– Falou com ele? - Catherine pergunta ao me ver chegando na sala de espera. Ela não quis entrar comigo no quarto dele.

– Sim. - Respondo pensativo.

– Você vai ficar aqui com ele?

– Na verdade ele falou para eu ir descansar em casa.

– Também acho melhor você fazer isso. Na verdade, nós dois.

– Você vem comigo?

Catherine acena com a cabeça e logo saímos do hospital, indo com o carro em direção a casa de Cath, para pegarmos algumas roupas dela, e depois à minha.

– Você tá bem? - Catherine pergunta percebendo o meu nervosismo

– Só estou gesticulando: Eu sou um pai horrível a ponto de não acompanhar meu filho naquele hospital?

– Claro que não Griss. Você fez tudo certo, tá?

– Obrigado por ficar do meu lado.

– Eu sou sua amiga, ué.

Nós dois saímos do carro quando chegamos em casa e entramos nesta.

– Agora é melhor nós descansarmos porque amanhã terá trabalho.

– Verdade. - Concordo e sorrio. Ela nem imagina que eu não estou cansado. - Você vai dormir no meu quarto hoje.

– E você Grissom?!

– Eu não vou dormir no meu quarto hoje... Eu tenho que terminar uns relatórios que eu ia fazer aqui em casa e depois vou dormir no quarto de hospedes.

– Nada disso. Você deve estar cansado com tudo o que houve. Você tem que dormir.

– E você também Cath. Eu não sou mais nenhuma criancinha. Você pode dormir, que eu vou mais tarde.

– Tá. - Ela fala e vai na direção do meu quarto. Na verdade acho que ela não se convenceu. Acho que ela só falou "ta" porque ela sabe que eu não ia mudar a minha opinião.

Olho para a porta fechada à minha esquerda e meus pensamentos não param de me recordar daquela imagem terrível. Quando achei Greg no chão, quase sem vida.

Meus olhos começam a se encherem de lagrimas que insistem em cair. Fecho os olhos e logo limpo meus olhos antes de Catherine abrir a porta.

– Griss...?

– Sim. - Respondo rapidamente a seu chamado. - Já sei. Você está com fome, certo?

– Sim. - Ela me olha estranho.

– Vem. - Eu passo por ela e logo desço as escadas sendo seguido por Cath. Ela já havia percebido que eu não estava bem.

Pego a comida já pronta de dentro da geladeira e esquento-a enquanto Catherine fica me olhando, gesticulando sobre tudo o que havia acontecido hoje.

– Eu sei que você já me contou coisas que ninguém deve saber, mas, tem algo que você ainda não me contou?

– Está pronto. - Digo tentando mudar de assunto, sabendo que falharia. - Sente-se na mesa. - Falo com uma voz autoritária.

Ela não fala nada. Apenas sinto uma tensão ali no local, mas também continuo quieto.

Catherine se senta na mesa e eu a sirvo, sentando à sua frente.

– Você ainda não me respondeu.

– Ainda não respondi o que?

– Não se faça de desentendido. Tem alguma coisa que você ainda não me contou?

– Não há nada com que você deveria se preocupar. Tudo está como deveria. Por que acha que há algo que não lhe contei.

– As vezes você fala como se fosse um lorde daqueles filmes antigos que eu já vi. Você é misterioso e parece esconder toda a sua vida as sete chaves... Por que Griss? - Ela me questiona, colocando sua mão sobre a minha na mesa.

– Nunca reparei em tal coisa.

– Olha só! Viu?! Você fala meio formal demais.

– Não parou para pensar que talvez este seja o meu jeito?

– Pode ser, mas... - Sinto que ela ainda estava muito desconfiada. - Deixa pra lá. - Vejo um desapontamento em seu olhar. Não tinha certeza se poderia compartilhar um segredo tão grande com Catherine. Não é que não confiasse nela, mas é que eu tinha medo de ela não falar mais comigo por achar que eu seja louco ou por achar muito estranho... Não sei direito. Só sei que sinto medo de Cath se afastar.

– Você está com sono?

– Eu precisava descansar, mas eu não tô conseguindo dormir.

– Você quer me acompanhar em um passeio noturno?

– Aonde nós vamos?

– Quando terminarmos de comer, você se troca e então iremos. - Respondo fugindo da pergunta.

– Ok. Só preciso saber aonde vamos para eu colocar a rouba adequada.

– Não se emporte com a roupa. Fique confortavel.

Após esperar Catherine se arrumar, saímos novamente de casa e fomos em direção à um parque.

– O que nós viemos fazer num parque fechado? - Catherine pergunta quando estaciono o carro.

– Você confia em mim?

– Sim. - Ela responde não muito segura.

– Então vem.

Nós dois saímos do carro e fomos em direção à entrada do parque. Eu fui até uma portinha que tinha ali no canto e a abri com uma chave que levei comigo.

– Como você tem a chave desse parque?

– Eu tenho os meus contatos. - Digo sorrindo.

Catherine começa a rir.

– O que foi Cath?

– Sabe... Você tá me impressionando a cada dia.

Nós seguimos pra dentro do parque, ou melhor, para a minha parte preferida do parque.

– Já veio aqui antes?

– Já, mas nunca tive tempo pra admirá-lo.

Ainda estava escuro, então usávamos lanternas que eu peguei no meu quite para podermos enxergar melhor.

– Chegamos. - Digo apontando para a linda vista da cidade que tínhamos daquele ponto do parque.

– Que lindo Griss.

– Nessas horas a luminosidade da cidade fica incrível daqui.

– Quando você vem pra cá?

– Nesses horários, quando eu quero pensar, quando eu estou com insônia...

Percebo Catherine acariciando seus próprios braços, então ofereço o meu casaco a ela, que aceita, agradecendo.

Nós nos sentamos ali na grama úmida do parque e ficamos olhando aquela vista incrível. Em um momento, Catherine dormiu apoiada no meu ombro, até que o momento chegou e eu tive que acordá-la.

– Cath. - Sussurrei perto de seu ouvido.

– hm... - Ela fala acordando aos poucos.

– Você precisa ver isso. Abre os olhos.

Ela se levanta ainda sonolenta e quando abre os olhos, um sorriso se abre. Ela olha pra mim sorrindo.

– É lindo.

O amanhecer fazia com que aquela vista ficasse realmente perfeita, digamos assim.

Continuamos a nos olhar e percebo uma força mais forte que eu me levando para mais perto de Catherine e quando vejo, nossos lábios compartilham um beijo. Um beijo significante.