“O amor é imortal! Você pode negá-lo, sufocá-lo, encerrá-lo; mas ele nunca morre.” – Augusto Cury.

Cerrou o olhar em direção o moreno ao lado do Dragon Slayer Branco. Não era qualquer um que veria os pequenos movimentos irritantes que o mesmo fazia, mas Laxus percebia, e já estava ficando irritado com aquilo.

Mira também parecia não ajudar enquanto olhava nervosa de um lado para o outro, tal como Sting.

Suspirou alto.

– Vocês já estão começando a me irritar – comentou-o. – Ela está bem... Na verdade esta vindo para cá nesse minuto... – e fora questão de segundos para que a loira se mostrasse.

– Lucy onde você estava? – indagou Mira abraçando a loira.

– Tirando um cochilo – murmurou-a sentindo o ar esvair-se dos pulmões diante do abraço de “urso” dado por Mirajane. – M-Mira....

– Desculpe. – riu a albina sem graça.

Logo a Heartphilia pôs-se ao lado do Cheney segurando – discretamente – a mão do mesmo. Claro que ter a loira por perto chamou a atenção de algumas guildas próximas.

– Então... O que eu perdi? – indagou Lucy após alguns minutos de silencio.

– Além da Mira deixando-nos em primeiro lugar com a voz fantástica dela... Nada – comentou Sting.

A maga de chaves permitiu-se rir.

– Já imaginei algo assim... – comentou-a. – Será que já podemos ir para casa? – e assim bocejou.

– Ainda estamos na rodada final – murmurou Rogue, observando Lucy de canto de olhos. – Próxima a se apresentar é a Mira...

Ao ouvir tais palavras um sorriso largo tomou os lábios da garota.

– Na verdade... Eu tenho uma idéia melhor sobre isso – comentou-a tendo o olhar de todos no time em si. – Escutem bem...

...

– Agora vamos ao último time. – informou o apresentador, Abobo, se afastando enquanto aos poucos as cortinas se erguiam.

Aos poucos o céu ganhou nuvens escuras e pesadas, enquanto ao centro do palco um holofote se acendeu mostrando uma figura feminina de curtos cabelos loiros – está que fora reconhecida quase que imediatamente - trajando vestido negro longo tomara que caia com uma calda com pequenos detalhes avermelhados. Usava uma sombra negra nos olhos destacada por uma pele branca – quase pálida – e lábios pintados de um roxo escuro. Em suas mãos jaziam luvas negras longas e entre seus dedos chaves – também negras – reluziam de uma forma incomum e surreal.

Murmúrios começaram, mas logo se silenciaram ao ver o breve movimento com a mão onde as chaves repousavam. Logo dois seres mostraram-se presentes próximos a loira – esta ainda de olhos fechados.

O primeiro era uma mulher de cabelos negros longos e olhos brilhando em um roxo assustadoramente incrível. Esta possuía pele branco-acinzentada que contrastava bastante com o espartilho negro de fios prateados. Vestia uma saia com camadas negras, roxas e vermelhas, uma meia sete/oitavos branco-gelo e botas surradas de soldado.

Aquela era Raven. A Líder do Zodíaco Infernal, irmã de Dante e a representação física da Noite.

Ao seu lado um rapaz de cabelos negros vestindo um smoking sem gravata e com o colete aberto; se fazia presente. Este possuía cabelos negros e olhos vermelho–sangue. Aquele era Dante, conhecido como segundo Comensal da Morte – apesar de que ele era, na verdade, filho da “Morte”.

Ambos mantinham em mãos violinos de madeira escura, enquanto suas faces estavam calmas... E, de certa forma, transmitiam frieza.

E novamente outro holofote iluminou o local enquanto os sons de um piano ecoavam por todo o local.

Estes mostraram a figura do Cheney trajando – também – um smoking enquanto mantinha-se concentrado em suas ações para com as notas produzidas pelo belo instrumento.

E então a voz da loira ecoou primeiramente encantando a todos.

Eu estou tão cansada de estar aqui.

Reprimida por todos os meus medos infantis.

E se você tiver de ir...

Logo os violinos começaram a acompanhá-la, enquanto sua voz ecoava alta e sobrenaturalmente pela mente de todos.

E assim esta permitiu-se revelar seus misteriosos olhos avelanados.

...eu desejo que você vá logo.

Pois sua presença ainda permanece aqui.

E isso não vai me deixar em paz.

E erguendo uma das mãos pode-se ver algo inacreditável demais para o publico.

Começou com uma pequena chuva de pétalas vermelhas, logo telas começaram a se mostrar e dispersar pelo palco - e também por sobre a platéia.

Tais telas mostravam a maga em si – Lucy Heartphilia – divertindo-se na Fairy Tail junto a seu time... Junto a Natsu e Lisanna.

Essas feridas parecem não querer cicatrizar.

Essa dor é muito real.

Há, simplesmente, tantas coisas que o tempo não pode apagar.

E repentinamente elas mudaram, tal como as pétalas que caiam trocaram-se para flocos de neve albinos – que algumas vezes reluziam em azul claro, ou cinza.

Foi à vez das lembranças dela com o rosado se mostrarem.

Mostrou-o juntos nas missões. E também os mostrou em Edolas lutando e se divertindo juntos.

Mostrou os sorrisos, os abraços e, até mesmo, os beijos trocados.

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas.

Quando gritou, eu lutei contra todos os seus medos.

Eu segurei sua mão durante muitos anos.

Mas você ainda tem tudo de mim.

E novamente as cenas mudaram.

Era o incidente do exame classe S, de quando estavam lutando contra mestre Hades e como Natsu era aquele que mais esforçava-se na luta.

E fora ela – Lucy -, mais do que qualquer outra pessoa, que esteve ao lado dele como sua amiga... E como sua namorada. Como a garota que o amava mais que a própria vida.

Você costumava me cativar por sua luz ressoante.

E então voltou a primeira lembrança que a loira tinha do rosado. Em Hargeon, como ela ficara fascinada com a magia do mesmo.

Uma luz reconfortante. Um fogo que ressoava dentro de si encantando-a e fascinando-a.

Agora sou limitada a vida que você deixou para trás.

E lá estava ela sozinha em seu quarto sentada sobre a cama observando as fotos que tinha dela e de Natsu.

Lágrimas escorriam por sua face enquanto parava encarando um foto de si beijando-o na bochecha deixando o mesmo sem jeito.

Rapidamente as imagens mudaram novamente para o dia em que ele a traiu na frente do publico nos jogos.

O beijo que ele dera em Lisanna mostrava-se para todos deixando-os confusos. Enquanto as fadas assistiam abismadas tudo aquilo. Como não haviam percebido.... Por que não perceberam?

Ela estava sofrendo.

Ela sofreu, e talvez ainda sofresse. E agüentou tudo sem proclamar uma palavra.

Seu rosto assombra todos os meus sonhos que já foram agradáveis.

Sua voz expulsou toda a sanidade que havia em mim.

E então os tormentos de Lucy se mostraram a todos.

Suas lágrimas que sempre foram suprimidas e escondidas.

Suas feridas sempre cobertas por ataduras e jaquetas.

Seu sangue, aquilo que a mantinha viva e corria rápido por suas veias.

De como quase morrera, mas fora socorrida por Rogue.

Essas feridas parecem não querer cicatrizar.

Essa dor é muito real.

Há, simplesmente, tantas coisas que o tempo não pode apagar.

De novo e de novo.

As feridas e as lágrimas.

Agora todos sabiam de seus tormentos. De sua dor.

E os tigres – mais especificadamente Orga e Rufus – viam-se abismados antes as cenas que se desenrolavam ali, enquanto as garotas – Yuuki e Jasmin – mostravam expressões serias demais para elas.

Já Minerva tinha os olhos semicerrados em direção ao palco, só havia uma certeza em sua mente. Aquela que se encontrava no palco não era – e nunca seria – Lucy Heartphilia..

Já com o time das fadas era possível ver Natsu de olhos arregalados, tal como o restante do time. Lisanna, que estava a substituir Juvia, continha lágrimas nos olhos e envergonhava-se das próprias ações.

A pequena Wendy mantinha-se quieta e encolhida junta a Charles que observava seriamente o rosado.

Quando você chorou, eu sequei todas as suas lágrimas.

Quando gritou, eu lutei contra todos os seus medos.

Eu segurei sua mão por todos esses anos.

Mas você ainda tem tudo de mim.

E mais uma vez as cenas mudaram.

Lá estava ela no hospital, sentada sobre a cama com os pulsos enfaixados. Ao seu lado Rogue dormia com a cabeça sobre seu colo fazendo-a acariciar seus cabelos negros, enquanto Sting e Lector faziam palhaçadas para que a loira – e Frosch é claro - ri-se. E estava dando certo.

Assim os pequenos flocos de ceve que caiam começaram a se transformar em minúsculas esferas luminosas, como pequenos vaga-lumes dourados.

Eu tentei tanto dizer a mim mesma que você se foi.

E novamente as imagens mudaram. Desta vez estas mostraram a loira sentada no interior de sua banheira – esta que transbordava de água. A mesma ainda trajava roupas, mas pouco ligava para o fato de estas encontrarem-se encharcadas.

Logo pode-se ver algumas lágrimas escorrerem por seu rosto pálido e pingarem na água que a banhava.

Estas subitamente mudaram para as cenas do loiro – Sting – tentando salva-la naquele mesmo dia. Havia água por todo local, tal como sangue, enquanto o Eucliffe tinha o corpo apático da maga nos braços.

Ele estava terrorizado.

Em seu canto nas sombras eu Eucliffe corou.

Mas embora você ainda esteja aqui comigo.

E novamente as cenas mudaram estas agora mostraram a loira na Fairy Tail.

Postos ao seu lado estavam Gray e Erza, já Natsu abraçava-a fortemente... Claro que antes de ser interrompido por Laxus... Um Laxus bem furioso.

Mas apesar de tudo Lucy se quer demonstrava algo ante tal ato do rosado. Seus olhos mantinham-se fixos em qualquer lugar, e mesma se quer devolvia ao abraço dando em si.

Eu tenho estado sozinha todo esse tempo.

E ao fim de tal verso pode-se ver três novos holofotes se acenderem mais atrás do palco. Estes revelavam Mirajane trajando um vestido curto negro de rendas vermelhas, luvas de mão rendadas, seus cabelos – estes possuindo uma única mexa negra destacando a franja - estavam com uma pequena trança frouxa e a mesma calçava meia-botas de salto agulha – também negras.

A albina tinha em mãos um baixo negro com desenhos de caveiras douradas – e, devo acrescentar, que a ex-Strauss tocava tal instrumento com uma maestria desconhecida por todos.

Próximo a Mira, Sting trajava uma calça cheia de rasgões e correntes, esta que fazia conjunto com uma camiseta cinza morto e um colete de couro sem mangas. Seu cabelo dourado estava jogado para frente dando-lhe um ar rebelde – o que combinava perfeitamente com a forma como o mesmo manejava sua guitarra branca de desenhos draconianos. Calçava botas de combate surradas e utilizava sua magia para pequenas ilusões nas cordas do instrumento que brilhavam a cada toque.

Por fim Laxus mostrava todo seu domínio pela bateria. O loiro trajava apenas uma calça jeans surrada, usava luvas sem dedos – estas sendo negras - e mantinha seu casado grande sobre os ombros deixando à tatuagem de seu tórax a mostra. O mesmo manejava as baquetas com uma precisão jamais vista, enquanto – a cada batida – raios dourados corriam por algumas partes do instrumento.

E acompanhando os novos sons, as telas que se espalhavam desfizeram-se em pedaços minúsculos deixando apenas as esferas de luz, estas que logo explodiram espalhando brilho e magia sobre a platéia admirada - e abismada.

E ainda no acompanhando dos amigos a loira prosseguiu com os últimos versos da melodia.

Quando você chorou, eu sequei todas as suas lágrimas.

Quando gritou, eu lutei contra todos os seus medos.

Eu segurei sua mão por todos esses anos.

Mas você ainda tem... tudo de mim.

E novamente houve apenas os sons do piano enquanto calmaria, fascinação e admiração mostravam-se na face de todos os espectadores.

Aquela, com certeza, era uma musica que foi escrita por alguém que sofreu bastante. E talvez Lucy tenha sido esse alguém.

Ao termino de tudo, os aplausos custaram a cessar, mas era algo mais do que merecido para eles. Afinal, foram perfeitos... Os melhores.

– Fomos incríveis! – anunciou Mira sorrindo de orelha a orelha. – E pensar que a Lucy-nee teria uma voz... Perfeita assim. – os olhos da maga albina brilhavam em expectativa.

A loira apenas riu ante aquele comentário, enquanto seguia junto aos companheiros para qualquer lugar na platéia. Claro que Laxus já havia posto uma camisa, mas o restante ainda mantinha suas roupas do show.

– Onde estão seus espíritos Lucy? – indagou Laxus ao notar a falta de ambos os morenos.

– Eles disseram que queriam dar um passeio, e não vi problema nisso – alegou-a.

– Não tem problema deixar eles por ai? – fora a vez de Rogue indagar.

– É só ninguém arrumar briga com eles que fica tudo bem... - comentou-a arrancando risinhos de Mira. – Enfim, já podemos ir embora?

– Laxus!! – gritou Fried aparecendo de súbito e pulando sobre o mais velho enquanto mais atrás vinha Evergreen e Bickslow, este com seus bonecos o acompanhando.

– Nos vemos mais tarde Laxus-kun – disse a loira acenando para o Dragon Slayer do Trovão, este que prontificou-se em mandar-lhe a melhor carranca, antes de se afastar com o restante do time.

– Eles são estranhos... – comentou Sting arrancando risadas da loira e da albina, tal como de Frosch e Lector que há pouco juntaram-se ao grupo.

– Lucy-san! – chamou uma voz infantil ao longe se aproximando em passos apressados da maga.

– Wendy. – sorriu Lucy. – Charles. – e logo acenou para a neko posta ao lado da menina.

– Vocês foram incríveis! – anunciou a pequena. – Eu fiquei emocionada com todas aquelas imagens... – e assim a pequena fez menção de chorar.

– Hey, hey, não precisa chorar... – informou o loiro quase que desesperado. – Q-Que tal irmos tomar sorvete?

E assim gargalhadas ecoaram – estas provindas de Lucy e Mira – provocando constrangimento no loiro.

Quem diria que Sting Eucliffe tinha um fraco por crianças chorando.