“Não importa qual seja a verdade, as pessoas vêem o que querem ver”. – Gossip Girl

Em um piscar de olhos Minerva já havia postado-se ao centro da arena. Foi-se alguns segundos para que Natsu também o fizesse.

– Estou empolgado! – gritou o Dragon Slayer já com o punho em chamas. Se vencesse, quem sabe não pudesse ter uma conversa realmente civilizada com a loira.

A morena lambeu – sensualmente – os lábios pintados de carmim. Estava excitada para aquela batalha. Certamente iria se desestressar. Oh, e como iria.

– Espero que seja interessante... Dragneel. – murmurou, quase cuspindo o sobrenome do rosado.

O juiz – Mato – tremeu ao sentir a densidade e a colisão entre as capacidades mágicas. A tensão – e o rancor aparente – que envolvia Minerva, era quase palpável.

– Comecem! – gritou o pequeno juiz desaparecendo do centro do estádio logo em seguida.

Antes mesmo de Natsu conseguir raciocinar – se é que o mesmo possuía tal capacidade – a morena já havia investido contra si, o mandando em direção há uma das quatro grandes estatuas de sustentação do estádio.

A surpresa de todos era explicita enquanto fitavam - abismados – a cena que se desenrolava.

Logo o rosado apareceu sobre a arena, caindo de uma altura consideravelmente alta, acima de si surgiu Minerva, cuja desferira um chute potente nas costas do Dragon Slayer, mandando-o contra o chão.

No local em que o rosado chocara-se formou-se uma cratera larga e profunda.

A morena – não tendo cansado ainda – apontou ambas as mãos para o rosado e, enquanto caia em queda livre, recitava uma de suas mais poderosas magias.

– I Ragudo... (Desaparecer)

A Titânia e a Sereia podiam ter bloqueado tal magia, mas isso não queria dizer que era qualquer um que poderia o fazer.

– Neer... – o rosado já se via envolto pela magia semi-transparente da tigresa. – Wirg Mion... – já de pé Natsu envolveu o corpo em chamas. Soube que Erza bloqueara aquela magia, e a própria ruiva o contara como fizera.

Assim as labaredas tornaram a se expandir ainda mais.

Minerva caiu graciosamente de pé enquanto continuava a recitar sua poderosa magia, mas diferente de antes, a magia não estava fluindo como uma Yakuma.

– Natsu cuidado!! – fora o grito da ruiva, esta que notou a diferença na densidade da magia que fluía pelo corpo da Orland.

– Derus... – e de movimentos com seus braços, tentáculos surgiram do chão e se ergueram para os céus.

– O-O... O q-que é i-isso...? – gaguejou o locutor de olhos arregalados.

– A mais poderosa caçadora de demônios... – murmurou a primeira mestra, Mavis, de seu lugar a arquibancada.

Estava distante da Fairy Tail naquele momento. Precisava observá-los para ter certeza de que teria força e capacidade para guiar a loira pelo caminho certo. Afinal, o atual estado de Lucy era por culpa de grande parte de seus nakamas, mas isso não tirava a parcela culpa da Heartphilia também, e do passado que a mesma carregava sobre os ombros.

– Elcantias... – já no céu pode-se ver um grande olho se abrir. Este era completamente branco e tinha como único pondo diferente a iris lilás vivo. – Uudin Sesu Irargud!! (Você morrerá aqui!) – em um piscar de olhos os tentáculos agarraram o rosado pelos braços e pernas, puxando os membros como se ansiassem despedaçar Natsu. – Eu não permitirei que machuque a Lucy novamente!! – o grito de Minerva ecoou pelos ouvidos aguçados do Dragon Slayer, não apenas pelos seus devo dizer.

Medo, uma emoção que poucas vezes chegou a sentir. Na verdade, apenas quando enfrentou o real poder de Gildarts fora que a sentiu. Mas naquele momento... Olhando para Minerva... O Dragneel podia sentir o medo correndo por suas veias, paralisando seus movimentos. O fogo, sua magia, ainda estava ali, ainda se fazia presente. Mas o ódio que era transmitido em cada partícula mágica, em cada movimento, em cada olhar de maga... Aquilo o amedrontava de uma forma incomum. Aquilo fazia sua alma tremer e diminuir.

Nem mesmo Erza era capaz de assustá-lo assim, tampouco Gildarts.

– Yagdo... – e quando a voz preenchida de ódio da Orland chegou a seus ouvidos mais uma vez, Natsu permitiu-se tremer verdadeiramente, e esta fora seguida apenas pela voz encorajadora da Titânia.

– Vamos Natsu, você consegue... – e apesar de ter sido um murmúrio o rosado, ainda sim, conseguiu ouvir. Ouvia as palavras de cada um dos seus nakamas.

Mas ele esperava ouvir essas palavras encorajadoras de outra pessoa. Alguém mais importante. Alguém que marcou sua vida – e a de todas as outras fadas – de uma forma inexplicável.

Se Lucy... Sua Lucy, o encorajasse a lutar, naquele momento ele lutaria, e ganharia apenas por ela.

– Rigora!!! – finalizando a magia, pode-se ver o olho nos céus brilhar enquanto a destruição se espalhava pelo chão da arena.

Houve gritos de pavor dos membros da Fairy Tail, afinal aquela magia poderia ter – realmente – matado Natsu.

Mas quando o calor mágico da magia cessou. Quando tudo se acalmou e a poeira baixou, todos puderam contemplar a figura imponente da Orland em pé erguendo os braços ao céu enquanto mais a frente Natsu Dragneel jazia caído desacordado.

– Essa é a Sabertooth!! – berrou-a vitoriosamente.

...

– Mestre!? – indagou a ruiva ainda mantendo os olhos no rosado desacordado sobre a cama a sua frente.

O velho limitou-se há um murmúrio antes de retirar-se do local.

A Scarlet suspirou.

– Tem alguma coisa errada aqui... – comentou o Fullbuster cruzando os braços. Erza limitou-se há um assentimento.

– Também sinto que estamos perdendo algo... – alegou-a.

O silencio pairou tenso, antes de ser quebrado por um pronunciamento vindo do moreno.

– Primeiro Lucy muda subitamente... – começou-o. – Evita o máximo possível o Natsu no Natal, e não passa o Ano Novo na guilda. Quando volta de viajem está de time com os caras da Sabertooth...

– Depois Mira surta e quase mata Natsu e Lisanna, que ela alega não ser mais sua irmã. – continuou Erza, levando uma das mãos ao queixo de forma pensativa. – Sem contar no Laxus sendo super protetor com a Lucy, sendo que jamais os vi trocar uma palavra sequer. Além de também não haver motivos para isso.

– Pelo que Lisanna falou Minerva é bem amiga dela e a protege como se fosse diamante... – murmurou o mago de gelo.

– Wendy está mudando também. – informou a Scarlet. – Destratou Chelia, não fica mais com Charles e agora só anda com o time da Lucy, mais especificadamente, Sting. – concluiu baixo. – O Raijinshu não era de se enturmar muito, mas agora evita qualquer contato com exceção do mestre.

Ouvi um suspiro de ambos.

– Algo está mudando bem debaixo do nosso nariz... – confirmou o Fullbuster trincando o maxilar.

A ruiva acenou confirmando.

– E pelo visto a Sabertooth está envolvida, teimo que nosso mestre também esteja a par disso. – afirmou Erza.

Logo o silencio prevaleceu, enquanto ambos se encaravam seriamente ignorando a presença de Happy e Charles que, naquele momento, tinha uma visão um tanto desconcertante demais.

Mas dentre aqueles que se encontravam no cômodo, nenhum fora capaz de sentir certa presença familiar no aposento.

Logo após alguns longos minutos, os magos - e gatos - retiraram-se com o pretexto de buscar algumas respostas para vários dos misteriosos e inexplicáveis incidentes que aconteceram – e quem sabe poder evitar que novos venham a acontecer.

E quando apenas a figura inerte do rosado encontra-se no cômodo, pode-se ver o surgimento – por detrás da cortina que separava os leitos – de uma figura de medianos cabelos cor de ouro.

Seus olhos brilhavam em um fantasmagórico castanho avermelhado enquanto aproximava-se da cama do Dragneel.

Passou a mão pelos fios rosados sentindo a maciez dos mesmos. Logo desviou o olhar para as ataduras que envolviam o tórax, braços, testa e pernas do jovem Dragon Slayer.

Sorriu ante o feito de Minerva.

O tratamento da morena fora apenas uma caricia gentil ante o que a loira planejava verdadeiramente.

Seu sorriso logo morreu dando lugar há uma face fria e objetiva.

E desta vez não seria apenas Natsu Drageneel quem se machucaria, isso era certeza. Apesar de que os futuros machucados de Natsu seriam mais psicológicos do que físicos.

Com esse pensamento em mente, a Heartphilia retirou-se do aposento.

...

– Octos! – chamou o comensal aparecendo entre as árvores próximas. O moreno notara o aparente desconforto do espírito da Visionária. – Aconteceu alguma coisa?

A mulher de cabelos negros encarou o companheiro enquanto o mesmo sentava-se ao seu lado a beira do penhasco.

Logo voltou sua atenção para as terras distantes que se estendiam pelo vale desértico.

– O futuro... – murmurou-a. – É tão injusta a vida.

– Sério, aconteceu algo? – voltou a indagar, Dante.

A Visionária assentiu.

– Afinal... – começou Octos. – De quantas maneiras um coração pode ser destroçado... – e então seu olhar encontrou-se com o do comensal ao seu lado. - ...e ainda continuar batendo?

A brisa bateu leve balançando as madeixas negras da mulher.

– Octos... – murmurou-o de olhos arregalados.

– Eu tenho medo Dante. – assumiu encarando o céu vermelho acima de si. Era notável as lágrimas geladas que escorriam pela face pálida da gueixa. – Tenho medo do futuro da Lucy.