Secret escrita por Rocker


Capítulo 34
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

O Nyah! está pra fazer uma manutenção amanhã, e apesar de dizer ser rapidinho, quase nunca é, então já estou garantindo o cap pra vcs!! ;)



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Capítulo 3

– Lena, deixe de ser dura consigo mesma. - disse Hailee, tentando ajudar a autoestima da irmã.

– Não adianta, eu sou um fracasso como anjo protetor. - resmungou Lena.

– Se lastimar não vai adiantar nada! - disse Emma e Lena simplesmente a ignorou, indo andar ao lado de Edmundo.

Edmundo sorriu, segurando a mão de Lena, e nem percebeu o sorriso amarelo que Lena lhe mandou de volta. Emma e Hailee se entreolharam, pensando até onde iria o autojulgamento da irmã mais nova.

– Não há muita brisa. - disse Edmundo, andando de mãos dadas ao lado de Lena até o bote. - Melhor irmos logo.

– Ed tem razão. - concordou Susana.

– Mas para onde vamos? - perguntou Lúcia ao irmão mais velho.

– Bem... - ele se atrapalhou um pouco para dizer, mas no fim conseguiu. - Como Trumpkin disse, esse tal de Caspian estará nos esperando na Mesa de Pedra.

– Não se chama mais assim. - interrompeu o anão, olhando vitorioso para todos ali, vendo a expressão vazia dos irmãos Pevensie e a confusão nos olhos da humana. - Mas, basicamente, sim.

– Até aí eu entendi, mas como chegaremos lá? - perguntou Susana.

– Iremos passar pelo rio Beruna...

– Ponte! - corrigiu o anão, batendo o pequeno pé na areia macia, mas Pedro ignorou.

– E seguiremos o resto a pé. Demorará quase três dias, é melhor nos apressarmos!

– Então vamos. - disse Edmundo, puxando Lena pelo pulso em direção ao bote.

Ajudou-a a subir, pois ela ainda estava tendo certa dificuldade nisso.

– Obrigada. - agradeceu Lena.

Depois que as meninas e o anão estavam acomodados, Pedro e Edmundo empurraram o bote para a água. O anão sentara-se na proa, Susana e Lúcia logo atrás, Pedro nos remos, Emma e Hailee logo depois e Lena e Edmundo sentaram-se lado a lado.

– Estão paradas. - disse Lúcia tristemente, olhando as árvores ao redor do estreito.

– São árvores. Você queria o que? - disse o anão, na ponta do barco. Tentava parecer rude, mas conseguira apenas soar tristonho e arrependido.

– Elas dançavam. - disse Lena.

– Logo depois que saíram, os telmarinos invadiram. - disse o anão. - Os sobreviventes se retiraram para os bosques. E as árvores... Se retiraram para tão dentro delas que nunca mais a ouvimos falar.

– Eu não entendo. - disse Lúcia. - Como Aslam permitiu isso?

– Aslam? Achei que tivesse nos abandonado junto com vocês.

– Não quisemos abandoná-los. - disse Pedro, enquanto remava por aquelas águas claras.

– Não faz diferença agora, faz? - perguntou o anão, ironicamente.

– Leve-nos aos narnianos... - disse Pedro autoritariamente. - E fará.

~*~

As próximas três horas passaram-se em um silêncio desconfortável. Lena não estava se sentindo bem para conversar, não quando se sentia inútil naquele momento.

– Lena, venha. - foi acordada dos pensamentos por uma voz grossa que a fez arrepiar por inteira.

Olhou em volta e reparou no lugar em que estava. Uma praia, mas totalmente diferente do lugar onde havia as ruínas. A areia foi substituída por pequenas pedras à margem. Estava tudo rodeado por várias espécies de árvores e havia um rio que seguia seu caminho para longe. Pedro, Susana, Lúcia e suas irmãs já haviam descido do bote e estavam ajeitando as coisas ali em volta, enquanto o anão cravava uma âncora entre as pedras, para que o bote não saísse sozinho pelas águas. Edmundo estava do lado de fora, estendendo sua mão para que Lena saísse do bote.

– Tudo bem, eu saio sozinha. - disse, sentindo as bochechas corarem. Abaixou a cabeça e se levantou, tentando evitar o olhar do menino.

Edmundo franziu o cenho, estranhando a atitude da menina. Ela nunca havia desviado o olhar tão de repente, corando. Ele percebeu que ela estava diferente desde que chegaram ali e não sabia o que pensar sobre isso. Viu a garota sair calmamente do bote e ela estava prestes a continuar a andar em direção aos outros, quando Edmundo a puxa pelo pulso contra seu peito. Aproximou-se lentamente, com a intenção de beijá-la. Mas ouviu um arranhar de garganta, chamando sua atenção.

Afastou-se de Lena rapidamente, sentindo o coração acelerado, e olhou com uma vontade sanguinária para aquele que diminuíra sua coragem. Pedro estava há alguns metros do bote, com as mãos na cintura, batendo o pé nas pedras como se tivesse irritado. Mas seus olhos lançavam um brilho malicioso em direção ao irmão mais novo.

– Se os pombinhos não se importarem, precisamos nos apressar. - disse divertidamente, antes de se afastar do casal.

– Lena. - Edmundo chamou, antes de ela se afastar. - Precisamos conversar.

– Tudo bem, depois a gente conversa. - Lena abriu um sorriso forçado, dando um selinho rápido nele antes de se juntar às irmãs.

~*~

– Eu realmente acho que você deveria conversar com ele. - disse Emma.

Lena suspirou, cansada da mesma conversa. - Eu sei, Em, mas não dá!

– Você está muito sobrecarregada, Lena. - disse Hailee. - Não pode continuar assim! Ter um protegido já é difícil, deveria conversar com Edmundo para que ele facilitasse as coisas!

– Eu concordo. - disse Emma. - Ele e Pedro estão sempre fazendo coisas de risco e eu estou mais do preocupada com todos os quatro.

– Como assim? - perguntou Lena.

– Bem, na Inglaterra pareceu mais difícil do que aqui, mas agora vendo o estado que Nárnia está, talvez seja ainda pior agora. - respondeu Emma. - Estamos entrando em guerra provavelmente, e se ela for como a contra a Feiticeira Branca, ou como o dia do meu quase casamento com Ethan... Podemos nos preparar que é coisa grande.

– Temos que estar sempre de olho neles. - disse Hailee.

– Olá, seu urso! - ouviram a voz de Lúcia mais ao longe e rapidamente se viraram para o que acontecia.

Havia um urso ao longe, farejando as pedras à procura de alimento e Lúcia pensou que poderia ajudá-los, afinal, ela pensava se tratar de um narniano. Todos paravam o que estavam fazendo ao ouvir a voz da menina cumprimentando o urso. Sua protegida mais nova estava conversando com um urso. Lena arregalou os olhos, já percebendo que o urso não era amigável. Tinha um brilho assassino e sanguinário - algo que a mais nova não pareceu ter percebido.

– Lúcia, pare, por favor! - disse Lena, tentando manter a calma. - É perigoso!

– Lu... - chamou Pedro, dando um passo à frente, mas receoso quanto a tudo. - Lúcia, volte!

– Está tudo bem. Somos amigos. - disse Lúcia, ignorando a ambos e ainda se aproximando. Tentou não ficar com raiva por Lena achar que era perigoso, afinal, nunca estivera em Nárnia antes.

O urso caiu sobre as patas dianteiras e começou a andar em direção à pequena. Edmundo já não sabia o que fazer, mas criou coragem para se mover ao ver que Lena se aproximava de Lúcia.

– Lena, não! - segurou-a pelos braços, impedindo que ela avançasse.

Lena estava em desespero. Não podia ver Lúcia se aproximando mais do animal que parecia estar faminto e claramente se alimentava de carne crua. Percebia que era sobre aquilo que suas irmãs falavam. Precisava conversar com ele, para que ajudasse na proteção da menor.

– Edmundo, ela é sua irmã e minha protegida! Temos que impedi-la! - implorou.

– Não se mova Majestade! - gritou o anão e Lúcia se virou no mesmo instante.

Por que todos achavam que seria perigoso? Lúcia sabia que Nárnia era uma terra mágica onde os animais falavam. Só não tinha ideia de que as coisas mudaram nos últimos mil e trezentos anos. Ouviu o urso rosnar atrás de si e percebeu finalmente no perigo em que se colocara. Correu em direção contrária a do urso, tentando se distanciar, mas o grande animal ganhava cada vez mais velocidade.

– Fique longe dela! - gritou Susana, com arco e flecha em mãos, pronta para atirar.

Lúcia continuou correndo e Edmundo desembainhara a espada, ficando na frente de Lena para protegê-la. Pedro correu mais à frente, com a espada também em punho, esperando pelo ataque de Susana. As anjas, porém, logo correram para ficar em frente aos seus protegidos, e Susana não conseguia uma boa mira.

– Ataca ele! - gritou Pedro.

Lúcia perdeu o controle sobre seus pés e tropeçou na bainha do vestido, caindo sobre as mãos nas pedras cinza. Lúcia virou-se e se apoiou nos cotovelos, a adrenalina percorrendo suas veias como foguetes. Ela gritou em uníssono com Lena.

– Susana, acerta ele! - berrou Edmundo, tentando fincar os pés no lugar.

Queria correr e proteger a irmã, mas sabia que também se tornaria um alvo para o urso. Além de que também seu organismo estava mais disposto a proteger Lena. Mas não foi preciso, pois Lena, assim que viu a menina tropeçar na bainha do vestido, reagiu por instinto. Correu até ela, se ajoelhou aos pés de Lúcia, abraçando-a e fechando os olhos, enquanto liberava suas asas de modo a encobri-las em proteção. Ouviu um rugido atrás de si e apertou Lúcia mais forte contra seus braços, sabendo que seria a primeira a morrer. Mas não sentira nada. Abriu os olhos rapidamente e viu o urso caído ao seu lado, morto. Ajudou Lúcia a levantar, mas ainda ficou abraçada à menina. Olhou em direção aos outros e viu Susana com o arco ainda pronto, a flecha ainda ali. Viu o anão se aproximar do urso, com o arco abaixado.

– Por que ele não parou? - perguntou Susana, abaixando o arco e guardando a flecha.

– Devia estar com fome. - disse o anão rudemente.

Pedro e Edmundo olharam para Susana e logo correram até as meninas. Susana abaixou a cabeça, constrangida por não ter feito nada, mas logo os seguiu, com as anjas ao seu encalço. Pedro puxou Lúcia por um braço, com a espada apontada para o urso por precaução.

– Lena, você está bem? - Edmundo perguntou exasperado, se aproximando da garota.

– Estou. - ela respondeu, tentando não parecer rude demais. Ela estava irritada por estar fazendo um péssimo trabalho como guardiã, e se sentia ainda pior por Edmundo não ajudá-la.

– Obrigada. - disse Lúcia ao anão, que analisava o pelo do urso.

– Era selvagem. - disse Edmundo.

– Acho que ele nem podia falar. - disse Pedro.

– Seja tratado como um animal burro por muito tempo - disse o anão - e é isso que virá. - ele desembainhou um punhal e se ajoelhou aos pés do urso. - Vão descobrir que Nárnia está mais selvagem do que se lembram.

Assistiram com grande pesar e nojo enquanto Trumpkin cortava a carne do animal sem dó nem piedade.


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