Percy’s POV

Eu pensava que tinha visto de tudo nessa vida... Até Dionísio começar a dançar a “Macarena”. Sério, não tenho palavras para descrever essa cena. Comecei a rir no meio da pista de dança, Annabeth tentava me fazer parar. Se o cara do vinho descobrisse que eu o estava achando engraçado, tudo estaria perdido. Fiz o meu melhor para disfarçar, mas, quando a música mudou para “Gangnam Style”, as coisas pioraram. Não resisti, soltei uma alta, sonora e exagerada gargalhada.

Dionísio parou de dançar, seus olhos cintilando em fogo púrpura, procurando o autor da insolência.

- Algo engraçado, Peter Jonhson? – Ele bradou ao me ver.

Congelei.

- Não, senhor... Eu só... – Engoli em seco – Eu só...

No entanto, não tive que responder. Alguém salvou a minha pele, falando no microfone. Quase me senti aliviado... Quase.

- Pensaram que não teriam a minha ilustre figura discursando essa noite? – Disse Apolo, com sua voz ampliada, que ecoava por todo o acampamento. – Bem, a cara Afrodite tinha pedido para que eu não falasse. Até entendi, não podemos tirar o brilho dos noivos, não é? – Ele piscou para nós – Mas, para a sorte de todos, não pude resistir... Fiz alguns versos sobre essa maravilhosa união. O poema se chama: “Apolo e seus amigos no casamento de Percabeth”. E, sim, eu posso usar esse termo.

Olhei para Annabeth, Essa não... Todos os campistas pareceram desanimados, menos algumas filhas de Afrodite.

- “Em uma linda noite primaveril,

Um amor duas almas uniu.

Apolo veio, feliz, celebrar

Um casamento que o tempo não irá apagar.

Seus amigos alegres estão

Aproveitar a festa, até o fim, irão.

E, é claro, não poderia faltar

O deus maravilhoso do sol a discursar”.

Algum tempo depois, todos começaram a aplaudir, alguns hesitantes, outros (filhas de Afrodite e alguns filhos do próprio Apolo), animadamente.

Apolo podia ser o deus da poesia, mas os seus versos não eram – como posso dizer? – lá muito bons... É claro que ele nunca iria saber disso.

- Eu sei, eu sei – disse o deus dos solteiros – Mas, agora, é hora de voltarmos à atenção aos noivos, ou a nossa querida Afrodite ficará irritada... É claro que é difícil alguém se destacar quando eu estou por perto, embora eu tente parecer discreto...

Annabeth me puxou para um lado.

- Percy, eu pensei que fôssemos finalizar a festa... Estou exausta.

- Eu sei – disse – Já falei com Afrodite. Vamos pegar as nossas malas na Casa Grande. Será que Apolo não vai parar de falar?

A Sabidinha riu.

A Casa Grande parecia vazia e triste perto da grande festa que ocorria lá fora. Nossas coisas estavam em um dos primeiros quartos. Entrei e sentei-me, exausto, em uma cama. Tirei a gravata e o paletó. Olhei mais uma vez para minha esposa e perdi o fôlego... Ela estava maravilhosa. O vestido era simples, bonito, realçava sua beleza natural, o cabelo estava trançado, o que deixava seu lindo rosto em evidência. Mas não era isso que eu estava admirando, havia algo mais... Annabeth viu que eu a estava olhando e abriu um sorriso.

- O que foi, Cabeça de Alga, nunca me viu?

- Você está especialmente linda hoje, sabia?

Minha esposa sentou-se ao meu lado e segurou a minha mão, seu simples toque encheu-me de calor.

- Acho que o novo sobrenome lhe caiu bem, Senhora Jackson. – Sussurrei em seu ouvido. Annabeth arrepiou-se, o que me fez ter vontade de continuar provocando. Éramos casados agora, não éramos? Beijei seu pescoço, mordisquei sua orelha, cheguei a sua boca. Quando estávamos ficando ofegantes, afastei-me. Ela me olhou fazendo uma careta. Eu apenas ri.

- Vamos guardar para a Lua de Mel. O que me lembra... – Peguei nossas malas e levei-as até o carro.

Era hora da despedida. Dissemos tchau a todos, mas o ponto alto foi Tyson, que abriu um berreiro e quase esmagou a sua nova “irmã”, o grandão estava mesmo feliz. Ah, e o meu pai me entregou as chaves do meu novo iate... Coisa pouca. Eu só tive um ataque de animação, vontade de pular e gritar cantando: “eu tenho um iate, eu tenho um iate”.

Enfim, fomos para o aeroporto.

“Atenção passageiros do voo 8616 para a Grécia, queiram dirigir–se ao portão de embarque...”.

Annabeth arregalou os olhos.

- Percy não me diga... Não me diga que... Que...

- Essa é a nossa deixa – Eu ri da sua cara de espanto.

Tive que arrastá-la, pois parecia ter congelado naquele lugar. Estava esperando que sua ficha caísse antes de entrarmos no avião, mas isso só foi acontecer depois de algumas horas de voo.

E, adivinhem? A Sabidinha foi falando de arquitetura durante metade da viagem...

Observação: Vocês devem estar se perguntando como é que eu, um novo membro da marinha, consegui dinheiro para ir a Europa. É bem simples quando se tem um amigo que também é o deus dos viajantes.

Foi o seu presente de casamento. Nossa, eu acho que recebemos os melhores presentes de casamento de todos os tempos... Como é possível alguém ganhar tanta coisa?

Outra questão: Como filho de Poseidon, eu não deveria voar, não mesmo... Mas esse foi o presente de Zeus, não me matar durante a viagem. Mesmo assim, não me sentiria totalmente seguro até que o avião pousasse.

A voz do piloto encheu meus ouvidos, estávamos aterrissando. Graças aos deuses.