Thiago Narrando

Ana fechou a porta e a Virginia se sentou em sua cadeira. Fiquei parado ainda perto da porta olhando em volta e calculando as hipóteses de fugir se m olhar para traz ou escutar o que ela queria me falar.

Depois de alguns segundos ela disse:

–Por favor, pode se sentar. Eu não mordo, então fique tranquilo.

Me aproximei e sentei em uma cadeira na sua frente. Sua sala era gigante, com milhares de livros em estantes muito altas e em sua mesa, bem no meio da sala, tinha dois livros grandes e muitos papéis espalhados e um deles me chamou a atenção por ter o nome da minha Ana escrito em negrito.

–Bom, seu nome é Thiago, não é?!

–Sim.

Ela começou a recolher os papéis e guardou em uma gaveta.

–Bom, você e a minha Ana se conhecem da onde?

Me lembrei do dia que vi a Ana pela primeira vez no refeitório da escola, sozinha, lendo, tão bonita...

–Na minha antiga escola.

–E por que você esta com ela agora?

Mais uma lembrança de quando eu descobri tudo.

–Eu descobri o que ela era e que ela estava fugindo e decidi ir junto.

Ela me olhava no fundo dos olhos, como se quisesse ver se eu realmente falava a verdade, como se estivesse me testando.

–Como descobriu?

–Entrei no quarto e ela não percebeu, estava usando os poderes e eu acabei vendo.

Ela acenou com a cabeça e se levantou andando de um lado para o outro. Ela tinha mais ou menos 45 anos, estava com uma roupa social, os cabelos curtos e totalmente brancos soltos.

–Você realmente acha que esse... Namoro vai longe?

Aquilo estava começando a me irritar profundamente, ela só fazia perguntas e mais perguntas, onde queria chegar com isso?

–Sim, tenho certeza que vai.

Me levantei e fiquei de frente para ela a encarando nos olhos, eles eram dourados e tinha um pouco de ironia e raiva no seu olhar.

–Onde quer chegar com tantas perguntas?

–Vocês não vão ficar juntos.

–Como você me garante isso?

–Quando Ana entrou nesta escola, que vimos que ela tinha potencial de lider um vidente me avisou que apareceria alguem na vida dela que ia tirar tudo do lugar, mas ele iria sair e tudo voltaria ao normal. Já descobri quem é esse alguem.

Agora de vez eu estava irritado. Essa mulher acha realmente que eu apareci na vida da Ana para estragar tudo?

–Você está enganada, lutei muito para conquistar a Ana e não vou desistir dela tão facil.

–Eu que não vou deixar alguem da sua espécie ficar com ela!

Do que ela estava falando? Isso me deixou confuso e agora estava me segurando para não pular no pescoço dela.

–Como assim alguem da minha espécie? Um humano?

Ela deu uma risada ironica e me olhou com nojo.

–Não se faça de desentendido.

Olhava ela confuso, essa mulher só pode ser louca. Ela se afastou e oi para sua mesa novamente se sentando.

–Acredite, vocês não vão ficar juntos, nem que eu tenha que intervir para que isso ocorra.

Aquela foi a ultima gota que faltava para eu explodir, andei até a mesa com as mãos fechadas e dei um soco com toda a minha força, deixando uma marca delas na mesa. Virginia olhava para a marca delas com raiva e tinha um pouco de medo.

–Acredite você, nós vamos ficar juntos, vou lutar por isso e você não pode impedir. -Ela ainda olhava a mesa e eu me endireitei.- Posso sair agora?

–Pode.

Andei o mais rapido que pude até a porta e eu mal a abri Ana já estava lá me esperando na porta.

–Não se esqueça do que eu falei.

Abracei a Ana pela cintura e dei um selinho forte e demorado nela que ficou imóvel por ter sido pega de surpresa. Depois me separei dela, ficando apenas abraçado com ela que encostou a cabeça em mim e passando o braço pela minha cintura me abraçando também e me olhando curiosa quando me virei para a Virginia novamente.

–Espero que você não esqueça do que eu falei.

Dei um beijo no topo da sua cabeça e fechei a porta.

–Dá para me explicar o que está acontecendo?

–Melhor não.

Começamos a andar e senti que ela estava preocupada.

–Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava lá?

–Nina ligou.

–Aconteceu alguma coisa com ela?

Ela acenou negativamente com a cabeça e me olhou ja com lagrima nos olhos.

–É o Diogo, ele está em coma.

Me espantei e abracei ela mais forte, ela ja estava chorando, mas estava passando a mão no rosto tentando esconder isso, ela considerava o Diogo como um irmão.

–Como isso aconteceu?

Olhei para ela enxugando as lagrimas que ainda escorriam.

–Vamos para o quarto que eu te explico tudo.

Recomeçamos a andar enquanto ela tentava se acalmar para me contar o que tinha acontecido, mas minha cabeça ainda estava na minha conversa com a Virginia.

O que ela quis dizer com pessoas da minha especie?