Capitulo 7 – Tears.

"Lágrimas nada mais são do que uma das diversas formas de expor aquilo que sentimos sem que seja preciso pronunciar nada."

Aquele dia o sol se pôs com um rapidamente, apesar de que a beleza de tal ato passou-se despercebida tanto pelo moreno quanto pela loira que adormeceram juntos. E estes só vieram a acordar quando a lua já reinava com as estrelas no céu.

A loira acordou devido ao frio que adentrava através da fresta que a mesma abrira mais cedo, e o moreno só viera a acordar devido ao fato de ter dormido apoiando a cabeça sobre a cabeça de Lucy.

A maga ergueu-se com dificuldade logo se espreguiçando e seguindo para a porta de vidro a fim de fechá-la.

– Vou tomar um banho – afirmou-a saindo do aposento do moreno e, assim que fechou a porta, pode ouvir apenas alguns resmungos de Rogue por estar com dor no pescoço devido à posição em que dormira.

Soltou um riso baixo antes de ir ao próprio aposento pegar uma toalha e sua bolsa para logo seguir rumo ao banheiro.

Fechou a porta da casa de banho e logo depositou a bolsa sobre a pia de mármore enquanto a toalha jazia pendurada sobre a divisória de vidro. Virou-se para o espelho de corpo inteiro que ali havia e analisou-se por alguns segundos.

Suas roupas estavam amassadas e seu rosto mostrava-se sonolento. As ataduras em seus braços precisavam ser trocadas e seu cabelo estava desarrumado. Seus olhos haviam desinchado e também não estavam tão vermelhos quanto no dia anterior.

Por fim deduziu que não estava tão ruim quanto a alguns dias atrás.

Suspirou já começando a retirar as faixas dos próprios braços. Logo após começou a despir-se enquanto ouvia algum som provindo do andar inferior.

Ignorando o silencio que havia retornado à loira ligou o chuveiro e foi para debaixo do mesmo ignorando quando a água quente parecia derreter-lhe a pele.

Relaxou os músculos assim que sentiu o corpo adaptar-se a alta temperatura. Fechou os olhos e abaixou a cabeça encostando-a na parede.

Naquele pequeno momento só permitiu-se desabar ao lembrar-se do rosado e do sofrimento que fora para si ter de sair do time. Amava aquela equipe assim como amava profundamente a Fairy Tail.

A loira ainda podia sentir o coração apertar toda vez que se lembrava de como Erza ficara sem reação, ou de como Happy e Wendy estavam chorando antes de ela ir para casa arrumar as malas.

Ela, definitivamente, sentiria falta de estar com o time, de ver a ruiva jogar olhares mortais em Natsu e Gray, ou de ver Charles ignorando Happy para logo em seguida repreender Wendy por alguma bobagem. Lucy sentiria falta de cada uma das coisas que viveu com seus amigos. Mas ela já estava sentindo falta disso quando Lisanna entrou no time.

Ela percebeu. Assim que a albina voltara que foi anunciado que a mesma entraria no time... bom, as coisas mudaram. Não havia mais aquele ar de relaxamento.

Gray e Erza pareciam sempre tensos tentando puxar assunto – o que não conseguiam. Wendy e Charles mostravam-se sempre deslocadas. E a loira... bom, Lucy tentava ao máximo ignorar o fato de que o próprio namorado a ignorava.

Logo um soluço baixo escapou dos lábios da maga. Este logo sendo abafado pelas mãos da jovem. Ela sabia que o rapaz no andar inferior possuía uma audição bem aguçada e Lucy não queria que ele a ouvisse chorando, ou ao menos desconfiasse que ela chorou.

Mordeu o lábio com força rapidamente deslocando-se para pegar a bolsa. Remexeu o interior do pequeno compartimento e logo encontrou o que procurava.

A pequena lâmina brilhou a luz do aposento e logo a loira tomou-a entre os dedos já se voltando para debaixo do chuveiro. A água lavaria qualquer prova do que seria feito.

Fechando o punho com força a loira pode enfim deslizar a lâmina fina sobre a pele. A dor e o ardor atingiram-na rapidamente e, instantaneamente, as lembranças dolorosas sumiam dando lugar ao incomodo e refrescante prazer da dor.

Suspirou em alivio e assim voltou a apoiar a cabeça contra a parede enquanto mantinha o olhar no grande corte que abrira na parte interna do ante-braço.

– Mais um... – murmurou-a observando o sangue escorrer junto com a água.

Fechou os olhos e deixou a cabeça pender para trás.

O alivio de não ter aquilo em seus pensamentos era realmente grande. Talvez seus únicos companheiros verdadeiros fossem seus espíritos, Rogue Cheney e ele. Seu doce amante. A pequena e maravilhosa lâmina brilhosa que a fazia esquecer-se das dores do coração.

Respirou fundo e desligou o chuveiro. Não estava a fim de lavar o cabelo, demoraria demais. Na verdade, a loira estava pensando em cortar seu cabelo, mas ainda não tinha certeza sobre isso.

Enrolou-se com a toalha e escondeu a lâmina entre as vestes agradecendo pelo corte já ter parado de sangrar, ao menos por enquanto.

Respirou fundo e saiu do banheiro, rapidamente seguindo para o quarto e adentrando no mesmo fechando a porta atrás de si.

Suspirou aliviada por não ter avistado o moreno.

Caminhou devagar em direção a mala já aberta e retirou à pequena lamina dentre as roupas já a depositando novamente em sua bolsa. Jogou a roupa suja no canto da cama e pegou suas roupas intimas vestindo-as despreocupadamente. Puxou um short jeans curto e vestiu. Por fim colocou uma camisa negra gola alta de lã sem mangas.

Assim que terminou de trocar-se pode enfim começar a re-enfaixar os braços, mas para seu azar o corte recente acabou voltando a sangrar. E para maior desespero da jovem maga esta podia ouvir os passos de Rogue ecoar no corredor.

– Oh, droga...