Os Olhos Do Senhor Burke escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
os olhos do senhor burke


Notas iniciais do capítulo

Presentinho meio fail de Valentine's Days para duas companheiras de TomBrax.



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O Sr. Burke ficara receoso ao contratar aquele jovenzinho recém saído de Hogwarts. Que tipo de pessoa escolheria trabalhar em uma loja como a sua – não que era fosse uma loja ruim, mas eles estavam acostumados a contratar gente mais velha, gente que falhara na vida e tinha que recorrer à eles – quando se tinha tantas opções melhores? Tom Riddle tinha várias opções... O Professor Slughorn contara ao Sr. Borgin que o rapaz tinha uma cabeça e tanto e que não se surpreenderia se o visse se tornando o próximo Ministro, mas, ao invés disso, o jovem Riddle estava na sua loja, vendendo objetos suspeitos para bruxos e bruxas excêntricos.

Ele já teria mandado o garoto embora há muito tempo e contratado alguém mais experiente e menos insolente – Riddle não fazia nada de ruim, é claro. Ele era sempre muito prestativo e querido por todos os clientes, mas Burke não confiava naqueles sorrisos discretos e olhos furtivos, para ele, aquilo era insolência -, mas o maldito era bom no que fazia. Seus sorrisinhos suaves e olhinhos rápidos atraíam os clientes e sua conversa os prendia.

Não demorou muito para que gente importante começasse a aparecer por ali... Gente feito o herdeiro dos Malfoy. Septimus Malfoy sempre comprava uma coisinha ou outra de sua loja, mas nunca pisava nela. Já seu filho, o jovem Abraxas, sempre aparecia por ali. Era um dos amigos do garoto Riddle, mas, enquanto Tom arrumava vitrines e fazia as contas das vendas, Malfoy assinava documentos do Ministério e ia a festas beneficentes. Mas, apesar da vida atarefada de funcionário mirim do Ministério da Magia, o Sr. Abraxas estava sempre por ali, debruçando-se por cima do balcão – que já não era mais empoeirado desde que Riddle e sua fixação por limpeza chegaram – e conversando com o jovem atendente. E comprando, é claro. Comprava bibelôs embebidos em maldições, mapas antigos, livros inúteis e relíquias caras...

Mas seus olhos nunca estavam na mercadoria. O Sr. Burke poderia estar ficando velho e seus olhos já podiam estar começando a ficar fracos, mas ele ainda via para onde o jovem Malfoy olhava. Os olhos dele estavam sempre presos em Riddle. E sua boca sempre se alargava em um sorriso quando falava com ele. E suas mãos estavam sempre em contato com o esquivo Tom Riddle que, estranhamente, não fugia daquela demonstração excessiva de afeição. Ele falara ao Sr. Borgin sobre aquilo, mas o velho parceiro apenas riu e falou que ele estava ficando paranóico.

Mas ele não estava. E descobriu isso muito rápido e de maneira muito simples. Para alguém tão cuidadoso, Tom Riddle cometeu um deslize muito grande ao deixar que o Sr. Malfoy o abordasse em um dos becos escuros e nojentos da Travessa do Tranco. Certo, eles tomaram suas providências: era tarde da noite, estava frio, era um beco completamente abandonado e a quantidade de feitiços de proteção em volta do lugar era enorme. Mas Caractacus Burke lidava com magia negra de uma maneira que superava quase todos os bruxos que pisavam naquele lugar infernal e, como não estava bêbado – como a maioria dos bruxos da Travessa do Tranco àquela hora -, foi fácil desfazer os feitiços.

Ele não falou nada ao Sr. Borgin. Ficou quieto por alguns dias, esperando Riddle terminar uma transação importante com a Madame Smith, antes de chamá-lo ao seu escritório e dizer que o vira deixando que o Sr. Malfoy o prensasse contra uma parede suja em um beco fétido e o fodesse ali mesmo – nada de eufemismos com Riddle, não naquela hora. O Sr. Burke queria humilhá-lo, queria que ele saísse de sua loja com a cabeça baixa e o rabo entre as pernas -, como se ele fosse algum tipo de prostituta trouxa. Será que o Sr. Septimus Malfoy sabia que o filho transava com um vendedor qualquer da Travessa do Tranco? O que será que ele faria caso soubesse? Burke ria e sacudia a cabeça: mandaria matar aquela desculpa de bruxo, aquela escória que parecia mais um sangue-ruim do que um bruxo decente. E o que mais ele, Tom Riddle, seria capaz de fazer, além de dormir com o herdeiro de uma das famílias mais ricas do mundo bruxo, para conseguir dinheiro? Ele provocara, provocara da mesma maneira que os olhos e os sorrisos de Tom o provocavam antes.

E, ainda assim, o moleque teve a ousadia de sorrir e encará-lo abertamente antes de responder com tranqüilidade que ele, acima de todos, deveria saber que seus clientes não aceitavam comprar as porcarias que ele vendia por nada. A Madame Smith, por exemplo, adorava as suas visitas... O que? Ele nunca havia percebido como a bruxa olhava para o seu jovem empregado? Realmente, o Sr. Borgin tinha razão de achar que ele era cego. Ah, e ele não precisava se passar por uma, como Caractacus o havia chamado, prostituta barata para conseguir algo de Abraxas Malfoy: o jovem herdeiro o obedecia de qualquer maneira, ganhando algo em troca ou não; ele tinha os Malfoy na palma da mão. E o que foi que ele dissera mesmo? Que Septimus Malfoy o mataria caso descobrisse que o filho transava com ele? Ora, é claro que não! Principalmente porque o Sr. Malfoy nunca descobriria aquele segredinho ... Aliás, bom trabalho, Sr. Burke, em descobrir isso. Era algo só meu e de Abraxas, só entre nós dois, mas agora você também sabe! Sim, esse será o nosso segredinho daqui para frente. O segredinho que nós levaremos para a nossa cova, Sr. Burke.

Caractacus Burke estava velho, já nem enxergava mais direito. Não foi uma grande surpresa para o seu colega, o Sr. Borgin, quando ele chegou para trabalhar em uma manhã cinzenta de Dezembro e encontrou o corpo do outro bruxo caído no chão do escritório. Bom, pelo menos os lucros agora eram todos seus.


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Notas finais do capítulo

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