima de Cebola e Mônica, herdeiros da empresa, mas não é só por causa do dinheiro, alguma coisa lhe dizia isso. Havia algo a mais, algo que não tinha visto, mas o que deixara passar?

Os criminosos eram espertos, não davam um ponto sem nó, por isso suspeitava de que apenas um homem estava por trás disso. Estava na polícia há tempos demais para saber diferenciar as técnicas de homicídios organizados por indivíduos e grupos.

– Senhor? – Alguém bateu em sua porta, era um policial que ajudou na perseguição dias atrás. – Eles estão aqui.

– Obrigado, eu já estou indo. – Disse. O motorista e o passageiro da fuga com o caminhão de lixo sobreviveram ao acidente. O único morto foi levado para a autópsia, pediu à sua equipe que encontrasse qualquer coisa sobre ele, até agora, nada de muito importante relacionado ao caso. Caminhou pelos corredores em direção às salas de interrogatório, até que encontrou Pedro o esperando. – E então?

– Hum, parece que estão bem, na medida do possível. Um está com o braço quebrado e o outro ficou paralítico. Sugiro que converse com o que está mais bem humorado primeiro. – Disse, e apontou para a sala onde se encontrava o motorista, com o braço quebrado. Larry entrou na sala e fechou a porta trás de si.

– Boa tarde. – Cumprimentou ao entrar na sala. – Água? – Ofereceu, mas o homem negou. – Então, senhor... Suarez. Como se sente?

– Bem, estaria melhor com uma cerveja na mão. – Brincou.

– Bem, a não ser que seu oficial de condicional te consiga uma folga da prisão, acho que não vai beber tão cedo. – Disse. – Vamos falar sobre o trabalho que estava envolvido antes de o acidente acontecer. Para quem estava trabalhando?

– Eu não sei.

– Vamos, não me diga que é um alienado que só trabalha por dinheiro fácil e sujo, o senhor é melhor do que isso. – Se endireitou na cadeira. – O que estava fazendo? Qual era o seu trabalho?

– Eu cuidava das garotas que vinham à noite para nos entreter. – Fez graça. Larry deu uma risada, que sabia que era forçada, se levantou e se sentou na mesa, ainda olhando para o tal Suarez.

– Sabe... Eu estou muito interessando em saber quem era o seu chefe, sabe por quê? – Perguntou e o outro só o olhava. – Por que ele matou a minha irmã, mesmo ela não tendo nada a ver com a história. Então, eu vou perguntar mais uma vez.

Num movimento inesperado, Larry agarra o pescoço do homem com f orça, lançando-o contra a parede. O homem tenta revidar o golpe, mas Larry se aproveita da lesão e vira o corpo dele, colocando o braço quebrado nas costas. O homem gritou de dor, mas Larry não o soltou.

– Para quem você trabalha? – Larry disse com mais firmeza. – Como não obteve resposta, prensou mais o braço do homem contra o corpo, causando-lhe mais dor.

– Argh! E-Eu não sei! Juro que não. Quando me ofereceram o trabalho não me passaram muitas informações, só que o trampo era fácil e a grana boa, eu aceitei na hora. – Larry não o soltou. – Por favor, é tudo que eu sei, me solta.

Mais cinco segundos depois e o soltou, Suarez sentou no chão e segurou o braço quebrado, quase chorando de dor. Larry acreditou na palavra dele, anos de experiência, ele realmente não sabia de nada. Saiu da sala e pediu que o levassem de novo ao hospital para arrumar o gesso.

– É, nenhum progresso. – Disse Pedro. – Quem sabe o outro?

– Vamos ver. – Falou Larry, tomando um gole de água.

Entrou na outra sala, onde o outro cara se encontrava sentado em uma cadeira de rodas com cara de poucos amigos. Larry se sentou na cadeira e leu rapidamente a ficha dele.

– Senhor... Hernandez? – Disse o sobrenome. – Como se sente? – O homem olhou para a cara dele, pensando se estava brincando ou coisa parecida.

– Como acha que me sinto, seu idiota? – Se exaltou. – Estou fadado a ficar nessa maldita cadeira pra sempre! Como acha que me sinto?!

– Não muito bem pelo visto. – Ironizou, mas voltou à compostura. – Me desculpe, sinto muito pelo que houve com você. Talvez com tratamentos você possa voltar a andar.

– Não me venha com histórias, remédios não vão me fazer andar.

– Tratamentos como terapia muscular, não remédios. – Disse e continuou. – Mas o assunto no momento é outro e vou ser direto. Para quem você trabalha?

– Eu não sei o nome dele. – Respondeu.

– Olha, seu amigo me disse a mesma coisa, ele está voltando para o hospital agora mesmo, então é melhor colaborar comigo, por que assim eu posso achar os caras que fizeram isso com você. – Falou, depois de sorrir por um tempo o homem falou.

– Não minta pra mim dizendo que vai achar esse cara para me ajudar, por que não é. – Disse. – Mas eu quero sim que eles se ferrem pelo que fizeram comigo. – Continuou. – Eu realmente não sei o nome do chefão, eles eram bem organizados e reservados, nenhum dos outros idiotas que eu vi deveria saber. Mas eu sei dizer o nome de três pessoas que comandavam os outros, talvez eles saibam quem é o verdadeiro chefe.

– Qual o nome deles, e como eram? – Perguntou Larry, já sedento pela informação.

– Um se chama Tadeu, meio marrento, era um cara forte, não gordo. Cabelos castanhos e olhos verdes. Era amigo daquele que morreu, o Isaque. – Continuou. – A outra gostava de ser chamada de Pink, o cabelo dava jus ao nome, era rosa choque, usava roupas de couro e parecia ser uma dessas garotas que sabem usar uma arma caso fosse preciso. – Prosseguiu. – O último é o Bóreas, esse se achava o manda-chuva de tudo, tinha cabelo escuro, usava roupas de couro também e tinha uma moto muito maneira que sempre estava com ele, mas naquele dia não estava.

– Que tipo de moto era?

– Uma Harley-Davidson, não sei o modelo, mas com certeza era customizada. Ela era preta, tinha uns desenhos de caveira e chamas verdes.

– Desenhos, não adesivos?

– Não, são diferentes, eu teria notado se fossem adesivos.

– Parecia nova?

– Com certeza, conheço rodas. Trabalhei para uma indústria de pneus, aquelas são as primeiras, pois os parafusos não estavam frouxos.

– Então, eles estavam no galpão antes de chegarmos? – Perguntou Larry.

– Sim, saíram em uma caminhonete, mas não nos disseram para onde estavam indo. Foram todos, e mais alguém. Não pude ver o rosto por que estava com um saco preto na cabeça, mas pelo corpo, era uma garota. – Disse por fim. A cabeça de Larry estava a mil por hora, os desgraçados fugiram por muito pouco, agora poderiam estar em qualquer lugar. – É tudo que eu sei.

– É o suficiente, obrigado. – Larry agradeceu e saiu da sala. Encontrando Pedro do lado de fora. – Converse com ele se quiser, procure os nomes, quero achar esses caras o quanto antes.

– Sim senhor, aonde vai? – Perguntou.

– Encontrar o cara que fez a moto, pela descrição dele, só tem um cara em toda a cidade que faz esse trabalho. – Disse e saiu da agência.

...

Carla estava terminando de fazer o lanche da tarde quando escutou a moto de Cebola chegar. Só deu tempo de terminar o suco de limão antes de ele entrar na cozinha.

– Olá, Carla. – Cumprimentou. – Hum... Que cheiro bom.

– Acabei de fazer bolo de chocolate, vamos, sente-se e coma. – Pediu e ele assim fez. – Como foi na escola?

– Tudo bem, o pessoal se mostrou solidário e tudo o mais. Até mesmo o diretor conversou comigo, aproveitei e resolvi a questão das minhas faltas. – Comeu um pedaço de bolo, como sempre estava uma delícia. – No geral foi tudo bem. E você? Como passou o dia?

– Ah, trabalhei um pouco resolvendo coisas da empresa. – Se sentou à mesa também. – Amanhã tenho uma reunião importante, tenho que me preparar. Não sou muito boa falando em público, mas eu me viro. – Tomou um gole do suco de limão e reparou que Cebola estava olhando pra ela de um jeito esquisito. – O que foi?

– Nada, é só que... Ainda não me acostumei com toda essa novidade. Além de ser minha sogra, ainda toma conta da Restore. – Também tomou um gole do suco. – É esquisito pra você falar sobre a empresa abertamente?

– Um pouco, mas eu me acostumo. É um alívio também, na verdade. Você é como um filho para mim, Cebola. Não sabe com é difícil guardar segredos da família, é muito bom finalmente ter botado tudo pra fora.

– Já pensou na reação da Mônica quando voltar? – Disse ele, quase podendo ver a cara de choque de Mônica.

– Já sim, na verdade, quase contei para ela a verdade muitas vezes, mas sempre desisti. – Ela olhou para o bolo de chocolate. – Quando dei por mim, ela já estava crescida, não fazia mais sentido contar depois de tanto tempo, talvez eu tenha me conformado ou ficado com medo de contar.

– Não precisa ter medo. – Falou Cebola. – Você cuidou dela a vida toda, ela praticamente já te considera uma mãe, talvez ela fique confusa sim, mas você nunca esteve ausente.

– É... Talvez. – Cebola colocou uma de suas mãos sobre a dela.

– Acredite, ela vai ficar muito feliz quando souber a verdade. Eu garanto. – Ele sorriu para ela. Carla suspirou.

– Se ainda tivesse mais uma chance de estar com ela... Não importando como ela reaja. Só quero tê-la aqui com a gente de novo. – Disse. – Sinto tanto a falta dela.

– Eu também. – Falou Cebola. O momento foi cortado pelo som da campainha. – Está esperando alguém?

– Não. – Carla se levantou. – Deixe que eu atendo.

Assim que ela passou pela porta, Cebola comeu um pouco mais do bolo. Pôde ouvir a conversa que rolava na sala. “Oh! Que surpresa, sejam bem vindos, entrem! Cebola, temos visitas!”, ouviu Carla dizer. Relutante em deixar o maravilhoso pedaço de bolo, se levantou e foi até a sala.

– Cascão, Magali. – Falou.

– Oi. – Disse Magali gentil como sempre, cumprimentando-o. Logo depois se aproximou e lhe deu um abraço. – Não tive tempo de vê-lo hoje, Cascão disse que você foi à escola?

– Sim, é verdade.

– Isso é ótimo! Estávamos preocupados com você.

– E aí cara. – Cascão lhe deu um cumprimento de mão. – Hum... Isso é cheiro de bolo?

– Sabia... Me visitar uma ova, você veio é pra comer a comida de Carla. – Brincou.

– Ah, que nada. Não é minha culpa se apareci no momento certo.

– Hahaha, fiquem tranqüilos. Por que não se sentam? Eu trago o lanche até aqui, assim ficamos mais a vontade. – Sugeriu Carla.

– Eu te ajudo. – Carla aceitou, assim foram as duas até a cozinha.

– Cara, que semana. Não vejo a hora de terminar os estudos. – Cascão falou, se jogando no sofá.

– Olha os modos, Carla mata você se sujar o sofá. – Avisou Cebola, Cascão se endireitou. – Nem acredito que só faltam dois meses. Nós não vamos mais nos ver todos os dias, vai ser triste.

– Não esquenta, com a Carla ainda estando aqui depois disso, pode apostar que vou te visitar todos os dias. – Fez graça e Cebola riu.

– Pior que provavelmente é verdade. – Disse e Cascão sorriu mais ainda. As mulheres reapareceram com suco, bolo e umas rosquinhas.

– Oba! - Exclamou Cascão com um brilho nos olhos.

– Fique quieto seu esfomeado, não exagere, é pra todo mundo. – Avisou Magali, tentando usar uma voz de autoridade, mas não adiantou muito, Cascão enfiou metade do pedaço de bolo na boca. – O que eu acabei de dizer?!

– Desfulpha... – Falou de boa cheia. Magali apenas revirou os olhos e voltou a atenção para os anfitriões.

– E então? Como estão as coisas?

– Até agora, tudo bem. Mas poderiam estar melhores. – Disse Carla.

– Eu sei, também sinto muita falta dela. – Falou Magali. – Não sei se só acontece comigo, mas perco um pouco do sono à noite, pensando no que aconteceu e aonde ela possa estar. Se está bem, se... Está segura.

– Eu também, todas as noites e o tempo todo. – Falou Cebola. – Esse foi um dos motivos para que eu voltasse à escola, eu me martirizava com perguntas sem respostas, isso estava me consumindo por dentro.

– Mônica é uma menina extraordinária, muito inteligente e astuta. Sempre acreditei na força dela, talvez por isso ainda tenha esperanças de que um milagre aconteça. – Disse Carla.

– Vai sim, vocês vão ver. Logo, logo ela vai estar aqui com a gente. - F alou Magali.

– Me lembro de uma vez no parque, talvez tenha sido a primeira vez que vocês quatro brincaram juntos. – Sorriu Carla. – Eu levei Mônica para um passeio, fomos ao parquinho, e ela queria muito brincar em uma casinha que mais parecia um pequeno castelo. Ela ficou lá por uma meia hora brincando com outra menina, era magrinha e tinha cabelos negros. – Magali sorriu. – Mas de repente, um menino meio careca, com alguns fios na cabeça, chegou perto do castelinho e se espantou ao ver duas meninas lá dentro. – Cebola sorriu. – Ficou indignado, gritou para que elas saíssem de lá, que ali era a sua propriedade, mas elas simplesmente fecharam a porta do castelinho na cara dele.

– Hahaha! – Riu Cebola. – Eu me lembro disso.

– Depois, ele disse com toda a certeza do mundo que elas iriam sair dali de um jeito ou de outro. Não tão longe tinha outro menino, este não era totalmente careca, mas seus cabelos eram emaranhados e estava todo sujo de terra, pois estava brincando em um banco de areia. – Cascão sorriu. – O primeiro menino pediu ajuda a este, e disse que iria lhe dar três jujubas se o ajudasse.

– Um grande pagamento. – Riu Magali.

– Para crianças, era a melhor coisa do mundo. – Informou Carla. – O menino sujinho...

– Vamos voltar aos nomes? Sujeira não faz mais parte da minha vida. – Pediu Cascão, Magali e Cebola riram.

– Está bem, desculpe. – Continuou. – Enfim, Cascão foi até um pequeno lago e pegou um sapo. Os dois foram silenciosamente até o castelo e jogaram o bichinho lá dentro. – Todos sorriram, menos Magali. – O pandemônio já estava feito, Mônica e Magali começaram a gritar desesperadas. Cebola e Cascão riam que se matavam. Foi aí que aconteceu, as meninas saíram do castelo e os meninos comemoraram, Cebola entrou no castelo para pegar o sapo, quando saiu foi atingido com força por um coelho de pelúcia azul várias e várias vezes. – Agora, todos riram, menos Cebola. – Era a Mônica, tentando acertar o sapo.

– Hahaha! Eu me lembro disso. – Riu Cascão.

– É... – Cebola acariciou a cabeça, se prestasse atenção ainda poderia sentir o calombo que se formou depois da sua primeira coelhada. -... Eu também.

– Vocês quatro estavam fora do castelo, tentando achar o sapo que já tinha dado no pé naquela confusão, que nem notaram os três meninos mal encarados chegando. O do meio entrou na casinha, Cebola viu isso e foi pedir para ele sair, por que estava brincando ali primeiro. Ele nem deu muita bola, mas quando Cebola se aproximou, ele o empurrou e o Cebola caiu de bunda no chão, os meninos começaram a rir e caçoar da careca dele. Ele quase chorou, mas Mônica veio em seu auxilio e tentou defendê-lo.

– É mesmo, aqueles caras eram grandes. – Disse Cascão.

– Eu me lembro disso. – Disse Magali, e continuou a história. – Mônica bateu boca com eles, o menino tentou empurrá-la também, mas Mônica foi mais rápida e saiu da frente, ele tropeçou e caiu de cara na lama. Com raiva, ele se levantou e iria começar a brigar, se não fosse pelo nosso grande herói, teria acontecido uma briga feia.

– Grande herói? – Essa parte Carla ficou confusa.

– O sapo. – Disse Cebola. – Ele estava na lama, quando o garoto caiu. O coitado foi parar dentro da roupa dele. Quando ele sentiu que estava preso tentou sair, mas o garoto se afobou e começou a gritar: “tem um bicho na minha calça!”.

– Hahaha! – Todos riram.

– Depois disso lembro que vocês viraram grandes amigos e ainda dividiram o castelo. – Falou Carla.

– Pois é... Bons tempos. – Disse Magali.

– Ah! E aquela vez que descemos o barrando com o carrinho que eu construí? – Falou Cascão.

– Tive pesadelos depois desse dia, no que eu sempre acabava em um acidente horrível – Disse Magali.

– Aquilo não era um carrinho, era uma tábua com rodas. – Disse Cebola.

– Era sim! O carro mais rápido do bairro. – Sorriu Cascão, com orgulho.

– Ah! Lembrei de uma, vocês vão gostar desta... – Exclamou Magali.


Os quatro continuaram a conversar sobre os velhos tempos, lembranças boas, outras ruins, coisas do cotidiano. A companhia era do que estavam precisando naquele momento, esfriar a cabeça, deixar as preocupações de lado, isso faz bem de vez em quando.

...

Larry estacionou o carro perto da oficina. A hora comercial já tinha passado, mas oficinas como essas não fechavam tão cedo. Andou calmamente até lá, aparentemente não havia ninguém, mas aí um barulho de algo sendo martelado foi ouvido. Larry andou imediatamente até o som.

– Olá. – O cara estava debaixo do carro.

– Ei. – Respondeu o homem. – Só um minuto. – Pouco tempo depois, ele rolou debaixo do carro com um carinho que parecia mais um skate reforçado. – Larry! Tudo bem, cara? – Se levantou e o cumprimentou com um aperto de mão.

– Oi Tony. Mais ou menos. – Falou. – É bom te ver também, cara. Mas preciso de ajuda. – Tony era um velho conhecido de Larry, antes de abrir a oficina ele atuava como policial, mas abandonou a carreira.

– Com o quê?

– Mataram a Susan. – Falou.

– O quê? – Exclamou, chocado. – Mas, como? Quando? O que aconteceu?

– Pois é, aconteceu uns meses atrás, um acidente de carro forjado. Estou tentando achar o desgraçado.

– Caramba, eu nem sei o que dizer. Sinto muito. – Lamentou. – Mas o que você quer que eu faça?

– A coisa é mais complicada do que parece. O verdadeiro cara que a matou não aparece muito em público, mas ele é daquele tipo que compra ratos para fazerem o serviço pra ele. – Continuou. – Você ainda tira foto das motos que monta, certo?

– Sim, é bom para a divulgação da loja. – Respondeu, ligando as peças na cabeça. – Você acha que algum cliente meu esteja envolvido no assassinato?

– Infelizmente. Pode mostrar as motos que fez nos últimos meses?

– Claro, venha. – Tony o levou para o escritório, as fotos ficavam armazenadas no computador. – Sabe como ela é?

– Um cara disse que ela é preta, com caveiras e chamas verdes. – Respondeu.

– Chamas verdes? – Ele procurou no arquivo. – Fiz uma não tem muito tempo... Aqui! Modelo Softail Blackline, customizada. Terminada nove meses atrás. O nome do cara é estranho, Bóreas H. Niggi. Acho que me lembro dele, é um cara novo, deve ter quase trinta anos.

– Pode imprimir as informações dele, junto com as da moto? – Larry pediu.

– Claro. – Disse, e um minuto depois a impressora estava funcionando. – Larry, tome cuidado, amigo. Sabe que esse tipo de pessoa não brinca em serviço.

– Eles mataram minha irmã, Tony. – Ele falou, sério. – Agora sou eu que não estou de brincadeira. – Estendeu a mão para um cumprimento. – Obrigado pela ajuda, o verei em breve.

– Até, e boa sorte.

...

Cebola entrou em seu quarto e fechou a porta logo em seguida. Iria tomar um banho, o dia foi pra lá de cansativo. Tirou a roupa e entrou debaixo do chuveiro. Por que sentia vontade de chorar? Seu coração se apertou de tal forma, mas não tinha acontecido antes, a não ser no momento em que percebeu que Mônica tinha sido raptada.

Será que estava acontecendo algo com ela naquele exato momento? Algo... Ruim?

Balançou a cabeça com força pra tirar aquele pensamento da cabeça, o dia de hoje aconteceu exatamente para esse tipo de coisa não acontecer novamente. Terminou o banho, pegou uma toalha, amarrou-a no quadril e saiu do banheiro.

“Não adianta”, pensou, sentando-se na cama. Olhou para uma foto dele abraçando Mônica por trás, era uma foto recente. “Esse tormento só vai parar quando ela estiver de volta, comigo, em segurança de novo”. Pegou a foto para olhar mais de perto, lembrou-se de cada momento daquele dia que tiraram a foto.

– Ah, meu amor... Como sinto sua falta. – Sem querer deixou uma lágrima molhar a foto. -... Tomara Deus que esteja bem.


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Notas finais do capítulo

Mônica, Mônica... Como será que ela está?


Vocês vão descobrir isso no fim de semana, fiquem atentos, os próximos capítulos prometem reviravoltas emocionantes.


Obrigada ao pessoal que está comentando e acompanhando a história, vocês são minha inspiração para terminar este trabalho. ;)



Vejo vocês no fim de semana.




Té+!