Annabeth’s POV

  Eu estava no conhecido elevador do Empire State Building com o meu noivo, Percy, a caminho do sexcentésimo andar. Nossa festa de noivado fora planejada pela deusa Afrodite, ou seja, Eu esperava que fosse um grande evento. Minhas mãos tremiam de ansiedade, não só pela festa, mas também porque eu iria encontrar com minha mãe. Nós ainda não tínhamos conversado sobre o casamento, o que aumentava o meu nervosismo.

  Percy segurou minhas mãos para evitar a tremedeira. Ele encostou seus lábios quentes em peu pescoço.

  - Relaxe, Sabidinha. Tudo vai dar certo. Eu já te falei o quanto está linda?

  - Por que eu não tenho certeza disso? Nada nunca dá certo para nós. – Ignorei seu elogio. Percebi que estava sendo grossa. Percy estava bem mais calmo que eu, ele não parecia se importar que Afrodite organizasse tudo. Nem estava tão preocupado com a minha mãe. Tudo o que ele queria era se casar comigo, construir uma vida e um futuro a meu lado. Eu estava sendo uma idiota, magoando o Cabeça de Alga. Afinal, ele tinha razão. O mais importante era estarmos juntos. – Desculpe-me, Percy... Você também está incrível. – Era a verdade, mas isso não era novidade, meu noivo estava sempre maravilhoso.

  Virei-me e encontrei seus lindos olhos verdes que ainda me deixavam tonta.

  - Você tem razão, vai dar tudo certo. Principalmente agora que Rachel, Mare, Thalia, Clarisse e Katie concordaram em serem minhas madrinhas.

  Ele sorriu e me beijou.

  Eu não sou de gabar-me, mas o meu trabalho no Olimpo ficara realmente bom, e eu esperava que durasse éons, como minha mãe prometera.

  Chegando à sala do trono, meu queixo caiu.

  Deuses, semideuses, musas, ninfas e sátiros estavam no centro do “cômodo”, uma mesa enorme e com todos os tipos de comida atravessava o local, as paredes estavam revestidas por flores e trepadeiras. A pista de dança era iluminada pelo luar. Tudo estava lindo, elegante, nada como eu imaginara. Afrodite sabia mesmo o que estava fazendo.

  Percy segurou a minha mão e nós entramos. Percebi que uma de minhas músicas preferidas estava tocando. Eu conhecia isso, nas festas dos deuses cada um ouvia a música que desejava.

  Todos vieram nos dar parabéns. Procurei o olhar da minha mãe, que estava do outro lado do salão. Ela me encarava de modo severo, mas parecia controlada.

  - Ora, ora – Disse uma voz desagradavelmente conhecida – Quer dizer que Peter Johnson e Anna Bell vão se casar.

  O Sr. D parecia entediado.

  - Iupi – Ele disse sem nenhum entusiasmo. – Acho que devo dar os parabéns e blá blá blá e desejar boa sorte e blá blá blá.

  - Hum... Sr. D., o senhor sabe muito bem que nossos nomes não são esses... – Começou Percy.

  - Obrigada, Sr. D. – Eu disse e puxei o Cabeça de Alga pela mão. Não precisávamos ficar discutindo com Dionísio na nossa festa de noivado.

  O próximo a nos cumprimentar foi Hermes.

  - Eu sabia que vocês dois ficariam juntos – ele disse.

  Depois dele Deméter, Hefesto e Ártemis. Até Ares veio nos dar os parabéns. Hera, é claro, não olhou para nossa cara. Ainda não gostava de mim, e nem eu dela.

  - Tenho que pensar em um presente de casamento... – Disse Poseidon enquanto segurava Percy pelos ombros. Ele aceitara bem a notícia, queria ver o filho feliz. – Que tal um hiate novinho?

  Percy engasgou.

  - Espera... O senhor está falando sério? Sério mesmo?

  - Não podemos aceitar, senhor Poseidon – Eu falei, surpresa, mas o deus dos mares só piscou e desapareceu pela pista de dança.

  - Sabidinha, um hiate novinho? – O Cabeça de Alga estava assombrado.

  Eu quase ri da sua expressão, mas me contive quando vi quem se aproximava.

  - Oi, mãe – Falei tensa.

  - Annabeth... Eu queria falar com você. A sós. – Ela disse olhando para o Percy, que já estava vermelho.

  - Está bem. – Concordei.

  - Me encontre no final da festa, no meu templo.

  Ela saiu antes mesmo que eu pudesse responder. Parece que eu teria uma conversa com a minha mãe, e não seria uma das mais agradáveis.

  - Ela está um pouco irritada hoje. – Disse uma voz melodiosa.

  - Senhor Apolo – Cumprimentou Percy.

  - Percy! Fiquei tão feliz quando soube que vocês iam se casar! Até fiz um poema... “Apolo e Seus Amigos a Uma Festa de Casamento Irão...” Achei um título muito grande, ainda estou trabalhando nisso, mas estará pronto até o grande dia. Eu vou lê-lo para todos, é claro! Todos merecem ouvir a minha obra e conhecer a minha genialidade.

  - Amn... Claro – Disse Percy, um pouco constrangido.

  - É claro, senhor Apolo. Todos estamos ansiosos. – Menti.

  - Mas é claro que sim. Agora eu tenho que dançar com minhas admiradoras, vocês sabem como é... Annabeth, ainda há tempo para você se tornar uma delas. – Apolo piscou. – Brincadeirinha, Percy!

  Ele saiu rindo da sua própria piada. Olhei para meu noivo que estava estranhamente sério.

  - Ele estava brincando mesmo, não é? – Perguntou

  - Ah, Cabeça de Alga – Eu dei uma gargalhada e o abracei.

  Afrodite estava animadíssima. Ela nos abraçou e começou a falar sobre os planos para o casamento. Depois foi dançar com Ares. O que era estranho, visto que seu marido, Hefesto, estava bem ali. Mas todos já sabiam do caso dos dois, isso nunca fora um segredo.

  Eu e Percy nos sentamos com nossos amigos, estavam todos lá. Nico e Mare, os irmãos Stoll, Rachel, Thalia, Grover... Nós rimos e comemos, brindamos algumas vezes. Tudo estava perfeito. Quíron não gostava de ir ao Olimpo, a não ser que fosse chamado. Afrodite fez questão da sua presença, por isso, nosso diretor de atividades estava se divertindo em nossa festa.

  Mais tarde, Percy me puxou pela mão e me levou até a pista de dança. Tenho que admitir, as aulas com a mãe dele surtiram efeito. Eu me lembrava de nossa última dança no Olimpo, depois de me resgatar e de salvar o Ofiotauro, Percy e eu participamos de uma festa olimpiana.

  Olhei para o lado, Mare tentava ensinar Nico, mas ele não tinha jeito para dançarino.

  Eu estava feliz, todos os meus amigos estavam se divertindo, a festa estava incrível, só faltava uma coisa... A aceitação da minha mãe.

  Deixei Percy com Grover perto da mesa de comida, aqueles dois não paravam de comer, parecia que tinham um buraco negro no lugar do estômago.

  Caminhei a passos largos até o templo de Atena. Eu mesma o havia projetado, parecia um pouco com o Parthenon, porém menor.

  Minha mãe estava de pé, olhando para sua estátua. Quando eu entrei, ela me encarou. Estava tentando controlar a sua raiva, o que me dava esperanças.

  - Eu gostei muito do meu templo, sabe... Você é muito talentosa, minha filha. – Ela disse distante.

  - Obrigada – Eu agradeci secamente.

  Atena me encarou por um longo tempo. Suspirou e falou:

  - Tem certeza, Annabeth? Esse casamento te fará feliz, de verdade? Você ama mesmo aquele filho de Poseidon? – Ela manteve seu olhar calculista sobre mim.

  - Eu tenho certeza, mãe. Percy é a pessoa com quem eu quero compartilhar a vida. Eu o amo, sempre amei. Por um tempo eu não quis admitir, me enganei pensando amar Luke quando, na verdade, ele era como um irmão. Sempre foi o Percy, e sempre será.

  Eu disse tudo com convicção. Era a verdade, e querendo a minha mãe ou não, eu iria ficar com o Cabeça de Alga. Eu só preferia que ela aceitasse.

  Atena olhou de novo para a estátua, idêntica a ela.

  - Está certo. Se isso lhe trará felicidade, eu aprovo.

  Eu arregalei os olhos, estava esperando mais resistência.

  - Mãe...

  - Eu quero te ver bem, minha filha. Entenda isso.

  Ela veio até mim e me abraçou. Isso era algo raro. Minha mãe não era do tipo afetiva e eu entendia. Mas era sempre bom abraçá-la.

  - Boa sorte, Annabeth. – Ela disse e depois desapareceu.

  Eu fiquei um tempo no templo, pensando sobre a conversa. Sentia-me leve, Atena aceitara o meu casamento.