Te Amar Ou Te Odiar? escrita por Dani25962


Capítulo 49
A verdade III


Notas iniciais do capítulo

Olá povo! Não me machuquem, eu vim com um novo capítulo como oferta de paz.



O que aconteceu foi que... Eu empaquei. É isso. Eu escrevi durante esse tempo, estava indo bem e pensei até em postar bem antes, mas... Tinha alguma coisa que não batia. A história precisava de algo mais, mais uma linha, uma palavra, uma emoção expressa, essas coisas fazem muita falta.

Agora, acho que está melhor. Desculpem pela demora, mas eu nunca postaria algo sabendo que poderia fazer melhor.

É isso, espero que gostem.



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Pov. Autora

Henry estava recostado à cadeira, com o rosto virado pra cima, fitando o teto. Mônica tentou subir um pouco mais o corpo para poder ter uma visão melhor, com a cabeça mais inclinada ela pôde ver que Henry sorria, parecia estar vagando nos próprios pensamentos.

Tudo aquilo parecia loucura, ele mesmo, sem dúvidas, era meio louco. Pelo jeito, o velho era uma pessoa normal até acontecer tantas tragédias quase ao mesmo tempo, ninguém nunca deveria perder os pais com tão pouca idade – disso entendia bem - ou presenciar um assassinato sendo que, teoricamente, ele ainda tinha idade de acreditar no Papai Noel.

Ele tinha contado a história da sua juventude, mas ainda não explicava o que tudo aquilo tinha a ver com o que estava acontecendo agora. Por que Mônica estava ali? Se seu avô o conhecia, como nunca o mencionou? E o mais intrigante... Evangeline, já tinha escutado esse nome, mas não conseguia se lembrar. Era uma memória antiga.

Henry se encontrava em um estado deplorável, conseqüência da bebida. Mônica pensou o óbvio consigo mesma, ele estava despejando todo o sofrimento que passou, depois de tanto tempo, ele finalmente estava confessando. Mas por que aqui? Por que agora? Por que com ela?

– Isso mesmo... – Ele disse, mais para si mesmo. – Essa foi a primeira vez que falei com Marcio, quando cheguei à faculdade... Eu estava totalmente perdido, num lugar estranho em uma cidade estranha. Ele foi de extrema ajuda e se tornou meu amigo. – Henry continuou a sorrir para o teto, como as pessoas geralmente fazem quando estão distraídas e se recordam de uma lembrança boa.

– Vocês, ahn... – Mônica se manteve quieta, não querendo interrompê-lo enquanto contava a história, mas resolveu falar para lembrar Henry de que não estava sozinho. – Vocês estudaram juntos?

– Sim. – Respondeu Henry, sem hesitação. – Nós nutríamos a mesma paixão por administração, era um dos melhores cursos, atrás apenas da medicina e direito. Marcio me disse que havia ficado em dúvida entre cursar administração ou direito, mas resolveu fazer um primeiro e depois o outro, quem sabe...

...

Pov. Henry

“Ele se preocupava bastante com o meio ambiente, com as pessoas e pensava em abrir um negócio para ajudar essas duas coisas. Quase todos os dias eu via o quanto ele estudava e batalhava para concretizar esse sonho. Certa noite, quando eu fui convidado para jantar em sua casa, eu conheci a família dele, um pai, uma mãe e um irmão. A comida estava ótima, o clima também agradável.

Aquele dia foi muito importante, por que, na verdade, eu não tinha superado nada do que tinha acontecido, a morte dos meus pais, o tiroteio com aqueles contrabandistas, a rejeição de Evangeline... Guardei tudo isso pra mim e nunca disse a ninguém, até porque, parecia mais fácil deixar essa lembrança morrer na minha cabeça, coisa que era meio difícil. Não consigo me lembrar de todas as noites que passei chorando, mas foram muitas.

Ali, naquela família, senti um conforto muito bom que há muito não sentia. Eu me sentia parte de uma família de novo, e aquilo foi muito bom. Durante três anos Marcio e eu estudamos juntos, dando o máximo de nós para nos tornarmos verdadeiros profissionais empreendedores. Ele sempre dizia que o que estávamos aprendendo na faculdade não era para nós, mas sim para ajudar aos outros. O que era totalmente verdade.

Precisamos criar uma ideia totalmente inédita para o trabalho final do curso, juntar nossos talentos e criar uma ideia inovadora. Bom, nós dois tínhamos alguma sabedoria sobre plantas, mas Marcio era muito mais habilidoso com máquinas e invenções malucas. Nisso, criamos um irrigador eficiente, que poderia molhar qualquer plantação da forma correta e mais econômica. Também inventamos uma máquina de mudas. Toda e qualquer empresa que mexe com importação e exportação de madeira precisa reflorestar o terreno. Para preparar as mudas criamos uma máquina que faz em dez minutos o que toda uma equipe faz em uma hora. Era brilhante, horas e horas de trabalho, mas conseguimos.

Marcio se enterrava nos livros por tanto tempo que quando saíamos para nos divertir nos tempos de folga ele nunca sabia como convidar uma moça pra dançar, aliás, ele nem sabia dançar. Eu tinha mais jeito, sorte que as garotas bonitas gostavam de mim. Cheguei a namorar três ou quatro garotas no tempo da faculdade, entretanto, nunca me apaixonei de novo.

Um dia, no último semestre da faculdade, notei que Marcio estava meio distante, perguntei o que ele tinha, mas sempre mudava de assunto. Eu o conhecia muito bem para saber que estava assim por alguma garota, afinal, sempre que ele se interessava por alguma ficava com uma cara de idiota durante uma semana. Mas aquela vez foi diferente, a semana se tornou um mês e eu estava muito curioso para saber quem era a garota.

Numa tarde, quando nos encontramos para tomar um café, eu o confrontei e perguntei quem era a pobre moça que tinha fisgado seu coração. Era muito engraçado o quanto ele ficava constrangido com o assunto sobre o sexo feminino, mas finalmente disse a verdade. Ele havia topado com uma garota muito bonita na biblioteca, uma caloura de Direito que tinha acabado de se mudar. Eles se encontravam algumas vezes por semana, por que o horário que eles tinham oportunidade de estar na biblioteca coincidia e foi assim que se conheceram.

Na mesma hora falei que iria acompanhá-lo na próxima ida à biblioteca para conhecer a garota, ele tentou me impedir, mas quem ganhou a discussão no final fui eu. No dia seguinte eu o acompanhei, a garota já estava lá e qual não foi a minha surpresa em saber que eu já a conhecia. Era Evangeline. A minha Evangeline.

Assim que ela nos viu sorriu para Marcio, mas quando reparou em mim, seu olhar ficou totalmente surpreso e no segundo seguinte veio correndo em nossa direção e me deu um abraço de urso. Ela sorria boba e dessa vez eu é quem estava com cara de idiota. Um idiota totalmente atordoado.

– Henry! – Disse ela depois que se soltou de mim. – Meu Deus! Quanto tempo! O faz aqui?

– Vocês se conhecem? – Disse Marcio, entrando na conversa.

– Ahn... Pois é, nós já fomos vizinhos por uns anos, ela é uma amiga de colégio. – Eu falei ainda tentando processar a situação. – O que eu faço aqui? O que você faz aqui. Eu estudo aqui, estou quase me graduando.

– Espere... Então, Marcio, esse é o seu melhor amigo que mencionou no outro dia? – Ela perguntou olhando pra ele, que assentiu, ela riu dessa vez. – Hahaha! Que mundo pequeno. Eu também estudo aqui, mas acabei de entrar.

– Pensei que você já tivesse entrado em alguma faculdade.

– Pois é, problemas de família, tive que segurar a faculdade por um tempo, mas agora estou de volta a ativa! Coisa que não é tão divertida com o tanto de trabalho que tem pra fazer. – Ela fez graça.

– Problemas de família?

– É minha tia, ela estava doente e infelizmente morreu de câncer não faz muito tempo. – Seu semblante se tornou um pouco mais abatido. – Gostava dela.

– Sinto muito. – Disse.

– Tudo bem, obrigada. – Ela se virou pra a mesa que estava sentada, pegou seu material e voltou. – Estão ocupados? Podemos ir tomar um café e conversar, já acabei por aqui.

– Por mim tudo bem. – Falei.

– Tem certeza que me querem junto? Posso atrapalhar o momento de reencontro. – Falou Marcio fazendo drama.

– Deixe de besteira, é lógico que quero você conosco. Quem mais iria me contar sobre as burradas que Henry fez nesses últimos anos? – Ela disse animada, e eu soltei um suspiro. Seria uma longa tarde... – Vamos lá!

Até que foi uma tarde bem agradável, apesar da avacalhação sobre minha pessoa, o que rendeu muitos risos e gargalhadas de Evangeline. Eu confesso, meu coração disparou desde o momento em que a vi. Parece que o primeiro amor adolescente não é tão fácil de esquecer até que apareça algum outro.

Nós nos encontramos algumas vezes mais depois dessa, cinco meses depois, Marcio tomou coragem de pedir Evangeline em namoro, ela aceitou e eu fiquei feliz pelos dois. No final daquele ano, Marcio e eu apresentamos nosso trabalho, felizmente, os professores adoraram a ideia “inovadora”, como chamaram. Marcio explicou que as invenções ajudariam o meio ambiente, mas se as empresas adotassem essa ideia várias pessoas perderiam o emprego, por isso ele apresentou ideias para novos cargos, para que as pessoas ainda tivessem o que fazer.

Muitos adoraram, professores nos parabenizaram pela originalidade e solidariedade para com a comunidade. Assim que nos formamos, fomos convidados a trabalhar em várias empresas importantes, mas eu disse a Marcio para recusar. Ao invés de trabalhar nelas, faríamos parceria com elas. Com a fortuna que ainda me restou daquele dinheiro maldito, comprei um prédio de três andares, ali formamos nossa primeira sede da empresa que se chamaria “Restore”. Eu e Marcio nos tornamos sócios, eu com o financiamento e ele com as ideias. Chegamos a chamar antigos colegas de curso para fazer parte da equipe.

Para os primeiros dois anos de empresa, foi muito bom. Fizemos parcerias, construímos mais máquinas e participamos de muitos outros projetos. Marcio estava muito feliz, tanto que, na noite da festa de segundo aniversário da empresa ele fez um pedido público de casamento à Evangeline. Ele se ajoelhou no meio da sala, na frente dela e de todos, ela, com lágrimas de felicidade, aceitou o pedido.

Lembro que, assim que voltei pra casa depois da festa, meu peito começou a doer, não sei explicar que tipo de emoção era, estava feliz pelos dois, mas mesmo assim, partia meu coração saber que perderia meu amor para sempre.

Por vezes eu repeti a mim mesmo o quanto estava sendo idiota, era a felicidade dela que mais importava, ela amava Marcio, que também retribuía ao amor dela. Ele era um bom homem e a respeitava, eu não devia de forma alguma interferir nisso, mesmo que uma parte de mim queira fazer isso desde o momento em que descobri que os dois estavam saindo juntos.

O casamento aconteceu alguns meses depois, foi modesto, mas acolhedor e emocionante. Cheguei a ser o padrinho do noivo. Marcio parecia uma criança prestes a ganhar o melhor presente de natal de todos, assim como também parecia muito nervoso, como um saltador antes de pular em uma argola de fogo.

Apesar da tradição sobre a noiva chagar atrasada ao casamento, Evangeline já estava na igreja, em uma sala, esperando para que lhe buscassem para o começo da cerimônia. Aproveitei a oportunidade e fui falar com ela.

– Evangeline? – Disse depois que bati na porta. Ouvi um “pode entrar” e entrei. Nada, em toda a minha vida, se comparou à linda visão de Evangeline com um vestido de noiva. Ela estava deslumbrante, o vestido lhe caía muito bem, o decote não era ousado, o tecido não era longo ou enfeitado demais, era perfeito e feito para ela. – Uau.

– E então? Acha que estou bem? Será que Marcio vai gostar? – Ela perguntou tímida e nervosa, aparentemente.

– Se ele vai gostar? É lógico que vai, se não gostar eu me caso com você. – Eu falei sério, mas ela riu.

– Não seja bobo. – Eu sorri pra ela. - Obrigada por estar aqui Henry. – Ela hesitou antes de dizer. – Estou nervosa. – Confessou.

– Não precisa ficar nervosa. – Falei. – Você só vai ter que andar por um corredor, ficar ao lado de Henry, dizer umas palavras e depois vamos beber.

– Você é mesmo impossível com as palavras. – Ela deu um riso abafado. Olhou para o espelho redondo do canto, admirando-se, e depois voltou o olhar para mim. – Isso é estranho.

– O quê?

– Isso, essa... Situação. – Ela sorriu constrangida, parecendo se lembrar de alguma coisa. – Você gostava de mim no passado e agora, é padrinho do meu noivo.

– Pois é, o mundo dá voltas.

– Sei que é uma pergunta absurda, mas... – Mais constrangida agora. – Você ainda gosta de mim? – Se me perguntassem isso em outras circunstâncias, eu gritaria sim. Gostaria muito de fazer isso agora, mas infelizmente, não podia.

– É claro que gosto. Como se esquece um primeiro amor? – Eu disse. – Todos na vida temos um, além disso, você se tornou uma grande amiga e eu fico imensamente feliz por ainda estar aqui com você, no dia mais importante da sua vida. – Sorri para ela e fui correspondido. Evangeline levantou um pouco o vestido para poder se locomover sem pisá-lo, se aproximou e me abraçou.

– Droga, Henry, você deveria só me deixar tranqüila. – Ela disse depois de um tempo. – não me faça chorar agora.

– Hehe, desculpe. – Eu disse, aconchegando-a um pouco mais em meus braços, o cabelo dela tinha um cheio bom de flores.

Uns minutos depois Evangeline foi chamada para ir até a porta da igreja, tudo já estava pronto. Durante a cerimônia, do começo ao fim, não parava de olhar Evangeline, linda naquele vestido branco, sorrindo... Para Marcio. Ela estava feliz.

Três anos depois, a empresa prosperava, os trabalhadores se esforçavam todo o dia, um acidente aqui ou ali, mas tudo corria bem, ou quase. Certo dia, entrei no escritório e encontrei um Marcio cabisbaixo, coisa que não acontece sem um bom motivo.

– Ei, está tudo bem? – Perguntei a Marcio.

– Sim, claro. – Ele disse tentando parecer bem. Ajeitou-se na cadeira, tentando fazer uma pose de “chefe ocupado” pra mim. – Temos que olhar o relatório daquela empresa sobre o terreno de difícil acesso, talvez tenhamos que alugar um caminhão mais resistente... – Ele me entregou uma pasta cheia de papéis, mas eu apenas os peguei e joguei de lado.

– Vamos lá. – Falei olhando sério pra ele. – O que está acontecendo?

Marcio sustentou um olhar sério de chefe, mas não por muito tempo. Por fim, suspirou, sabia que não podia esconder as coisas de mim, depois de uns segundos ele apenas disse: “É Evangeline.” Fiquei confuso.

– O que houve? Vocês brigaram?

– Não, nada disso. Foi sobre algo que descobrimos, estamos casados há três anos e ela nunca... Bem, engravidou.

– Sim...

– Ela fez uns exames recentemente. O médico disse que existe um problema com ela que, bem, eu não sei o nome técnico disso, mas de qualquer forma, faz com que ela tenha dificuldades para engravidar.

– Qual é a probabilidade?

– Muito pequena. Muito mesmo. – Ele ganhou um semblante mais tristonho. – Ele falou que poderíamos continuar tentando, mas, se quisermos mesmo ter um filho, disse que a melhor possibilidade seria adotarmos. Não sou nada contra a adoção, muito menos Evangeline, mas...

– Eu sei... – Disse. – Querem ter um filho de vocês. – Se conhecia Marcio o suficiente, então sabia o quanto ele estava sofrendo. – Marcio, vocês vão conseguir. As chances são mínimas, não nulas.

– Eu sei, mas...

– Mas nada. – O interrompi. – Você, meu amigo, é a prova de que um sonho pode ser possível. Tanto que tenho noites em claro, várias invenções e uma empresa pra provar isso. – Ele sorriu. – Você ama Evangeline?

– Muito.

– Foi seu sonho se casar com ela um dia, e ele se realizou. É seu sonho agora ter um filho com ela, mesmo que seja difícil isso vai acontecer. As coisas mais preciosas na vida não são dadas a nós sem que tenha algum esforço, se você tem uma chance, aproveite-a.

– Tem razão... – Ele disse depois de meditar um pouco sobre o que eu disse. -... É minha única chance de ter um garoto tão fissurado em invenções quanto eu, ou uma garota. - Sorriu fazendo graça, eu dei um riso abafado. – Obrigado.

– Não a de quê. – Levantei para lhe dar um abraço. – Boa sorte.

– Valeu. – Nos separamos. – Vamos, temos trabalho a fazer, uma empresa não se move sozinha.

...

Pov. Autora

Henry encheu o copo de whisky mais uma vez, seus pensamentos estavam embrulhados em dor, amargura e arrependimento. Aquelas lembranças o atormentaram por toda a vida, botá-las para fora chegava a dar certo alívio, mas não muda o passado.

– Eles demoraram um pouco, cerca de um ano e meio, mas conseguiram. Evangeline engravidou. – Tomou um gole. – Deveria ter visto quando ela soube da notícia, foi correndo para a empresa contar a Marcio. Nunca vi homem tão feliz.

– Era o que eles queriam. – Comentou Mônica.

– Sim. Era o desejo deles, eu também fiquei feliz, até animado com a notícia. Meus dois melhores amigos finalmente formariam uma família completa. – Ele fez uma pausa antes de continuar. – Lembro do dia do parto, eles escolheram não saber o sexo da criança, queriam deixar para saber apenas quando ele ou ela nascesse. Marcio ficou desesperado, mais ainda no hospital, quando pediram para ele esperar na sala de espera...

...

“Ele andava de um lado para o outro, ofereceram-lhe água, mas ele negou. Pediram para que sentasse e tentasse se acalmar, ele até tentou, mas não teve jeito, o nervoso voltava a cada grito de dor de Evangeline que vinha da sala de parto e ele tornava a andar.

– Ela está gritando demais. – Disse ele preocupado. – O que será que está acontecendo?

– Marcio. – Eu disse, ele fazia aquela segunda pergunta frequentemente, muito mesmo. – Se acalme. Ela está bem. Bom, pelo menos, o máximo de bem que uma mulher pode estar enquanto está parindo um filho. – E mais uma grito foi ouvido.

Ele parecia estar lutando contra os próprios instintos para não sair correndo para a sala de parto, mas quando os gritos cessaram e um choro de bebê foi ouvido, Marcio parou estático no meio da sala, apenas encarando o corredor, de onde vinha o som do choro.

Eu senti um alívio, pelo menos, a criança nascera viva, já tinha visto alguns casos de nascituros que nasciam mortos. Alguns minutos de aflição se passaram antes de uma enfermeira meio baixinha entrar na sala de espera.

– Marcio Sousa? – Ela perguntou, estava segurando algo em seus braços, não dava para ver, mas provavelmente era um bebê. Pelo jeito que Marcio olhava para ela acho que deduziu que ele era o pai. Sorriu gentilmente antes de perguntar. – Gostaria de conhecer seu filho?

Ele se aproximou dela, eu também. Juntos, olhamos aquela coisinha frágil nos braços da enfermeira, ele era perfeito, tinha tomado um banho, aparentemente e dormia sossegado nos braços dela.

– Meu... Meu filho. – Disse Marcio, sorrindo bobo. – Posso segurá-lo?

Ela deixou, não sem antes ensinar-lhe a maneira correta de segurá-lo. Por um momento pensei que aquele sorriso idiota nunca sairia da boca de Marcio, mesmo que eu também portasse um parecido.

– Oi. – Ele disse para a criança. – Evangeline, minha esposa, ela está bem? – Ele perguntou.

– Sim, está bem, só precisa descansar. – Ela falou. – Preciso levá-lo ao berçário, o senhor precisa esperar um pouco antes para podermos levar sua mulher até o quarto. – Ele entregou o bebê a ela. – Qual será o nome dele?

– Nome? – Houve essa discussão, Marcio e Evangeline não faziam ideia no começo, amigos lhe deram sugestões, mas eu não ouvi nenhum nome concreto, até aquele momento. – Maurício. – Disse Marcio. – Maurício Sousa.

– Está bem. – A enfermeira disse. – Vou deixá-lo no berçário, daqui a pouco eu levo o seu bebê para o quarto. - Ela sorriu para nós antes de sair.

– Meus parabéns, papai. – Eu disse.

– Eu sou pai... – Ele falou, ainda não acreditando nas próprias palavras, eu queria rir. – Eu sou pai! – Do nada ele me abraçou e começou a rir e sorrir que nem um maluco.

...

Pov. Autora

– O dia mais feliz da vida deles... – Falou Henry. -... Depois desse dia, Marcio ficou um pouco mais disperso no trabalho, tinha dias que chegava com olheiras debaixo dos olhos, tudo por que o pequeno Maurício se recusava a dormir antes da meia-noite e sempre acordava às quatro da manhã em ponto.

– Meu pai... – Falou Mônica.

– Sim, ele mesmo.

– Evangeline... Evan... Eva! Vovó Eva! É assim que eu a chamava, quando eu a conheci era muito pequena e não conseguia pronunciar seu nome todo. – Mônica disse, como se um “clique” tivesse acionado e ligado as engrenagens na sua cabeça.

– Eva? – Falou Henry, estudando como o apelido soava em sua voz. – É um belo pseudônimo.

Apesar de Mônica estar amarrada, ela levantou a cabeça o máximo que pôde para encará-lo, tinha muitas perguntas a fazer, mas tinha certeza de que uma bastaria para desencadear todo o resto da história.

– Você se afastou, nunca ouvi falar do senhor, o que houve entre você e meu avô?

Henry não demonstrou reação com a pergunta, continuou olhando para Mônica, ele sabia exatamente o que aconteceu e tinha encontrado uma palavra que resumia tudo.

– Eu enlouqueci. – Disse por fim.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?


A partir daqui, o bicho vai pegar. Henry vai terminar sua história e finalmente dizer o que está acontecendo. Sentem falta do nosso casal favorito?


(Deixo aqui o meu "ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ!!!" por eles terem voltado ao normal na TMJ, sorry fãs de Mônica e DC, até que foram dois anos de namoro bem interessantes, mas eu sabia que a Mônica nunca teria coragem de terminar com ele, ela é gentil demais pra isso.)


Como vocês acham que vai terminar esse circo todo? O Cebola vai salvá-la? A Mônica vai continuar presa? O FBI vai encontrá-la? E a nossa querida Carla, vai ter a chance de contar à própria filha de que está viva?


Mano... Acho que montei uma novela mexicana. Odeio novelas mexicanas. -_-''


Enfim, me desculpem mais uma vez pela demora, vou tentar ser mais breve dessa vez. Fiquem com Deus.


Té+!