Secret escrita por Rocker


Capítulo 8
Capítulo 8




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Capítulo 8

Lena, após levar alguns segundo para se acalmar, finalmente voltou para dentro e se sentou novamente nas escadas, como se nunca tivesse saído dali. Pedro aconchegou Hailee mais perto de si ao ver que ela tremia – Lena sorriu ao ver isso.

– Só pode ser brincadeira! – zombou o castor. Virou-se para a esposa. – Eles nem conhecem a profecia!

– Bem, então... – incentivou-o.

– Escutem... – disse o castor. – O retorno de Aslam, a prisão de Tumnus, a polícia secreta, – enumerou – está acontecendo por causa de vocês!

– Está nos culpando? – perguntou Susana, assustada.

– Não, culpando não. – disse a Sra. Castor. – Agradecendo.

– Existe uma profecia. – disse o castor. – “Quando a carne de Adão, Quando o osso de Adão...” – recitou. – “Em Cair Paravel, No trono sentar, Então há de chegar, Ao fim a aflição”.

– Essa rima não é muito boa. – disse Susana.

– Eu sei que não é boa, mas... – respondeu o castor. – Será que não percebem?!

– Há muito tempo foi previsto – disse a Sra. Castor – que dois Filhos de Adão e duas Filhas de Eva derrotariam a Feiticeira Branca e trariam paz a Nárnia.

Lena, como as irmãs, estivera calada todo o tempo, mas não aguentou ao ouvir que seria excluída. Uma coisa que detestava era ser excluída.

– E nós? – perguntou, chamando a atenção dos outros. – Viemos parar aqui à toa?

– Não, não, não. – disse a Sra. Castor.

– Mas disseram apenas dois Filhos de Adão e duas Filhas de Eva, então... – começou Emma.

Lena então se lembrou de Edmundo, com um aperto no coração. O formigamento em seus ombros já estava ficando insuportável. Coçou levemente o local por baixo da camisa e sentiu uma cicatriz que jamais tivera antes.

Uma cicatriz elevada.

Olhou para as irmãs, em busca de ajuda, mas assustou-se ao ver que Emma também coçava seu ombro. Lena já não estava mais aguentando a queimação na pele.

– É por que não são! – disse o castor.

– Como assim?! – perguntou Hailee, que também já coçava os ombros. Lena franziu o cenho.

Isso está ficando cada vez mais estranho, pensou.

– Vocês não são humanas. – disse a Sra. Castor, fazendo todos arregalarem os olhos.

– Sinto muito, mas me sinto muito humana! Não me pareço nada com um crocodilo! – exclamou Lena, fazendo todos rirem.

– Anjos tomam a forma de humanos, não de crocodilos. – disse o castor, fazendo todos pararem de rir e arregalar os olhos.

– A-anjos?! – gaguejou Emma.

– Isso mesmo! Anjos enviados juntos com os Filhos de Adão e Filhas de Eva para que estes não se separem de seu caminho. Três anjos, designados a cuidarem deles. A mais velha tem o poder da segurança, a segunda tem o poder do otimismo e a mais nova tem o poder da confiança e da coragem.

Lena, por mais que achasse aquilo ridículo, analisou um pouco e pensou: se isso for verdade, eu fiquei com o pior de todos.

– Mas não temos asas. – disse Hailee, como se já fosse óbvio.

– Ainda não. – disse a Sra. Castor. – Mas tenho certeza que quando chegaram aqui sentiram um formigamento nos ombros e surgiu uma cicatriz em relevo na pele.

Lena arregalou os olhos e colocou a mão sobre o ombro esquerdo, mas logo a retirou, estupefata ao ver que realmente não havia apenas imaginado a cicatriz.

– A mais velha foi designada a cuidar do mais velho. – disse o castor. – A segunda a cuidar da segunda e a mais nova tem o dever de cuidar dos dois mais novos.

Para Lena, as coisas começaram a fazer sentido. O formigamento na pele já estava se tornando chamas, ela gostava de Edmundo – mesmo que não admitisse – e era muito amiga de Lúcia.

– E você acha que somos nós? – perguntou Pedro.

– É melhor que sejam! – disse o castor. – Aslam já preparou o exército de vocês.

– Nosso exército?! – perguntou Lúcia. Ela e Susana olharam pasmas para Pedro, esperando uma reação do mais velho.

– Mamãe nos deixou para não nos envolvermos numa guerra. – disse Susana.

– Acho que vocês se enganaram. – disse Pedro. - Não somos heróis.

As irmãs Campbell ficaram caladas, cada uma tentando controlar a queimação nos ombros e pensando se realmente eram anjos ou não.

– Somos de Finchley! – disse Susana, se levantando, juntamente com Emma. – Escutem... Obrigada pela hospitalidade... Mas nós temos mesmo que ir.

– Mas não podem sair assim! – disse o castor.

Pedro e Hailee também se levantaram.

– Ele tem razão. – disse Lúcia, ainda sentada. – Temos que ajudar o Sr. Tumnus.

– Não podemos fazer nada. – disse Pedro e a raiva invadiu Lena.

– Claro que podemos. – disse, levantando-se.

– Podemos ajudar! – disse Hailee.

– Lamento – disse Pedro aos castores –, mas está na hora de voltar pra casa. Ed? – ele virou-se e viu que o irmão não estava mais ali.

Lena então sentiu o estômago revirar e uma forte tontura se irromper através de seu corpo, com a queimação nos ombros chegando a um nível muito alto. Se não fosse por Hailee, que estava ao lado para ampará-la, teria caído no chão.

– Tudo bem, Lena? – perguntou ela.

– Eu... Eu não sei. – respondeu, fechando os olhos para ver se melhorava a tontura. Não foi de muita ajuda.

– Ed! – chamou Pedro mais uma vez. Ele então virou-se para as irmãs. – Eu mato ele.

– Talvez não precise. – disse o castor, chamando sua atenção. – Edmundo já esteve em Nárnia antes?

Foi então a gota d’água para Lena. Ela desmaiou nos braços de Hailee, que gritou. Mas ficou apenas dois segundos desacordada. Tempo suficiente para todos correrem até ela e tempo suficiente para ter uma visão sobre onde ele estava indo.

– Feiticeira Branca. – disse, quando voltou a si.

– Aqui, querida. – disse a Sra. Castor, entregando-lhe uma xícara de chá quente.

Lena bebericou o líquido quente e isso pareceu melhorar a ardência nos ombros. Todos se aglomeraram em volta dela, preocupados com seu rosto pálido.

– Ela está aqui? – perguntou Emma.

– Não. – respondeu. – Apenas vi o rosto dela.

– Anjos têm visões sobre seus protegidos. – disse o castor.

– Edmundo é mesmo meu protegido? – perguntou.

– Lúcia também. – respondeu a Sra. Castor.

– Mas o que a Feiticeira Branca tem a ver com Edmundo? – perguntou Susana.

E então, a última frase que o menino lhe dissera de repente fez sentido. Não demoro. Volto para te buscar, minha futura rainha.

– Essa não! – murmurou Lena, levantando-se num solavanco e correndo porta afora. – Sinto muito, gente, a culpa é toda minha!

Pensava em ir pelo mesmo caminho que Edmundo tinha seguido mais cedo, mas então viu algo mais interessante e muito mais urgente.

Viu então as duas colinas para onde Edmundo olhara antes de entrar no dique. Lena sabia que aquilo não era bom sinal, mas mesmo assim tomou confiança e coragem.

– O que fica no vale entre aquelas duas colinas? – perguntou, apontando-as quando os outros apareceram ali fora.

– O Castelo de Gelo, lar da Feiticeira Branca. – disse o Sr. Castor.

– Ok. – disse Lena, fungando e segurando o choro. – Isso não é nada bom.


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