Thiago Narrando

Tinha dormido demais dentro do carro e estava sem sono algum, o que eu queria fazer agora era perguntar algumas coisas que estão borbulhando na minha cabeça desde que começamos esta viagem totalmente maluca.

-Ana? Você está dormindo?

Ouvi ela respirando bem fundo nervosa e se virou para mim.

-Estava, Thiago, estava! O que foi agora?

-Queria perguntar uma coisa.

Ela se sentou cruzando as pernas e me encarou, tinha um pouco de raiva no seu olhar, mas mesmo assim era bem pouco, tinha outra coisa misturada que eu não conseguia saber o que era.

-De novo Thiago?

-Só mais uma, por favor.

Ela se jogou de novo na cama e colocou a mão no rosto suspirando.

-Fala logo.

-O que você pode fazer...

Ela me cortou no meio da frase se sentou na cama me olhando com ironia.

-Alem de levitar coisas, me teletransportar, e mexer com os elementos fazendo chover ou ventar quando eu quero, se eu quiser que algo pegue fogo ou q apareça uma tonelada de terra é só estralar o dedo...

Também interrompi ela e me sentei na cama.

-A quanto tempo estou fazendo perguntas?

-A algum tempo...

Ana se levantou, foi até uma mesa que tinha no quarto, tomou um copo d'água e olhou as horas no seu celular.

-Eu nem deixei você dormir não é?!

Ela deu uma risada e mexeu em sua mochila guardando a roupa que tínhamos pego na lavanderia

-Tudo bem, você só esta curioso. Esse me mundo de fugitivo é muito novo para você.

Ela se aproximou e se sentou na cama na minha frente.

-E ai, já tem uma resposta?

-Thiago...

-Não me fale ainda aquela historia de lista!

Ela mordeu o lábio e eu a puxei de leve a beijando e ela retribuiu.

-Para quem não me aguentava nem dez minutos, não é Ana Carolina!

Ela sorriu.

-Idiota.

Ela se aproximou de novo me beijando novamente.

-Que cena mais linda!

Aquela voz vinha de um homem parado na porta, ele era bem alto, estava com os braços cruzados, tinha torno de 25 anos, seu cabelo era castanho escuro e sua pele extremamente bronzeada e eu tinha certeza que nunca tinha visto ele na vida, mas parecia bem familiar para a Ana, poi ela se afastou de mim na hora e se sentou do meu lado. Pelo jeito que ela olhava aquele homem dava para perceber que todas as lembranças dela estavam voltando a sua mente.

-O que você esta fazendo aqui Lucas?

Sua voz passava força, mas para quem conhece ela, sabe que no fundo da sua voz estava escondido um pouco de medo. Lucas, como ela chamou ele, a mediu, depois ele começou a me medir.

-Vim lhe buscar minha humilde fugitiva e acabei descobrindo um ponto fraco seu.

Ana me olhou assustada, parecia com medo, depois olhou para o Lucas.

-Esperava muito mais de você Ana, na verdade esperava de tudo menos isso, não você namorando um... Humano.

Percebi pelo tom da sua voz que ele falou a palavra "humano" com nojo.

Ana se aproximou de mim e falou no meu ouvido: 

-Thiago, por favor, na hora que eu falar corre, fuga daqui, desapareça. Você esta me ouvindo?

Percebi que o Lucas não podia escutar então também comecei a falar só para ela.

-Por que?

-Porque eu tenho certeza de que ele vai te usar para me levar embora, pode até te matar. 

Não respondi, não conseguia responder, minha cabeça não trabalhava. Como assim eu ia deixa-la sozinha nas mão deles?

-Agora, vamos parar com essa rasgação de seda. Ana, você vem comigo.

-Vai embora Lucas.

Ele riu com ironia.

-Me obrigue e mostre a esse humano o que você é de verdade.

Ela se levantou da cama, seu rosto estava transformado, se eu falasse que ela estava com raiva não ia falar nem metade do que ela parecia estar demonstrando. Ana esticou a mão na direção dele e falou com a mesma ironia dele.

-homo jacet apprehenditur mendaciis¹.

Ele ficou parado, com a visão em outro lugar, como se visse outra coisa e isso começou a fazer ele perder as forças e cair no chão desmaiado.

-Corre Thiago, você tem pouco tempo até ele acordar.

Peguei nossas mochilas e segurei a mão dela, puxando-a na direção da porta.

-Vamos minha bruxinha.

Ela sorriu e olhou para o Lucas ainda se recuperando.

-Vamos meu príncipe.

Saímos correndo do quarto, fechando a conta pagando bem a mais do que necessário, e fomos para o carro, em menos de cinco minutos ja estávamos novamente na estrada, fugindo.

1-Homem pego em suas mentiras.